🌸Amor que Resiste ao Tempo🌸 escrita por Aura


Capítulo 3
Quem é Ela?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem com vocês?
E aqui está nosso próximo capítulo! Espero que vocês gostem! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/540712/chapter/3

Escola Raimon, 09:30

Eu andava calmamente por um dos corredores da escola. Como estava na hora do intervalo o local se encontrava quase vazio, sendo frequentado somente por alguns professores e funcionários do colégio. Enquanto seguia para o hall de recepção, eu pensava nos últimos acontecimentos ocorridos no Clube de Futebol.

Ao juntar as auras dos Onze Supremos em viagens no tempo, aperfeiçoar a Armadura da Incorporação e derrotar o Protocol Ômega, a equipe de futebol da Raimon lutou contra o Second Stage Children, obtendo uma difícil e batalhada vitória após uma grande e desafiadora partida, conseguindo finalmente salvar a história do futebol.

Depois que nos despedimos de Fey e Wandaba, voltamos á nossas vidas normais em Inazuma. Estudando na Escola Raimon e nos divertindo jogando futebol, tudo voltou a ser como antes. Bom, nem tudo: agora nos sentíamos muito mais confiantes e habilidosos, planejando treinar e utilizar nossas novas forças para ampliar o atual título da Raimon Eleven de “Os Melhores do Japão” para os “Melhores do Mundo”.

Chegando ao hall de entrada, passei pelo balcão de recepção e sai, seguindo até as escadas. No pátio uma multidão de alunos conversava e lanchava sob a sombra das árvores, que coloriam alegremente a paisagem com suas folhas verdes e pétalas cor-de-rosa. Observando o movimento ao meu redor, passei em frente do campo de futebol localizado na entrada do colégio, seguindo para a sala do Clube de Futebol. Chegando ao ginásio, entrei e parei a frente da porta da sala, que se abriu automaticamente.

No momento em que entrei, um garoto de cabelos rosados presos em duas marias chiquinhas seguiu até mim. Olhando em seus olhos azuis, pude ver que sua expressão trazia preocupação.

– Onde você estava? – Kirino perguntou com impaciência.

Observando seu rosto, pude identificar imediatamente o motivo de sua preocupação:: assim que o sinal do intervalo soara, saí imediatamente de minha sala de aula, nem informando Kirino de onde é que eu ia. Um professor havia me chamado para resolver e entregar alguns exercícios extras sobre uma matéria nova, e eu havia saído tão apressado que nem me lembrara do rosado. Não o culpava por se preocupar, ele era meu melhor amigo e eu sempre o deixava ciente dos lugares que ia.

– Eu estava resolvendo alguns trabalhos que um professor mandou. – respondi sorrindo tranquilo. Fitando minha expressão, o rosado se acalmou, concordando com a cabeça.

Em seguida, olhei para Tenma, que se encontrava encostado na parede ao lado da porta, conversando distraidamente com Tsurugi.

– Desculpe pelo atraso, eu não pude chegar mais cedo. – chamei sua atenção.

Tenma sorriu, parecendo não se importar com minha demora.

– Tudo bem. Estávamos nos perguntando agora mesmo de onde você estava. – respondeu. – Ah, e temos uma visita. É uma garota do primeiro ano que acabou de entrar pra turma em que eu, o Shinsuke e a Aoi estudamos.

Esticando um dos braços, Tenma apontou á frente. Virei-me na direção em que ele apontara. No mesmo momento, me imobilizei, ficando em estado de choque. Em um dos sofás, sorrindo pra mim estava uma garota de olhos e cabelos castanhos escuros. Uma garota que eu já havia visto antes, em uma época distante.

Senti meu coração acelerar, eu não conseguia acreditar. O que ela estava fazendo aqui, no meu tempo? Como havia vindo pra cá? Completamente espantado arregalei os olhos para ela, não conseguindo me mover. Logo, o rosado ao meu lado me fitou novamente de modo preocupado.

– Shindou? – Kirino perguntou, notando minha mudança de comportamento. – O que aconteceu?

