Give Me Love escrita por Livia Dias


Capítulo 1
Capítulo Único




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Inglaterra, 1834

As moças recatadas e cultas caminhavam abanando seus leques diante da face, trajando belos vestidos de seda que se arrastavam pelo ladrilho, e exibindo rostos bem maquiados e cabelos soltos.

Posturas perfeitas... Exceto talvez, pelo corpete firmemente laçado às costas, que causava o mútuo desconforto entre as damas — e a trágica falta de ar.

Aurora Clarkson se deliciava em apreciar até onde aquelas mulheres fúteis poderiam chegar para alcançar a sólida perfeição diante dos rapazes e homens requintados que vivam em “bandos”, tagarelando a respeito de negócios e de uma forma simples e rápida de fazer fortuna.

Revirou os olhos, desviando a atenção por um instante das garotas em contínuo desespero amoroso.

As crianças se divertiam com suas clássicas brincadeiras em meio ao sol outonal que atingia a bela cidade de Londres.

E como uma peça indispensável daquele típico cenário, o moreno de olhos azuis ali se encontrava, sem atrasos, como um verdadeiro cavalheiro. No entanto, Aurora sabia que nem de longe aquele rapaz poderia ser considerado nobre ou notável perante seus familiares, ainda mais diante dos olhos de George Clarkson, seu pai e primeiro-ministro no Parlamento Britânico.

Haviam tantas regras, que por vezes Aurora preferia se deter apenas em seus livros. Pensar em seu casamento causava-lhe uma incomoda dor de cabeça.

Apenas dois meses, e estaria sendo a futura esposa de Jack Benson, filho do poderoso General Blunt Benson, que comandava as forças armadas da Inglaterra há mais de duas décadas.

O moreno de olhos azuis mantinha seu baralho de cartas em mãos, e ensinava às crianças os jogos “inocentes”, considerados proibidos pelos que detestavam a derrota em uma boa aposta.

Em certo momento, Aurora fechou seu livro e se levantou de imediato. Seu longo vestido esverdeado atingiu seus pés, enquanto caminhava passo ante passo na direção do tumulto formado pelas crianças ao redor do rapaz.

— ... O baralho tem muitas artes — Ele dizia, embaralhando suas cartas agilmente. Os garotos soltaram uma exclamação de apreciação.

— E quais seriam elas?

James Turner desviou a atenção do baralho em suas mãos, erguendo os olhos para a dama diante dele. Trajando um belo longo vestido esverdeado, e luvas rendadas em suas mãos, aquela jovem demonstrava autoridade em sua fala, mas divertimento em seu olhar.

E que olhos.

Tão azuis quanto os dele, possuindo uma eletricidade viva de quem deseja conhecer o mundo de cabo a rabo, mas que não tinha o impulso necessário para alçar vôo e sair dali.

Era melancólico, e de alguma forma adorável.

— O jogo já é uma arte — Finalmente disse, enquanto os garotos ao seu redor soltavam risadas, e as meninas apreciavam a beleza da morena ali parada. — Depende dos olhos de cada um. Pelo que vejo você prefere artes comuns — Observou o pesado livro nas mãos encobertas dela.

Aurora franziu o cenho para o baralho.

— Artes menos proibidas, você quer dizer. — Ela contrapôs, desafiadora.

— Talvez — James deu de ombros, sorrindo de canto.

Ambos se fitaram demoradamente, tentando se conhecerem de primeiro momento apenas com a aura expressa em seus olhos claros. Após alguns minutos breves, a jovem se pronunciou.

— Aurora Clarkson — Ela curvou-se formalmente, segurando as pontas da saia de seu vestido de seda. Encarando-o novamente, exibiu um repuxar de lábios para ele. — E você é...?

As crianças já se afastavam correndo, entusiasmados com uma nova brincadeira, e pouco interessados na conversa dos dois. James se aproximou um passo.

— James Turner. — Ele imitou a formalidade da jovem, curvando-se solenemente. Aurora conteve uma risada.

A partir dali, nada mais se desenrolou como antes. Não fora algo rápido e repentino, mas doce e voraz. Uma amizade, que levou ao reconhecimento. Por James, Aurora descobriu que ele perdera seus pais com pouca idade, e desde então cuidava de sua irmã mais nova, trabalhando em um cassino como servente de bebidas; e por Aurora, James soube que ela estava para se casar com o filho do General do Exército Inglês, e era a possível sucessora da Coroa Real (caso noventa e quatro membros da realeza morressem subitamente).

