Who Kills - Fanfic Interativa escrita por Minene


Capítulo 2
Deathnet


Notas iniciais do capítulo

Demorei, demorei. Tava sem computador. Mas não abandonei, tá, migas. Tava respondendo vocês ~vocês que falam comigo~ pelo celular, inclusive. Mas cá está. Não foi muita coisa, mas eu gostei, então acho que vocês também vão gostar ~não tanto, mas sim~
Eu tô com muitos trabalhos de fim de ano pra concluir, então eu acho que o próximo só sai daqui duas semanas ~odeio ficar explicando coisas -q E odeio ser irresponsável -q~



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Em algum lugar próximo a fronteira do Canadá, Canadá / 3:23 am / 15 de Julho

Sem muito caso, um dos caras altos e já conhecidos pelo grupo se aproximou da garota e propôs aquele acordo velho e sem graça. Aquele velho acordo que os dois sempre gostavam. Não que ela ligasse, as drogas valiam muito a pena, apesar de tudo o que lhe ocorria naqueles trinta minutos de "pagamento". Indiferente, ela pediu antes que o rapaz colocasse os papelotes ou as seringas em cima da mesa de cabeceira, só para tornar o trabalho mais bem feito ainda.

Talvez ela não quisesse estar ali. Talvez sim. Todas as manhãs ela pensava que podia estar com seus pais, olhando a vida passar lenta e tranquila pela janela do seu quarto cor de rosa e ficar uma hora e meia no telefone com alguma amiga do colegial. Porém, ao cair da noite, ela se sentia alegre, e ouvia a liberdade zumbindo em seu ouvido a cada viagem de moto á 150 quilômetros por hora. Não havia preocupações.

No início de sua adolescência nunca lhe passou pela mente ser usuária de drogas e "pegar" três caras por noite. Sempre muito comportada, tirava sempre as melhores notas, perdia horas lendo os mesmos livros e vivia naquele mesmo grupo de amigos de todos os anos anteriores. Mas ela percebeu que, em algum momento, teria que trabalhar, sustentar dois ou três filhos ou algo do tipo, e resolveu adiantar alguns anos perdidos e começar a viver de verdade.

Vinte e cinco minutos depois, ela saiu do quarto velho de hotel escondendo os saquinhos na bolsa e se juntou a roda de homens mais velhos, próximo a estrada, dizendo algumas piadas vez ou outra. Era como a mascote do grupo. Entretanto não tão boba como uma mascote. Eles riam, comentavam algo a respeito, bebiam e fumavam. Vez ou outra rolava uma briga entre eles, mas a garota apenas observava, dando risada.

Então, no ápice da noite, sirenes soaram altas e todos levantaram assustados.

– Mãos pra cima, vocês estão cercados!

Muita confusão, passos, corridas, coisas caindo, pessoas tentando fugir. A garota se agachou atrás do carro de um hóspede qualquer, e seu coração palpitava como se fosse pular para fora do peito a qualquer momento. Ela ouvia os barulhos a alguns metros de distância. Em seguida tiros. Lágrimas começaram a brotar. Então uma mão puxou seus cabelos e uma lanterna foi apontada diretamente para o seu rosto.

– Então, pensou que podia fugir com os seus amiguinhos?

Ela tentou se debater, inutilmente, e por fim levantou os braços, em sinal de rendimento. O policial a puxou e a jogou contra uma parede, arrancando a bolsa de suas mãos. Abriu, vasculhou e em seguida riu.

– Qual o seu nome, mocinha?

– Cha-Charlotte.

* * *

Brooklyn – Nova Iorque, Estados Unidos / 4:19 pm / Data desconhecida

– Você não acha isso errado?

– Afastá-lo daqui? Estamos protegendo-o, irmã! Não vê o que tem acontecido?