Eu não respondi. Não conseguia responder, somente fitar a garota a minha frente, tentando entender o que estava acontecendo. Após alguns segundos, todos os presentes na sala já haviam voltado sua atenção para mim.

– Aconteceu alguma coisa Shindou? – Tenma perguntou, mas como antes, não consegui responder.

Logo, o pequeno sorriso da jovem se transformara em uma expressão assustada e confusa. Ela se encolheu e desviou o olhar, quebrando nosso contato visual. E só assim finalmente consegui me recompor e voltar a me mover, respirando fundo. Continuei a fitá-la, simplesmente não conseguia tirar os olhos de seu rosto delicado. Andei alguns passos á frente.

– O-okatsu...? – gaguejei. Minha voz saiu falha, pois precisei realizar certo esforço para pronunciar seu nome.

Voltando seus olhos novamente para mim, ela me fitou de forma ainda mais confusa, os olhos brilhando assustados.

– Vocês já se conhecem? – Aoi perguntou ao seu lado.

A garota de cabelos castanhos fitou a azulada, balançando a cabeça negativamente. Fiquei ainda mais confuso. Como assim ela não me conhecia?

– Mas... – continuei, me esforçando para falar. – Okatsu, o que está fazendo aqui? Quem a trouxe pra cá? Por que não me avisou que viria?

Olhando em seus olhos, pude ver que não conseguia entender completamente nada do que eu dizia. Baixei o olhar brevemente, descrente daquela situação. Meu coração deu um pequeno salto quando fui surpreendido por sua voz aguda.

– Eu... – começou nervosamente. - Acho que está me confundindo com outra pessoa...

Confundindo? Como eu podia estar confundindo-a com outra pessoa? Nunca confundiria Okatsu com ninguém, a conhecia muito bem para isso. Eu não podia estar errado. Só se... Se aquela não fosse Okatsu. Mas, como aquilo seria possível?

– Então... Quem é você? – perguntei, minha voz saindo de forma dolorosa, junto á minha descrença e confusão.

Todos da sala a encaravam, fazendo com que o constrangimento colorisse suas bochechas. Tentando ignorar os olhares alheios, me fitou com intensidade, deixando-me vidrado em seu olhar.

– Eu... – gemeu, não sabendo o que dizer. – Eu...

Esperando por suas palavras, não ousei desviar minha atenção daqueles belos olhos castanhos. Aqueles olhos possuíam o mesmo formato dos de Okatsu. A mesma cor e tonalidade, o mesmo tom gentil. Mas, possuíam um brilho diferente, algo que Okatsu não possuía...

Um sinal soou alto e estridente, informando o final do intervalo. Sobressaltando-se por alguns segundos, a garota de cabelos castanhos se levantou do sofá, seguindo diretamente na direção da porta. Andava com certa dificuldade, nervosa, aparentando receio. No momento em que passou por mim, parou com os olhos baixos, evitando o contato visual.

– Eu... Preciso ir embora. – disse, a voz falhando.

Andando mais alguns passos, se posicionou a frente da porta. Observei-a sair, continuando a fitar a porta mesmo depois desta se fechar. Não pensei em impedí-la, simplesmente não queria fazer isso. Na verdade, eu nem sabia o que deveria fazer naquele momento.

A sala possuía um clima tenso e silencioso, fazendo com que a agonia crescesse dentro de mim. Todos os que se encontravam no local me fitavam, mostrando confusão e surpresa em suas expressões. Aproximando-se cautelosamente de mim, Kirino colocou uma das mãos em meu ombro.

– O que aconteceu Shindou? – perguntou com a voz calma. – Você conhece mesmo aquela garota?

Mantive os olhos baixos. Não queria encarar a expressão preocupada do rosado.

– Bom... Pelo menos eu achei que conhecia. – respondi.

Tirando educadamente sua mão de meu ombro, segui até a porta e sai. Eu não queria conversar com ninguém. Não queria encarar nenhuma expressão confusa naquele momento, eu já estava confuso demais para isso. Eu só queria chegar á minha sala de aula e tentar relaxar um pouco.