Com o passar dos dias, ambos construíram uma tênue amizade, que preenchia o vazio em seus corações flagelados, e os dias tediosos que pareciam se arrastar.

Aurora conheceu Ashley Turner, a irmã mais nova de James, que se preocupava mais com as vidas alheias do que com seu próprio nariz. Embora tivesse este pequeno defeito, Ashley pareceu gostar da Clarkson — um grande avanço, pois de acordo com James, a Turner não gostava de ninguém.

O Cassino Vegas, era um ponto de encontro para importantes políticos e ricaços, embora houvessem pessoas simples que apreciavam o local pelas chances de avançar na hierarquia social.

— Clary! — James gritou para o balcão, onde uma garota ruiva servia alguns rapazes que discutiam. — Vamos, deixe eles se matarem. Quero que conheça alguém!

Aurora encarou o amigo com típico divertimento. Ele estava agindo como se ela fosse alguma joia rara, ou um animal em extinção que logo desapareceria.

Trajando um longo vestido vermelho, a tal “Clary” aproximou-se de ambos. Não era tão amistosa quanto Ashley, pelo visto.

— Quem é ela? — encarou James, como se Aurora não existisse.

Ele lançou um olhar impaciente para Clarissa.

— Você tem de ser mais receptiva — sugeriu, revirando os olhos.

— Ela é a filha do primeiro ministro — Ashley sussurrou, abanando seu leque em frente ao rosto. Clarissa e James a encararam. Ela deu de ombros, fechando o leque com um floreio repentino. Indicou Aurora discretamente, que observava os detalhes do cassino.

— Oh — Clarissa soltou uma risada. — Você está indo longe demais, querido James. — Virou-se, dirigindo-se ao balcão cheio. — Parem de brigar como animais, seus bêbados inúteis!

Aurora sorriu-lhe, assim que o Turner se aproximou.

— Nunca tinha vindo à um cassino antes. — comentou, enquanto uma ilustre cantora se apresentava no palco, e as apostas rolavam soltas nas roletas.

— Vem, vou te ensinar alguns jogos — James estendeu a mão para a morena, sorrindo marotamente. — Entenderá a arte do baralho, srta.Clarkson.

Ela não hesitou em segurar a mão do rapaz, seguindo-o para onde quer que fosse.

As luzes do ambiente eram fortes, assim como os tons em vermelho e vinho que vibravam diante de seus olhos. No entanto, nem mesmo os gritos masculinos e a essência voraz da jogatina assustaram a garota.

Com o baralho, Aurora fora uma verdadeira negação — ao contrário de James, que vencera qualquer oponente que tentara a sorte contra ele.

— Onde você aprendeu a jogar desse jeito? — a Clarkson bebeu um gole do run.

James meramente encolheu os ombros.

— A vida ensina muitas lições — Ele falou, virando seu copo com uísque. — Acredite.

O Big Ben soou, e Aurora sobressaltou-se na mesma hora. Já passavam das nove, e com certeza seu pai estava atrás dela, assim como seu noivo.

— Tenho que ir — Ela terminou sua bebida, e deixou o balcão. James franziu o cenho para a Clarkson.

— Posso te acompanhar... — Ele fez menção de segui-la, mas Aurora o deteve.

— Não... Meu noivo está me esperando — Interrompeu-o, sem jeito.

O rapaz assentiu, encarando seu copo com uísque de maneira desoladora.

— Certo — Ela sentiu-se estilhaçada com a amargura misturada àquelas palavras.

— Em breve nos veremos — Aurora prometeu, antes de partir.

Clarissa subiu no balcão, cruzando as pernas por debaixo do longo vestido, e depositando a garrafa com uísque no colo.

— E lá se vai a Cinderella — ironizou, virando a garrafa em seus próprios lábios. — É sempre igual, meu caro. Amor daqui, amor dali... Depois você recebe um belo pé.

James lançou uma nota no balcão.

— Avise ao chefe que mudei minha folga — Ele deixou o cassino, sem nada mais dizer.

Ashley se aproximou da garota no balcão.

— Ele está mal, não está? — Fez uma careta, e Clarissa simplesmente deu de ombros.