A freira afastou o olhar da janela, por onde estivera observando o trânsito da avenida, enquanto sua colega resmungava sobre outra criança. Era uma situação complicada, mas nada que aqueles vinte anos de trabalho num mesmo lugar não a tivesse preparado. Um a menos, certo. Mas logo chegariam mais dois ou três, abandonados, como sempre. Apenas apareciam enrolados num cobertor pela manhazinha quando a supervisora da noite destrancava os portões. E isso ia piorando. A vontade das mulheres americanas de pôr um ser no mundo e abandoná-lo em qualquer porta era muito curiosa.

"Na minha época as mães obrigavam as filhas a sofrerem as conseqüências de um ato como esse"

Os abortos então. Talvez até mais normais que o abandono, veja só.

Agora cá estava ela de novo, fechando a papelada de mais uma criança, que estudaria numa escola bem longe do sofrimento onde aqui vivia.

– Irmã, lhe peço novamente. Ele ainda é tão jovem! E se sua mente ficar conturbada e ele perder a consciência dos fatos, sofrer ainda mais lá fora, virar um ladrão?! Não posso permitir, não posso – A mais jovem suspirou e retomou o fôlego – Você sabe o que dizem por ai. Podemos protegê-lo aqui mesmo, conseguimos fazer isso.

A freira deu um passo pra frente, meio impaciente.

– Não, não podemos e nem conseguimos, irmã. Você sabe como o orfanato está lotado. E ele já é conturbado. Não repara o jeito que ele olha para os outros? E como ele bisbilhota tudo e aparece do nada nos lugares sorrateiramente? É assustador, e ele pode até ser meio doente e nós não sabemos.

– Você está apenas jogando uma peça velha fora! – Sua tornou-se aguda, e a freira mais velha lançou-se um olhar de reprovação pelo grito.

– Por que discutir sobre mim? – A porta do escritório se abriu.

– Jimmy! – Exclamou a mais jovem, correndo para segurar sua mão e tentar colocá-lo pra fora da sala.

– Eu não quero mesmo ficar aqui.

– James, você não deveria estar esperando lá embaixo?

– Não fale assim com ele, tadinho.

– Eu estava esperando lá embaixo, mas os gritos estavam muito altos.

– Viu como você é escandalosa?!

– Estava apenas tentando ajudá-lo!

– Não pedi a sua ajuda.

A freira encolheu-se e largou a mão do garoto.

– Vou voltar lá pra baixo, sim?

– Como ousa falar assim com uma superior, Sr. Rorschach?

James sabia o quanto as pessoas daquele lugar eram ignorantes, e as enojavam ao máximo. Porém, suportara aquilo desde que se conhecia por gente, e o que poderia fazer? Só tinha 12 (porém longos e torturantes) anos. James não conseguia tratá-los bem, aquelas pessoas. Não conseguia tratar ninguém bem. Muito menos após conhecer alguém de verdade.

A freira mais velha se aproximou pacientemente e colocou as mãos sobre seus ombros.

– Vamos mandá-lo para um lugar melhor, você sabe não é? Você vai se dar muito bem lá, com pessoas do mesmo jeito que você...

– Vão me levar para um hospício? Por favor, irmã, eu não tenho 5 anos.

Ela suspirou alto, desta vez impaciente, e empurrou o garoto pra fora da sala.

– Vá logo, você já não deveria estar mais aqui.

* * *

Oregon, Estados Unidos / 1:13 am / Data desconhecida

Já passava da meia noite, mas aquilo não era nada. Estava muito cedo. As três telas de computadores estavam ligadas á sua frente, todas exibindo a mesma página, em três abas diferentes. Seria uma manipulação arriscada, mas fora desafiado, e ele não iria se deixar vencer tão fácil. Seus fãs iam á loucura toda vez que praticava um feito daqueles.

Sua avó já estava dormindo, já que a novela acabou e amanhã era dia de mercado. Ela nunca lhe incomodava muito mesmo, apesar de terem um grande laço fortalecido desde criança. O rapaz não soubera como e porquê seus pais haviam desaparecido do nada, e apenas não se lembra deles de maneira alguma. As vezes parecia que só sua avó quem o havia criado durante toda a vida, e era isso mesmo que ela dizia.

