A menina e o Lobo escrita por Beatriz Prior


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, não demorei neste capítulo hein? =D
Muito obrigada pelos coments, e gente, não dói comentar ok? :v
Ok, ok, vou fazer de tudo pra não demorar de novo e boa leitura



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O clima naquela aldeia estava cada vez mais tensa, Tris só queria que dissessem pra ela que não precisava se preocupar, que aquilo era assunto de adulto, mas infelizmente, isso não aconteceu. Depois de Father Eric ter dito que o lobisomem mora na aldeia, muitos aldeões se entreolharam, agora não podiam confiar em ninguém, porém, os demais que estão do lado de George, apenas lançaram um olhar de desdém para Eric, que retribuiu com o mesmo.

Nada mudara, George queria fazer a festa, e ele provavelmente ia conseguir, a maioria estava satisfeita com o suposto Lobo que caçara e teriam de comemorar. Tris, querendo fugir dali, tentou sair para o Bosque dos sonhos pelos portões, mas fora barrada por dois trogloditas.

– O que está fazendo aqui? – disse um dos homens de Eric que guardava o portão.

– Vou visitar minha avó. – mentiu.

O homem olhou para ela como se estivesse falando grego.

– Na floresta? – perguntou intrigado.

– Sim, ela mora lá.

O outro homem a examinava com o olhar, desde a sua capa, até as galochas sujas.

– Me desculpe, não vamos poder deixar você sair. – disse o que examinava. – É muito perigoso.

Beatrice soltou uma bufada estrangulada, como seria perigoso? Eric acabou de dizer que o lobisomem morava na aldeia, então aqui é onde está o perigo.

– Eu preci... – começou, mas foi interrompida.

– Zeke! – alguém chamou, Tris virou e viu o garoto de pele dourada e estrutura forte. – O que está acontecendo?

– Ela, hum, quer sair, mas já avisei que não será permitido. – respondeu o homem que fazia as perguntas - Zeke.

Quatro virou para Tris e a garota sentiu seu sangue gelar.

– O que vai fazer na floresta?

– Visitar minha avó.

Por um segundo ele pareceu considerar a pergunta, então soltou um suspiro e disse:

– Tudo bem.

– O quê? Mas, Quatro, Eric pediu...

Quatro elevou a mão em um gesto de basta ainda olhando para Tris, que estava desconfortável sob seu olhar.

– Eu vou com ela, caso faça alguma coisa suspeita, não se preocupem.

E com essas palavras, Zeke voltou á sua compostura, mas o segundo que antes examinava Tris, agora parecia examinar a situação.

– Max, vou ficar na cola dela. Eric não vai saber disso.

– Tudo bem, mas se ele perguntar por você? – respondeu Max.

– Diga que estou explorando o perímetro.

Max se mostrou convencido, logo, estava como Zeke, parado, com os olhos atentos a qualquer movimento estranho.

Al estava numa cabana que alugara com o dinheiro que havia ganhado como lenhador nas outras aldeias, a cena da praça ainda vagava pela sua cabeça. Os olhares curiosos sobre Father Eric, o elefante ameaçadoramente grande feito de prata, e as palavras de Eric: O Monstro vive aqui.

Esta aldeia não é mais segura, bom, nunca foi, mas agora está pior, e Al tinha uma leve impressão de que aquele Eric, não era muito confiável. Por que voltara? Mas a resposta logo veio por vir quando pensou nela, seus cabelos cor de ouro esvoaçando ao vento enquanto corria, o corpo que sempre fora forte e em forma mesmo não ligando para a aparência, o sorriso que derreteu o gelo que se formou em seu coração ao longo e percebeu: ele estava aqui por causa de Tris.

Mas sua mãe não o aprovara, Natalie, que sempre achou bom Tris ser um pouco diferente, que sempre gostou dele, mas por causa de um engano, uma falsa ameaça, todo seu mundo caiu. E ele se sentiu vazio, como quando foi embora.

Precisava falar com ela, dizer o que sentia, mas não sabia se conseguiria... Ficou ali deitado no colchão levemente mofado com as mãos cobrindo o rosto, e tomando coragem, levantou-se para procurar por Tris.

Passou por todas as casas até chegar á uma em forma de retângulo, de dois andares. Batera na porta.

– Pois não? – disse Natalie pela porta entreaberta com frieza na voz.

– Tris está ai? – perguntou.

– Não. Deve ter saído.

Saído? Como pode ter saído com um Lobo a solta? Ele veio aqui para rever Tris, mas depois que chegara, passou a proteger a garota de tudo, e ela escapa assim? Como poderia ter saído com os guardas de Eric no portão? A raiva subindo-lhe ao peito foi a procura dela.

