The Only Exception escrita por Tetchy


Capítulo 12
Capítulo 12




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Eu saí da piscina e me deitei na beira, os garotos ainda brincavam de se afogar e berravam histericamente iguais crianças de 10 anos. Eu me virei de barriga para cima e fechei os olhos, não conseguia esquecer os dois dias maravilhoso que tinha passado com o David. Ele demorou três dias para falar comigo após termos nos beijado, mas quando ele apareceu de novo na minha casa, não pensou duas vezes antes de me cumprimentar com um beijo e um abraço.

O frio na barriga que eu sentia toda vez que pensava nisso voltou e eu estremeci. Agora eu estava completa, agora eu era, com toda a certeza do mundo, a pessoa mais feliz do mundo.

Eu estava tão perdida nas minhas lembranças que não escutei quando o Ryan se aproximou e me puxou de volta para a piscina.

-AI RYAN!

-Cala a boca, sua chata.

Ele colocou as duas mãos sobre a minha cabeça e me forçou para baixo, depois de uns dois segundos me soltou. Eu tossia desesperadamente, devia ter engolido metade da água da piscina.

-Opa, desculpa, Phi.

-Ah não! Você com esse apelido também?

Ele deu os ombros e pegou impulso para sentar na beira da piscina, não consegui não ficar encarando os músculos da barriga dele. Desde quando o Ryan não era mais um esqueleto? Nenhum dos outros meninos estava com uma barriga daquelas, na verdade, os outros pareciam ter corpos de crianças.

Eu estiquei a mão e o Ry me ajudou a sentar ao lado dele.

-Por que você está tão chata? Você costumava ser um pouco mais legal.

Eu mordi o lábio inferior e segurei o braço direito dele com as duas mãos, não me decepcionei quando senti que eram tão duros quanto a barriga parecia ser.

-Ry, você está tomando bomba ou algo assim?

Ele deu uma risada e me puxou para um abraço desajeitado. Eu queria poder compartilhar tudo que estava acontecendo comigo com todos os outros, mas só o Josh parecia capaz de aceitar bem isso. O Dave perdera toda moral quando brigou comigo por um motivo nada a ver.

-Sophia, você sabe se o Ian ainda gosta da Julie?

-Acredito que não. Ele não falou mais nada sobre ela, mas também não comentou sobre nenhuma outra menina nesse tempo todo. Por quê?

O Ryan chutou um pouco de água com o pé esquerdo e olhou para os outros meninos, nenhum deles parecia prestar muita atenção em nós dois.

-Ela apareceu na minha casa ontem... e nós acabamos... você sabe.

-Ficando?

Ele deu um meio sorriso e olhou para baixo, balançando a cabeça de um lado para o outro.

-Será possível que você é tão inocente assim? Nós ficamos, mas não foi só isso.

-Mas... mas... você não, hm, odiava ela?

-Você não viu, ela estava se atirando para cima de mim, eu nem pensei nisso. Só segui meus instintos.

Eu dei um tapa no braço dele e o encarei boquiaberta. Não conseguia acreditar que um dos meus amigos era tão sujo a ponto de fazer uma coisa desse tipo. Eu sabia que eles escondiam muita coisa de mim, mas eu insistia em pensar neles como garotos maravilhosos e meigos com todas as garotas, não só comigo.

-Ryan, que horror!

-Você tem que se acostumar com isso, Phi. Provavelmente agora que o Tony finalmente virou homenzinho, esse assunto será frequente.

-Ainda tem o Josh e o Ian.

-Sophia, cala a boca. O Ian não é virgem, muito menos o Josh.

Eu olhei para o Josh do outro lado da piscina, por que ele nunca me contou isso? Era uma coisa importante que deveria ser compartilhada com os amigos. Eu me encolhi, me sentindo excluída e traída. Eu tinha que contar para o Dave como todos estavam me traindo pelas costas.

O Josh percebeu meu olhar e começou a nadar em nossa direção.

-Já cansaram?

-Nós estamos nessa piscina há mais de três horas, Joshua.

Ele me olhou confuso e depois abriu um sorriso imenso. Pegou impulso e saiu da piscina também.

-Acho que não podemos marcar mais ensaios na casa do Tony, essa piscina é atraente demais.

-Acho que não devia ter ensaios esse verão.

Os dois me olharam confusos, eu sabia que não era normal eu não querer ensaiar quando eu era a que sempre os obrigava a comparecer nos que eu marcava, mas eu não conseguia esquecer a cara que o David fez quando eu disse que não o encontraria hoje. Sempre que eu me encontrava com os meninos para ensaiar, perdia o dia todo com eles.

-Você vai viajar ou algo assim?

-Não, só acho que devemos aproveitar nosso verão de um jeito diferente esse ano... Sei lá, não estou com vontade de ficar trancada numa garagem suando para cantar.

