Nascida nas Sombras escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey



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CAPÍTULO DOIS - VOCÊ PRECISA ME ACOMPANHAR, FLORENCE WILLS.

Os dias se passaram devagar, quase se arrastando e Florence tentou apenas relaxar, o que era impossível levando em consideração que era amiga de uma garota completamente viciada em festas.

Vivian não parava de falar em como seria bom ou em como s divertiria muito na festa e Florence apenas concordava com a cabeça, esperando não parecer uma idiota, já que não estava prestando atenção em nada do que era lhe dito. Ela apenas pensava na festa que se aproximava. Pensava nos adolescentes dançando e nas fotos que sairiam no jornal no dia seguinte.

Quando o sábado finalmente chegou, Florence não teve muito tempo para pensar, na verdade.

Quando acabava de fazer uma coisa outro afazer aparecia rapidamente e ela tinha que se focar nele.

De manhã, recebeu várias mensagens de feliz aniversário dos amigos, mas não respondeu nenhuma, porque não conseguiu um tempo. A mãe e Paul vieram desejar a ela parabéns e a garota ficou satisfeito por isso, como nunca antes. Mas claro, a mãe não escondeu o quanto não gostava da ideia daquela festa de aniversário. Florence, mais uma vez, a ignorou.

Enquanto descia as escadas, para a sala, ela observou a linda decoração ao seu redor. Os sofás haviam desaparecido, as cortinas haviam sido trocas e as mesas estavam espalhados por todos os lados, com uma pista de dança em algum canto lá atrás.

Antes mesmo antes de o céu ficar totalmente escuro, ela já estava arrumada, esperando na entrada alguns convidados adiantados. Não demorou muito para começar a aparecer as pessoas e a festa realmente ganhar vida. Florence, olhando para todo aquele começo de agitação, apertou uma mão a outra. Ah, Céus, como estava nervosa, era isso que ela sempre quis, certo?

–Minha querida! – ela ouviu uma voz aguda e totalmente familiar. A mulher que vinha em sua direção era alta, magra e com os cabelos pretos. Sua tia Anastácia a abraçou fortemente – Como você está linda! Nossa, estou impressionada.

–Obrigada, tia. – agradeceu gentilmente, enquanto um dos empregados guardava o presente que a mulher havia trazido– Você também está muito impressionante.

–É uma festa muito bonita – a tia falou, passando os olhos por cada detalhe da sala/salão – Muito mesmo.

–Obrigada, eu organizei muitas coisas aqui.

–Sugiro que a aproveite essa noite, aproveite muito mesmo.

–Eu vou – Florence não entendeu as palavras da tia, pareciam tão sombrias e o sorriso no rosto de Anastácia já não estava mais lá também.

–Bem, vou procurar sua mãe.

–Ela está no quarto, terminando de se arrumar.

–Tudo bem, obrigada. Ah, feliz aniversário, Florence.

–Valeu, tia.

[...]

A porta de seu quarto se abriu e Leila pulou para trás, totalmente assustada.

–Você me assustou, Annis – ela falou a irmã, com a mão direita em seu coração acelerado – Pensei que fossem eles.

–Não são, mas vão chegar em breve, você sabe , ainda mais com uma festa dessas. É quase um ‘’Hey, estou aqui, venha me pegar’’.

–Eu tentei fazer alguma coisa, mas Florence é teimosa, jamais aceitaria o cancelamento da festa e Paul achou melhor darmos esse presente a ela.

–Por quê?

–Todos sabemos que a hora dela ir para aquele lugar iria chegar, ainda mais quem essa desistência e morte de alunos. Você sabe, eles aceitariam até mesmo ela. Isso é como uma despedida, eu acho.

–É claro que vão aceitar ela, vão até mostrar a garota como um tipo de troféu, para mostrar que ganharam a batalha.

–Ah, nem me lembre, nem me lembre.

–Ela parece bem animada o que é ótimo – Anastácia se sentou, delicadamente, na cama e sorriu para a irmã -, considerando que vai ficar totalmente furiosa quando descobrir um pouco mais sobre a própria vida.

–Você queria que eu fizesse o quê?

–Queria que contasse, queria que contasse desde o começo, você sabe. Era o melhor.

