🌸Amor que Resiste ao Tempo🌸 escrita por Aura


Capítulo 8
Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem? :) Eu sei que demorei metade de um ano pra postar, mas andei passando por algumas coisas muito difíceis nessa minha vidinha "linda", e escrever acabou ficando em último plano. Desculpem, realmente. Mas, bem, aqui está o próximo cáp. Espero que minha escrita tenha melhorado pelo menos um pouquinho.

Tenham uma boa leitura e até lá em baixo! ;)

"Nada jamais continua... Tudo vai recomeçar!" _Mario Quintana_



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Rua Haru No Hana, 15:45

Uma trovoada ressoou alto e violenta, fazendo com que toda a casa estremecesse. Encolhida no sofá da sala, a jovem escutava silenciosamente o batucar da chuva atingindo o telhado, junto aos insistentes ventos que teimavam constantemente em tentar passar pelas janelas, como numa discussão que parecia possuir um único objetivo: amedrontar àquela que se sentia tão só.

Concebida pelo crescente frio da manhã, a tempestade já havia completado mais de duas horas, e seguindo de forma impetuosa, mostrava que continuaria a se estender ainda a altos horários. Afastando as cortinas brancas, a garota de cabelos castanhos escuros olhou pela janela. Através do vidro coberto por gotas brilhantes, um céu escuro e tenebroso dominava a paisagem, clareando de acordo com os sonoros raios que caiam em harmonia com a tempestade. Folhas, sujeira e outros resquícios arrastados pelo vento voavam desordenadamente sem destino, atingindo qualquer coisa que estivesse em seus caminhos.

“Que horror… Que… Medo…”

Fez com que o vidro embaçasse ao respirar fundo. Tivera a sorte de sua mãe buscá-la na escola momentos antes da chuva começar, fazendo com que não tivesse de enfrentar a dificuldade de seguir a pé até em casa. Após buscar a filha, a mãe voltara ao restaurante da irmã mais velha, avisando de que se a chuva não diminuísse provavelmente não poderia voltar para casa até a manhã seguinte.

Uma nova trovoada ressoou forte, fazendo com que a morena apertasse a manga comprida do casaco em sinal de nervosismo. Nunca havia passado por uma tempestade como aquela, e principalmente, nunca havia passado sozinha por uma tempestade. Lembrava que antes de se mudar, em dias como aquele seu pai saia mais cedo do trabalho somente para lhe fazer companhia. Ah, como adorava sentar ao seu lado na frente da tv, enquanto tomava aquele chocolate quentinho com aqueles biscoitos deliciosos que só sua avó sabia fazer, nem ouvindo o som da tempestade enquanto era aquecida pelos braços do pai… Sempre que compartilhava daquele momento sentia-se completamente protegida, como se nenhum mau pudesse alcançá-la, como se nunca no mundo fosse ficar sozinha algum dia. Mas infelizmente, agora sabia que aquele sentimento sempre fora somente uma ilusão.

Desviando o olhar da janela, percorreu visualmente a sala ao seu redor, parando ao focar um pequeno retrato na mesinha de centro. Nele, aparecia abraçada a sua mãe, sua tia e seus primos. Observando os semblantes alegres, não pode deixar de pensar que faltava algo na foto, alguém.

“Que saudades papai…”

Novamente, um forte estrondo desviou sua atenção, porém, este fora diferente de qualquer trovoada. Virando-se para o lado, a jovem sentiu um grande arrepio percorrer sua espinha. Uma das janelas havia se escancarado. No mesmo momento, a chuva e o vento entraram triunfantes na sala, molhando e sujando tudo o que conseguiam alcançar.

– Essa não! - gemeu. O desespero dominando sua voz ao pular do sofá.

Correndo até a janela, sentiu a chuva atingir seu rosto, molhando os cabelos que eram jogados violentamente para trás. Agarrando o puxador, empurrou o vidro com força tentando desesperadamente fechar a abertura que permitia a entrada da tempestade. Apertando o trinco, apoiou-se no batente, respirando fundo para se recuperar do susto. “Essa foi por pouco…” Olhou para o vidro embaçado, enxergando a paisagem escura através das gotas que atingiam a superfície plana. Até que, de relance pôde avistar um vulto passando lentamente pela calçada.

Exaltou-se, refletindo se aquilo não fora uma ilusão. Observou o lado de fora mais atentamente. Não, lá estava ele, movimentando-se devagar enquanto passava na frente de sua casa. Quanto mais se aproximava, mais sua silhueta tomava forma, sendo que logo fora identificado como sendo um ser humano normal, para o alívio da morena. Mas, o que ele estava fazendo ali afinal? O que levaria uma pessoa a andar no meio de uma tempestade como aquela?

Ao observá-lo a jovem notou que possuía uma grande dificuldade em andar, sendo empurrado constantemente pelo vento enquanto era completamente atingido pela tempestade. Um sentimento de pena surgiu em seu peito. Seria realmente o correto deixá-lo andando sozinho naquela chuva? Sabia que ele precisava de ajuda, mas o que aconteceria se abrigasse um desconhecido? Continuou a acompanhá-lo lentamente com o olhar, segurando a respiração ao vê-lo cair.