Passei pelo campo de futebol e pelo pátio, que agora se encontrava completamente vazio. Entrando novamente na construção principal da escola, rumei para minha sala de aula, que já possuía quase todos os alunos sentados em seus respectivos lugares. Eu estava atordoado, não conseguia entender o que havia acontecido. Aquela garota era idêntica á Okatsu. Possuía os mesmos olhos, os mesmos cabelos e o mesmo sorriso. Até suas vozes eram parecidas. Mas, não eram a mesma pessoa. Aquela não era a Okatsu que eu conheci. Então, por que ela era tão parecida com a garota que viveu na Província de Owari? Eu não conseguia parar de pensar no que havia acabado de acontecer.

Observei Kirino entrar na sala. Sentando numa carteira próxima á minha, me fitou com olhos preocupados e interrogadores. Desviei o olhar, não estava a fim de encará-lo. Não conseguindo me focar na matéria que o professor passava e sentindo-me extremamente incomodado com os olhares que o rosado me lançava, as últimas aulas se passaram se forma lenta e irritante.

Continuei assim pelo resto do horário escolar. No treinamento que o Clube de Futebol sempre realizava após o término das aulas, eu novamente não consegui me concentrar. Correndo pelo campo, meus pensamentos se projetavam no acontecimento ocorrido no intervalo a todo o momento. No decorrer do tempo, acabei errando vários passes e dribles, não conseguindo manter a bola ao alcance dos pés. Eu simplesmente chutava com muita força ou não me concentrava em observar em que posições os outros jogadores se encontravam. Após eu lançar um chute para fora do gol e perder a bola cinco vezes seguidas, Tenma chamou minha atenção.

– Shindou, está tudo bem? – perguntou, sua voz transparecendo preocupação. – Tem certeza de quer continuar a treinar?

Parando de correr, tentei parecer calmo e concentrado.

– Não, obrigado. Tenho certeza de que posso continuar jogando.

– Tem certeza mesmo? – ouvi uma voz mais grossa perguntar atrás de mim.

Virando-me, encarei Mamoru Endou sentado no banco de reservas, ao lado das três auxiliares do time. Com os braços cruzados, ele me fitou com desconfiança.

– Shindou, você está muito distraído. – começou com seriedade. – Acho melhor fazer uma pausa para descansar e esfriar a cabeça. O que acha?

O encarei com surpresa. Ele não costumava mandar um jogador parar o treinamento tão repentinamente, mesmo que este estivesse distraído ou possuindo pouco progresso. Concordando com a cabeça, andei até o banco de reservas, seguindo na direção de Aoi, Midori e Akane, nossas auxiliares.

– Tome Shin. – Akane sorriu me estendendo uma garrafa d’água e uma pequena toalha branca. – Espero que consiga descansar um pouco.

– Obrigado, Akane. – agradeci aceitando os objetos.

Sentando-me distante delas do outro lado do banco, tomei um pouco d’água e enxuguei minha testa e pescoço com a toalha. O Técnico Endou tinha razão: eu precisava descansar um pouco, parar de pensar por alguns minutos.

– Nunca vi o Shin desse jeito... – ouvi Akane suspirar do outro lado do banco.

– Ah, ele só deve estar um pouco estressado. – Midori rebateu sem preocupações. – Logo ele melhora.

– Hum... – Akane suspirou novamente.

– Não se preocupe Akane. – ouvi Aoi confortá-la num tom gentil. – O Shindou só está um pouco confuso. Ele sofreu um choque muito grande hoje.

Olhei na direção delas. Aoi havia colocado uma de suas mãos no ombro de Akane, que possuía uma expressão tristonha. Olhando melhor para a azulada, pude ver que provavelmente tinha a intenção de contar o ocorrido do intervalo.

– Um choque...? – Akane perguntou baixinho.

Aoi concordou com a cabeça, abrindo sua boca para começar a falar.

