Era uma vez, em um reino tão, tão distante uma princesa antipática, gananciosa e extremamente vaidosa. Regina era seu nome e ela passava todos os dias se admirando nos vários espelhos do castelo.

Seu corpo esbelto, seu rosto com feições suaves e belas emoldurado pelo cabelo negro que caia em cascatas até o meio das costas, nunca estavam bons o bastante e por isso tinha o prazer de gastar uma grande quantidade do tesouro real com as melhores cabelereiras, maquiadoras e estilistas da corte.

Aos dezenove anos foi construído um pátio que só podia ser visitado passando pelos aposentos dela. E era neste pátio que ela gostava de experimentar os trajes, que as estilistas faziam especialmente para ela, quando estava nevando.

Em um desses dias de inverno. Regina estava no pátio, provando os esplêndidos vestidos de sua estilista preferida. Mme. Anne Bleuâtre fazia os últimos detalhes no vestido com a ajuda de suas quatro assistentes. Os nomes delas não são importantes, sendo que as quatro tem o mesmo nome e estavam tremendo de frio. Então não saberíamos quem foi que espetou o pulso da princesa, fazendo com que três gotas de sangue real sujasse a neve.

—Mme. Olhe o que esta sua assistente fez. Uma ordem minha e ela é decapitada agora mesmo. - Regina exasperou puxando seu braço.

—Não. Por favor. Isso não será necessário. Ela já está arrependida. -Mme. respondeu.

—Ela não parece arrependida. - Regina olhou para a assistente com nojo, ela ainda tremia - Peça desculpas.

—M-medescul-culpe.

—Peça direito. Ajoelhe-se. - Ordenou, a mulher se ajoelhou na neve - Muito bem, agora peça desculpa.

—M-me...

—Sem gaguejar.

—Me desculpe.

—Ótimo. Vá embora, já me cansei desta sua cara. - A assistente de Mme. Anne Bleuâtre. Se levantou e andou a passos rápidos para dentro do castelo - Agora, vocês três continuem a trabalhar e não quero que isso se repita.

Alguns segundos depois do pequeno acidente, os belos olhos negros de Regina, inconscientemente foram em direção as três gotas de sangue na neve e por longos segundos ela ficou admirando aquelas gotas e depois olhou para a porta negra do pátio porque pensou ter ouvido algo se quebrando dentro de seus aposentos. Seus cílios longos ficaram piscando rapidamente, enquanto olhava para o nada e sem pensar falou alto:

—A mais bela dama seria perfeita se nascesse branca como a neve, rubra como o sangue e negra como o ébano.

—Está totalmente certa. -Mme. respondeu, Regina olhou para ela com raiva que sem perceber o olhar continuou - Mas acredito que a senhora, com certeza, continuaria sendo a mais linda.

—Eu sei.