Epílogo
Leah não voltou à cafeteria.
Foi despedida por ter faltado apenas um dia de trabalho e a verdade é que não estava ligando muito. Conseguiu um novo emprego em apenas uma semana, em uma biblioteca e pouco tempo depois juntou dinheiro suficiente para poder comprar o apartamento que alugava.
Não voltou a ver Dane desde o dia que o beijou, fazia três meses. Mas também não se importou em procurá-lo. Dizia-se que o cara era uma boa pessoa, mas que tinha aparecido no momento errado. Perguntava-se sem qualquer intenção se as coisas teriam sido diferentes se ela tivesse sido diferente.
Nunca encontrava a resposta.
Não seguiu caçando sua impressão. Terminou aceitando que para ela a vida não era assim e que às vezes, simplesmente as coisas não são como se deseja.
Voltou a freqüentar as aulas de controle de raiva. Demorou longos quatro meses para voltar a ser totalmente humana outra vez, controlar-se o suficiente para não entrar mais em fase e conseguiu mudar. Já não era mais tão amarga e cínica, e depois de tantos anos pôde voltar a ser normal.
Voltou a La Push, nove meses depois de ter recebido uma carta, para visitar o filho de Emily, o pequeno Adam. Era um menino muito lindo. Tinha os olhos escuros da mãe e as covinhas de Sam. Leah jamais esqueceria a forma com que o menino sorriu quando a viu a primeira vez, como se a conhecesse desde sempre, como se a estivesse esperando todo esse tempo.
Foi como se as feridas tivessem sarado definitivamente e tudo finalmente se encaixado.
E a vida continuou.
oOo
Onze meses mais tarde, Leah continuava trabalhando na biblioteca.
Reclamava baixinho.
Hoje era o dia de ordenar os livros do corredor II alfabeticamente.
Subiu as escadas com cuidado, com uma pilha de livros na mão. ‘O morro dos ventos uivantes’ e ‘Orgulho e preconceito’, os grandes clássicos, descansavam em seus braços, esperando voltar a suas estantes.
- Merda. – murmurou, quando Berenice caiu no chão com um sonoro estrondo.
Ressoando em desagrado, desceu das escadas com cautela. Nunca se esqueceu do dia que levou um baita tombo daquela escada, espatifando a estante e espalhando os livros. Ficou a noite toda para que arrumasse tudo.
Se assustou quando viu uma mão pálida lhe oferecer o livro antes caído no chão.
- Obrigada. – franziu o cenho um pouco desconcertada. Sabia que já o conhecia de algum lugar.
E o reconheceu no exato momento que ele falou.
- De nada. – Dane sorriu calorosamente, como sempre lembrava que ele fazia. – E correndo o risco de soar repetitivo ainda depois de um ano, Leah. Você gostaria de tomar um café comigo?
(E então ela entendeu.
Não era sua impressão e nunca seria, mas isso não evitava que pela primeira vez em anos sentisse essa estranha sensação de conforto no peito.
Não esperava que tivesse a sensação de que talvez depois de tudo, ela também teria seu final feliz nem a repentina expectativa, como dizem, que finalmente teria sua recompensa.
Não era sua impressão, e nunca seria; era Dane, só o Dane, e talvez para Leah aquilo fosse suficiente.)
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