Nenhum dos dois falou nada. O Ryan me encarava com uma cara como se achasse que tinha bebido água com cloro demais e o Josh triste, pois com certeza percebeu o meu verdadeiro motivo para não vê-los com tanta freqüência durante o verão.

A mãe do Tony apareceu e mandou todos nós nos secarmos que logo ela iria nos levar de volta para casa do Ryan. Enquanto todos os outros entravam dentro de casa, eu segurei o braço do Josh. Ele parou no mesmo segundo e virou para me olhar.

-Você não contou para ninguém?

-Não. Eu te prometi que não contaria.

Eu dei um sorriso fraquinho e lamentei pela expressão triste no rosto dele, às vezes ele estava parecendo o Anthony quando começou com aquela história de se apaixonar por mim. Ele tirou uma folhinha do meu ombro e correu para casa.

-Sophia, querida, acho que preciso da sua ajuda...

Eu dei um sorriso para a mãe do Anthony, ela era muito nova e bonita, não devia ter mais que 35 anos, era magra na medida certa e tinha um cabelo castanho tão maravilhoso que fazia o meu parecer mais sem graça do que realmente era.

-O que você quiser.

-O Anthony não está aceitando bem a ideia de não morar mais com vocês... Você se importaria de conversar com ele e mostrar como vai ser melhor? Agora que o pai dele voltou a viajar por causa do trabalho, eu me sentirei meio sozinha... Ele escuta você...

Eu tentei não encará-la surpresa, o jeito que ela falou isso deu a impressão de que eu deveria saber que o Tony não moraria mais comigo. Tentei pensar se alguma vez ele comentou isso e eu estava distraída demais para escutar, claro que não consegui pensar em nada. Eu nunca lembrava coisas importantes quando precisava.

Levantei o olhar para a mãe do Tony mais uma vez e sorri docemente.

-Claro, falarei com ele.

-Muito obrigada, querida. Agora corra, os meninos já devem estar prontos.

Ela se virou para mexer em alguma na escrivaninha e eu segui para o quarto de hospedes onde eu tinha deixado minhas coisas, claro que os meninos se trocaram em outro quarto. A casa nova do Anthony era enorme e incrível, os pais dele até construíram um estúdio para nós, era difícil entender o porquê dele não querer morar naquela casa.

Eu me troquei o mais rápido que pude e corri para a sala, todos já estavam sentados na mesa devorando alguns sanduíches. Depois de tantos anos e eu ainda não me acostumara a ver aqueles meninos comendo, eles engoliam a comida como se aquela fosse a última refeição da vida deles.

O Josh me deu um sorriso encantador e me esticou um sanduíche que ele tinha deixado separado para mim.

-Esse não tem presunto.

-Ah, obrigada, Josh.

A mãe do Anthony me deu um guardanapo e pediu para que eu fosse comendo no carro, pois ela tinha que nos levar e ir buscar o marido na rodoviária. A ida até a casa do Ryan pareceu longa demais, principalmente porque eu tive que sentar no colo do Josh e isso deixou nos dois meio desconfortáveis, mesmo que tivéssemos prometido que nada mudaria entre nós agora que tínhamos "terminado".

-Tchau! Obrigada por tudo!

-É, obrigado, Sra. Caldwell.

-Foi um prazer, queridos! Podem aparecer lá em casa quando sentirem vontade!

O Ry deu um último sorriso para a mãe do Tony e fechou a porta do carro, nós dois observamos eles seguirem o caminho para a casa do Josh em silêncio, quando ela fez a curva duas quadras depois e nós não conseguíamos mais vê-los, o Ryan se virou para mim.

-Sophia, você e o Josh terminaram a coisa de vocês recentemente?

Eu o olhei meio constrangida e comecei a brincar com a barra da camiseta que estava usando, eu não conseguia parar de pensar que se o Ryan deduziu isso, os outros dois também tinham percebido o clima horrível que ficou no carro.

-Eu... Nós terminamos porque eu comecei a ficar com o David.

O olhos do Ryan se fecharam em duas minúsculas fendas e ele começou a girar a argolinha no nariz dele com o dedo indicador, aquele era o novo jeito dele de tentar fingir que não estava se segurando para não falar um bocado de coisas, mas conhecendo o Ry, não demoraria muito tempo para ele falar tudo, podia demorar dias, mas ele falaria. Eu forcei um sorriso para ele e abracei a cintura dele, fingi não ficar magoada que ele não retribuiu o abraço.

-Vou embora... Tchau, Ryan.

-Phi... eu... tome cuidado, ok? O Dave não costuma ser exatamente querido com garotas. Ele não... Sei lá, só toma cuidado.