— Depois de vê-la no altar, ele supera. — Limpou o canto dos lábios pintados de vermelho. — Aurora nunca saberá que James a ama desde a infância, e tudo fica bem novamente. Ela com o filho do general, e ele com uma bela dor de cotovelo. Agora vá cuidar da sua vida, Turner, antes que eu quebre essa garrafa na sua cabeça. — Ameaçou, com um olhar assassino direcionado à Ashley. A outra bufou.

— Que horror, Clary! — Deu-lhe as costas, empinando o nariz e desaparecendo entre as mesas de jogos e os bêbados.

♠ ♠ ♠

Às margens do Rio Tâmisa, o Palácio de Westminster se mantinha soberano perante as demais construções, exibindo colunas e muros antigos, mas resistentes aos danos do tempo. Na face norte de uma de suas torres, o Parlamento Britânico possuía o Big Ben, o célebre relógio.

— Algum problema, srta.Aurora? — Sophia, a empregada mais próxima da Clarkson, terminou de ajeitar os cobertores em cima da jovem.

Com um suspiro pesaroso, ela simplesmente negou.

— Caso precise de alguma coisa, me chame. — A tímida servente deixou o quarto, fechando a porta com um ruído baixo.

Aurora se encolheu em sua cama. Felizmente não encontrara seu pai no caminho até ali. Naquela noite houvera o jantar com seu noivo, e por ironia do destino ela simplesmente esquecera.

Sorriu minimamente, recordando-se de James. Ela não conseguia esquecê-lo e duvidava poder fazê-lo algum dia.

Porém ainda havia Jack, seus pais, e a hierarquia do Parlamento Britânico e da coroa real que a impediam de "andar com suas próprias pernas". Não poderia abandonar suas raízes para embarcar em uma paixão imprevisível. Sua linhagem não permitiria, por mais que sua vida não merecesse ser editada por pessoas de fora.

A porta de seu quarto abriu-se de súbito, e Aurora deu um pulo em sua cama.

— Espero ouvir uma excelente explicação para ter faltado ao jantar onde o seu futuro marido e os Benson, vieram para recepcioná-la — George Clarkson parou em frente à cama da filha, ostentando um semblante furioso.

Aurora umedeceu os lábios, mexendo-se entre suas cobertas repentinamente desconfortáveis.

— Tomei uma decisão, papai — O primeiro ministro franziu o cenho. A garota tentou não perecer diante daquele olhar. — Quero adiar meu casamento.

George semicerrou os olhos.

— Que tolice é esta, Aurora? — Aumentou o tom de voz, indignado. — Não pode adiar tudo agora! Faltam apenas duas semanas...

— O problema papai, é que não amo o Jack! — Aurora exasperou-se, jogando o monte de cobertores para o lado. — E não posso me casar agora! Não quero estar presa a alguém. Quero ser livre, aproveitar as coisas que a vida pode me oferecer...

— Esta decisão não é sua — George foi veemente. — E acabamos por aqui! Vai permanecer em seu quarto até segunda ordem. Vou tentar resolver o desastre e a vergonha que me fez passar hoje!

— Pai! — Aurora gritou, mas o sr.Clarkson já batera a porta e a trancava por fora. — Me deixe sair! — Esmurrou a madeira furiosamente. As lágrimas molharam sua face. — Por favor... — Sussurrou, escorregando pela porta. — Por favor...

Repousou contra o piso, abraçando os próprios joelhos. Mais do que tudo, precisava de James ao seu lado.



♠ ♠ ♠

— Então este é o motivo da mudança repentina de pensamento da Aurora? — murmurou Annelize Clarkson, ao lado da poltrona de seu esposo. O guarda do Palácio Britânico limitou-se a assentir com um menear de cabeça. — Um jogador de baralho?

— Ele trabalha no Cassino Vegas, com a irmã Turner — informou o guarda, formalmente.

— Agradeço pelo serviço. Pode ir agora — George balançou a mão, e o guarda fez uma breve reverência antes de partir.

Assim que a porta do escritório se fechou, o primeiro ministro ergueu-se de sua poltrona, encarando a esposa.

— Teremos de agir. O casamento de Aurora com Jack não pode ser afetado. — disse, dirigindo-se à sua escrivaninha.

— Como? Se nossa filha se apaixonou por este plebeu... — Annelize segurou as pontas de seu longo vestido vermelho, seguindo até o esposo.