Desequilibrando-se por causa do vento forte e da calçada lisa, a pessoa escorregou, batendo seu corpo contra o chão. Permaneceu brevemente imóvel, em seguida sentando-se com dificuldade. Tentou se levantar, mas a dor o fez se encolher. Continuou parado, parecendo refletir sobre se realmente valeria a pena continuar. Estava apoiando o peso em um dos joelhos quando uma forte lufada de vento o atingiu pela frente, puxando seus cabelos para trás e revelando seu rosto.

No mesmo momento, aquela que o via da janela sentiu seu coração estremecer. Não. Não podia ser ele. O que ele estava fazendo ali? Será que havia perdido a cabeça?! O que ele estava fazendo?! Ela não pensou duas vezes: correu até a porta de entrada e a escancarou. Sendo jogada para trás por uma forte rajada de vento, sentiu a tempestade a atingir com agressividade, o frio terrível fazendo seu corpo tremer. Esquecendo a porta aberta, correu quase caindo até os portões da casa, o procurando desesperadamente com sua visão embaçada pela chuva.

Andou alguns passos, lutando contra o vento que a atingia. Visualizando a silhueta da pessoa a sua frente, sentiu uma descarga de adrenalina percorrer seu corpo.

– SHINDOU!

Apoiado em sua perna esquerda, o rapaz levantou a cabeça lentamente, fitando o rosto daquela que o chamara. Grossas gotas de chuva rolavam por sua face, lágrimas que entristeciam seu olhar confuso e cansado. Um sopro de angustia envolveu a morena que o fitava. Esforçando-se em seus passos, chegou até ele.

– Yu… Mei…? - sua voz saiu em um sussurro.

Ela se abaixou, agachando-se ao seu lado. - Segure-se em mim. Vou te levar pra dentro.

Shindou a encarou com surpresa, o rosto sem cor revelando sua incredulidade em uma expressão congelada. Assentiu com a cabeça, baixando os olhos.

O segurando pela cintura, Yumei deixou que este colocasse o braço em volta de seu pescoço, ajudando-o a se equilibrar ao ficar de pé. No momento em que os corpos se tocaram, a jovem sentiu um calafrio: Shindou estava extremamente gelado. O desespero inundou sua mente, ela tinha de tirá-lo dali o mais rápido possível. Ajudando-o a andar, guiaram-se com dificuldade por entre a tempestade, lutando contra as fortes lufadas de vento que maltratavam seus rostos. Cuidando para que não caíssem, Yumei seguiu pela calçada até os portões de sua casa, rumando para a porta de entrada.

...

No momento em que entraram Yumei deixou Shindou no sofá, voltando desesperadamente para a porta que batia fortemente contra a parede. Jogando-se sobre a superfície de madeira, fechou a entrada com um estrondo, girando a chave para trancá-la. Deslizou lentamente para o chão, o punho sobre o peito, o coração acelerado dificultando sua respiração. Permaneceu sentada, as mãos segurando a cabeça enquanto respirava.

Alguns minutos se passaram. Assim que parou de arfar, a jovem levantou a cabeça. Shindou se encontrava no sofá, sentado numa posição que revelava cansaço, os braços repousando pesadamente em seu peito. Seus cabelos castanhos acinzentados pingavam, sujos com resquícios da chuva e embaraçados pelo vento. O olhar baixo e vazio entristecia sua expressão exausta, os lábios contraídos com o frio. Vendo-o naquele estado, Yumei soltou um suspiro de angústia, a descrença preenchendo sua mente.

Ficando de pé, olhou a sala ao seu redor. Folhas e sujeira se espalhavam acima dos móveis e do chão molhados, os sofás e os tapetes absorvendo a água que os atingira. Papeis e porta retratos haviam caído no chão, gotas da chuva escorriam lentamente pelo interior das janelas, molhando as cortinas. Voltando sua atenção novamente para o rapaz no sofá, a jovem soltou um longo suspiro, pensando no que poderia fazer. Não podia simplesmente deixar o moreno ali, principalmente estando naquele estado. Deu um passo a frente.

– Shindou. - sentiu a voz vacilar. Não acreditava que estava prestes a dizer aquilo. - Levante-se daí, vou pegar as coisas pra você tomar um banho.

O garoto a encarou, a surpresa estampada em seu rosto pálido. Tossiu ao tentar falar. - N-não… Não precisa…

– Nada disso! - a voz decidida da garota o calou. - Você está congelando. Se continuar molhado desse jeito vai acabar pegando um resfriado!

Shindou arregalou os olhos, intrigado. Fitando seu olhar, Yumei sentiu seu corpo formigar, uma estranha sensação de déjà vu que fez seu rosto esquentar momentaneamente. Virando-se, seguiu na direção do corredor, olhando para o rapaz atrás de si.