–Não existe ‘’o melhor’’ nessa história. Ela é minha filha e eu fiz o meu melhor.

–Muitas vezes, isso não basta.

[...]

–Florence, você está tão linda – comentou Vivian pela décima vez, enquanto andavam entre a multidão. Vivian foi obrigada a falar mais alto, quando a música voltou a tocar. Florence percebeu que a garota estava linda, como nunca, usando um vestido verde florido e o cabelo solto – Essa festa está muito perfeita, sério, você se superou.

–Tive pouca ajuda da minha mãe, então meio que fui obrigada a trabalhar em dobro, mas está valendo a pena.

–Sem dúvida. – ela sorriu para Florence e continuou – Onde está Peter? Ainda não o vi.

–Dá última vez que o vi, ele estava indo atrás dos amiguinhos dele. Acho que devem estar lá atrás.

–Vou dar uma olhada.

–Certo, tudo bem.

Vivian se virou rapidamente e sumiu em meio da multidão que dançava animadamente. Florence se permitiu sorrir, mais uma vez, enquanto balançava o corpo levemente ao som da batida. De uma lado para o outro.

–Bem, já vai dar meia-noite – a mãe disse, quando se encontraram – Hora de cantar os parabéns.

–Calma, tem a Vivian....

–Ela irá ver que todo mundo está indo para um mesmo lugar e deduzirá por si só. Vamos, quando mais rápido isso acabar, melhor. – a mãe deu uma leve empurradinha na filha, para que andasse mais rápido.

–Qual o problema, mamãe? – Florence permaneceu onde estava e encarou Leila – Sério, é meu aniversário. Você deveria estar feliz, contente, orgulhosa ou qualquer coisa assim, mas parece que é a mais raivosa da festa. Não para de reclamar um segundo. O que aconteceu?

–Aconteceu que essa festa não deveria estar acontecendo, mas está. E ser contrariada é irritante.

–E por quê?

–Vamos cantar o parabéns, por favor. Depois conversamos.

Florence, mesmo insatisfeita, fez o que a mãe pediu.

Assim que o cerimonialista anunciou, Florence se colocou atrás da mesa, esperando a cantoria.

Todos começaram a bater palmas juntos, enquanto cantavam a mesma canção de sempre. A garota, enquanto sorria, procurava em meio a multidão sua amiga, mas ela parecia ter sumido completamente. Nada.

Assim que todos foram se afastando da mesa, depois de cumprimentar Florence mais uma vez, ela saiu do meio de todas aquelas pessoas e foi atrás de Vivian.

Procurou em cada canto de sua casa, mas não encontrou.

Vivian não estava em lugar algum e para piorar a situação não tinha tirado nenhuma foto com Peter. Ela precisa encontra-lo também.

Depois de perguntar aos amigos e aos conhecidos do namorado, teve certeza que ele também não estava em lugar nenhum.

Pedindo licença entre as pessoas, ela foi andando até a escada.

–Querida, onde está indo? – Paul perguntou, antes que ela alcançasse os degraus.

–Eu vou lá em cima, pegar meu celular.

–Não pode ficar nenhum minuto sem esse aparelho?

Florence riu.

–Não é isso, eu apenas quero ligar para Vivian. Ela sumiu.

–É, verdade, eu não a vi desde que chegou.

–Ela sumiu.

–Qual a cor do vestido dela mesmo?

–Verde musgo.

–Vou procurar.

–Obrigada.

Paul acenou e começou a procurar entre as pessoas, enquanto Florence subia a gigantesca escada de sua casa.

O corredor estava silencioso, não havia ninguém ali. Ela passou rapidamente por entre as portas de diferentes quartos, até chegar ao seu.

Para sua surpresa, a porta estava entreaberta e ela tinha certeza que havia fechado mais cedo. Oh, não, não, não. Sem dúvida, adolescentes cheios de hormônios deveriam estar curtindo em seu quarto naquela hora.

Raivosa, Florence empurrou a porta de uma vez só.

Tinha preparado uma grande bronca para o casalzinho, quando viu de quem se tratavam. As palavras que ensaiou não faziam mais sentido e sua cabeça parecia congelar.

Viven estava no colo de Peter, carregando um sorriso morto no rosto, devido a surpresa de ter sua amiga, ali, em sua frente. Com Peter não foi diferente.

