Nascida nas Sombras escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 6
Capítulo 5




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CAPÍTULO 5 - NÓS SABEMOS QUEM VOCÊ É.

–O que aconteceu com sua língua, menina? – Minerva ergueu uma de suas sobrancelhas, provocando uma reação, que não aconteceu. – Não me lembro de ler em seus documentos algo que mencionasse sua falta de voz. Devo procurar agora, Rick?

Florence, sem perceber, prendeu completamente a respiração assim que o homem alto e assustador se colocou ao seu lado.

–Certamente, não. Eu chequei várias vezes, senhora. – ele disse, com uma voz áspera – Está tudo bem com Florence Willis.

A garota sentiu arrepios.

–Bem, você o ouviu – Minerva continuou – Está tudo bem com sua voz.

–Eu posso... Eu posso falar perfeitamente bem – disse a garota, finalmente, meio incerta.

–Oh, vejo que agora sim, certamente pode. Que bom, não é?

–Acho que sim.

Minerva sorriu.

–Já que está aqui, vamos incluí-la nesse mundo. – Minerva remexeu em algumas gavetas e puxou alguns papéis de dentro de uma delas, estendendo-os a Florence logo em seguida – Aqui está seu horário escolar – Florence os segurou firme – Com todas as aulas e livros que precisará, que vale lembrar estão na Biblioteca Central.

Florence passou os olhos por cima daquelas palavras, rapidamente, e não pôde deixar de notar um detalhe curioso.

–Aqui está dizendo que minhas aulas começam ás 18:00 horas – Minerva continuou encarando a garota, como se esperasse que realmente alguma coisa estivesse errada – Isso deve ser um engano, certo?

–Errado – Minerva respondeu, prontamente – Esse horário está perfeitamente correto.

–Mas como assim? Nunca vi um colégio começar a noite.

–Nossa força está na noite, senhorita, como espera que possamos fazer algo sem nossa força? – Minerva perguntou.

–Sinceramente, estou cansada desses Filhos de Alguém. Não estou entendendo nada.

–Senhora – Rick chamou – Florence Willis viveu sua vida inteira ignorante ao nosso mundo, presumo que ainda não acredite nele.

–Não acredita nos Filhos da Noite, senhorita? – Minerva falou, enquanto se encostava em sua cadeira.

–Por que acreditaria?

–Porque é uma? – aquilo não era bem uma pergunta – Ah, já vi que, realmente, vou ter muito trabalho por aqui.

–Só acredito no que meus olhos veem.

–Esse pensamento é esperto, de certa forma, mas não se aplica a tudo. Se assim fosse você não acreditaria no amor, na paz, na felicidade.... Seria terrível!

Florence apenas encarou Minerva, furiosa. Ela não estava gostando nenhum pouco de toda essa história e até mesmo desse colégio idiota. Ela queria ir embora de uma vez, sem olhar para trás, mesmo sabendo que, não, ela jamais faria isso.

–Era só? – perguntei, ríspida – Estou um pouco cansada, se não se importa.

–Oh, mas claro que me importo – Rick arranhou mais uma vez a garganta, chamando a atenção de Minerva. A diretora revirou os olhos e continuou – Tudo bem, tudo bem, por enquanto é só, poderá descansar um pouco, mas, certamente, voltará aqui para mais esclarecimentos.

–Certo – ela concordou – Qual é meu quarto?

–Rick a levará – Minerva disse.

–Não! – protestou a garota, mais alto do que gostaria – Quer dizer, pelo quantidade de papel que está em sua mesa, diretora, tenho certeza que estão ocupados. Será extremamente fácil achar alguém por esses corredores que me mostre o caminho.

A verdade é que Florence estava terrivelmente perturbada com a ideia de andar por ai com alguém como Rick. Ela não arriscaria sua pele nem sua sanidade! Não agora, pelo menos.

–Se você insiste... – a diretora a encarou por mais alguns segundo, como se esperasse que Florence revelasse sua verdadeira intenção – Eu permitirei. Seu quarto é o de número 27, na ala feminina do segundo andar.

