Jacob/Leah, presente para Sortilegios Weasley. _________________________________
Satanás e a Cinderela.
A verdade é que com o tempo Jacob deixou de pensar, de supor, até de tentar entender as mulheres. Era triste, isso de rir para não chorar. Pouco depois se dá conta que o que é realmente triste é se embebedar como um cachorro por cauda de uma garota que o ama, mas não o suficiente para escolhê-lo. E sente curiosidade, muita curiosidade (apesar de que na realidade não é curiosidade. A curiosidade não dói), de saber como um sanguessuga pode se tornar algo tão básico como o ar para alguém.
Tem curiosidade, porque não entende como algo como esse Cullen, tão escuro como uma sombra, pode lutar contra ele, que é o Sol, o caminho mais natural por qual a vida de Bella poderia transcorrer. O caminho natural que ele deveria ser; não Edward.
E agora vai bêbado para casa, depois de mandar Paul e suas piadas sobre vestidos de noiva e bebês com presas à merda. Sente os músculos meio mortos, dormentes, mas talvez seja apenas por causa da embriaguez, e está ligeiramente desorientado.
A primeira a vê-lo é Leah.
Está sentada nas escadas de sua varanda, brincando com o enfeite do presente que Seth estava preparando para Bella, e levanta o olhar quando ouve a música idiota e absurda que ele vai cantando. Solta uma risada que soa muito mais como o eco de uma gargalhada e apóia os cotovelos encima dos joelhos, olhando-o atentamente.
- Sempre soube que tinha muito mais futuro como cantor que como protetor de La Push. – comenta e sorri, as covinhas ao lado de seus lábios levantaram em um sorriso que mais parecia de uma hiena do que de uma pessoa.
- Cala a boca. Você não fica bonita assim, mas ao menos fica passável. – lhe disse, deixando-se cair na varanda ao lado dela. Leah encolhe os ombros, e sorri de novo com sarcasmo.
- Trouxe uma lembrança para você. – falou repentinamente, o papel celofane em suas mãos, uma flor presa em seus cabelos, o olhar sereno.
- Pode devolver. Não combina com minha calça e muito menos o quero. – sussurra.
Leah não sabe quando aconteceu, mas a voz de Jacob deixa de ser engraçada e se preocupa. Está tão triste que era como se a tivesse contagiado também. Conexão de irmãos, diria Sam. Estão conectados até em sua forma humana. Sustenta o olhar durante um segundo e então sorri para ele.
- O que aconteceu Jacob? Precisa de um pouco de amor? – pergunta, e o cabelo liso dela cai sobre sua bochecha. Sua voz soa tão suave, tão vazia de malícia que por um momento tem a impressão de que está com a antiga Leah, a Leah bonita e alegre, a Leah que chorou enquanto o abraçava no enterro de seu pai.
Em um reflexo, morde seu lábio inferior e lhe acaricia a bochecha. Olha para ela, ela olha de volta e essa coisa que incomodava seu estômago se acalma, e quase ao mesmo tempo as pontas de seus dedos formigam e pensa que ela está linda assim, quase sorridente, com esse vestido e com seu rosto tão perto dele.
E se beijam. Não é mágico, muito menos suas almas saem de seus corpos, nem sentem o tempo parar e restar apenas os dois. Não é como quando ele beijou Bella ou como quando Sam e ela se beijaram as escondidas atrás de uma árvore.
Mas é terno, é doce, é reconfortante. É o reencontro do antigo Jacob e da antiga Leah, como quando brincavam na varanda dela com Seth. Sua mão grande e masculina segue ali, em sua bochecha, e logo descendo por seu cabelo enquanto ela inclina um pouco mais a cabeça e contorna o lábio superior dele com a língua.
Não é mágico, não é perfeito, não é o beijo que Romeu daria em Julieta, mas é seu beijo e isso parece suficiente para ambos.
Quando voltam a se beijar, é como se Jacob tivesse ficado cego e tivesse que se sujeitar a ela para guiar-lhe. Parece que se afoga, sua língua contornando a dela e suas mãos em sua cintura. A mão de Leah em seu cabelo, apesar de que parece muito mais uma garra que lhe acaricia com cuidado e descuido ao mesmo tempo.
- Cheira como a Bella.
- Você parece com o Sam.
E voltam a se beijar, ela agarrando-se a ele como se fosse o único modo de não se perder e ele segurando-a fortemente, numa tentativa infantil de evitar que ela também escape por entre seus dedos.
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