– Venha. - chamou. - Vou te mostrar onde é o banheiro.

♩❤♩

Rua Haru No Hana, 16:38

Estirando o tecido estampado sobre o sofá molhado, Yumei olhou a sala recém arrumada, curtindo a boa sensação de ver o local novamente organizado. Excluindo o móvel que fora mais atingido pela chuva, quase não dava para se notar que minutos atrás a sala estivera submetida ás forças da tempestade, algo que realmente salvaria sua pele, já que sua mãe não ficaria nada satisfeita se quando voltasse acabasse encontrando sua sala “destruída pelas irresponsabilidades de sua filha adolescente” - como costumava dizer.

Dirigindo-se até a cozinha, a jovem de madeixas escuras encheu uma chaleira com água e a colocou sobre o fogo. Pegou alguns saquinhos com ervas em uma caixinha branca no armário, ouvindo o som do chuveiro ligado no andar de cima - um sussurro se comparado a turbulência da tempestade que assolava o lado de fora. Esperando a água ferver, enrolou alguns fios castanhos com o dedo indicador, sentindo estes ainda úmidos. Apoiou-se na bancada atrás de si ao procurar o relógio redondo na parede, estreitando os olhos ao fitar os ponteiros negros. Desde que deixara Shindou sozinho no banheiro, ela tivera tempo o suficiente para se secar, trocar suas roupas, pentear os cabelos e arrumar toda a bagunça da sala, e o rapaz ainda não havia sequer desligado o chuveiro. “Que demora…” Suspirou, o dedo acabando por ficar preso no meio dos fios. “Mas o que eu esperava? Depois de ficar andando no meio de um tempo como aquele…”

Aliás, por que exatamente Shindou estava andando no meio daquela tempestade? Por acaso havia perdido o juízo? Se fosse ela, não andaria no meio de uma chuva como aquela nem mesmo se sua mãe lhe desse mesada todos os dias. Olhou novamente para o relógio, bufando ao bater um dos pés em sinal de impaciência. Por acaso havia batido a cabeça no box? Por que ele estava demorando tanto?!

Por um momento, sentiu uma pequena preocupação liderar seus pensamentos. Será mesmo que ele estava bem lá em cima? Andou alguns passos, dirigindo-se até as escadas. Não faria mal nenhum dar uma conferida, faria? Só para ter certeza de que ele não havia escorregado no sabonete… Estava prestes a subir, quando ouviu o som do chuveiro desligando, imobilizando-se quando uma certa questão passara por sua mente: e se quando ela subisse, ele estivesse só de toalha ou… Sentiu seu rosto queimar, correndo novamente para a bancada da cozinha. “Esperar só mais um pouquinho não vai fazer mal…”

Andando a passos lentos, o rapaz de cabelos acinzentados desceu cautelosamente os degraus, puxando as mangas um tanto curtas da parte de cima do conjunto de moletom que usava. Observando a simples casa ao seu redor, visualizou a jovem na cozinha, esta aparentemente pensativa enquanto esperava uma chaleira aquecer sobre o fogão.

Permaneceu calado, exitante ao não ser notado pela morena. Não sabia o porquê, mas uma timidez incomum despontava dentro de si, sensação que não estava acostumado a sentir. Aproximou-se da mesa, chamando a atenção de Yumei.

A jovem o fitou. Avaliando-o de cima a baixo, não pôde deixar de sentir certo alívio ao ver sua nova aparência. Agora seco e limpo, Shindou ganhara nova cor ao rosto, a expressão revigorada, os cabelos ondulados penteados e arrumados. O rapaz viu um pequeno sorriso surgir na face rosada.

– Vestiram bem? - ele se mostrou confuso. Yumei apontou suas vestes. - As roupas, estão confortáveis?

O jovem alisou o tecido azul do moletom, puxando um poucos as mangas. Balançou a cabeça positivamente.

– Sim, obrigado.

Yumei fez uma careta, estava na cara que o moletom possuía um número menor do que seria o apropriado. Mas além daquelas, que roupas poderia oferecer a Shindou? As únicas vestimentas masculinas que encontrara foram as roupas de seu primo, que por sorte havia as esquecido em uma de suas frequentes visitas - e ela não queria nem imaginar se Shindou precisasse usar suas roupas femininas.

– Desculpe, são do meu primo. Ele é um pouco mais novo que você, por isso devem de ter ficado meio apertadas…

– Não se preocupe. - sua voz mostrava que realmente não se importava com aqueles detalhes, estar seco e vestido já era o bastante. - Fico feliz por ter me emprestado e…

Não conseguiu terminar, já que um forte acesso de tosse o impediu. Atônita, Yumei aproximou-se, mas ele lhe fez um sinal indicando que não precisava de ajuda. Retrocedendo, a jovem de madeixas castanhas assentiu, raciocinando rápido. Olhando para o lado, observou a fraca fumaça branca fugir pelo bico da chaleira, girando um dos botões para desligar o fogo. Pegou uma xícara no armário, enchendo-a com a água fumegante.

