The Only Exception escrita por Tetchy


Capítulo 9
Capítulo 9




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-Sophia! Oi!

Eu me virei lentamente para encarar a dona daquela voz fina e extremamente irritante. Eu já sabia quem era e desejava muito que ela não tivesse me reconhecido e mais ainda que ela não tivesse falado comigo.

-Ah, oi. Como você está?

A Julie abriu um sorriso imenso e suspirou meio sonhadora. Eu endureci meu sorriso já falso. Qualquer uma ficaria daquele jeito se tivesse passado as últimas duas semanas matando aulas, saindo e beijando o David pelos corredores do colégio. Eu ainda tentava entender o motivo dela falar todo santo dia comigo sendo que em nenhuma ocasião eu tinha me dado o trabalho de tentar ser simpática com ela. Às vezes, nem me preocupava em ser educada. Eu não via motivo nenhum para ser.

-Ótima! E você?

-Não poderia estar melhor.

Eu olhei para os lados atrás de qualquer socorro, mas ninguém conhecido estava por perto. A Julie começou a falar alguma coisa, não prestei atenção. Apenas fiquei encarando aquela criatura tagarelar enquanto pensava no que eu iria comer a noite. Eu sinceramente esperava que pudesse fazer panquecas, devia fazer uns 4 dias que eu não comia e isso era muito tempo.

A Julie acenou a mão na frente do meu rosto, eu dei um meio sorriso e concordei com a cabeça. Nem sabia se ela tinha feito uma pergunta, mas não me importava. Por que ela não ia conversar com as outras amiguinhas cabeça de vento dela? As que usavam saias e shorts minúsculos para ir a aula. Me lembrei da animação do Ryan ao descobrir que o Dave estava saindo com uma delas. O Ry era louco por todas, era difícil um garoto não ficar fascinado com toda aquela exibição de pernas e colos.

-Então, o que você acha?

-Claro.

Ela me olhou com um sorrisinho meio sarcástico.  "Claro" obviamente não respondia a pergunta dela.

-Desculpe, me perdi nos meus pensamentos.

Ela abriu a boca para repetir tudo o que tinha falado e eu já estava me arrependendo de não ter saído correndo no segundo que ouvi ela chamar o meu nome. E tudo só piorou quando o David apareceu e a abraçou por trás. Depois de soltar um gritinho escandaloso, ela se virou e começou a beijá-lo. Desviei o olhar no primeiro segundo daquela cena.

-Oi Phi.

-Olá, David. Não me chame de Phi, só o Ian pode fazer isso.

Ele abriu um sorriso extremamente encantador e balançou a cabeça de um lado para o outro, soltando uma risadinha baixa.

-Dave.

-Que seja.

O cabelo dele estava puxado para trás e muito bagunçado. Provavelmente ele dormira na última aula. Ou em todas. Eu senti uma tontura enorme ao encarar aqueles olhos verdes. Não era justo que eu me sentisse daquele jeito toda vez que olhava para ele, não deveria doer tanto assim.

-Ei, o Tony me falou da sua música nova.

Eu congelei. Sabia que o Anthony fizera aquilo de propósito, ele estava fazendo de tudo para me irritar. E eu nem sabia direito o motivo, eu sabia que andava mais chata que o normal, reclamando de tudo e de todos, mas não era tanto assim a ponto dele sair contando coisas que não deveria para o David.

-Ah, não é para a banda.

-Mas eu gostaria de escutar.

-Hm, não. Tenho que ir. Vou me atrasar para a aula de laboratório.

O David me encarou com um sorriso divertido, eu senti vontade de dar um soco naquele rosto perfeito.

-Você odeia laboratório.

Eu o ignorei e disparei para o corredor, tentando ignorar as risadinhas escandalosas da Julie. Eu não entendia o que o Ian via nela, muito menos o David. Ela era simplesmente chata e superficial, os dois pareciam o tipo que preferia as meninas com mais inteligência. Alguém com quem eles pudessem conversar.

O Josh me esperava na frente da sala de laboratório, eu estranhei aquilo, ele não fazia essa aula comigo. Os olhos dele estavam vermelhos e sua expressão era triste. Ele esticou a mão para mim quando eu me aproximei.

Nossos dedos se encaixaram perfeitamente, como sempre acontecia. Ele não falou nada, só me arrastou para longe da sala. Eu não reclamei, o Dave estava certo, eu odeio aulas de laboratório, qualquer desculpinha para fugir delas era bem vinda.

