POV Ally

As reações sobre meu namoro com Austin não foram nenhuma surpresa para nós, apenas divertidas de se ver. No dia seguinte ao jantar na casa dos Moon, Austin veio para minha casa e disse à meu pai sobre seu pedido na noite passada.

Por alguns segundos meu pai pareceu realmente estar passando mal, mas depois se recuperou fazendo uma cara feia que Austin teve que aguentar. Além de aguentar em seguida alguns pedidos de meu pai que mais pareciam ameaças. Mesmo assim, meu pai gostava de Austin e logo parou de bancar o pai bravo.

No dia seguinte como tínhamos aula nos encontramos apenas na escola. Contamos a novidade para Dez, Trish e Kira quando os encontramos no mesmo dia. Primeiramente, Austin foi acusado de me roubar e claro que depois os três vieram nos abraçar falando “eu já sabia”.

– Nervosa? – Austin perguntou e eu dei ombros.

– Estou tentando não ficar – respondi e ele estreitou ainda mais o espaço entre nós.

Ontem foi o dia em que contamos para todos sobre o namoro e hoje não foi nem preciso pedir para que Austin viesse direto para minha casa. Isso porque seria o primeiro dia que conheceria Matthew, o irmão que descobri ter faz muito pouco tempo.

– Vai ser difícil acontecer do jeito que imagino – lamentei e Austin beijou minha testa.

– Tente não ficar triste, não deve ser fácil ter tudo o que não tiveram em anos em um dia – disse e eu já sabia que ele estava totalmente certo.

– Eu sei – concordei. – Na verdade nem sei o que esperar – admiti.

– E é por isso que eu estou aqui – lembrou.

– Namorado atencioso – observei sorrindo e ele deu ombros.

– Já que falou isso... Temos que conversar sobre a ideia de fazermos músicas juntos – ele disse.

Austin quer mesmo investir na ideia de carreira e isso me deixa cada vez mais feliz.

– Temos mesmo. Só você mesmo para me fazer escrever músicas e mostrá-las a alguém que não seja apenas eu, nunca deixei alguém vê-las – acusei e ele riu.

– Tem que perder esse medo – disse e eu bufei.

– Não tenho medo nenhum. Só não gosto das pessoas vendo minhas letras tão pessoais – expliquei.

– Nem é tão ruim. Por acaso tem alguma letra que diz “Austin”? – perguntou irônico e ao mesmo tempo curioso e eu revirei os olhos.

– Claro que não idiota – falei e em reação Austin levou a mão no peito como se tivesse doido.

– Machucou. Mas realmente, não faça isso. Uma música faz muito sucesso se não tiver um “Austin” no meio dela – Austin concluiu e eu ri.

– Algo óbvio – observei.

– Mas... – Austin começou e foi interrompido por uma porta batendo.

Pulei do sofá e levei Austin junto. O barulho de duas pessoas conversando se intensificou e não foi preciso para descobrir que eu estava certa. Era Matthew e... Nosso pai.

Foi no último segundo que descobri o quanto estava nervosa. Eu apertava fortemente a mão de Austin quando os dois homens entraram na sala.

Matthew era muito diferente do que imaginei. Isso começava pela altura. Me surpreendeu ele ser tão alto quanto Austin, que comparado a mim é gigante.

Seu cabelo era no mesmo tom de castanho que o meu e tínhamos mais algumas características em comum, mesmo não sendo totalmente parecidos. Meu irmão era lindo e sua expressão o deixava um pouco mais velho que 19 anos.

E me analisava tanto quanto eu o analisava. Sorri de uma forma que provavelmente entregou que eu estava nervosa.

– Matt essa é Ally e seu namorado, Austin – Lester apresentou e Austin só acenou com a cabeça.

Matthew não parecia muito confortável com aquilo e de certa forma, eu o entendia.

– Oi – ele murmurou ainda me encarando.

Respondi o mesmo e ficamos nisso, pois nem eu e nem ele tivemos a iniciativa de mais, como um abraço.

– Vou mostrar seu quarto, o que acha? – Lester disse tentando quebrar nosso desconforto e Matt nem hesitou em concordar.

Quando os dois já não estavam mais na sala Austin imediatamente me virou para ele. Seus olhos me avaliaram querendo constatar se eu estava bem ou não.

– Está bem?

Essa pergunta não era nada fácil de ser respondida naquele momento, pois aquele momento, definitivamente, não foi o mínimo esperado.

– Não sei, talvez apenas surpresa – falei em um tom baixo.