– Eu fiz um pouco de chá. - disse. Colocando um pouco de mel, mexeu a bebida com uma colher, em seguida estendendo-a para o rapaz. - Tome.

Aceitando de imediato, Shindou pegou a xícara e a levou aos lábios. No momento em que o líquido quente e doce passou por sua garganta, a tosse cessou, dando lugar a uma relaxante sensação de conforto. Sentindo seu interior aquecer, Shindou bebeu o chá em poucos goles, acabando por esvaziar a xícara rapidamente. Inconscientemente, notou um buraco se formar dentro de seu estômago: fome e sede. Olhou para o interior da xícara vazia, passando a língua timidamente pelos lábios. Ele queria mais.

– Quer que eu encha de novo?

Elevou o olhar, encontrando as esferas castanhas que o fitavam. Yumei segurava a chaleira fumegante, encarando-o com atenção. Notando um pequeno calor surgir em seu rosto, o moreno sem querer deixou que seu constrangimento transparecesse ao notar seu erro. Havia simplesmente bebido todo o chá de uma só vez, uma grande má educação de acordo com os valores que aprendera em sua casa. Se por acaso se portasse dessa maneira na frente de seus pais, no mínimo levaria um chingão. Mas, estava com tanta sede… Nem pensara direito no momento em que sentira a bebida tocar seus lábios, ele só queria… Sentir o maravilhoso calor entrar dentro de si.

Estendeu a xícara, deixando que Yumei a reenchesse. Dessa vez bebendo em pequenos goles, pôde sentir mais detalhadamente o sabor doce e embriagante que tanto lhe confortava. Ouviu um leve suspiro. Apoiada na bancada a sua frente, a garota de fios castanhos o observava de forma serena, um pequeno e delicado sorriso estampando sua face.

– Está se sentindo melhor?

Ele assentiu. - Sim. Obrigado pelo chá, esta muito bom.

Ela pegou mais uma xícara, servindo um pouco da bebida a si mesma. A adoçou calmamente com uma colher, parecendo pensativa.

– Eu vi você escorregando na calçada. - comentou. - Você teve dificuldade pra se levantar. Se machucou?

Shindou mexeu uma das pernas, sentindo uma pequena dor despontar no joelho esquerdo, o que imediatamente o fez parar de se movimentar. Ignorando o ferimento, tentou parecer convincente, mentindo. - Não, estou bem.

Yumei concordou com a cabeça, dando um pequeno gole em sua xícara branca. Permaneceu em silêncio por alguns segundos, refletindo mentalmente enquanto ouvia o batucar da chuva atingindo o telhado.

– Por que estava andando no meio da chuva? - lançou a pergunta que mais lhe interessava até o momento, encarando o rapaz de forma curiosa.

Shindou não se sentiu muito a vontade para responder. Na verdade, estava envergonhado por ter andado no meio daquela tempestade, por não ter tido o tempo suficiente para chegar em casa. E ainda mais, estava envergonhado por ter que se abrigar na casa de uma pessoa que - por sorte - o vira pela janela. Na classe social em que estava, ora, era obvio que nada disso poderia ter acontecido. Mas, bom, lá estava ele não estava? Pelo menos não estava mais no meio da chuva, pelo menos agora estava protegido. E isso graças a Yumei. Sabia que tinha que responder, ao menos explicar o porquê de estar “invadindo” sua casa assim tão de repente.

– Bom… - começou. - Como todos sabíamos que iria chover, a administradora de nosso clube cancelou o treino que costumamos realizar após as aulas, deixando que fossemos pra casa mais cedo para que chegássemos antes da chuva começar.

– Que horas você saiu?

– Acho que lá pelas… - Shindou pensou um pouco. - Uma e vinte, mais ou menos.

Yumei pareceu surpresa. “É quase o mesmo horário em que minha mãe chegou pra me buscar.” pensou. “Mas, por que ele não conseguiu chegar até em casa?”

E o que aconteceu depois?

– Eu e Kirino fomos pra casa. Andamos alguns quarteirões antes de nos despedirmos, então continuei meu caminho sozinho. - O rapaz deu um gole em sua xícara de chá. - Tentei ser rápido, mas não consegui chegar em casa antes da tempestade começar. Depois disso ficou muito mais difícil. O vento não me deixava andar, por isso parei em um ponto de ônibus, esperando que a tempestade se acalmasse. Mas me enganei. Só perdi tempo: umas duas horas esperando.

Shindou parou brevemente, vendo que a jovem prestava atenção em suas palavras. Continuou a falar.

– Depois que sai do ponto de ônibus, continuei a andar para chegar até em casa. Não sei quanto tempo se passou, mas a tempestade realmente não havia diminuído. Bom… Eu teria continuado, mas acabei caindo e, de repente você apareceu e me trouxe aqui pra dentro.

