Suicide Silence escrita por Queen Dha


Capítulo 1
I Made A Choice.


Notas iniciais do capítulo

Para quem sentiu minha falta, voltei! o/
Espero que gostem de SS.
Decidi escrevê-la há quase um ano e obvio, tive que acrescentar algumas coisas mais recentes.
Enfim, vão ler. e.e


Ouça enquanto lê: https://www.youtube.com/watch?v=1fA4uA2-BQ4 - Carmen - Lana Del Rey



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A sala era claustrofobica e quente, com insetos grudando nos vidros das janelas, batendo as asas debilmente. Eu sentia o suor escorrer por minhas costas, ensopando meus cabelos escuros e mexia a perna nervosamente.
Assim que o sinal tocasse eu iria para casa, sentaria na varanda de casa e observaria calmamente o cenário deploravel do jardim e talvez achasse que as tulipas eram um ponto belo de apreciação em meio ao caos e a da desordem, sentaria no velho balanço de pneu e notaria que ele já se tornou pequeno demais para mim, que os prroblemas e as perdas que sofri me fizeram crescer á ponto de me amedrontar á noite.
O sinal toca.
Eu caminho pelos corredores, memorizando cada minímo detalhe deles, decorando cada rosto e nome, numa vã tentativa de encontrar algo á que me agarrar. Bato a porta do armário e encontro Amelie me observando, seus cabelos estão maiores que os meus, sorrio para ela e ela retribui, jogo os livros e pego meu cardigã, sei que não vai adiantar muito no frio lá fora, mas não há como se importar com frio externo quando sua alma está habitando num iceberg há muito tempo.
Ás vezes gostaria de congelar alguns dos meus pensamentos, eles são assustadores. Eu sinto a friagem nas minhas bochechas e corro pra apanhar o próximo ônibus, subo os degraus quase derrapando e me sento na segunda fileira de cadeiras e aguardo minha parada contemplando a chva cair em gotas tão grossas e observando o céu cinza ao longe, engolindo a poeira de sol.
Observo meus sapatos e percebo que não me importo realmente com isso, mudo minha atenção para o meeu braço, as fitas amarelas estão desgastadas mas as datas são visivéis e a dor é incessante.
Você aprende á conviver com tudo, experimente se acordar todos os dias bem antes do sol nascer e observar a semi escuridão,observe os tons pastéis suaves invadirem o ambiente ao seu redor, sinta o calor lhe aquecer gradativamente nos primeiros dias você vai querer dormir, mas depois de um tempo seu corpo acostuma-se e sente até falta.
Na verdade a ausência de quem se ama é a única situação á qual você não se adapta. Imagine a dor triplicada, o desespero triplicado, a angústia, a solidão, o vazio, tudo ao triplo, e ainda, imagine o desespero, a agonia e a desolação ao triplo. Essa sou eu. Uma garota comum com os fantasmas de três garotos que ela enterrou.
Desço na minha parada e caminho mais dois quarteirões, entro em casa e procuro sinais vitais. Um bilhete na geladeira. Viagem á Nova York. Segunda vez esta semana. Peço comida mexicana sabendo que não vou comer, apanho cigarros e uma garrafa de Whisky no escritório, acendo o cigarro depois que me livro das roupas mais pesadas, permaneço de botas e vou para a varanda depois de receber o pedido.
Aos poucos a chuva parou, se tornou um chuvisco que escorre para dentro das minhas botas e ensopa meus cabelos e minha roupa, fecho os olhos e entorno o quarto copo de Whisky.
Assim que abro os olhos o vejo. Jeans, camisa branca, olhos e cabelos pretos, exatamente como o vi pela última vez.
-Saia da chuva Gi - ele pediu e eu me virei. Senti sua mão em meu ombro
-Não vou te obedecer, suma. Fantasma. É isso que você é - respondi
-Eu sou sua lembrança e você me prendeu aqui. Não posso fazer nada enquanto estiver preso á suas memórias e á seu coração - Luke falou
Culpei a bebida pela alucinação.
- Eu te esperarei, não está tão longe, você já decidiu -ele sussurrou.
-Não fale por códigos - falei rispida.
-Você, escolheu morrer e eu não posso mudar isso - ele falou.
Quando o procurei ele já havia sumido, me deixando com perguntas ás voltas na minha cabeça. Eu bebi até apagar.
Acordei no sofá da sala, os dedos dos pés enrijecidos, a calefação desligada me congelou, a comida está fria mas eu como algo mesmo assim. Na tevê James Dean acaba de morrer com Audrey Hepburn, as lágrimas escorrem na minha bochecha, decidi ficar aqui na sala mesmo e usei a coberta do sofá pra me aquecer mais rápido.
Eu sinto o calor me envolvendo, o sangue correndo dentro das veias, e o somo do coração batendo, não julgo que vale á pena sentir todos os sinais vitais em mim.
Há varias maneiras de morrer, você pode estar vivo e estar morto, não são os atos que te classificam vivo, são as emoções.