– O que vai fazer aqui?

Quatro e Tris agora estavam quase chegando na casa da avó, não era aquele o destino que pretendia ir, mas com um guarda de Eric nas sombras, era a única opção.

– Visitar minha avó, já disse.

– Eu sei que estava mentindo. – disse o garoto.

– Não, não estava, minha avó mora aqui.

– Certo, mas era pra lá que estava querendo ir?

Será que podia lhe dizer que se sentia melhor ali? Ou ele a acharia estranha como todos os outros? Uma certa dúvida cresceu no peito de Tris, ela poderia confiar neste garoto que mal conhecia? Quer dizer, que nada conhecia.

– Não. – arriscou. – Eu só queria vir aqui, é bem melhor que lá.

Então Quatro parou. O desespero cresceu por Tris, ele achara estranho? Mas ela não o encarou, apenas ficou ali, parada olhando para o chão.

– Desculpe, como disse? – perguntou.

Tris suspirou.

– Eu prefiro as árvores da floresta, eu prefiro a calma que ela me dá, eu prefiro muito, a floresta.

O rosto dele estava impassível.

– Eu também. – disse para a surpresa de Tris.

Então o resto da caminhada fora a mais tranquila, Tris logo avistou a casa da avó e apressou o passo. Tobias parara ao pé da varanda, Os bons modos ainda existem, pensou Tris. Então bateu á porta, ouviu passos arrastados e a porta se abriu, sua avó estava usando um vestido simples que cobrias seus pés, um chalé amarrado ao pescoço e o cabelo preso em um coque em cima da cabeça. Seus olhos brilharam quando viu Tris, mas pareceram ligeiramente intrigados ao ver o garoto desconhecido no pé da varanda.

– Olá minha querida! – disse abraçando a neta. – Quem é aquele?

– Quatro, um dos guardas de Eric, Father Eric.

A expressão de Marlene logo pareceu compreensiva, pediu para que os dois entrassem e se acomodassem, pois estava frio lá fora, e assim fizeram. Tris pôs sua capa na poltrona e foi logo á mesa para pegar um pedaço de pão. Ofereceu ao convidado – que recusou - enquanto a avó os observava atentamente como uma águia observa sua presa

– Então, como está sua mãe querida? – perguntou a avó.

– Bem. – uma luz veio na cabeça de Tris, ela não contara pra avó que seu melhor amigo voltara. Mas pensou seriamente em contar agora com um dos guardas de Eric do lado, ele podia suspeitar... Olhou de relance para o garoto, que parecia em outro mundo enquanto encarava a lareira.

– Entendo... – disse percebendo o olhar de Tris para Quatro. – Quatro? – o garoto levantou a cabeça surpreso. – Poderia nos dar um segundo a sós?

Ele pareceu hesitar, mas a firmeza com que Marlene falava deixava claro que não aceitava um não como resposta. Tris adoraria aprender essa técnica, seria bem útil.

Após fechar a porta atrás de si, Quatro observava a floresta coberta por um manto espesso de neve, examinou a varando e encontrou uma cadeira de madeira um pouco arranhada, aproximou-se para checar e viu que eram palavras, nomes para ser exato. Christina. Estava escrito. E logo após tinha: Christina e Beatrice – Pra sempre.

Sorriu de leve para as palavras e tornou a observar a floresta. Depois de uns minutos com a avó, Tris saiu com a aparência satisfeita.

– Adeus vovó. – disse a garota com o capuz vermelho cobrindo seu rosto.

– Adeus querida. Até mais Quatro! – disse a senhora dirigindo-se a Quatro.

Estavam voltando para a aldeia quando Quatro lhe perguntou:

– Onde arranjou estava capa?

– Minha avó deu.

– Ah, ela é muito bonita. Ficou bem em você.

Uma corrente de fogo passou pelas veias de Tris que sentiu o rosto corar.

– Obrigado... – conseguiu responder.

– Quem é Christina?

A pergunta veio como um soco na barriga de Tris, não falava da irmã desde que saíram para caçar o lobo.

– Minha... Minha irmã. – respondeu secamente. – Como sabe seu nome?

– Bom, tinha uma cadeira velha de madeira na varanda de sua vó e estava um pouco arranhada, então me aproximei para ver e li. Ela te ama muito não?

– Costumava amar. – respondeu Tris com os olhos vidrados no chão, lágrimas ameaçando escorrer de seu rosto.

– O quê? Ela... Ela morreu?