George molhava a pena no tinteiro, e escrevia apressadamente em um pergaminho amarelado. Por cima do ombro do marido, a sra.Clarkson conseguiu ler as palavras inscritas no papel.

— Um mandato para prendê-lo? — questionou, franzindo o cenho. — Sob qual acusação?

O primeiro ministro enrolou o pergaminho.

— Apostas ilegais. — aparentou desinteresse. — Duvido que volte a nos importunar, e a incomodar nossa filha.

Annelize apenas observou George sair do escritório. Tinha certeza de que com todos esses atos, Aurora seria o alvo principal de tanta dor.

♠ ♠ ♠

James fora preso naquela mesma noite, enquanto cumpria mais um turno no lotado Cassino Vegas. Clarissa tentou deter os guardas de cometerem tal ação, e acabou detida com o amigo.

Quando Aurora soube do acontecido, desmoronou completamente. Entrou em uma tristeza que atingia todos ao seu redor, e a consumia lentamente.

— Não podem fazer isso com ele — Aurora sussurrou à sua mãe, enquanto as empregadas ajeitavam a saia de seu longo vestido branco rendado.

Era o grande dia e James permanecia encarcerado na cadeia da cidade, com seu baralho de cartas e o típico jeito irônico intocados. Aurora fora vê-lo apenas uma vez, mas não tivera chances de dizer qualquer coisa; seu pai a arrastou com ele antes que o fizesse.

— Vão soltá-lo assim que você estiver casada, querida — Annelize tranquilizou-a, segurando seus ombros.

Aurora se desvencilhou da mãe, indignada.

— Ele era apenas meu amigo — disse, em um tom acusatório. — Não poderiam ter cometido tal injustiça apenas por isso...

— O problema é que você quis desistir de tudo — a sra.Clarkson meneou a cabeça negativamente. — Querida, seu futuro ao lado de Jack é próspero. Não pode simplesmente abandonar tudo para se lançar em uma vida sem sentido com aquele rapaz... — A morena desviou o olhar. — Ou pensou que eu não sabia de seu amor pelo apostador?

Aurora segurou as pontas da saia de seu vestido, e as empregadas deixaram o cômodo rapidamente.

— Eu não planejei — Ela encarou a mãe. — Simplesmente aconteceu. Mas como a senhora mesmo disse, não há futuro. — E ele não sente o mesmo por mim, pensou.

Annelize sorriu-lhe amavelmente.

— Com o tempo, vai perceber que seu pai e eu tínhamos razão.

♠ ♠ ♠

— Aurora Clarkson, aceita Jack Benson como seu legítimo esposo?

Jack era um rapaz alto, bonito, com cabelos castanhos e os olhos calmo, mas gélidos. Embora tivesse incontáveis qualidades, Jack não era o homem certo.

— Aurora? — Ele segurava suas mãos, apreensivo. Seus olhos a avaliavam cuidadosamente. — Você está bem?

Ela piscou, meneando a cabeça positivamente.

— Desculpe. — murmurou, baixando os olhos. Tinha de fazer aquilo, não havia escolha.

Na prisão, James observava o teto, ouvindo o badalar distante do Big Ben, saudando a união matrimonial do mais novo casal do Parlamento Britânico.

Um guarda surgiu à porta de sua cela.

— James Turner, você pode ir agora. — Destrancou o cadeado, e puxou a trinca, escancarando a porta.

Como um raio, o moreno deixou a prisão, sentindo seu peito se apertar conforme corria.

Aurora.

Era a única pessoa que surgia em sua mente, carregando lembranças de uma amizade livre de preceitos, que mais tarde descobriu ser amor.

Mas no fim, as coisas estavam seguindo seu curso, não? Aurora se casaria com um homem de bem, rico, que a levaria a lugares belos, e lhe daria sempre o melhor. Porque ela pensaria em um pobretão como ele? A dama nunca o notara entre as demais crianças, por que trocaria o filho do General por alguém como ele?

A multidão saudava os recém-casados, que atravessavam a rua em uma carruagem guiada por dois cavalos brancos.

Aurora acenava para as pessoas, sorrindo abertamente com Jack Benson ao seu lado, segurando-lhe a mão.

James avançou entre as pessoas, acompanhando a carruagem com o olhar. Apanhou uma de suas cartas de baralho, tirando a Rainha de Copas.

