Rainha do Caos escrita por Keen, Pink


Capítulo 6
Seis - Meu pai sempre trazendo “boas” notícias


Notas iniciais do capítulo

(Keen) Eae pessoas tudo bem com vocês? Como vai família? E os filhos? Vai bem? Tá bom, parei! Mais um capítulo saindo do forno pra vocês. Obrigado a vocês que comentam sempre e os que favoritaram a história também. Ficamos muito agradecidas. Serião!! Boa leitura e até lá embaixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/540296/chapter/6

Estava a ponto de ter um ataque quando saí do colégio. Isso porque o professor Pierre resolveu escolher Brandon Harris como o meu par na peça teatral. Junte Sienna e Amelia com Ian Becker que você nem chegará perto do que é Brandon Harris.

Isso sem falar que eu vou ter que ensaiar com ele pelo resto do ano até a apresentação. Que ótimo! Ahh... olá ironia!

Quando peguei o táxi para ir até a casa da Alicia, já estava entardecendo. Ela alimentava o peixe dela, Alfie IV, quando cheguei lá. Sim, ela já teve três peixes chamados Alfie e todos morreram. Já até prometi pra esse quarto, enquanto estávamos a sós, que eu o adotarei antes de Alicia o matar por falta de comida.

Ela me arrastou até o ateliê da Sra. Clarke, que já havia começado a fazer a fantasia dela. Era inspirada no Chapeleiro Maluco, personagem de Alice no País das Maravilhas, por quem Alicia tinha uma séria obsessão.

A Sra. Clarke havia perguntado se eu gostaria ir de Alice e eu ri, respondendo que eu estava mais pra Rainha Vermelha.

– Se quiser temos outras vilãs muito mais fashions pra escolher - a Sra. Clarke comentou isso e me deu uma grande ideia.

– Todo mundo acha mesmo que sou a ovelha negra da família, filha ingrata e invejosa. Por que não ironizar e ir de princesa frágil e bobinha e sambar na cara de todo mundo? - indaguei sorrindo internamente.

– Acho uma ótima ideia - a Sra. Clarke afirmou batendo palma. Ela me analisou da cabeça aos pés e concluiu: - Você ficaria ótima de Ariel.

Eu franzi as sobrancelhas.

– Ariel? De A Pequena Sereia? - soltei uma risadinha. - A senhora deve estar confundindo, não sou eu a sereia da família.

Foi a vez da Sra. Clarke franzir a sobrancelhas.

– Como é que é?

Alicia me encarou dando risada.

– É o Ian que faz natação, mãe - ela explicou. - Na verdade, a Elise detesta água em grandes quantidades. Piscinas, rios, oceanos... Ela tem medo de morrer afogada.

Assenti confirmando. A Sra. Clarke arqueou as sobrancelhas perfeitamente delineadas.

– Bem, mas foi você mesmo que disse que iria ironizar, não é mesmo? - perguntou ela. – Ia de princesa porque todo mundo acha que é a vilã. Se tem medo de água, vá de um personagem que vive nela, ué.

Essa era uma ideia legal, mas...

– Ariel? - perguntei com uma careta. - Tem certeza?

– Quando digo pra ir de Ariel, não estou mandando você ir com um top roxo em forma de concha, e sim pra se basear na personagem. Posso fazer um vestido se quiser. Deslumbrante, encantador, misterioso...

Então ela continuou a falar inúmeros adjetivos difíceis até que Alicia a interromper.

– Já entendemos, mamãe - disse ela. - O que acha, Elise?

As duas me encararam de forma intensa. Odiava quando eu era obrigada a decidir alguma coisa.

– Tudo bem, então.

Só que não estava nada bem. Eu apenas esperava que a Sra. Clarke não se empolgasse muito com minha fantasia. Poxa, na verdade eu nem queria ir a essa festa. Só que Alicia é minha amiga, preciso fazer isso por ela. E além do mais não vai ser tão ruim, não é? É só uma festa. Pelo menos assim eu espero.