– Ele se parece um pouco com você – ele disse e eu ri.

– Bem pouco – corrigi e Austin decidiu não discutir.

– Logo descobriremos se é isso também na personalidade – Austin disse e eu o olhei em dúvida. – Faça o mesmo que fez com meus pais e vai ser impossível não te adorar. Seja você mesma – Austin aconselhou.

– Sábio – observei e ele sorriu.

– E caso algo ruim aconteça, estou aqui para te proteger – ele disse me balançando em um abraço fazendo-me fez rir.

– Agora me sinto segura – brinquei mesmo tendo um fundo de verdade na fala.

Nós dois nos sentamos novamente e ficamos um bom tempo conversando sem ninguém aparecer.

– Tudo bem? – meu pai perguntou de repente assustando a nós dois.

– Sim – concordei o olhando confusa.

– Matt decidiu ficar em seu quarto - explicou dando ombros.

– Sem problemas – concordei e ele me analisou por um tempo. Parece que as pessoas tinham essa mania.

– Tenho certeza que gostarão um do outro – Lester garantiu e tentei não demonstrar que duvidava disso. Assenti e ele piscou indo para a cozinha em seguida.

– Sabe, eu deveria ir para loja – Austin disse. – Mas vou ficar aqui – concluiu.

– Tem certeza? Seus pais... – lembrei e ele revirou os olhos.

– Depois eu falo com eles. Ou isso é uma indireta para eu ir embora? – Austin perguntou estreitando os olhos.

– Sabe que não – retruquei.

E Austin cumpriu o que disse. Ficamos boa parte da tarde apenas assistindo filmes, os quais eu quase não consegui prestar atenção. Como imaginado, Matt não apareceu em nenhum momento.

– Tenho que fazer o jantar – lembrei de repente e Austin sorriu.

– Vamos lá, eu te ajudo – disse se levantando e me ajudando em seguida.

Austin me surpreendeu porque ele realmente sabia cozinhar, mesmo que às vezes preferisse me observar em vez de me ajudar.

– O que acha de colocar isso na mesa em vez de me olhar? – brinquei estendendo alguns pratos e ele pegou sem reclamar.

– Eu arrumo a mesa e chamo seu pai enquanto você chama seu irmão – ele avisou. Franzi a testa, mas ele não deu espaços para reclamações já me empurrando.

Andei calmamente até o quarto em que Matt estava e a porta estava aberta. Mesmo hesitante fui até a porta e o vi sentado na cama. Matt apenas fitava o chão com um olhar perdido. Eu havia até mesmo me esquecido disso, mas para ele devia estar sendo muito mais difícil do que para mim.

Bati na porta atraindo seu olhar, agora surpreso, para mim.

– Fiz o jantar, então vim te chamar – expliquei um pouco atrapalhada.

– Oh, claro – concordou já se levantando.

Percebi que de repente ele já estava ao meu lado. Andamos lado a lado sem falar uma palavra. E isso continuou muitas vezes durante o jantar. Lester e Austin salvavam tudo na maioria das vezes. Matt respondia apenas algumas coisas, e eu fazia o mesmo.

– Podem deixar, minha vez – Lester disse assim que Austin e eu nos levantamos para pegar os pratos.

– Posso ajudar – Matt se ofereceu e nosso pai sorriu concordando.

– Então eu vou embora – Austin avisou e apenas acenou para os dois.

Matt e Lester foram para cozinha e Austin trocou olhares comigo.

– Não foi tão ruim assim – disse enquanto andávamos até a porta.

– Porque você está aqui – retruquei.

– Mas...

– Eu sei – interrompi e ele riu. – Você não vai ficar aqui para sempre. Estou pensando seriamente em chamar Kira para morar comigo – brinquei.

– Não sei se é uma boa ideia morar com Kira – Austin disse fazendo uma careta e tive que admitir que ele tinha razão.

– Vou pensar nisso – garanti e ele riu.

Fechei a porta atrás de mim e me dei conta do quanto estava tarde. Austin me abraçou e sorriu.

– Nos vemos amanhã. Se quiser ou precisar, me ligue – disse seriamente e eu sorri assentindo.

– Obrigada por ficar a tarde toda aqui – agradeci ganhando uma piscada de Austin em troca.

Trocamos alguns beijos e só então Austin entrou em seu carro. Agora não tinha mais saída.

No entanto, foi totalmente ao contrário do que qualquer coisa. Matt já estava em seu quarto e eu não o vi mais pelo resto da noite, pois fiz o mesmo. Ao que parece daqui para frente seria assim.