Rastro de Sangue escrita por AyalaOM


Capítulo 1
Rastro de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^-^ Boa leitura!



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Rastro de Sangue

─ Você sabia? – O novato, Greg, perguntou ao investigador Cook. Cook o analisou calmamente antes de responder. Viu a ansiedade crescendo lentamente no rosto do jovem e alisou a própria barba, enquanto lembrava-se:

─ Chamado urgente. – Jin, seu parceiro disse, entregando-lhe alguns documentos, que ele depositou em sua mesa. – É na região sul. Agressão doméstica.

─ Mais do mesmo. Por quê urgente?

─ Até onde sei, a primeira equipe pegou o que seria a cena de uma briga seguida de assassinato.

─ Assassinato?

─ Mataram Maria e Juanes será acusado.

─ E…

─ Carlotta estava sentada no jardim quando as primeiras unidades chegaram. Ela tinha sangue nas roupas, mas já foi encaminhada à casa dos avós.

─ Estranho. Porque ela estaria no jardim? Acho que ela iria querer ficar com sua mãe e chorar.

─ Ela estava em choque. É no que estamos apostando. Carlotta não estava chorando, acho que ainda não se deu conta. De qualquer forma, precisamos fazer o monitoramento da área até o pessoal da perícia poder investigar o local.

─ Não. Eu não sabia. – Cook finalmente respondeu e suspirou, espantando as lembranças ruins.

[…]

Ela andou, puxando seu casaco mais apertado. Estava nervosa. Fazia tempo desde que coletara seu ultimo prêmio e ela ansiava por mais loucamente.

Ouviu um grito. Ignorou-o, devia ser apenas sua mente pregando-lhe outra peça. Um grito mais alto foi ouvido. Mais um, desta vez, o lamento tornou-se quase desumano.

Eu sabia! Ela comemorou internamente e apertou seus dedos em torno do cabo do objeto em seu bolso, enquanto seguia o som dos lamentos. Adrenalina começava a correr por suas veias rapidamente e a sensação foi muito bem vinda.

Ela entrou no beco, não tão escuro, no fim de tarde e suspirou agraciado. Ela sabia que tinha uma vítima dessa vez. Eu sabia! Ela repetiu em sua mente, muito feliz.

Esperou o homem de meia idade retirar seu corpo de cima e de dentro da jovem. Não se importou com os lamentos ou em impedi-lo. Ele já tinha a estragado.

Eles sempre estragam-nas. Sua mente a lembrou.

Charlotte retirou, lentamente, a arma branca do bolso. Não era uma faca grande, mas faria um estrago bem feio em quem sentisse sua lâmina. Observou o brilho fosco da lâmina, seguindo com o olhar, até que ele despontou no ar e sumiu. Finalmente encarou sua vitima.

Ódio preencheu-a. Ele tinha a tinha estragado. A garota no chão e à ela mesma. Sua mente não era piedosa em lembrar a sensação massacrante de perder cada gota de dignidade enquanto outra pessoa forçava o corpo contra o seu.

Piscou, vendo o homem aproximar-se perigosamente. Não pensou. Não hesitou. Não era uma iniciante. Passou a faca no peito do homem, fazendo um grande “X”. Ele deu dois passos para trás, assustado com a agilidade da mulher.

Charlote avançou um passo calculado e dramaticamente, apontou a faca para ele. Silenciosamente fez um movimento que indicava que ele já era. O homem tentou fugir dela, mas foi encurralado na parede suja e gosmenta. As calças caindo lentamente pelas pernas flácidas.

Ela girou os olhos e aproximou-se mais um passo. O homem implorou qualquer coisa que ela não se deu ao trabalho de tentar entender. Não precisava, não tinha piedade nem com os bons, quanto mais com os maus. O homem começou a urinar, completamente assustado pelo olhar azul e frio dela. Charlotte bufou girando os olhos. Como é infantil. Recriminou silenciosamente.

Cortou-lhe a garganta.

[…]

─ Você tem certeza? – Cook perguntou arqueando a sobrancelha. Eles só precisavam de um flagrante e a teriam pego.

