POV Ally

Austin acabou resolvendo tudo para sua mudança em menos de uma semana. Dez, Trish e nem Kira conseguiam acreditar que não veriam mais Austin todo o tempo no colégio. E como sempre, a notícia já era conhecimento de todos. Muitas pessoas tentaram se aproximar de Austin agora que ele morará em Los Angeles e tem um contrato com uma gravadora, ou seja, tentaram se aproveitar. Mas Austin conhecia essa história muito bem.

Matt e Lester também ficaram muito surpresos com essa história de Austin em LA e nenhum dos dois conseguia disfarçar sua preocupação comigo. E eu gostava disso. Gostava de Matt demonstrando o quanto estávamos ligados agora.

Hoje era o dia em que Austin iria embora. Todos haviam se despedido de Austin ontem, menos eu.

– Eu vou com você – Matt avisou se levantando da mesa e não esperou uma resposta. Nosso pai apenas assentiu e me deu um sorriso. – E eu dirijo – acrescentou.

– Mandão – murmurei enquanto saía atrás dele pela porta. Matt se virou para mim estreitando os olhos e eu ri.

Sempre que podia Matt desvia os olhos da rua para mim, até que finalmente perguntou o que queria.

– Você está bem?

E a verdade, é que eu demorei para responder.

– Não estou totalmente bem, está sendo difícil imaginar ficar longe dele por tantos meses, mas não é como se não fossemos nos falar e isso é bom. E pretendo não ficar chorando toda hora – brinquei e ele balançou a cabeça.

– Vocês vão ficar bem, tenho certeza – Matt disse e depois piscou para mim. Prefiro acreditar em meu irmão.

Começamos a conversar sobre outros assuntos, e quando chegamos no aeroporto todo o nervosismo que eu sentia antes voltou muito pior.

Saímos do carro e vi uma mensagem de Austin dizendo onde ele estava. Nós dois fomos até lá e eu vi primeiro os pais de Austin. E depois vi ele ao lado segurando Ethan em seu colo. Faltava pelo menos uma meia hora para seu voo e eu já estava com o coração acelerado.

Mimi foi a primeira a nos ver e a primeira coisa que fez foi tirar Ethan do colo de Austin. E foi bom, porque se não tirasse esmagaríamos o garoto.

– Oi – murmurei já nos braços de Austin e senti sua risada.

– Oi.

Fechei meus olhos e ficamos assim por algum tempo. Assim que nos separamos abracei os pais de Austin e Ethan insistiu que eu o pegasse no colo já que Austin estava com o braço em meus ombros.

– Vai continuar escrevendo música para mim? – Austin perguntou sorrindo e eu o olhei curioso.

– Ainda vai querer minhas músicas? – perguntei e ele revirou os olhos.

– Claro que sim, ninguém te supera – Austin disse e quem revirou os olhos foi eu.

Os pais de Austin começaram a pedir que ele estudasse de verdade e eu apenas ria. Coloquei Ethan no chão e o garoto ameaçou correr, mas segurei sua mão novamente. Nunca esqueceria sobre quando Austin disse que Ethan não pode correr muito.

Os pais de Austin me olharam carinhosamente e Austin voltou a me abraçar. Ethan não parecia ter consciência que passaria meses longe do irmão, mas Austin tinha, por isso não saía de perto do irmão.

– Filho – Mike disse chamando a atenção de Austin e apontou para o local de embarque que já estava liberado.

– Ok – ele disse suspirando e foi primeiro para seu pai.

Logo sua mãe fazia parte do abraço e eu sorri. Austin abaixou na frente de seu irmão e os dois tiveram uma conversa sussurrada. Matt e Austin trocaram um abraço e Austin se afastou assentindo e sorriu.

Assim que chegou em minha frente Austin me puxou para um beijo.

– Se cuide – foi tudo que eu disse quando nos afastamos.

– Você também. Eu te amo – ele falou e eu sorri. Não consegui evitar de beijá-lo mais uma vez.

– Também te amo – falei e quando nos separamos foi definitivo.

Austin piscou para mim e depois se distanciou. Meu coração estava acelerado e meu estômago dava voltas e mais voltas.