–Okay, estou indo. Bem, hã, até mais – Florence se despediu com o pequeno aceno e praticamente correu para fora do cômodo perturbador.

O fluxo de pessoas já estava bem menor e ela agradeceu por isso. Em compensação todas as pessoas que passavam por ali, não estavam com muita vontade de ajuda-la e Florence os xingou por isso.

–Com licença – ela disse para um garoto com cabelos enrolados, que assim que a encarou brevemente, andou mais depressa – Que diabos, eu só quero saber do meu quarto e eu disse ‘’com licença’’!

–Você está perdida? – uma garota com, talvez, a idade de Florence e com os cabelos bem pretos, acompanhados de lindo olhos azuis, perguntou, sorridente – Posso ajuda-la? Adoraria ajuda-la, seria uma honra ajuda-la e...

–Meu quarto é o 27 da ala feminina do segundo andar – Florence cortou a menina – Poderia me mostrar?

–Eu sou nova aqui também, mas não se preocupe, conheço tudo que é preciso saber sobre esse lugar – a garota se dirigiu para um corredor que ia direto a uma escada em madeira cara e começou a subi-la, sem parar de falar um segundo, ao mesmo tempo que parecia bem segura do caminho que tomava – Meu sonho sempre foi estar aqui e agora, veja só, eu estou. Nunca vi meus pais tão orgulhosos e eu, particularmente, nunca me senti tão feliz assim. Eu adoro esse lugar. E você?

–Há um dia atrás, eu não sabia nem sobre a existência desse mausoléu.

–Pelo Amor, você tem que conhecer esse lugar melhor, eu posso...

–Não preocupe, eu só quero dormir agora. Os passeios eu, infelizmente, deixarei para mais tarde.

–Você é uma daquelas garotas que andam de preto no mundo mundano? – a menina perguntou.

–Quê?

–As emas.

–Não seria emos?

–Oh, sim – ela riu, sozinha – Eu adoro elas!

–Não sou uma delas – Florence, assim que alcançou o topo da escada, procurou se afastar daquela garota rapidamente.

–Bem, é uma pena – comentou e quase sem respirar, trocou de assunto – Seria muito legal se fossemos do mesmo quarto, não é?

–É... – na verdade, para Florence, seria uma dor terrível.

–Qual seu quarto, mesmo? Eu esqueci.

–É o 27 da ala feminina do segundo andar.

–Nossa, o meu também! – ela gritou e deu alguns pulinhos, atraindo olhares curiosos. Florence quis correr dali no mesmo instante.

–Sério? – não havia nenhum tipo de animação na sua voz, mas a garota em sua frente não pareceu notar.

–Não, é mentira – ela riu mais uma vez – O meu é o 35, qualquer coisa apareça lá, já que somos melhores amigas agora.

–Somos é?

–Meu nome é Anna Jones, mas pode me chamar de, bem, Anna.

–Legal.

A garota apertou as mãos fortemente e ficou esperando, ansiosamente, por alguma coisa que Florence não tinha ideia.

–E então? – ela perguntou.

–O quê? – Florence retrucou.

–Não vai me falar seu nome?

–Matilda Benfort – respondeu, sem pensar. Era mais seguro, Florence percebeu, deixar Anna bem longe dela.

–Okay, Matilda – ela acenou – Agora eu tenho que ir, há tanto para fazer. Até logo.

Willis acenou de volta.

–Até nunca, eu sinceramente espero, Anna querida. – Florence sussurrou quando a garota já estava longe. Checando mais uma vez no papel em sua mão, ela seguiu por um corredor onde poderia ver os números 21 e 22. ‘’Sem dúvida é por aqui’’ pensou.

As portas de todos os quartos estavam trancadas e nenhum som poderia ser ouvido sobre elas. Florence suava em expectativa e ansiedade. Aquele lugar era tão estranho que a deixava fascinada, de alguma forma.