Virando minha cabeça para outra direção, me recusei a continuar ouvindo a conversa, tentando pensar em qualquer outro assunto.

Momentos depois, o treinamento foi finalizado, permitindo que todos os jogadores partissem para suas casas. Acompanhado por Kirino, andei pela calçada, observando o pouco movimento do local. O céu possuía uma cor clara e azulada, algumas nuvens brancas moviam-se lentamente com o vento. Sentindo a brisa fresca da primavera junto ao som melodioso dos pássaros que passavam, me senti muito mais leve e tranquilo. Durante todo o trajeto, Kirino não me dirigiu uma palavra se quer, fazendo com que um silêncio incomum prosperasse a nossa volta.

Após passarmos por três quarteirões inteiros, Kirino se despediu de mim, seguindo em outra direção. Assim, continuei meu trajeto sozinho, andando por mais três quarteirões antes de finalmente chegar á minha casa.

Passando pelos portões da mansão, segui na direção das portas de entrada. No momento em que entrei, o mordomo me recebeu com um sorriso simpático e cordial.

– Boa tarde, Takuto-sama. – cumprimentou-me educadamente enquanto fechava a porta atrás de mim. – Como foram as aulas?

– Foram boas, obrigado por perguntar Kenjirou-san. – respondi sorrindo um pouco. – Meus pais estão em casa?

O senhor arqueou as sobrancelhas, parecendo surpreso com minha pergunta.

– Me desculpe Takuto-sama, mas seus pais já saíram para trabalhar.

– Tudo bem. – respondi. Com um aceno de cabeça, segui em frente.

Nem sei o porquê de ter lhe dirigido aquela pergunta. Já era completamente comum: meus pais nunca estavam presentes. Sempre ficavam poucas horas em casa, passando a maior parte do dia ocupados trabalhando. Eu já havia me acostumado a ficar sozinho, a não vê-los quase nenhuma vez ao dia. Em casa, minhas únicas companhias eram os empregados, meus gatos de estimação e os amigos que ás vezes vinham me visitar.

– Ah, Takuto-sama. – o mordomo chamou minha atenção novamente. – O senhor gostaria de almoçar?

– Gostaria sim. – sorri, virando-me novamente para ele. – Pode servir a mesa com o mesmo que foi servido aos meus pais. Só vou trocar minhas roupas.

– Como o senhor quiser. – o senhor de cabelos grisalhos se retirou, concordando com a cabeça. – Quando estiver pronto, a mesa estará posta.

Voltando a andar, passei pelo salão espaçoso e segui na direção das escadas retas e largas. Subindo ao segundo andar, entrei em um comprido corredor. Passando pelas portas do local, encontrei uma empregada espanando o pó de um quadro pregado á parede.

– Boa tarde, Takuto-sama. – ela sorriu ao me ver.

– Boa tarde. – respondi, continuando a seguir pelo corredor.

Chegando á última porta do local, girei a maçaneta dourada. Entrando em meu quarto, depositei minha mochila em cima da mesa de estudos e segui na direção do guarda-roupa. Pegando minhas roupas casuais, troquei meu uniforme e o dobrei. No momento em que abri o guarda-roupa novamente para guardar o uniforme, meus olhos encontraram um vestígio de coloração violeta.

Olhando melhor, observei uma pequena caixa de madeira no fundo do móvel. Pintada de um violeta vivo, possuía delicadas flores cor-de-rosa enfeitando sua tampa. Senti um pequeno aperto em meu coração.

Em um instante, todo o acontecimento do intervalo e o rosto assustado da garota de cabelos castanhos voltaram a preencher minha mente, junto a uma nova agonia. Exausto, andei alguns passos, joguando-me no sofá ao suspirar pesadamente. Agora, minha confusão se resumia em uma única pergunta: se aquela garota não era Okatsu, quem era ela?

♩❤♩


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Mereço comentários? Coitadinho do Shin, ele não merece ficar confuso dessa maneira... No próximo capítulo, quem narrará será a Yumei.
Bom, até mais! ;)