"- Certa vez ela deixou você nos meus braços, dizendo que ia para uma reunião importante. Então, nunca mais voltou para buscá-lo. Ou eu apenas sonhei isso? Realmente não me lembro" Ela dizia. E o garoto abaixava a cabeça e suspirava.

Logo dariam 3 da manhã, e ele mal tinha começado. Os pensamentos estavam á tona esta madrugada. Cansado, desligou o computador e foi se deitar, remarcando mentalmente o evento dessa noite.

– Noah. Noah! Hoje é quinta-feira, meu bem.

Abriu os olhos e olhou em volta, a mente girando. Quanto tempo haveria dormido? Duas horas, talvez três. Sua avó já tinha saído do quarto e dava pra ouvi-la fritando bacon com ovos lá embaixo. O cheiro poderia ser reconhecido até quilômetros de distância. Levantou, se arrumou, pegou a mochila e desceu as escadas.

– Bom dia.

– Ah! Finalmente. Bom dia, meu bem. Veja, é pedir muito que você vá no mercado pra mim hoje? Minhas pernas estão me matando essa semana. Pode ser depois da escola, não tem problema.

– Tranquilo – Respondeu, sentando a mesa da cozinha e começando a comer – Mais alguma coisa?

– Sim. Adiaram a noite do bingo, então hoje é provável que eu vá para a casa da Agnes, então não me espere, e se eu não estiver em casa quando voltar, guarde as compras pra mim, meu bem. Ok?

– Sem problemas.

Felizmente sua avó era muito ativa e animada. Estava sempre saindo para festas com amigas e se reunindo para assistir aos jogos. E várias vezes Noah até se juntava á ela nessas reuniões, apenas para rir um pouco.

Depois da escola, ele passou no mercado e voltou pra casa. Esta que estava muito silenciosa e vazia, sinal de que ela já havia saído e que não tinha hora pra voltar. Depois de guardar tudo no armário, Noah subiu as escadas, fez todas as atividades escolares e ligou o computador novamente. Havia recebido muitas mensagens, entre elas ameaças, convites para fóruns e até cupons de desconto de alguma lanchonete do México. Todos eram uma maneira de descobrirem a verdadeira identidade de Noah, por isso ele ignorava sem pena. Era fato que o pessoal tinha uma vontade enorme e secreta de saberem quem era o tão conhecido "death_net", e como ele agia na vida real. O garoto até achava aquilo meio engraçado, e se divertia demais com todos os fãs histéricos que tinha. Se o conhecessem na vida real não teria nem um terço dessa massa de admiradores. Noah era um cara bem comum. Nada que o destaque nem nada que o deixe misterioso. Apenas não chamava atenção, o que era ótimo.

Dentro da internet, toda aquela farsa de "hacker super famoso" não valia de nada. Era só um hobby. E ele queria continuar daquele jeito.

Anoiteceu. E então amanheceu. E já estava quase anoitecendo de novo quando começou a se preocupar. Sua avó não voltara até agora. Certo, ela já fizera isso outras vezes, mas não dava pra não notar. Aquela casa grande e silenciosa a todo momento, sem o som da televisão passando os programas da emissora aberta, ou do noticiário local. Foi então que quase as oito da noite bateram á porta. Noah fechou todas as janelas do notebook e levantou da cama, preocupado. Quando abriu a porta, deu de cara com dois homens de terno, sérios. A primeira coisa que pensou foi: "Ótimo, me descobriram"

– Você precisa vir conosco, colega. Junte apenas uma mochila com as coisas mais importantes enquanto nós damos uma olhada na sua casa – E deu uma risada de lado que Noah jamais iria conseguir esquecer.


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Notas finais do capítulo

Uma coisa que eu queria muito usar é esse negócio de agendar a postagem :v Cara como isso parece daora. Mas eu sou toda atrasada então nem rola preparar nada. TEM QUE SER LIGEIRO MESMO.
Beijinhos '3'