Era uma das últimas semanas de aula na escola, por esse motivo, meus amigos e eu resolvemos fazer algo diferente, e o lugar escolhido, foi a minha casa. Era um lugar grande e aconchegante e além disso, meus pais estariam fora no próximo fim de semana.

Chegou o determinado fim de semana, e todos os caras chegaram em minha casa. Trouxeram cada um uma bebida e assim nos arrumamos. Ficamos bebendo e conversando sobre assuntos de meninos até altas horas da noite, quando resolvemos fazer algo mais emocionante. Esse foi o pior erro de nossas vidas.

Um de meus amigos sugeriu que fizéssemos o jogo do copo, eu de primeira recusei a idéia, morria de medo desse tipo de coisa (em segredo é claro).

Mas sob pressão de meus amigos acabei participando de tudo.

Montamos o alfabeto e os números, deixamos a casa às escuras. Acendemos velas, o que deixou tudo com aparência muito macabra. Logo começamos o jogo, no começo até achei que algum dos garotos estava fingindo, mas depois, a energia, o clima na casa, ficou coisa de outro mundo, coisa que eu nunca tinha sentido antes.

Olhava apreensivo para meus amigos, e via a apreensão no olhar deles também, a partir daquele momento tive certeza de que nenhum de nós estava mexendo o copo.

Quando eu achei que não suportaria mais aquilo, o copo se despedaçou em nossas mãos.

Aquilo nos aterrorizou, só não aterrorizou mais do que viria a acontecer a seguir.

Como minha mãe era bastante religiosa, haviam quadros por todas as paredes com imagens de santos, e essas coisas, quando finalmente reparamos, todos os quadros estavam manchados de vermelho, uma tinta vermelha, ou quem sabe sangue, e os que não estava, haviam caído, ou ficado de cabeça pra baixo.

Meus cachorros começaram a latir sem parar, sem motivo, pelo menos nós não enxergávamos os motivos, até que todas as portas abertas da casa se fecharam em um só movimento, isso foi o necessário para botar todos os meus amigos para correr, deixando-me sozinho em minha casa.

Como se toda aquela situação já não fosse suficiente, tive que permanecer a noite toda sozinho em casa, chorando, confesso, pois não tinha coragem para fazer mais nada além disso.

Uma semana se passou após aquele fim de semana, e durante a semana, não vi nenhum dos meus amigos na escola, o que de certa forma não me surpreendeu pois eu também não queria ir à escola.

No dia seguinte, descobri que meus amigos não faltaram a escola por que queriam, mas sim, porque mortos não vão a escola.