24...25...26... Ah, isso... 27.

Sem bater, Florence agarrou a maçaneta e empurrou a porta com força. E sem esforço algum, a porta se abriu com facilidade. Mas, para a surpresa de Florence, não era uma colega de quarto maluca por roupas que esperava por ela ali, mas um garoto sem camisa.

Havia algumas marcas em seu corpo e ele estava de costas para a porta, enquanto tirava a camisa. Seus cabelos eram negros como a noite, mas suas costas – tão cheias de músculos – eram brancas como algodão. Por um segundo, Florence gostou da vista, mas depois percebeu o quão errado aquilo parecia.

–Ah Meu Deus! – ela exclamou – Eu não vi nada!

Ela tampou os olhos com as mãos e esperou que realmente o garoto acreditasse nela. Houve, depois, um barulho como se alguém tivesse batido em algum móvel e Florence ouviu um xingamento baixinho.

–Você está maluca? – ela escutou a voz do garoto enfim e sentiu um certo reconhecimento – Não pode ir entrando na ala masculina sem bater.

Ela tirou as mãos dos olhos e encarou a pessoa em sua frente.

Ah, o tal de Alexandre. Bem, agora com camisa. Uma pena, quer dizer, uma glória!

–Olha, Alexandre, eu realmente não queria entrar aqui, sem bater e tudo mais, mas achei que fosse minha ala e meu quarto. – Florence justificou.

–Meu nome é Alexander – ele corrigiu, irritado – E, esse corredor é a ala masculina. E isso está muito bem informada na entrada também.

–Não percebi – deu de ombros.

–O problema realmente não é meu.

–Eu sinto muito, está bem? Acontece!

–Na verdade, essa é a primeira vez que isso ocorreu aqui.

–Tanto faz, vai acontecer mais vezes.

Os dois se encararam por alguns segundos. Depois desviaram seus olhares, envergonhados.

–Você, por favor, quer sair do meu quarto? – ele perguntou, incrivelmente educado – Eu preciso me preparar para as aulas de amanhã e estou começando a me sentir desconfortável. Sem falar que estaremos encrencados se alguém aparecer por aqui

–Tudo bem, eu já estava de saída.

–Então adeus, Florence.

A garota, que já estava se virando para ir embora, se manteve paralisada.

–Como sabe meu nome? Eu não me lembro de tê-lo dito a você.

Por algum motivo, Alexander enrijeceu o maxilar, como se estivesse se controlando para não explodir.

–Todos sabemos muito sobre você, Florence Willis.

–Por quê?

–Adeus, Florence.

–Você...

–Adeus, Florence – ele repetiu ainda mais firme e a garota se virou imediatamente. Com passos rápidos, saiu do corredor masculino em segundos.

–Com licença – uma garota de cabelos loiros e enrolados, incrivelmente alta e bonita, assustou Florence com sua doce voz, enquanto ela se perdia em meio a tantos pensamentos conflituosos – Aquele é corredor masculino e ele é proibido para nós, gentis e bondosas meninas. Por favor, não volte ali.

–Mas quem é você para me dizer o que devo ou não fazer? – Florence sorriu, provocando.

–Sua supervisora – ela respondeu, calmamente – Aquela que pode coloca-la de suspensão, castigo e lhe aplicar uma punição.

O sorriso de Florence murchou.

–Mas não se preocupe – ela continuou – Eu não farei isso, porque sei como é ser novata e conheço muito bem os primeiros dias nessa escola. Pode ser bem complicado. Meu nome é Mayre Lys

–Olá, eu sou...

–Florence Willis, todos sabemos – ela sorriu, mas, mesmo assim, parecia vacilante – Pode me acompanhar.

–Até o castigo?

–Já disse que não terá um. Me acompanhe até seu quarto. Suas malas já estão lá.

–Eu tenho opção?

–Acho que vou começar a repensar sobre o castigo...

–Qual é mesmo o corredor?

–Vem, é por aqui.


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