─ Não, mas não custa tentar. A denunciante disse que ouviu gritos femininos e depois gritos masculinos. Quem você conhece que pode fazer isso? Causar tanto medo que uma pessoa fique gritando? Ainda mais um homem.

Cook pensou em argumentar. Havia milhões de falhas naquele plano, mas colocando em sua cabeça que não havia o que perder, ele pegou seu equipamento e seguiu o mais novo para fora do prédio da polícia especial.

[…]

─ Não, por favor, não. – A jovem implorou balançando a cabeça negativamente. O laço vermelho no pescoço, balançava caoticamente, pegando a atenção da justiceira. Charlotte suspirou.

─ Não é nada contra você. – Charlotte disse calmamente. A voz soando tão cândida quanto uma canção de ninar. Uma mórbida canção de ninar. – Mas ele estragou você. Não posso deixar que volte para casa estragada. É como uma fruta que não presta mais. Você… joga fora.

A mulher tencionou os músculos e correu. Tão previsível. Charlotte podia dizer exatamente o número de pessoas que tentaram fazer a mesma coisa. Eles não tinham uma forma melhor de lutar por suas vidas?

Mirou. Jogou. Acertou. A mulher gemeu, caindo dolorosamente contra o chão. A faca muito bem fincada pela força usada no arremesso.

Charlotte caminhou lentamente para sua vítima indireta. Tirou o cabelo dela do rosto da mulher e sussurrou:

─ Você vê? É apenas destino.

─ Vadia!

Charlotte olhou-a achando engraçado. De todos os nomes que recebera ao longo de sua vida, esse, de certo, não era um deles. Gargalhou, antes de tirar a faca das costas femininas e vincá-la mais forte. Uma, duas, três… vinte vezes.

Percebeu que a jovem que antes gemia e tentava gritar, coisa difícil com seu pulmão sendo machucado, havia parado.

─ Mas você já se foi?

─ Não, sua vadia! – A mulher sussurrou, dando-lhe uma cotovelada e se levantando cambaleante. O som metálico da faca caindo no chão foi ouvido, com desagrado, pela justiceira.

A vista de Charlotte escureceu e ela tencionou levantar-se e ir atrás da mulher, mas um “click” atrás de si foi ouvido. Ela não precisou virar-se para saber que Cook tinha pego-a e dessa vez, em flagrante.

─ Quanto tempo, Charlotte.

─ Não o suficiente. – Ela finalmente virou-se, segurando firmemente a arma branca.

─ Charlotte Mansen, você está presa pelo assassinado de…

─ De? – Ela forçou com um sorriso frio e calculado. – Vamos, investigador Cook. Diga o que já sabemos. Você não tem um caso contra mim.

─ Agora tenho.

Charlote olhou para trás. O homem continuava imóvel no chão, o pouco que ela conseguia ver, agora que a noite despontava no céu, era uma mancha escura que ela sabia ser sangue.

Olhou instintivamente para as próprias mãos. Ambas tinham sangue nelas, a roupa também estava suja com a cor mórbida. Eu falhei. Não acontecerá de novo. Prometeu-se. Agarrou o cabo da faca e ouviu mais um clique, este mais próximo. Muito mais próximo. Tencionou. Tenho uma oportunidade? Perguntou-se e odiou quando resposta gritante em sua mente, foi negativa.

─ Que bobagem seria isso, não, Charlotte?

Ela não respondeu. Sabia a quê ele se referia. Estava tentando-a para ter um flagrante. Afrouxou os dedos em torno do cabo da faca, ergueu-se e entregou-a ao investigador que estava com uma mão estendida.

─ Muito bem, querida. Agora vamos, temos uma longa conversa pela frente.

[…]

─ Um documentário. Te daremos uma estia na sua pena. Ao invés de cadeira elétrica, você receberá prisão perpétua. – Charlotte ainda parecia relutante quando ele disse: ─ Pense em todas as pessoas que…

─ Calado. – Charlotte mandou sem hesitar e deixou a ideia afundar nela. Milhões de pessoas conheceriam sua história. O glamour contido em cada morte. Não era a toa que ela tinha assassinado mais de duzentas pessoas. A garota fujona e audaciosa seria o seu trezentos.

