The Only Exception escrita por Tetchy


Capítulo 3
Capítulo 3




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Eu levantei meu olhar para o relógio, ainda tinha mais 10 minutos naquela aula infernal que parecia não acabar nunca. Apoiei meu queixo no braço e fiquei olhando os ponteiros se mexerem lentamente. Não era justo colocar a aula mais chata como as duas ultimas do primeiro dia da semana. Talvez ter essas aulas na sexta fosse pior, mas melhor ao mesmo tempo. Você saberia que ia ter um final de semana inteiro para esquecer daquela aula maldita.

Eu virei a cabeça para o lado e localizei o Ryan encarando a professora com uma cara de morto, a boca dele estava aberta e parecia que ele não piscava fazia muito tempo.

A professora chamou a atenção de todos com um tapa na mesa, na esperança de que alguns alunos voltassem para ela agora que faltavam 5 minutos.

-A tarefa para casa é...

Eu me desliguei, a ultima coisa que eu fazia no colégio eram tarefas de casa. Eu perdia muita nota por causa disso, mas não conseguia fazer as tarefas. Era chato demais ficar em casa, revisando tudo que você aprendeu na aula para responder uma questão idiota.

O sinal finalmente bateu. Eu me levantei no mesmo segundo e corri para o Ryan, ele ainda estava com a mesma cara.

Dei um beijo na bochecha dele, ele piscou algumas vezes e só depois pareceu voltar ao nosso planeta.

-Oi, Ryaaaan!

-Acabou?

Eu concordei com a cabeça, ele se virou para a porta e abriu um sorriso imenso.

-Tem alguém que eu quero que você conheça.

Ele se levantou e me puxou pela mão até a porta. Um garoto de cabelo loiro e pele muito branquinha nos esperava ali. O cabelo dele era exatamente do jeito que eu queria que o do Ian ficasse, liso jogadinho para o lado de um jeito bagunçado e descendo junto ao pescoço. Os olhos dele eram de um verde muito claro. Eu odiava admitir esse tipo de coisa, mas esse garoto era extremamente bonito.

-Sophia, esse é o Dave. Lembra?

O garoto abriu um sorriso e esticou a mão dele, eu apertei e dei um sorriso fraquinho. Eu tinha ficado meio tonta com o jeito que ele me olhava, era meio constrangedor.

-Ah, oi! Você que vai nos ajudar com os shows, certo?

-Bom, só se eu gostar da música de vocês, não quero estragar minha reputação levando uma banda ruim para o bar do meu primo.

-Que?

-Ele está brincando. Relaxa um pouco.

Eu me virei para o Ry, ele parecia se sentir muito confortável sobre o olhar do garoto. Por que eu não me sentia assim? Não era a primeira vez que eu achava um garoto bonito, só era a primeira vez que eu ficava envergonhada na frente dele, mas algo nesse garoto era realmente perturbador, com certeza era o jeito que ele ainda me olhava.

-Eu já falei com o meu primo... Ele só quer ver um ensaio de vocês, se estiver tudo bem com você.

Os dois me olhavam esperançosos, desde quando eu mandava em alguma coisa da banda? Eu mexi no cabelo tentando desviar a minha atenção daqueles olhos verdes.

-Hm, a gente tem que conversar com o Ian, o Josh e o Tony...

-Eles vão concordar, Sophia.

-Ah, então, tudo bem... Eu te aviso sobre o próximo ensaio, pode ser assim... ahn...?

O garoto abriu um sorriso enorme, ele tinha alguns dentes meio tortinhos, era bem engraçadinho.

-Dave. E faça como você quiser, Sophia.

Eu senti um arrepio quando ele falou meu nome, eu suspirei e recuei alguns passos, para tentar mostrar que eu estava pronta para ir embora. O Ry entendeu a mensagem e se despediu do David. Eu acenei um tchau e saí o mais rápido possível de perto daquele garoto.

O Tony já nos esperava na frente do armário dele, parecia impaciente para ir embora, ele estava me evitando desde sexta-feira.

Eu estranhei quando o Ry não se despediu de nós e seguiu seu caminho para casa, mas não me importei com isso. O que estava me irritando era o jeito que ele me encarava. O Ian se juntou a nós, seu cabelo estava todo bagunçado e havia uma marca de baba na bochecha esquerda, mesmo dormindo em todas as aulas, ele era o melhor na escola.

-Ei, Sophia, tudo bem se eu ficar na sua casa hoje a tarde? Desculpe não perguntar antes.

-Claro que pode, Ry. Alguém viu o Josh? Já que está todo mundo aqui, a gente podia conversar sobre algumas novidades...

-Ele faltou aula hoje.

Eu virei para olhar o Anthony, ele não olhava na minha direção, parecia ocupado demais encarando o corredor vazio na nossa frente.

-Ah, então, fica para outro dia. Quer ir lá para casa também Ian?

Ele fez que não com a cabeça, acho que ainda não tinha acordado o suficiente para manter uma conversa. Eu sorri e me atirei em volta do pescoço dele. Ele passou os braços pela minha cintura e me puxou para mais perto, colocando a cabeça no meu ombro.

-Eu tenho que ir, minha mãe já deve estar louca, fiquei de almoçar com ela...

Ele beijou minha bochecha e me soltou. Depois se afastou de nós lentamente. Nós todos o seguimos com o olhar até que a porta fechou atrás dele. O Tony olhou o relógio e resmungou alguma coisa inaudível.

Iniciamos nossa volta para casa, nenhum deles falou uma palavra até que chegamos na metade do caminho. O Ryan adiantou alguns passos e ficou andando de frente para nós.