Calou-se, terminando de responder a pergunta que havia lhe sido feita. Yumei se mostrou intrigada. Olhou para o relógio na parede: 16:50. Fazendo uma conta mental, chegou a conclusão de que faziam mais de quatro horas que Shindou saíra da escola, ou seja, ele passara por pelo menos três horas abaixo de chuva. Tentando imaginar pelo que ele passara no período em que esteve a mercê do tempo, não conseguiu deixar de sentir um arrepio. Ela ainda possuía várias indagações. Queria saber o porquê de Shindou ter de enfrentar a chuva sozinho, sem ninguém que ao menos o levasse para casa. Até sua mãe, que sempre mantinha-se a maior parte do dia ocupada trabalhando viera para buscá-la antes da tempestade começar. Por que ninguém fizera o mesmo para Shindou?

– Shindou, e seus pais? - perguntou. - Seus pais não puderam buscar você?

Silêncio. Baixando o olhar, o moreno fitou o líquido alaranjado em sua xícara, os lábios contraindo-se angustiadamente enquanto as mãos se fechavam de forma aborrecida ao redor da louça branca. “Eles não se lembrariam de mim.” um triste pensamentos ecoou em sua mente. “Eles nunca se lembram de mim.” Sentiu a mágoa subir dentro de si, aquela sensação que tanto detestava e que tanto aumentava com o passar do tempo. E com um suspiro, respondeu, a voz baixa e melancólica.

– Não.

E foi neste instante que Yumei percebeu: Shindou não possuía alguém que se preocupasse com ele. Ninguém o buscara na escola, porque ninguém se preocupara se ele pegaria chuva ou não. Recebera somente um “não” como resposta, mas observando a expressão aborrecida do rapaz e a melancolia que embrenhava sua voz, sabia que era algo importante para ele, que realmente lhe fazia falta.

Sentiu vontade de consolá-lo, mas ao mesmo tempo, não sabia o que dizer. Não conhecia nada sobre a vida pessoal de Shindou para dizer algo que o ajudasse, e também, não sabia se poderia se meter em algo que talvez não fosse nem um pouco da sua conta. Porém, ainda sentia que precisava fazer algo, mas o que? Tentou pensar. O que faria com que Shindou se sentisse pelo menos um pouco melhor?

Não precisou pensar muito. Ouvindo um estranho ronco por parte do rapaz, fitou-o de forma surpresa, fazendo com que este retribuísse o olhar no mesmo instante. Ao entender do que o som se tratava, a jovem não conseguiu conter o riso, fazendo com que Shindou corasse, constrangido por ela ouvir seu estômago quase que suplicar por comida. Abrindo um armário, Yumei pegou um grande saco de arroz branco, colocando-o pesadamente a frente do moreno, que a encarou de forma confusa. Piscando um dos olhos, Yumei pegou uma panela, sorrindo.

– Gosta de kare rice?

Colocando o último prato que lavara no escorredor de louças, Yumei enxugou as mãos no avental, terminando de lavar a louça. Pegou dois potes em cima do balcão e os colocou na geladeira, estes contendo arroz cozido e molho de curry, o que sobrara da refeição que preparara vários minutos atrás.

Limpando as gotas que escapavam pela borda de um dos potes, lambeu os dedos, sentindo o leve sabor apimentado de um dos pratos que classificaria como uma de especialidades. Ainda estava surpresa com a quantidade de comida que sobrara, não que estivesse desacostumada a guardar os restos das refeições, fazia isso sempre, mas realmente esperava que fosse bem menos.

Sabia por experiência própria que pessoas do sexo masculino se alimentavam bem mais que as do sexo feminino, por isso cozinhara mais do que estava acostumada, para que não faltasse nem uma migalha. Mas pelo que via havia exagerado na quantidade. Não que Shindou tivesse comido pouco, na verdade havia se alimentado muito bem, surpreendendo-a com sua educação impecável a mesa, mesmo tentando não demonstrar o quanto estava faminto. Porém, ela estimara errado seu apetite, e mesmo sabendo que este adorara sua comida, não viu as panelas se esvaziarem. “Bom, pelo menos minha mãe vai ter o que comer quando chegar.” Consolou-se rapidamente, elevando o olhar ao procurar pelo rapaz, visualizando o mesmo sentado em um dos sofá na sala de estar.

Com o telefone fixo em mãos, Shindou discava os números pela quarta vez seguida, tentando ligar para sua casa. Colocando o fone ao lado do rosto, esperou chamar por alguns minutos, em seguida ouvindo aquele maldito “beep, beep, beep” que sempre soava quando o número estava fora da linha. Baixando o aparelho, colocou umas das mãos sobre o rosto em sinal de impaciência, bufando.

– Nada ainda? - ouviu a voz aguda se aproximar, afastando os dedos dos olhos para ver a garota de fios castanhos escuros.

Balançou a cabeça de forma negativa, entregando o telefone para a jovem. - Não. Não esta funcionando. Talvez a tempestade esteja interferindo na linha.