-Já avisei para não chorar vendo esses filmes - Gabe falou. Eu olhei de soslaio e reconheci os detalhes de seu perfil, o oculos de grau na ponta do nariz, meias sem sapato, a calça jeans folgada demais e a blusa larga, os cabelos marrons escapando do boné verde e a postura de quem está pronto para jogar uma partida para valer de "Call Of Duty".
-Eu já avisei para não me assustar assim - respondi
-Sempre a mesma Gi, escolhi esperar sua passagem, essa fita me prende á você, vou estar aqui, mais não se importe, tente tentar mais uma vez - ele disse
Ele me abraçou e eu me aconcheguei em seus braços. Dormi por boas horas em paz. Eu me sentia segura com o toque deles, me sentia viva e infinita, mas também sentia-me frágil.
Quando acordei o sol se preparava para nascer. Dirigi-me á sacada e observei as ruas tomadas pelos carros. O mundo todo correndo, com destinos traçados, relógios sempre atrasados e vidas reduzidas, se agarrando á triste esperança de que podem vencer as contradições e realizar seus sonhos.
-Georgina - eu ouço.
Voz rouca, cheiro almiscarado e o silêncio é tanto que posso jurar que ele coçou a barba. Viro-me e subo as escadas, indo para meu quarto, sei que portas não vão impedi-lo, por isso não me preocupo em fecha-las. Entro no box e fico despida. A agua me revela os pontos sensivéis de meu corpo. Enrolo-me na toalha e encaro meu rosto no espelho.Olheiras são a nnica coisa visivel.
-Você não devia estar aqui, não é seguro - eu disse enquanto desembaraçava o cabelo. Fui para o quarto e comecei á vestir minhas roupas.
-Gina - Harry falou com aquele tom de malicia e desculpas na voz e deu as costas para mim.
-Não é como se você pudesse...você sabe - eu falei enquanto abotoava a calça jeans.
Sentei na cama para amarrar a bota e ele sentou na poltrona á minha frente.
-Você já escolheu, nenhum de nós vai te impedir, sua cabeça dura, eu venho te livrando há meses, te livrando das escolhas que você fez no seu inconsciente, eu sei que os outros estão te esperando, sei que assim que você abrir os olhos nesta dimensão estará ao lado de um de nós três e seu laço com ele será realmente eterno, porém, eu não sei o motivo disto - Harry falou.
-Não há mais sentido todos tem um propósito, todos, menos eu. Meus sonhos foram embora á cada buquê de flores amarelas jogado na cova de cada um de vocês, eu maquiei minha dor por muito tempo.
Peguei a bolsa e desci as escadas correndo. Tranquei tudo e sai correndo até a parada do onibus, subi no primeiro e me concentrei em não me concentrar.
Harry desceu ao meu lado.
- Sinto falta disso - ele disse
-Você é um morto, pare de piadinhas - eu sibilei e me dirigi aos prédios escolares e ao meu armário, mas estava ciente dele rindo de mim durante um tempo.
-Gina - Amelie cumprimentou-me
-Amie - respondi e a abracei
-Preparada para a prova? - ela perguntou
-Você sabe que nunca estou - respondi e peguei o material necessário para a próxima aula.
Caminhamos juntos, os três naquele corredor, repetindo a cena de quase três anos atrás, só havia uma diferença: eu era a única á ver o garoto ali.
Eu não conseguia me concentrar, Harry fazia questão de me distrair, mexendo no meu cabelo e beijando meus ombros, ocasionalmente cheirando meu cabelo.
-Pare com isso - pedi pela milionésima vez.
-Se você desistir do que quer fazer connsigo mesma, eu paro - ele falou e eu mostrei a língua pra ele.
Agradeci quando o sinal tocou anuncianndo o final das aulas daquele dia. Me despedi de Amelie e me encaminhei para o onibus que partia para o centro da cidade.
Deveria haver uma formula para te livrar da tristeza, algo que não te fizesse sentir culpa, inferioridade ou insegurança.
Daqui de cima do prédio da Montfield Enterprises, eu observo as estrelas é a primeira vez que vejo tantas assim. Pego meu celular e digito uma mensagem, pra quem realmente se importa, para aquela que mais derramará lágrimas por mim e que vai entender e eventualmente, achar minha atitude correta.
Caminho no parapeito do prédio, pelo lado de fora da grade de proteção.
-Não faça isso, por favor, não faça. - Harry pede
-Minha vida, minha escolha - respondo
Sinto meu corpo balançar perigosamente, amarrei mais uma fita no meu braço e essa tem meu nome. Sinto Harry tentando me segurar, mas já é tarde. Estou em queda livre.
A vida é boa, as pessoas á desperdiçam, fazem dela nada, mas é um dom incrivel poder fechar os olhos sabendo que vai abri-los novamente. Nada se compara á sensação de saber que o que você deixou para trás foi o sofrimento.
Vai ser bom, morrer.
Fecho os olhos.


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Notas finais do capítulo

Podem perguntar qualquer coisa por MP aqui, deixe um comentário, favorite, recomende, isso me fará muito feliz.