Eu dei um último sorriso e segui meu caminho para casa, andei muito mais rápido que normalmente andaria, tinha esperanças de que não fosse muito tarde e desse tempo de ver o David antes do horário ridículo que meu pai me obrigava a voltar para casa.

Eu não fui direto a casa dele, pois realmente desejava trocar de roupa e eu preferia nem imaginar como estava meu cabelo depois de todas aquelas horas dentro da piscina. Eu enfiei a mão no bolso e gemi ao perceber que minhas chaves não estavam mais ali, joguei a mochila no chão e me agachei ao lado dela. Aquela porcaria tinha milhões de bolsos e eu não conseguia nem me lembrar se tinha guardado as chaves ali mesmo ou se tinha deixado em cima de algum criado-mudo na casa do Tony.

Do nada uma mão tocou meu ombrou, o meu susto foi tão grande que involuntariamente dei um berro. A gargalhada maravilhosa do David invadiu meus ouvidos e eu relaxei, maravilhada por aquele som.

-Desculpe, não quis te assustar.

Eu me levantei e virei para encará-lo, os olhos dele pareciam cada dia mais verdes e mais hipnotizadores, eu coloquei a mão na barriga tentando controlar aquele friozinho que eu sentia toda vez que o olhava. Ele passou a mão no cabelo e deu uma última risadinha.

-Da próxima vez, dê um sinal ou algo assim.

-Tudo bem...

Ele se aproximou lentamente e eu observei o sorriso dele desaparecer aos poucos, a mão dele pegou a minha cintura e delicadamente me puxou para mais perto, quando a boca dele cobriu a minha, eu precisei me segurar para não desmaiar, se isso acontecesse, eu perderia todo o momento maravilhoso e perfeito. O beijo dele parecia mais tímido hoje, mas isso não significava que estivesse ruim, mas eu preferia os outros, os beijos quase desesperados dele.

O Dave se afastou e ainda com o braço na minha cintura ele me deu um sorriso encantador, tentei retribuir, mas provavelmente o meu sorriso era abobado e sem graça. Como era possível que uma pessoa fosse tão maravilhosa? A beleza e perfeição do David era algo totalmente injusto com todos os outros garotos que existiam.

Nós nos sentamos na escada e ele ficou passando a mão pelas minhas costas enquanto falava sobre o dia dele, embora eu tentasse prestar o máximo de atenção, às vezes me perdia nos meus pensamentos. Os dentes dele eram tão brancos... O cabelo dele brilhava tanto... Aquela voz...

-Senti muito sua falta, gatinha.

Ele pegou uma mecha do meu cabelo e a ficou enrolando com o dedo, não falamos mais nada por alguns minutos, apenas nos encaramos. Eu daria tudo no mundo para ficar daquele jeito, apenas eu e ele, para ter aquele sorriso durante cada segundo da minha vida. Ele mordeu o lábio e olhou para o céu, o sol já estava começando a se pôr, o céu era uma mistura de rosa e laranja.

-Já está escurecendo, tenho que ir, prometi que jantaria com o meu pai hoje. Mas prometo que ligo amanhã mais ou menos na hora do almoço para nós decidirmos o que vamos fazer, tudo bem?

Eu sorri e concordei com a cabeça, se ao menos eu pudesse avançar todo o tempo que ficaria longe dele... Ele colocou uma das mãos no meu rosto e me beijou mais uma vez. Ele se afastou e se levantou, depois esticou a mão para me ajudar. Quando nós dois estávamos de pé, ele me puxou para mais um beijo. Um das mãos dele ainda segurava a minha, a outra estava na minha nuca. Delicadamente, ele a deslizou até a minha cintura e me puxou para mais perto.

-Sophia... Eu tenho que ir...

Eu sorri, embora ele falasse isso, seus lábios não tinham se separado dos meus e o abraço dele não tinha se afrouxado nem um pouco.

-Então vá, David.

Ele gemeu e colocou a mão na minha nuca de novo, forçando mais ainda a boca sobre a minha, a língua dele se entrelaçou com a minha e começou a se movimentar mais rápido. Agora sim parecia o David que eu conhecia. Ele estava ficando ofegante e eu prendi a minha respiração, ele mordeu meu lábio inferior um pouco mais forte do que o costume. Ele parou o beijo do nada e se afastou, sorrindo como quem pede desculpas. O rosto dele estava totalmente corado, deixando-o extremamente bonitinho.

-Até amanhã, Phi.

-Tchau, David.

-Dave.

Ele se inclinou como se fosse me beijar mais uma vez, mas pareceu mudar de ideia no meio do caminho e se afastou mais, soltando minha mão. Com um último aceno com a cabeça, ele virou as costas e foi embora.

Tonta, eu me abaixei mais uma vez para procurar minhas chaves.

 


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