– Já tentou ligar pelo celular?

– Eu o deixei dentro da minha bolsa. - olhou em volta, procurando pelo objeto. - Acho que a deixei no banheiro antes de descer.

Yumei piscou. Não se lembrava de ter visto Shindou segurando uma bolsa. Andando até as escadas, chamou sua atenção.

– Deixa que eu pego pra você.

Antes que o moreno pudesse dizer qualquer coisa, Yumei subiu, dirigindo-se até o banheiro. Observando o local, ficou satisfeita ao ver que o rapaz deixara tudo exatamente como estava, colocando a toalha que usara sobre o cesto de roupa suja. Procurou a sua volta, encontrando a bolsa encostada no chão ao lado da pia. Puxando-a pela alça, fitou o tecido branco estampado com um chamativo raio dourado, a típica bolsa escolar utilizada pelos estudantes da Raimon.

Por estar quase completamente aberta, pôde ver os objetos que continha em seu interior. Na abertura principal encontrava-se uma apostila do segundo ano do ensino médio, junto a um caderno de dez matérias e um estojo de canetas. No bolso do lado, uma pequena térmica de chá e três chaveiros enfeitando o zíper, sendo estes uma bola de futebol, em gatinho e uma clave de sol. Mas o que mais lhe chamou a atenção foi que tudo estava completamente encharcado, uma poça de água sobre os tecidos que se encontravam abaixo da bolsa.

Espera, o que eram aqueles tecidos? Colocando a bolsa de lado, olhou para a jaqueta, camisa e calça deixados no chão, logo ao lado de um par de tênis: o uniforme de Shindou. Observando o quanto as roupas estavam ensopadas e sujas, se perguntou se por acaso poderia lavá-las, acabando por achar que não seria uma boa idéia - não queria acabar danificando-as se sem querer colocasse os produtos errados na lavagem, já que o tecido diferenciava-se do de seu uniforme feminino. E além disso, não se dava muito bem com a máquina de lavar. - Decidiu dobrá-las, porém, uma das peças chamou sua atenção.

A calça de Shindou estava rasgada no joelho esquerdo, um tom escuro de vermelho manchando o tecido azul. Avaliando o pano rasgado, a jovem estreitou os olhos, concluindo que o estrago provavelmente havia sido feito no momento em que o rapaz escorregara na calçada. “Ele mentiu pra mim…” Alisou o tecido no local manchado pelo sangue, suspirando com desaprovação ao recolher as roupas do chão.

Abrindo um armário, ouviu o moreno passar por um forte acesso de tosse no andar de baixo.

– Ele ainda está com frio.

Pegou o que estava no interior do armário, levantando a bolsa do chão com o mesmo braço que segurava o uniforme. Desligou a luz antes de sair.

Shindou estranhou Yumei descer carregando uma maleta de primeiros socorros, tentando imaginar o porquê de lhe fitar de forma um tanto aborrecida quando se aproximou.

– Achou? - sua pergunta foi ignorada, fazendo com que arqueasse as sobrancelhas.

Yumei lhe estendeu um agasalho. Piscando de forma confusa, o rapaz observou a vestimenta, um suéter lilás estampado com flores azuis e amarelas, provavelmente uma das roupas da jovem. Desviou o olhar para fitar a morena. Esta balançou o tecido a sua frente. - Vista. - ela mandou.

Olhando novamente para o agasalho, duvidou que este lhe servisse. Considerou em não vestí-lo, mas obedeceu, pasmo com a autoridade imposta pela voz da garota, algo que esta não aparentava possuir na maior parte do tempo. Suéter vestido, o rapaz se surpreendeu ao sentir o quanto este era confortável, inalando o doce perfume deixado na gola ao sentir seu corpo começar a esquentar.

– Posso ver seu machucado?

Shindou elevou o olhar, encarando o rosto de Yumei. Agachada no chão a sua frente, ela segurava a maleta cinza, a expressão calma e serena enquanto o observava. Imobilizando-se, engoliu em seco. Como ela sabia?

A jovem repetiu a pergunta.

– Posso ver seu machucado?

O rapaz continuou a encará-la, ainda perplexo por esta descobrir sua mentira. Concordando lentamente, deixou que ela se aproximasse, dobrando a barra da perna esquerda da calça até a altura do joelho. Yumei se pôs a examiná-lo, tocando levemente o ferimento com suas mãos mornas. Aparentemente, Shindou acabara por ralar o joelho no momento em que caíra, formando um belo hematoma no local do impacto. O ferimento já havia começado a cicatrizar, mas ainda mostrava-se um tanto aberto, volumoso por causa do inchaço. O moreno soltou um gemido.

– Está doendo? - Yumei pegou pomada e esparadrapo, começando o curativo ao ver seu paciente assentir. - Não podia ter deixado a ferida desprotegida, você podia pegar uma infecção sabia disso?