Realmente a traição doeu.

Não porque gostava de Peter, porque não gostava, mas porque a sua amiga, a sua melhor amiga, havia feito isso com ela.

Ela não iria ser tola para chorar na frente dos dois e permaneceu, por alguns segundos quieta, apenas fitando-os indignada e confusa.

–Florence... – a amiga tentou falar, mas não teve chance. Vivian e Peter se levantaram rapidamente e permaneceram em seus lugares, ereto, enquanto o silêncio se prolongava.

–Por que no meu quarto? - Florence conseguiu dizer.

–Bem, achávamos que esse seria o último lugar que você viria, com uma festa acontecendo lá embaixo – Peter falou e Vivian deu uma cotovelada em sua costela – Ai, isso doí.

–Amiga, eu preciso...

–Amiga? Vivian, não somos amigas. Está claro. Isso, seja lá o que estava acontecendo aqui, é uma prova.

–Podemos explicar – ela garantiu, mesmo não podendo.

–Quanto tempo estão com isso? – Florence perguntou – Porque, sem dúvida, não é desde agora.

–Pouco depois de eu começar a namorar você – com essas palavras, Peter levou outra cotovelada – É verdade, Vi.

–Fique quieto – ela mandou – Eu quero pedir...

–Eu quero, Vivian, que vocês dois saiam daqui e agora. Quero que passem por aquela porta e sintam que não são mais bem-vindos, quero que não olhem para trás, porque não voltaram a entrar aqui novamente. E na escola, eu quero que passem reto por mim, porque eu certamente passarei por vocês. Agora vão!

Devagar, Vivian e Peter começaram a se mexer em direção a porta. Peter passou sem olhar na cara de Florence, mas Vivian parou e a encarou.

–Como quiser, amiguinha – ela falou a última palavra com desdém – Mas nos duas sabemos que você sempre precisou muito mais de mim do que eu preciso de você. Quem sai perdendo nessa história, na verdade, não sou eu.

–Eu poderia dizer uma coisa á você agora, mas minha mãe me ensinou a não falar palavrões, então é melhor apenas ir.

–É o que farei.

E então saiu, batendo forte a porta em suas costas.

Florence não conseguia imaginar, porque a ex-amiga havia trocado anos de amizade por um cara tão idiota como Peter. Ela não conseguia se ver fazendo a mesma coisa e tinha nojo até mesmo em tentar. Sem dúvida a amizade estava perdendo seu espaço no mundo, para a luxúria, inveja e egoísmo.

Florence sentou na cama e por mais que quisesse, não conseguiu chorar. Algo em seu peito parecia ter se quebrado, mas ao mesmo tempo ela estava feliz, não teria que ser enganada mais.

[...]

–Onde estava? – a mãe perguntou, assim que ela voltou para a sua festa, ainda relutante – Vivian passou por mim como um furacão e disse alguma coisa sobre você ser uma ‘’cretina’’. Eu presumo que esse não seja o apelido entre vocês.

–Certamente não é. Nem temos um apelido. Quer dizer, tínhamos.

–Como tinham? São amigas desde sempre. Se é uma briguinha besta, logo passará, querida.

–Ela estava se agarrando com o Peter no meu quarto.

–Seu Peter? – Florence concordou com a cabeça – Que vadia! Sério, nunca gostei dela.

A garota sorriu com a mudança de opinião da mãe

–Ahã, sei - ela disse.

–É verdade – ela confirmou – Teve uma vez...

Florence não prestou mais atenção nas palavras de sua mãe, apenas ficou encarando a porta de sua casa, onde um homem, alto e inteiramente de preto, falava com a recepcionista. Florence nunca o tinha visto na vida e certamente não o tinha convidado, tampouco. Ótimo, um penetra.

A recepcionista parecia bem convicta sobre não deixa-lo passar e Florence agradeceu por isso. Mas então o homem levantou a mão e apontou diretamente para o meio da cabeça da mulher em sua frente, que fechou os olhos e concordou com a cabeça sobre alguma coisa que ele falava.

Quando ela abriu os olhos novamente, o homem teve permissão para entrar.

–Você viu isso? – ela perguntou a mãe, que estava encarando a mesma cena, pasma. – Vou falar com ele, tenho certeza que não o convidei.

