Don't Blink - One-Shot. escrita por Tenth


Capítulo 1
Queridos Pai e Mãe...




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23 de Agosto de 1934

Ah, como eu odeio ficar sozinho em casa.Vocêstinhamido jantar fora, e decidiram não me levarjunto.Eu odiava quando vocês faziam isso, mas eu entendo,vocêsmerecem um tempo a sós.

Era uma noitechuvosa, o que apenas aumentava o clima de terror em minha casa, mas tudo bem. Meu modo de encarar o medo era sentar em minha cadeira, colocar meus fones, e jogar em meu computador, ouvindo música alta. Então, o maior clichê de filme de terror aconteceu. Um estrondo, a luz de um raio reluziu por todo meu quarto, e a luz acabou. Eu dei um pulo de minha cadeira, quase caindo, e tirei meus fones. Tinha levado um tremendo susto.

Mas de qualquer forma, eu conseguia me confortar, sabendo que nada iria acontecer comigo. Mas devo admitir, que no fundo, eu senti muito medo. Fui para o lugar mais claro de meu quarto, que era minha janela, e fiquei olhando para fora. Fiquei alguns minutos ali, pensando sobre a vida, olhando para as árvores no jardim de meu vizinho.Quando eu vi algo.

- Mas que... - Murmurei.

Entre as árvores, eu vi um vulto. Uma sombra, imóvel.Pude perceber que parecia com uma pessoa chorando. Mas, mesmo com raios e trovões, ela se mantinha estática. Esfreguei meus olhos com minhas mãos, e olhei novamente. Não tinha nada ali, era só uma impressão.

Minha garganta estava seca, pensei em ir pegar um copo d'água na cozinha, mas eu sou uma pessoa imaginativa. Eu me sentia em um filme de terror, e definitivamente, ir buscar "uma água" sempre foi um bom gancho para ser pego por um assassino ou monstro na cozinha. Fui escovar os dentes, para refrescar um pouco minha boca.

Logo, o segundo clichê de filme de terror surgiu. Após escovar os dentes, ouvi uma batidano andar de baixo da minha casa. Eu me assustei, mas logo pensei que eramvocêschegando. Com alívio em meu coração, abri a porta de meu quarto.

- Mãe, é você? - Gritei,ouvindominha voz ecoar pelacasa.

Não tive resposta. Fiquei meio aflito, mas novamente, me tranquilizei, procurando arrumar alguma desculpa para mostrar que meu medo é irracional. No caso, pensei que fosse apenas o vento batendo em alguma porta. Dei de costas e decidi que iria dormir.

Abri a porta de meu armário e me curvei na direção do espelho dentro dele. Fechando um dos olhos, com cuidado, tirei a lente de contato doolho aberto, e guardei-a em uma caixinha. Esfreguei os olhos, e encarei o espelho.

Eu nunca senti tanto medo em minha vida. Nunca desejei tanto estar sonhando. Atrás de mim, tinha uma imagem. Uma estátua. Alguma coisa... Me olhando. Estava escuro, e eu comecei a chorar de tanto medo. Desejando que fosse mais uma ilusão de minha mente, me virei para trás.

Eu não podia acreditar naquilo. O meio segundo que eu demorei para virar para trás, passou em câmera lenta. Era como uma eternidade... O medo tinha tomado conta do meu corpo. Respirando pesadamente, olhei para frente. Não tinha nada. Mesmo assim... Eu sei o que eu vi, tinha mais alguém em minha casa.

Com meus olhos marejados, me virei novamente. Dessa vez em direção ao telefone, desesperado. Eu iria ligar para vocês, para a polícia, os bombeiros, QUALQUER COISA! Eu não estava louco. E a cena seguinte apenas confirmou essa afirmação.

Eu desejei que estivesse louco. Desejei que estivesse alucinando, mas aquilo era real. E só iria piorar. Quando virei para trás, a estátua aparecera novamente, a um palmo de meu rosto. Eu vi ódio nos olhos da criatura. Era um anjo, que mais parecia um demônio. Mas sem dúvidas, era um anjo.

O anjo mostrava seu dentes pontiagudos, suas sobrancelhas estavam franzidas. Suas mãos tentavam me agarrar, mas estavam imóveis. Mesmo parado, eu senti a criatura rasgar a minha alma. Aquilo era de mais para mim. Meus olhos se encheram de lágrimas, eu não conseguia falar, gritar, espernear. Pedir ajuda. Eu cometi o pior erro de minha vida. Eupisquei.

Mãe e pai, eu realmente espero que algum de vocês leiam esta carta. Eu ainda não sei exatamente como farei para entregá-la para vocês, mas eu arrumarei um jeito. Talvez eu entregue para vovó, que hoje tem uns 17 anos. Saibam que eu estou vivendo uma boa vida, acabei de virar pai! Minha mulher nomeou nosso filho de Frederick James, assim como o pai do senhor que é nosso vizinho. É, exatamente isso que vocês estão pensando.

Eu não tive tempo de me despedir... Eu quero que saibam que eu amo muito vocês dois. Eu me lembro de estar sendo um péssimo filho algumas semanas antes de sumir. Mas vocês sabem como são adolescentes, mal educados, ingratos... Eu só lhes peço perdão, e quero que saibam que vocês foram os melhores pais do mundo. E eu não trocaria vocês por nada. Esse é meu único e último adeus. Obrigado por serem o que foram para mim.

Obs.: Eu tive bastante tempo para estudar sobre o que aconteceu comigo, e após muito tempo perguntando e lendo sobre casos semelhantes aos meus (a falta de internet foi um grande problema para mim), encontrei um homem que já tinha visto algo parecido. Era um médico, um doutor, algo assim. Ele apenas me disse duas palavras, antes de sair andando. Não pisque.


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Notas finais do capítulo

Olá possíveis leitores que eu talvez não existam (?). Se você estiver lendo isso, obrigado por chegar até o fim.
Faz um bom tempo que não escrevo nada, e escrevendo esse capítulo eu lembrei como é divertido. Eu vou continuar escrevendo, pois é um bom hobby, mas se possível, um comentário construtivo é bem vindo!

Obs.: Esta one-shot se trata do monstro "Weeping Angel", de Doctor Who. Estas criaturas tem a imagem de anjos. São extremamente rápidas, porém só podem atacar quando não estão sendo observadas. Quando são observadas, se transformam em estátuas, sem poder se mover. Um simples piscar de olhos pode ser fatal na presença destas criaturas. E o modo de matar suas presas é o mais lento e doloroso o possível... Eles lhe mandam para o passado, lhe fazendo morrer, vivendo uma outra vida inteira. A energia do distúrbio que causam na vida de suas presas é o seu alimento.