Shindou pode identificar repreensão em sua voz, junto de uma aparente preocupação. Observou a morena cuidar rapidamente de seu ferimento, acabando por fazer um “curativo digno de uma auxiliar do Clube de Futebol” como pensara. Admirou brevemente aquele rosto calmo, sentindo uma estranha sensação de conforto ao notar que um pequeno sorriso o enfeitava enquanto a jovem checava a perfeição do curativo, como se… Ela estivesse sentindo certo prazer ao fazer aquilo. Trabalho finalizado, Yumei guardou os instrumentos que usara novamente na maleta, tirando um aparelho do bolso traseiro de sua calça.

Entregou o celular nas mãos de Shindou, levantando-se segurando a maleta antes de andar até as escadas. O rapaz seguiu seu movimento com o olhar, em seguida fitando o objeto em suas mãos. Não apertou nenhum botão, somente continuou a fitar o aparelho, refletindo sobre tudo o que a garota de madeixas castanhas fizera por ele até aquele momento, imaginando se por acaso já conhecera alguém que fosse assim tão gentil.

♩❤♩

Rua Haru no Hana, 20:33

Yumei observou Shindou se encolher, as mãos segurando o peito enquanto a forte tosse maltratava sua garganta irritada. Com uma xícara em mãos, fez com que tomasse o terceiro comprimido daquela noite, suspirando aliviada ao ver o moreno voltar a respirar normalmente. Não podia o observar completamente por causa da luz desligada, mas sabia que seu rosto estava vermelho por causa da tosse, sentindo o calor febril que emanava de seu corpo. Deitado de forma exausta no colchão, o garoto de cabelos ondulados respirou fundo, suspirando antes de fechar os olhos.

Já fazia uma hora que Shindou havia passado mal. Sentindo enjoo e uma grande dor de cabeça, passara por repetitivos acessos de tosse, sentindo seu corpo latejar de cansaço antes de Yumei decidir que tudo passaria depois de uma bela noite de sono. A morena não encontrara dificuldades em arranjar uma cama. Trazendo um colchão para a sala e o colocando ao lado do sofá, arrumara as cobertas e o travesseiro da forma mais confortável que conseguira, mandando que o rapaz se deitasse. Porém, como este simplesmente não conseguia dormir - apesar de aparentar um cansaço considerável - ela resolvera lhe fazer companhia e cuidar de sua tosse, esperando o momento em que finalmente pegasse no sono.

Sentada no chão ao lado do colchão, Yumei viu que o rapaz mantinha os olhos fechados, mas não dormia, já que sua respiração mostrava o incomodo que a garganta irritada estava lhe proporcionando. Remexeu o celular que possuía em mãos, fazendo com que uma brilhante luz despontasse na sala escura, o que logo tampou com uma das mãos, não querendo atrapalhar aquele que se encontrava ao seu lado. Olhou para o aparelho, passando o indicador por um dos ícones da tela Fotos começou a admirar os semblantes sorridentes, parando na foto de uma mulher de longos cabelos negros. Fitou o rosto sereno, contornando-o carinhosamente com um dos dedos. Uma expressão tão calma, tão despreocupada… Por que nunca mais a vira sorrir daquela maneira?

– É a sua mãe? - uma voz rouca e fraca sussurrou ao seu lado, fazendo com que desviasse o olhar. Sentado, Shindou tentava observar a foto, certa curiosidade despontava em sua expressão.

– Sim. - desligou o celular, colocando-o no chão. - Ela não pôde voltar pra casa por causa da chuva.

– E onde ela está agora?

– Na casa da minha tia. - encostou-se no sofá atrás de si, abraçando os joelhos com os braços. - Ela só vai voltar amanhã. Acho que deve de estar um pouco preocupada comigo, tentou me ligar várias vezes.

– Ah. - Shindou calou-se, parecendo refletir. - Talvez minha mãe também esteja preocupada comigo…

Yumei o encarou, notando melancolia em sua voz. Shindou não conseguira ligar para sua casa, nem pelo telefone fixo, nem pelo celular. Após várias tentativas, conseguira apenas enviar uma mensagem de texto, e ainda assim não obtivera nenhuma resposta. Possuía razão, provavelmente seus pais estariam terrivelmente preocupados, quem não estaria, após o filho não chegar em casa no meio de uma tempestade tão forte, e ainda por cima não conseguir mandar quase nenhum sinal de vida? Mas, a jovem não soube o porquê da aparente dúvida presente na fala do rapaz.

Permaneceram em silêncio, fitando o escuro enquanto ouviam os sons da chuva. Era realmente incrível como a tempestade ainda caía, não diminuindo o ritmo em um instante sequer enquanto os ventos e a chuva realizavam sua dança, os raios reluzindo através do tecido fino das cortinas fechadas. E repentinamente, um estrondo. Um trovão tão sonoro e vigoroso a ponto de fazer o chão tremer e as janelas vibrarem, tão forte a ponto de fazer com que um coração estremecesse de susto, tão grandioso a ponto de fazer com que alguém quisesse confortar esse coração.