Tris acenou.

– Pelo lobo não é?

Acenou novamente.

– Não se preocupe, vamos pegá-lo.

Tris não respondeu.

Depois que chegaram aos portões, Zeke e Max ainda estavam lá, como se não estivesse respirado desde que saíram.

– Então? – perguntou Zeke desconfiado.

– Fomos para a avó dela. – respondeu encolhendo os ombros.

– Hum, tudo bem, entrem.

– Obrigado amigão.

– Claro... Ah, Quatro, você tem um pequeno problema com um dos aldeões.

E dando um tapinha no ombro do amigo, fechou a porta antes que Quatro pudesse dizer alguma coisa. Novamente, o sangue da garota ficara gelado. Ele estava com uma expressão de fúria estampada no rosto, um corte na boca informou que estivera brigando, seus punhos estavam fechados e sua aparência deixara Tris nervosa. Não vira o amigo assim desde que um garoto fez questão de derrubar Tris na lama quando eram crianças. Isso deixara o amigo furioso.

– O que você estava fazendo na floresta sozinha? –vociferou ele.

– Eu...

– Você tem noção no perigo que corria? – continuou ignorando a tentativa de Tris se explicar.

– Desculpe, eu não..

– Me deixou preocupado!

– Ei! – trovejou Tobias. – Primeiro: ela não estava sozinha, estava comigo. Segundo: Ela foi visitar a avó. Não tem nenhum problema nisso tem?

– Tudo bem. – Tris percebeu que ele fazia o maior esforço pra se controlar. Já não reconhecia o amigo, um manto de fúria em seu rosto que se recusava a sair.

Quatro alegou para Tris que teria de ficar perto dos portões ajudando os amigos, embora hesitasse em deixar ela com Al, que se mostrara um grande psicopata na ausência da garota. Depois que Tris insistiu que Al fosse uma boa companhia, Quatro por fim, cedeu.

O temporal agora estava mais frio que antes, a noite logo, logo cairia, os aldeões estavam organizando as coisas para a grande comemoração, havia uma grande fogueira na praça principal, porém, não estava acendida ainda. O dono do bar estava pondo mesas em volta da praça com a ajuda de sua mulher, que também era a garçonete, havia pessoas limpando os copos, pendurando decorações e tirando a neve do caminho. Uriah chegava perto para ajudar, porém todos o empurravam como se fosse um verme Com o rosto quente de raiva, Tris foi em direção a Uriah.

– O que vai fazer? – Al já estava controlado, mas ainda desconfiava das intenções de Tris.

Soltou a mão do amigo que estava apertando seu braço impedindo de ir, e continuou. Uriah parecia alegre mesmo que muitas pessoas o rejeitassem, passava os olhos constantemente pelas decorações com a expressão de que estivesse vendo uma fada.

– Tudo bem? – perguntou Beatrice. O garoto acenou lentamente ainda encantado. Tris seguiu seu olhar, ela pensava que estava olhando para as decorações, mas na verdade, o garoto encarava o sol, que sumia deixando as cores rosa com laranja no céu. – É lindo.

Tris levou o garoto para sua casa, Shauna – sua irmã - deu um longo abraço nele e agradeceu á garota por trazê-lo até em casa. Os pais dela haviam morrido há dois anos, o pai morreu com uma flecha no coração, ninguém sabe de onde veio essa flecha, e a mãe morreu logo depois de tristeza. Só haviam sobrado ela e o irmão. Shauna o amava com todo o coração.

Chegou em casa perto das 18h, sua mãe estava tricotando uma meia habilmente na frente da lareira, quando viu a garota, deu-lhe um grande abraço e perguntou por onde havia andado, Tris respondeu sinceramente, deixando apenas de fora o encontro com Al. Ela sabia que a mãe o repreendia, mas não era assim antigamente..., pensou Tris. Foi para a cama, mas estava sem sono, então pensou nos ocorridos de hoje, as imagens passaram em sua mente como um furacão de cores e sentimentos.

Pensou em Quatro se oferecendo para ir com ela á casa da avó, no seu elogio em Tris e em como se sentiu recebendo esse elogio, pensou na felicidade que escorregou de seu peito quando viu o rosto de Al furioso, e logo, pensou em algo delicado, os sentimentos que sentia por Al, tudo ficou mais embaralhado e Tris sentiu uma ligeira pontada na têmpora. Fechou os olhos para aliviar a dor, passado alguns minutos ouviu gritos de alegria e percebeu: A festa havia começado.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Comentem e me deixem feliz ^^
Até o próximo capítulo.