Adrenalina correu por suas veias rapidamente e ela sentiu o prazer mórbido que a acompanhava sempre que uma oportunidade adequada surgia. Fechou os olhos, sentindo, com prazer o coração acelerar, bombeando sangue vermelho e vivo para suas veias e receber de outras, mais sangue.

Abriu os olhos e assentiu, um sorriso pequeno, frio e regozijado apareceu no rosto branco. O investigador continuou olhando-a com curiosidade enquanto o policial novato posicionava a câmera.

─ Foque no meu rosto. Nem esquerda, nem direita.

─ Isso aqui não é… ─ Ele foi interrompido por um gesto de mão do investigador Cook.

─ Faça.

O homem obedeceu e depois dela mandar-lhe, ele virou a telinha da câmera para que ela pudesse ver e orientar a forma como queria ser gravada. Depois de uma boa meia hora, eles estavam em acordo. As perguntas começariam.

─ Esse é o documentário a respeito das mortes seguidas em Nashville. Acusada de assassinatos em série, Charlotte Masen aceitou ser gravada em troco da diminuição de sua pena. Ao invés de ser Quando decidiu começar, Charlotte Masen?

O coração de Charlotte galopava no peito, quase convulsionando de tão forte que batia. O policial deu-lhe um sinal para começar a falar. Ela pensou por um momento por onde começar. Não era tanto tempo desde que tudo começara. Quer dizer, apenas alguns anos. Ela tinha 6 quando… sim, definitivamente começar pelo início parecia uma boa saída.

─ Quando começou? – O oficial repetiu a pergunta.

─ Eu tinha seis.

─ Porque começou?

─ Eu quis me livrar.

─ Do quê, exatamente?

─ Daquele filho da puta que me mudou e da minha mãe mansa, não é obvio?

─ Te mudou?

─ Quando um homem estupra uma garota ou uma mulher, ela muda. Ela nunca mais será a mesma. Eu disse a ela, mas ela não fez nada e ela viu ele fazer aquelas coisas horrorosas comigo, então eu só… resolvi o problema.

─ Mas saiu pela culatra, não foi? – Cook finalmente se manifestou.

─ Infelizmente aqui em Nashville temos muitos enxeridos. Ligaram para os cachorros do governo e eu não pude terminar.

─ E planejava? Depois de tantos anos? – O oficial mais jovem voltou a perguntar.

─ Oh, sim! Eu ia fazê-lo dramaticamente, amanhã. É seu aniversário sabia? Também é aniversário de morte da minha mãe. Seria tudo tão interligado que pareceria que eles realmente se importavam.

─ Não entendi.

─ Minha mãe gostava do maldito só por causa do dinheiro que ele botava em casa. Ela nem se importou quando ele mudou-me. Bom, aposto que o fez quando viu o que ela me tornou.

─ Então por que hesitou em matar seu padrasto?

─ Porque ouvi as sirenes, bobinho. – Charlotte deu-lhe um movimento de mão, como se dissesse “adeus”. – Eu não ia ser presa e nem julgada louca. Sou mais esperta que isso.

─ Por que matou outras pessoas?

─ Porque eles mudaram essas pessoas, mereciam morrer.

─ Por que matou a supervisora no orfanato? E as crianças? Por que matou todos eles?

─ Bem… os boatos eram verdade.

─ Que boatos?

─ Disseram-me que ela gostava demais das crianças. Disseram-me que ela era cruel. E os boatos eram verdade. Ela nos vendia. Eu estava na lista. As meninas não voltam. Dizem que coisas ruins acontecem conosco quando somos vendidas.

─ E então assassinou aquela pobre senhora?

─ Sim. Os meninos me ajudaram nesse, mas saiu tudo ao avesso e decidi que trabalhar sozinha era melhor.

─ Por que os matou?

─ Porque eles queriam mandar no meu assassinato, os idiotas.

Cook observava a cena sem entender como ela poderia ter matado tantos sendo tão jovem. Ela tinha pouco mais que sete anos quando o assassinato estranho correu. Havia um monte de mistério e as crianças todas contaram a mesma história. Tudo arquitetado por crianças impuras.

