O Retorno do Lorde Supremo escrita por tsukuiyomi


Capítulo 1
Nova chance


Notas iniciais do capítulo

Nem tenho como descrever o quanto eu amo o Akka ♥

Boa leitura, até as notas finais.



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Quando passei meu poder para Sonea, eu sabia que ela precisaria dele todo, tentei conservar um pouco de energia para poder viver ao lado dela, mas não consegui. Morri pela vitória, morri lutando e morri por Sonea. Não me arrependo.

Agora estou em uma escuridão, não sei quanto tempo se passou desde que estou aqui, no vazio. Eu esperaria tudo, até mesmo um inferno, mas não isso. É apenas a escuridão, não há nada, nem mesmo um ponto de luz. Tudo que faço é pensar em Sonea, nos seus olhos misteriosos e o modo com que olhavam para mim; é o único jeito de não perder para a escuridão, de não virar parte dela.

Lembro-me de tudo, de todos os momentos de minha vida, até daqueles que pensei ter esquecido. Lembro-me do modo como estava extasiado quando fui para o Clã, de como conheci Lorlen, e em como nos tornamos amigos.

Ah, Lorlen, eu daria qualquer força necessária para salvá-lo, eu permaneceria horas curando-o em meio à guerra. Lorlen era como um irmão e doeu ter que deixá-lo morrer. Mas foi por escolha dele, a mesma que a minha, a escolha de morrer para salvar, ele desistiu da vida pela honra de morrer com esperança. Escolha dele, e eu tive que honrá-la. Assim como eu faria, e fiz, ele fez. Assim como Sonea faria, se precisasse.

Quando penso em Sonea, eu esqueço onde estou, esqueço o que há a minha volta, nada, e só consigo pensar em sua determinação e em como a amo. Nunca fui um homem sentimentalista, mas não posso fingir que não sinto nada. A única coisa de que me arrependo é de ter tido que deixá-la.

Quando formulo esse pensamento, uma luz brilhante aparece em minha frente, eu esperava que fosse a imagem da morte, uma porta para o limbo, mas tudo o que apareceu na minha frente foi um homem. Ele parecia flutuar na escuridão, o corpo não era sólido, parecida espiritual. Tinha longos cabelos platinados e uma feição bondosamente astuta. Ele olhou para mim e disse somente meu nome, com voz inesperadamente suave:

— Akkarin.

De repente quis ajoelhar-me, mas não havia onde fazê-lo, então só respondi:

— Sim ­— Fiz uma pequena pausa. ­— Quem você é?

Ele sorriu e me olhou como se eu fosse excepcionalmente tolo, uma vergonha inesperada tomou conta de mim, por não saber o que dizer-lhe.

— Eu sou uma divindade, aquele que consentiu magia aos privilegiados.

— Por que está aqui? — Se ele é uma divindade, boa como diz, porque me deixou aqui, na escuridão?

— Ah, eu vim discutir seu destino, rapaz. — Ele mantinha o mais leve dos sorrisos nos lábios e pareceu se divertir ao chamar-me de rapaz. — Afinal, você não pode ficar aqui para sempre!

Eu quase suspirei quando percebi que ele iria me tirar da escuridão, e, de repente, queria muito sacudí-lo para que andasse rápido com aquilo.

— Mas, primeiro — Ele continuou antes que eu pudesse interromper, erguendo um dedo. —, precisa me dizer o que quer. Preciso que me diga com certeza, pois não poderá voltar atrás. Pense bem Akkarin, muitos têm a chance que está tendo, mas poucos sabem pedir, basta fazer a escolha certa.

Olhei para ele, incrédulo. O que eu queria? Eu só queria sair dali!

Espere... Eu queria isso mesmo?

Eu queria sentir os lábios se Sonea nos meus, eu queria abraçá-la e confortá-la nos momentos difíceis, eu queria voltar ao Clã e ver como as coisas estavam, eu queria levar flores ao túmulo de Lorlen. Eu queria poder completar a vida que larguei para trás.

— Eu quero voltar. ­— O encarei com uma selvageria desafiadora, como se soubesse que iria recusar, mas ele apenas piscou satisfeito e deu um sorriso largo.

— Vejo que fiz a escolha certa ao vir vê-lo, Akkarin. Não é tolo, como os outros, que pedem apenas para sair da escuridão. — Senti-me um pouco encabulado quando lembrei que desejei isso por um segundo. — Vou dar-lhe mais uma chance. — Ele concluiu com um brilho entusiasmado no olhar.

— O quê? Como assim? — Minha boca parecia estranhamente seca para alguém morto.

— Vou levá-lo de volta a vida.

— E por que faria isso por mim? — Franzi a testa, mas meu coração estava aos saltos em meu peito.