Alicia me arrastou para o seu quarto depois que sua mãe começou a trabalhar na minha fantasia, não antes de atacarmos a geladeira e levar todas as besteiras comestíveis pra cima da cama. Começamos a falar sobre várias coisas até que ela chegou ao assunto que eu mais detesto.

– E o Ian? - perguntou ela enquanto eu bufava. - Nem o vi hoje.

– Queria ter essa sorte - respondi.

Ela revirou os olhos enquanto desembrulhava uma bala.

– Ahh... Elise, eu não sei o que faço com você.

Eu a encarei. E por uma fração de segundos, o lampejo de uma ideia passou por minha cabeça. Alicia fala tanto do Ian que parece que ela gosta dele. Será? Eu não perguntei. Era estranho demais pensar nisso. Minha melhor amiga com o garoto que mais detesto no planeta.

Sinceramente, eu queria saber o que elas vêem nele. Ian não é o único garoto loiro do colégio, ou o único que faz natação. Existem milhares de garotos assim no mundo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo o nosso próprio mastigar.

– Ele não está falando comigo - murmurei.

Alicia virou-se pra mim.

– Quem?

– Ian - respondi. - Brigamos ontem.

Alicia arqueou as sobrancelhas esboçando um sorriso.

– Isso não é novidade - disse ela. - Agora ele não falar com você, é. O que fez dessa vez?

Dei de ombros.

– Não faço ideia - expliquei. - Está tão estranho.

– Então você está sentindo falta das suas brigas com ele, é? - ela sorriu.

Eu arregalei os olhos.

– Eu não disse isso - me precipitei a explicar.

– Você está mudando, Elise - ela comentou. - Começou a se preocupar com ele.

Eu joguei o travesseiro na cabeça dela.

– Não coloca palavras na minha boca.

Ela levantou as mãos.

– Mas, presta atenção, se não estivesse preocupada com esse lance do Ian não estar falando você, nem tinha se aberto comigo, não acha?

Eu congelei enquanto ela me encarava com as sobrancelhas arqueadas. Alicia tinha um ótimo sistema de persuasão, mas eu não estava preocupada com Ian e nem sentindo falta de brigar com ele.

Na verdade, ele distante de mim era tudo que eu mais precisava.


Em casa o dia parece ter sido normal enquanto eu estava fora. Mamãe arrumou uma babá para o Ben, que veio do Japão. Se chama Yoko e o inglês dela é um desastre. Só que eu não sei se ela vai querer ficar trabalhando aqui depois do que aconteceu hoje.

A aranha do Finn, Matilda, apareceu. E quem foi que encontrou? Yoko. Ela estava fazendo a mamadeira do Ben quando a aranha apareceu em cima do balcão da cozinha. Deu um grito ensurdecedor e eu desci as escadas correndo pensando que a casa estava pegando fogo.

Mamãe conversou com ela e disse que o Finn deixa sempre ela presa, lá dentro do quarto dele, e que havia sido a primeira vez que ela tinha escapado.

Opa, acho que isso foi uma mentira.

Se quer saber, o resto da minha noite foi uma tranqüilidade sem Ian pra me atazanar. Ele foi pra casa de um amigo avisando que ia dormir lá. Só que é obvio que sempre tinha alguém pra me lembrar da existência daquele ser loiro.

– Elise, o que você fez com o Ian? - Finn perguntou enquanto assistíamos a um jogo de futebol americano na TV. - Ameaçou ele de morte, foi?

– Nem estou acreditando nisso - disse mamãe enquanto arrumava a mesa do jantar. - Finalmente vocês fizeram as pazes.

Eu não respondi nada a nenhum dos dois. Não, ninguém aqui havia feito as pazes. Pelo contrário, eu queria era matar Ian por estar fingindo que eu não existo.