Os pais de Austin vieram até mim. Recebi um beijo na testa de Mimi e Mike sorriu para mim. Beijei a testa de Ethan e prometi que o veria logo. Assim que os três foram embora Matt passou a mão em meus ombros me fazendo virar para ele.

Sorri minimamente e ele me puxou para um abraço. Respirei fundo fechando os olhos.

– Sabe, você pretende não chorar toda hora, mas pode chorar agora – ele disse em um tom baixo lembrando-se do que eu disse anteriormente.

Ele disse a coisa certa. Escondi mais meu rosto em seu peito e não controlei mais as lágrimas.

POV Austin

Eu não imaginava morar sozinho antes de nem mesmo terminar a escola, isso era estranho. Mesmo que não fosse realmente sozinho, era longe de meus pais. E eles apenas deixaram isso porque confiaram muito na escola e em mim. Além disso, não tenho dúvida que receberei mensagens deles a cada uma hora.

A viajem foi bem tranquila e não demorou muito para eu encontrar as pessoas que ficaram responsáveis por me buscar no aeroporto. Um era inspetor da escola, ou algo assim, e a mulher era uma das coordenadoras.

– Estamos muito felizes de tê-lo em nossa escola, Austin Moon. Só recebemos elogios sobre você – a coordenadora disse e eu sorri.

LA me surpreendeu. De boa maneira. Era algo diferente e que, com certeza, eu acostumaria, mesmo já sentindo falta de todos em Miami.

A coordenadora me explicou tudo sobre o lugar e sobre a escola.

– Se tiver dúvidas também pode perguntar aos seus dois companheiros de quarto. Eles são pessoas legais e bem conhecidos em toda a escola – disse dando ombros, talvez sem saber se aquilo era ruim ou bom.

Eu posso dizer que entendo muito bem sobre essa história de ser conhecido.

Assim que chegamos a coordenadora me explicou onde ficava os dormitórios e eu fui até lá analisando aquele lugar enorme. Mas a minha curiosidade estava mesmo em saber sobre as aulas de música, afinal era isso que chamava mais minha atenção do que qualquer outra coisa.

Parei na frente da porta que haviam me indicado e bati levemente antes de entrar. Era um lugar grande. Tinha uma pequena sala, e depois um corredor. Era um lugar bom, afinal as pessoas passam o ano inteiro aqui.

Fechei a porta e os dois garotos sentados no sofá com controles remotos olharam para mim.

– Austin Moon – um deles lembrou pulando do sofá.

Os dois tinham mais ou menos a mesma altura que eu. Um deles tinha o cabelo bem escuro e um pouco mais moreno, o outro loiro, não tanto quanto eu.

– Harry Millet – o loiro disse.

– Dean Bennet – o outro disse.

– Os caras que fazem sucesso na escola – lembrei e os dois sorriram.

– Mais ou menos isso – Harry concordou com um sorriso. – Seu quarto é este – ele disse seguindo pelo corredor e abriu uma das quatro portas. – O banheiro, meu quarto e o quarto do Dean – disse batendo em cada uma das portas e eu assenti.

Joguei minhas malas e eles me convidaram para jogar algo antes de almoçar.

– Veio de onde? – Dean perguntou interessado.

– Miami – falei e os dois me olharam interessados. – Um pouco longe.

– Legal você conseguir entrar no meio do ano – Harry disse.

– Sim. Mesmo que isso pareça mais uma universidade do que uma escola – confessei.

– Isso é verdade – Dean concordou.

– Por isso que todos falam que somos abandonados por nossos pais – Harry disse e depois os dois riram.

– Então acabei de ser abandonado por meus pais... Ok – falei e os dois riram.

– Ficamos sabendo que você canta – Dean disse e eu dei de ombros.

– Toco violão também.

– Veio para cá por causa disso? – Harry perguntou interessado.

– Sim. Acabei de assinar um contrato com uma gravadora e LA é uma cidade melhor quando se trata disso – expliquei e os dois me olharam surpresos.

– Garoto, você é bom – Harry disse e eu ri.

– As garotas vão te adorar – Dean disse e eu arqueei as sobrancelhas com um pequeno sorriso.

– Tenho namorada – falei e os dois me olharam novamente surpresos.

– Tudo bem então, desisto de você – Harry disse erguendo as duas mãos e Dean riu revirando os olhos.

Pelo visto esses meses não seriam tão ruins assim.