­— Porque você se sacrificou, Akkarin. Você morreu com honra e desistiu de uma felicidade inimaginável para estar aqui, com a morte. Meu último teste foi deixá-lo aqui, parado no tempo, no vazio, para ver se conseguiria lembrar-se do que fez, do que viveu e do que desistiu. E você conseguiu. ­— Ele olhou para mim como se fosse um pai muito orgulhoso, e, a essa altura, meu olhos estavam arregalados de esperança.

— Eu não sei o que dizer...

— Não diga nada, meu jovem, não é necessário, agora volte, têm duas pessoas que precisam de você.

Antes que pudesse interpretar o que ele disse, uma grande porta luminosa apareceu ao seu lado, ele sorriu e apontou para ela, desaparecendo em seguida. Atordoado, fui em direção a porta, com o coração batendo cada vez mais rápido. Quando finalmente entrei no retângulo de luz, uma leveza atingiu meu corpo e uma paz extrema assolou meu coração, para em seguida cair novamente na escuridão.

Quando abri meus olhos apenas encontrei uma parede de madeira muito próxima ao meu rosto, o espaço era apertadíssimo e muito escuro. Antes que pudesse pensar, criei um globo de luz, surpreso pela magia não ter faltado.

Eu estava em um caixão!

Claro, pensei com sarcasmo, eu estava morto.

Concentrei energia, para então, enviar uma rajada de poder a minha volta, uma grande explosão varreu o caixão, o túmulo, e o que mais houvesse. Cambaleei e olhei, piscando rapidamente, a minha volta. Estava enterrado no cemitério do Clã, que antes era um mistério para todos.

Praticamente corri em direção a Universidade, atravessando a longa distancia sem me importar com a lama que sujava minha túnica negra e com os protestos de meu corpo.

Onde estaria Sonea?

Com certeza, elegeram um novo Lorde Supremo, mas ele não iria querer viver na casa de dois magos negros. A resposta veio em minha cabeça com um estalo. Corri até minha antiga residência, e fiquei satisfeito ao ver a porta abrir-se com meu toque. Já era noite, então Sonea já deve ter se recolhido, junto com Takan.

Subi as escadas uma ansiedade cada vez maior, e quando cheguei à porta de meu quarto meu coração quase parou. Sabia que ela estava lá, de alguma maneira. Escancarei a porta, deixando que batesse na parede e fazendo com que o corpo na cama se sobressaltasse, acordando de súbito.

Quando encontrei seus olhos, pude vê-los atônitos, incrédulos e chorosos. Ela caiu no choro antes mesmo de eu aproximar-me. Eu tinha certeza que ela pensava que era um sonho, e eu também pensaria se não encarasse com um amor muito real aqueles olhos que tanto amava, os cabelos estavam um pouco abaixo dos ombros e sua pele parecida mais pálida. Mas ainda era minha Sonea.

Adiantei-me até ela, envolvendo seu corpo trêmulo em meus braços.

Não me dei conta de que estava chorando também até dizer para ela, com a voz totalmente embargada:

— Sonea, ah Sonea, senti tanto sua falta. Sou eu, estou aqui.

— Akkarin? Você está morto! — Vi desespero em seu olhar, e mais ao fundo uma esperança velada de que fosse verdade.

— Estava ­—, corrigi, abraçando-a com mais força ­— Me trouxeram de volta. Estou aqui, Sonea! — disse, meio desesperado.

Ela levou as mãos ao meu rosto, encarou meus olhos e começou a chorar compulsivamente, mas também pulou em cima de mim, nos derrubando na cama. Sabia que teria que explicar o que acontecera mais tarde, Sonea exigiria uma resposta para o que estava acontecendo. 

Senti algo diferente nela. E quando me afastei para observá-la direito, criando um globo de luz novamente, meu coração quase saiu pela boca.

Sonea tinha uma barriga enorme, grávida, um filho. Um filho meu, eu soube.

“— Não diga nada, meu jovem, não é necessário, agora volte, tem duas pessoas que precisam de você.”

As palavras dele infiltraram minha mente, alcançando significados inimagináveis de felicidade.

A única coisa que superava minha gratidão e adoração por ele, agora, era o amor intenso que senti por Sonea naquele momento, e sempre, e o amor incalculável que obtive por aquela criança.

Eu voltei, e agora, tudo ficará bem. Obrigado.

Não sabia se ele me escutaria, não importava, eu precisava agradecer de alguma maneira. Faria isso vivendo da melhor maneira minha vida, a vida que ele me devolveu.


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Notas finais do capítulo

Como disse no disclaimer, isso é só para eu ficar feliz e aliviada, se conseguir fazer com que alguém mais se sinta assim, vou ficar muito feliz.
Espero que tenha gostado, de verdade.

Fica a seu critério quem é "ele". Não quero explicar nada, em aberto é mais legal. Uma única divindade? Uma entre outras? Hmmmm, não importa! Só quero Akkarin ahaha.

Beijos ♥