–Florence, espere, fique aqui!

Ela ignorou a mãe e continuou a caminhar entre as pessoas. O homem parecia estar procurando alguém, olhava de um lado para o outro tão rápido quanto era possível. A medida que a garota chegava perto dele, percebia-o melhor. Ele tinha cabelos pretos e olhos castanhos, sua postura era reta e ele parecia disposto a fazer qualquer coisa que quisesse, tinha um jeito arrogante apenas pela forma como empinava o nariz.

Quando Florence chegou perto o bastante dele, o homem a percebeu. Olhou a garota dos pés a cabeça e sorriu, sem mostrar os dentes.

–Senhorita Wills? – ele disse a ela. Sua voz era rouca e ao mesmo tempo firme. Florence concordou com a cabeça quase que imediatamente. – Vim busca-la.

–Me buscar? Vai tentar me sequestrar? Na minha casa? Quem é você?

–Muitas perguntas que podem ser respondidas amanhã, vamos – ele tentou segurar em suas costas para conduzi-la a saída, mas ela se afastou.

–Você enlouqueceu? Não vou a lugar algum. – Florence disse a ele. Quando olhou para o lado viu que Paul e sua mãe já estavam lá. Ótimo, os dois controlariam aquela confusão.

–Leila Wills, que bom revê-la – o homem disse a mãe e Florence fez uma careta. Ele a conhecia? – Paul Mattews, sempre um prazer. – ele então fez um pequeno aceno em direção ao padrasto de Florence, que apenas fez o mesmo.

–Veio tão rápido – a mãe comentou e Florence enrugou o nariz, totalmente perdida com a conversa. Do que ela estava falando?

–Há poucos para buscar esse ano. Na verdade, essa situação já está assim por alguns anos. – o homem respondeu.

–Estamos no meio de uma festa, Liam, não poderia esperar até amanhã?

–Eu esperei o máximo que pude, eu tenho ordens, Leila, e você sabe que descumpri-las seria uma falha em meu Juramento. Não farei isso.

–Entendo, mas não esperávamos.

–Acredito que esperavam. Ela tem a Marca, precisa ser levada – ele apontou para o braço da menina e ela seguiu seu olhar. Mas o quê?

–Você está falando alto demais, isso não deveria ser mantido em quatro paredes ou algo assim? – Paul falou ao homem.

–Esses adolescentes estão tão bêbados que duvido que lembrem do próprio nome amanhã. E eu não estou falando alto, Mattews.

–Não pode leva-la agora – Leila interveio – Não agora.

–Ela vai e você sabe que é agora.

–Dá para parar?! – Florence gritou por cima da nova música que começava a tocar – Estou bem aqui e vocês estão falando sobre mim, posso saber o que é?

–Você faz parte do que somos, menina Wills. – o homem respondeu.

–O que vocês são?

–Somos os Filhos da Noite e você também é. Venha, precisamos ir para a Escola Cinzenta imediatamente.

–Você está brincando, não é? Estou no meio da minha festa e eu nem cortei o bolo. Não vou a lugar nenhum, muito menos a uma escola. Mamãe, fale a ele, sem chance de eu ir.

–Farei as malas dela e as mandarei amanhã, Liam – a mãe disse e Florence arregalou os olhos em sua direção.

–Vocês são todos loucos e eu não vou a lugar algum - ela disse, ainda temerosa com toda a situação.

–Florence, você irá – Leila segurou o rosto da filha em suas mãos e encarou seus olhos tristemente – Desde que você nasceu soube que esse dia ia chegar e realmente chegou. Você precisa ir, precisa aprender sobre o que é.

–O que eu sou, mamãe? Sou só uma adolescente, certo?

–Não, você é diferente.

–Diferente?

–Você , como Liam falou, é uma Filha da Noite. E agora tem que ir. Eu amo você, amor, mas apenas vá.

–Não estou entendo – disse a garota.

–Vai entender, querida, está no seu sangue – Paul disse – Vou sentir sua falta, mas nos veremos em breve.

–Não quero ir, mãe.

–Florence, apenas vá. Vá com esse homem e tudo ficará bem.

Florence mesmo confusa e assustada, se soltou da mãe e seguiu o homem de preto até a saída.


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Notas finais do capítulo

Espero que comentem suas opiniões.



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