– Sra. Benson - Aurora reconheceu um dos meninos que seguia James pelas ruas. Ele acompanhava a carruagem sem esforço, e sorriu ao entregar-lhe uma carta de baralho. - Mandaram que eu lhe entregasse.

Aurora reconheceu a ilustre Rainha de Copas, e seus olhos se fixaram na multidão. Parado mais a frente, cultivando um sorriso de canto na face, James a observava atentamente. Aurora levou a mão ao peito, e ignorando a presença de seu marido, moveu os lábios lentamente. Eu te amo.

James demorou alguns instantes para entender o que acontecia, tempo suficiente para a carruagem desaparecer de vista.

Ele a perdera. Para sempre.

Naquela noite, uma chuva torrencial desabara. O outono londrino costumava ser frio e chuvoso, e em outubro não poderia ser diferente.

— Eu vou te fazer feliz, Aurora — Jack abraçou-a, mas a jovem não estava presente ali.

Lembrava-se do baralho de cartas, e de seu dono galanteador.

— Eu sei — sussurrou em resposta, sem qualquer emoção.

Foi então que o momento estilhaçou completamente. Uma das empregadas adentrou o quarto de repente, e Jack soltou Aurora.

— Um dos andares do Parlamento está em chamas! - Ela gritou, ofegando em desespero.

Jack encarou a esposa.

— Fique aqui. Vou ver o que está acontecendo.

Seguindo a empregada, ele saiu sem delongas, deixando Aurora completamente só.

Depois de alguns minutos de longa espera, Aurora pensou em sair do quarto; a porta estava trancada por fora.

Não soube ao certo em que momento a fumaça adentrou o cômodo, mas soube quando a morte se aproximava.

Dizem que neste momento, a vida passa diante de seus olhos. Aurora percebeu que tal tese era verdadeira.

Enquanto desfalecia no piso, tossindo e agonizando pela falta de ar, a história inacabada veio à tona.

James.

Cada encontro, confidência ou risada surgia, mais viva do que jamais fora. Aurora gostaria de poder ter experimentado daquele amor, e vivido mais intensamente.

Agora, prestes a se tornar uma lembrança, o passado se apresentava como algo incompleto e pouco marcante.

Ela não deixara alegrias para ninguém.

Quando a inconsciência a atingiu, sentiu seu corpo ser erguido, e uma voz sussurrar ao seu ouvido um doce "você ficará bem, meu amor".

— James — sussurrou sem pensar, as lágrimas serpenteando por sua face.

E uma tranquilidade repentina a atingiu, a certeza de que tudo ficaria bem.

— Ela inalou muita fumaça — James gritou, assim que alcançou o lado de fora da construção.

Políticos, e membros do parlamento abriram caminho para o Turner. Jack, o primeiro ministro e sua esposa avançaram assim que o viram.

— O que você veio fazer aqui? — George indagou, desafiador.

James fitou o rosto manchado de Aurora, encarando o pai dela de um jeito tipicamente irônico.

— Salvar a garota que eu amo de gente como você — passou pelo sr.Clarkson.

Ninguém ousou impedir James de colocar Aurora dentro da carruagem dele, guiada por Clarissa e Ashley, tampouco fizeram questionamentos. Talvez tivessem ficado chocados demais com o incêndio, ou temeram o que o rapaz poderia fazer.

♠ ♠ ♠

Abriu os olhos. Não estava em seu quarto, percebeu, e lembrar da noite anterior lhe causou dor de cabeça.

Não estava morta, ao menos.

— Como está se sentindo? — Ele estava ali, lançando-lhe um olhar preocupado.

Aurora levou a mão a cabeça.

— Estou bem.

James a fitou, sentado à beira de sua cama. Estendeu a mão, acariciando seu rosto.

— Eu te amo, Aurora Clarkson, e ninguém vai tirá-la de mim.

Ela segurou a mão dele com a sua, um sorriso iluminando seu rosto.

— Sei disso.

Pois mesmo com todas as dificuldades, o amor deles prevaleceria até o final.

Sempre.

Me dê amor como nunca deu antes

Porque ultimamente tenho desejado mais
E faz algum tempo, mas ainda sinto o mesmo
Talvez eu deveria deixá-la ir

Você sabe que vou lutar pelo meu espaço
E que vou te ligar hoje a noite
Depois que meu sangue estiver se afogando em álcool
Não, só quero te abraçar

Give Me Love— Ed Sheeran


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