-Então, Sophia, o que foi aquilo mais cedo?

- O que?

Ele abriu um sorriso malicioso e parou, o Anthony parou também e seu olhar ia do rosto do Ryan para o meu.

-O que aconteceu?

-Bom, acho que a Sophia não é tão resistente assim a garotos. Dave pareceu deixá-la bem desconfortável.

-Quem é Dave?

Eu olhei para o Tony, ele parecia bem confuso e agora ele me encarava, não parecia bravo nem nada, apenas perdido e curioso.

-É um garoto que está nos ajudando com os shows. E claro que eu fiquei com vergonha, você viu o jeito que ele me olhava?

O Ryan apertou os olhos e seu sorriso aumentou, eu não entendia o que estava acontecendo.

-Ele te olhava do mesmo jeito que ele olha para todo mundo, Sophia.

-Bom, então eu não sei como você não se sente mal. O olhar dele é perturbador. E ele ficava lá  com aquele sorriso maldito, você viu?

-O que eu vi foi você agindo como uma boba enquanto ele agia normalmente.

Eu o encarei, não acreditava que estava sendo acusada de tal coisa. Olhei para o Tony, atrás de algum socorro, mas ele parecia ter levado um soco na cara. Seu rosto estava contorcido em uma expressão de medo e dor. Não agüentei ficar vendo toda aquela cena e comcecei a andar sozinha para casa. Quando os dois de aproximaram, eu apenas os ignorei.

E quando chegamos em casa eu fui para o meu quarto e continuei os ignorando lá. Eu não tinha sentido nada pelo Dave, eu o tinha achado bonito, mas era só isso. O olhar dele era perturbador de verdade, era verde demais. Peguei minha guitarra e comecei a tocar qualquer coisa, já estava muito mais calma quando bateram na porta.

O Josh entrou, todo sorridente. Eu abri um sorriso imenso ao vê-lo. Ele parecia meio cansado, mas a presença dele sempre era bem-vinda.

-Posso entrar?

-Claro!

Eu coloquei a guitarra deitada na cama e me levantei para abraçá-lo. Ele cheirava levemente a cigarro.

-Você fumou de novo.

Ele se mexeu desconfortável e fez uma cara de culpado.

-Hoje foi horrível. Meu pai saiu de casa. Eu só quero um jeito de relaxar, Sophia. Você sabe disso, não tenho culpa que o cigarro me acalma.

-Você podia procurar outros jeitos de se acalmar, Joshua. Mas quer conversar  sobre isso?

Ele pegou minha mão e balançou a cabeça, depois ele levantou o olhar e sorriu de um jeito extremamente doce.

-Que história é essa de Dave, hein?

-Ah não! Você também?

Eu me sentei na cama, emburrada. Josh se sentou ao meu lado e me encarou sério.

-Quero ouvir a sua versão, eu sei que o Ry tende a aumentar as fofocas um pouco.

Eu o encarei, ele parecia sincero quando falava isso e ele era minha única esperança de convencer alguém que nada demais tinha acontecido.

-Esse garoto, Dave, ficava me encarando, tipo, ele nem piscava direito, era horrível! Eu me sentia totalmente observada, por isso fiquei desconfortável. Não foi porque eu o achei bonito, nem nada disso, era simplesmente porque ele não desviava o olhar nunca! E o sorriso dele era bem sarcástico, sabe? Como se ele estivesse rindo da minha cara por dentro...

-Você o achou bonito, então?

Eu me mexi desconfortável na cama, por que todos estavam tornando o fato de eu ter achado um garoto bonito tão importante? Acontecia o tempo todo.

-Sim, mas não fale nada para o Ry, por favor.

Ele colocou uma mecha atrás da minha orelha e sorriu gentilmente, eu sabia que era idiota pedir para ele não contar nada. Eu sabia que podia confiar no Josh, mesmo que eu não tivesse pedido, nenhum dos outros saberia que eu achara o David bonito, só se eu mesma contasse.

-Sophia, acho que eu tenho que te pedir uma coisa...

-O que você quiser.

Ele se mexeu meio desconfortável, depois cruzou os braços.

-Anthony está tendo alguns... hm... problemas. Ele está se sentindo confuso em relação aos... sentimentos dele... Sei que você não percebe muito bem essas coisas... Mas poderia, por favor, tentar se controlar mais perto do Tony?

-Como assim?

-Hm... Andar de calcinha pela casa não é uma boa idéia.

Eu senti meu rosto queimar, não acredito que o Anthony teve coragem de contar sobre esse episódio para os outros. Eu fiquei encarando o Josh com a boca aberta por um bom tempo. Um sorriso enorme e malicioso se espalhou pelo rosto dele.

-Os outros não sabem, o Anthony só contou para mim.

-Era de madrugada, eu não fazia idéia que ele também estava acordado!

-Eu sei que não é de propósito. Só tente se manter dentro das suas calças perto do Tony, certo?

Eu bufei em resposta. Depois olhei para a porta, o Ryan estava parado ali com um sorriso cauteloso, como se pedisse permissão para entrar.

-O que você quer, Ryan?

-Saber como você está.

-Estou ótima.

Ele pareceu notar que eu não estava com vontade de conversar, então deu um último sorriso tímido e se afastou do quarto arrastando os pés.

-Escrevi uma música nova ontem. Quer dar uma olhada? É sobre o divórcio, mas acho que não fica muito claro. Não é adequada para a banda, mas mesmo assim, eu quero que você escute.

-Claro que quero, Josh.


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