─ Por que tentou assassinar Isabelle Cooper?

─ Quem?

─ A moça de hoje.

─ Ela foi mudada. Nunca mais será a mesma.

─ Nós recolhemos alguns prêmios. Por que você tinha os recortes de jornal em casa?

─ Eu precisava me lembrar, não é? As vezes olho para o que peguei e não me lembro.

─ Por que começou a assassinar homens? No início você matava jovens aleatórias, por que mudou?

─ Oh, elas não eram aleatórias, seu grande imbecil. Elas estavam com homens, sendo mudadas, querendo sair de casa ou rebelar-se contra seus familiares. Tinha até uma que estava grávida e a doida, ao invés de abortar, como seu pai mandou, ela brigou com ele, saiu de casa e contou ao namorado irresponsável. Elas mereceram morrer por isso, mas depois percebi que os homens eram os culpados. Minha mãe era boa antes do idiota com quem se casou. Então mudei meu objetivo. Matei cada um dos homens que percebi, tinham mudado mulheres.

Cook pensou por um momento. O título que ela ganhara fora o de justiceira, pois matou, pelo longo de cinco anos, estupradores, ladrões e perseguidores. Mas justiça era um pouco diferente de acerto de contas.

─ Por que matava as vitimas deles também? – Cook perguntou ligeiramente intrigado.

─ Eu já disse isso, detetive Cook. Elas nunca mais seriam as mesmas. Embora eu não tenha dito, suas famílias merecem algo melhor do que uma garota com mente de merda em casa.

─ Chega por hoje, meninos. – Um homem de meia idade informou-os entrando na sala. – Levem-na para a cela.

─ Mas já? – C harlotte perguntou ligeiramente triste e suspirou quando eles se ergueram.

[…]

Isabelle Cooper olhou para as próprias mãos sentindo uma euforia alegre tomar conta de seu corpo. Os cabelos escuros de Charlotte estavam em seu rosto, pendurado morbidamente, igual ao corpo.

Ela sorriu e suspirou, agraciada com a morte que provocara. O corpo de Charlotte finalmente parou de convulsionar e os olhos sem alma da mulher pendurava finalmente perderam o brilho, olhando nos olhos de Isabelle.

A boca havia sussurrado uma ultima palavra e Isabelle havia entendido e apreciava sua missão. O gosto da vitória era melhor que qualquer remorso que pudesse sentir. Sentia-se viva e estava disposta a matar novamente, se pudesse sentir-se assim outra vez.

[…]

─ Ela provavelmente nos fez um favor. – O oficial novato argumentou na sala. Cooper estava disposto a argumentar quando o chefe da investigação entrou na sala, recolheu suas coisas e finalmente os olhou.

─ O caso está encerrado, pessoal.

─ Mas nós só começamos as perguntas! – Cook argumentou desesperado por respostas.

─ Ela acaba de ser encontrada morta e com uma fita vermelha amarrada à uma das mãos. O caso está encerrado, Cook.

─ Mas…

─ Isabelle não tinha uma fita vermelha no pescoço? – O oficial mais jovem foi audaz.

─ Melhor um caso finalizado do que um aberto contra a filha de um oficial renomado. Vão para casa, pegaremos algo novo pela manhã.

─ Mas e a investigação? Vai ser engavetada por… conveniência?

─ A justiceira se foi, melhor que nós deixemos isso abaixar na mídia.

[…]

Isabelle suspirou apreciando o sangue em suas mãos e gargalhou como não fazia à muito tempo. O sangue do homem que já deveria ter sido morto à muito tempo não manchava suas mãos, limpava a alma da justiceira.

Ela levantou-se do chão, vendo-o agonizar ainda e soube que onde quer que Charlotte estivesse, ela estava realizada com seu primeiro feito. Sentiu-se eufórica novamente.

Eu nunca deixarei de ser a justiceira. Ela não falharia em manter sua promessa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^ foi a primeira vez que escrevi sobre serial killers, espero que não tenha ficado idiota ou nonsense LOLBeijinhos ^^



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