Shindou observou a jovem encolhida no chão ao seu lado, os olhos fechados com força, as mãos abraçando o corpo como que protegendo a si mesma. Olhando-a assim, imóvel, pôde notar o quanto era sensível, o quanto era delicada, o quanto… Sentia vontade de protegê-la.

Sentindo um estranho embrulho em seu estômago, o rapaz estendeu lentamente uma das mãos, hesitando brevemente antes de se aproximar da garota. No momento em que tocou a mão de Yumei, Shindou sentiu esta estremecer, o coração acelerando junto do calor que subia por suas veias. Ouvindo sua mente quase desencorajar sua ação, trouxe a mão da jovem lentamente para mais perto de si, entrelaçando seus dedos junto aos dela.

Simplesmente não soube dizer o que sentiu naquele momento, mas era algo realmente muito bom, que reconfortou seu interior e fez com ficasse muito mais calmo. Sentindo os delicados dedos mornos em torno de sua mão quente, não conseguiu virar-se para fitar o rosto da jovem, voltando a encarar o escuro enquanto sua face não fervia mais somente por causa da febre. A tempestade retornou a preencher seus ouvidos, os raios e trovões produzindo um lento compasso em harmonia com a chuva. Era engraçado: desde o momento em que Yumei o trouxera para dentro de sua casa, ele passara a não notar o barulho que o tempo realizava do lado de fora, como se somente a presença da morena chamasse sua atenção, como se a tempestade não possuísse mais nenhuma importância.

Usou suas cordas vocais, mesmo sabendo que a irritação provocada por elas faria com que tossisse novamente.

– Sabe… Quando você me trouxe aqui pra dentro, eu… Me esqueci que estava chovendo.

Sentiu a jovem aprofundar o entrelaçamento entre os dedos, querendo fitá-la, porém ainda não possuindo coragem o suficiente para isso. Ouviu sua voz soar suavemente, um tanto hesitante.

– A gente esquece das coisas ruins quando se esta junto de certas pessoas… - ela comentou, os olhos baixos fitando o vazio enquanto não conseguia segurar um leve sorriso.

Calaram-se por alguns minutos, refletindo silenciosamente enquanto desfrutavam daquele momento tão estranho para ambos os dois, junto daquela emoção tão incomum. Shindou observou as cortinas balançarem suavemente a frente das janelas, olhando-as como se pudesse enxergar a paisagem através delas.

– Eu não tenho medo da chuva. Há tanto no mundo para se temer… - comentou de repente, a inspiração dominando sua fala. - As vezes, acho que a tempestade é como uma grande orquestra. A água, o vento, os raios, os trovões, todos tem o seu papel, cada um formando o que é a tempestade. Se algum deles faltasse, não seria algo tão grandioso, não acha?

Yumei assentiu, pegando uma almofada no sofá atrás de si. Deitando-se no chão, usou a almofada para apoiar a cabeça, colocando a mão livre sobre o peito enquanto segurava a mão do rapaz com a outra. Shindou a imitou, deitando em seu colchão. No instante seguinte, ambos olhavam para o teto, o silêncio rondando serenamente a sua volta enquanto seus pensamentos viajavam em torno nas palavras que haviam acado de serem ditas. Sentindo a jovem acariciar sua mão levemente com o dedão, Shindou finalmente virou-se para fitá-la. Encarando-o de forma tranquila, seus olhos brilhavam encantadoramente, as mechas castanho escuras espalhando-se ao redor da almofada até alcançar o chão. Esboçando um pequeno sorriso, Yumei sussurrou.

– Obrigada por me apoiar. Não estou mais com medo agora.

Afrouxou os dedos, querendo soutar a mão do rapaz, porém, este lhe impediu, prendendo sua mão junto a sua. A morena o fitou de forma surpresa, sentindo sua temperatura aumentar ainda mais. Shindou desviou o olhar.

– Obrigado por cuidar de mim. - suspirou calmamente. - Nem sei como posso lhe compensar por tudo…

– Não precisa. - ela cortou. - Era o mínimo que eu podia fazer.

Olhando para seu rosto, Shindou devolveu o lindo sorriso que recebera, não conseguindo corresponder a gentileza presente neste. Vários minutos se passaram enquanto ouviam a orquestra do clima, num sentimento incomum, satisfeitos com a companhia que um proporcionava ao outro. Yumei permaneceu ali até que o rapaz bocejasse, se cobrisse e finalmente pegasse no sono.

Soltando os dedos que se entrelaçavam junto aos seus, a jovem observou o a face serena do rapaz antes de se levantar, sentindo uma maravilhosa felicidade somente em tê-lo ali.

– Boa noite, Shindou…

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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Ficou bom? Sei lá, quando dei a última lida, não ficou exatamente do jeitinho que eu queria... Mas, bem...
Espero que tenham gostado. Comentem. Muito obrigada por lerem e até mais! ;)



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