Com alguma dificuldade, nós pulamos o muro do colégio e fugimos para a casa dele. Nós sabíamos que lá estaria vazio, o pai dele se mudara e a mãe dele estava viajando para esquecer o estresse do divórcio.

A casa estava estranha sem boa parte da mobília, não parecia um lar. Eu sentia pena do Josh, ele não merecia passar por tudo aquilo. Eu apertei mais a sua mão quando chegamos ao quarto dele. Era o único cômodo que ainda tinha muita coisa dentro.

O quarto do Josh era extremamente bagunçado, às vezes eu me perguntava como ele não se perdia ali dentro. A cama estava coberta com roupas sujas, assim como o chão e a cadeira do computador, havia caixas de cd's e dvd's por todo o canto e o violão dele estava apoiado em uma parede, parecia a única coisa bem cuidada ali.

-Estou começando a achar que minha mãe nunca vai voltar.

-Vai sim... E se não voltar, você será bem vindo na minha casa.

Ele soltou minha mão e deitou na cama, enfiando a cara no travesseiro. Eu observei o seu corpo, ele parecia ter emagrecido uns 2 quilos na última semana. Acho que não estava comendo direito sem a mãe dele ali. Eu acho que ia perguntar ao meu pai se o Josh podia ficar com a gente, era meio idiota não convidar ele de uma vez. Eu sabia que a resposta para essa pergunta seria "claro".

-Sophia. Aquele dia que nós ficamos, na casa o Ry, você gostou?

-Sim.

-Acha que podemos repetir?

Ele se virou para me encarar. Eu não sabia se ele queria aquilo agora, mas eu avancei, deitando ao lado dele e passando a mão pelo seu rosto, ele forçou um sorriso amarelo e me beijou delicadamente.

Eu me aproximei mais dele e o beijei com vontade. De repente, percebi que aquilo não me lembrava o David como da última vez. Nem esse pensamento me machucou, eu não queria pensar no David, apenas queria sentir os lábios do Josh se encaixando nos meus.

Não sei quanto tempo ficamos nos beijando, mas quando estava indo longe demais, ele se afastou. O olhar dele era estranho, eu nunca vira ele olhar para algo daquele jeito.

-Sophia, daqui alguns anos, você casa comigo?

Eu o encarei, sentia minha boca aberta, mas não parecia me lembrar de como fechá-la. Eu nunca tinha me imaginado casando com alguém. Nem mesmo com o David. Mas naquele momento, eu consegui me ver casada com o Josh. Eu o abracei e beijei sua bochecha.

-Sim.

-Promete?

-Prometo.

Ele me puxou para mais um beijo, eu o afastei. Ele se deitou ao meu lado e eu me virei para encará-lo. Aquilo era estranho, nós éramos um casal agora?

-Você está apaixonado por mim? Desculpe, eu não sei reconhecer essas coisas.

-Não. Eu nunca entendi meus sentimentos por você. Eu só sei que, no futuro, quero estar com você.

-E no presente?

-Acho que devemos aproveitar, não ter algo sério... Só se você quiser. Eu não me importo de ficar com você.

Eu o olhei, eu sabia que ele estava sendo sincero, mas eu não conseguia me ver andando por aí com o Josh como namorado. Eu não imaginava como contaria isso para os outros, porque não parecia certo. E mesmo estando ótimo com ele ali, eu ainda trocaria esse momento por um com o David.

O celular dele começou a tocar, ele olhou quem era e se levantou para atender aquele telefonema longe de mim. De repente, o meu celular começou a tocar também. "David".

-Alô?

-Oi, você está bem? Te procurei na saída e não te encontrei, o Ry falou que você não assistiu a aula de laboratório... Você está em casa? Estava passando mal?

Eu senti uma pontada no peito, por que o David não podia tornar tudo mais fácil? Ele podia me ignorar e sumir junto com a Julie, com certeza eu superaria muito mais rápido. Olhei para a porta do quarto, quem será que ligara para o Josh?

-É... Eu estava meio tonta, mas já estou melhor.

-Ah. Que bom. Quer que eu leve algo para você? Umas panquecas?

Eu dei uma risada. Panquecas seriam ótimas, mas eu teria que sair dali no mesmo segundo para chegar em casa antes dele e se chegasse mais tarde, não conseguiria pensar numa explicação.

-Hm, não, obrigada. Mas se quiser passar aqui mais tarde, seria bom. Posso te mostrar minha música nova.

-Mais tarde não dá... Vou sair com a Julie, mas então depois nos falamos. Me ligue se precisar de alguma coisa.

-Ok.

-Tchau, Phi.

Antes que eu pudesse reclamar do apelido idiota, ele tinha desligado.

 


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