Eu subi para o meu quarto assim que o jantar terminou. Havia uma chamada perdida no visor do meu celular. Era meu pai. Estranho. Ele já não me ligava faz um tempinho. Ele mora no Canadá com a nova família, e como ele sempre é muito ocupado, me liga quando sobra tempo, ou seja, quase nunca.

Eu retornei e ele atendeu no terceiro toque.

– Elise? - a voz dele não me trazia mais conforto como antes. Na verdade, era como se ele fosse simplesmente um conhecido.

– É, sou eu, pai - respondi pensando no quanto a palavra pai não tinha mais significado pra mim.

– Oh, querida. Que bom falar com você – ele disse não demonstrando emoção na voz.

Se isso fosse verdade, ele me ligaria mais vezes.

– Aconteceu alguma coisa? - eu pulei a parte da melação que não existia entre nós dois e fui direto ao ponto.

– Eu queria te dar uma notícia - ele diz e eu escuto uma voz feminina ao fundo. - Espere Charlotte...Sim, sim... eu já estou indo... Com Elise!...Tudo bem, eu mando.

– Está tudo bem? - Eu pergunto. - Pode me ligar depois, se quiser.

– Ah, não. Não, não precisa, Elise - diz ele. - Charlotte te mandou um beijo.

Charlotte era a esposa do meu pai. Pra dizer a verdade, eu nunca a conheci oficialmente, e nem quero. Sempre que eu a imagino, vejo uma daquelas dondocas que não trabalham e só sabem gastar do marido. Ela tem uma sobrinha que mora com ela. Se eu não me engano se chama Susan e é da minha idade. Papai e Charlotte a criam como se fosse filha dos dois. É por isso que na maioria das vezes, sempre sou esquecida por ele.

– Manda outro pra ela. - Na verdade, o que eu queria era que ela se engasgasse com o champagne caro que tomava todo dia com o dinheiro do meu pai. Isso foi muito maldoso? Que seja! - Mas então, qual é a notícia?

Meu pai fez silêncio como se quisesse fazer suspense.

– Eu resolvi voltar para os Estados Unidos junto com Charlotte e Susan. O que acha?

Foi minha vez de ficar em silêncio. O que eu poderia dizer? Que estava feliz? Que achava uma péssima ideia? Qual seria a diferença? Ele nunca esteve presente mesmo e nem se importava com minha opinião. Depois que separou da minha mãe, parecia que havia separado de mim também.

– Hum... Legal - eu digo fingindo empolgação.

– Chegaremos aí no Domingo - ele avisou. Hoje era quinta. Ainda havia tempo para me preparar psicologicamente. - Eu já aluguel uma casa. Fica perto da que nós morávamos, lembra?

– Claro - eu respondi.

Eu lembrava, mas pouco. Fazia tanto tempo que era como se fosse apenas um sonho que eu tivesse tido quando eu era bem pequena – não que tivesse crescido muito desde então.

– Era só isso mesmo que eu queria te dizer. Boa noite, filha.

E desligou como se não importasse com o que eu tinha pra dizer. Mas pra falar a verdade, eu não tinha muita coisa a dizer a ele mesmo.

A última coisa que eu penso antes de dormir é na minha vontade de que o dia de amanhã comece logo e termine o mais rápido possível, de preferência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Okay, sabemos. Capítulo sem grandes emoções e com muito drama. Sorry.
Vocês perceberam como a Elise fica tão fria com o pai? Pois é, eles têm um relacionamento bem difícil. Ela muda totalmente com ele.
Pra quem não entendeu esse final é porque amanhã (no caso, próximo capítulo) é a festa da Sienna Bloomfield, que Elise não está com a mínima vontade de ir. Por isso, ela quer que esse dia termine bem rápido. (Talvez ela esteja prevendo as coisas que irão acontecer. ~risada maligna.~ tá, parei)
Se eu quisesse realmente o próximo capítulo, no lugar de vocês eu comentaria e faria duas autoras bem felizes. E esse recado também vai para os leitores fantasmas, viu.Buuuu!
Até logo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rainha do Caos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.