Azul Turquesa escrita por Le0Andrad3


Capítulo 2
A família “ideal”




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Uma palavra pra definir meu pai? Fechado. A mente dele é completamente trancafiada, e nada consegue abrir. Ele não escuta absolutamente ninguém além dele mesmo, e a forma dele de pensar também é preconceituosa, intolerante, racista e ignorante. Eu tenho pena dele... Não só dele, como de todas as outras pessoas com mente fechada ao redor do mundo, pois elas perdem imensas oportunidades de explorar o além pra ficar na mesmice de sempre, com as ideias de sempre, sem ouvir nem compreender ninguém.
O tempo de viajar em meus próprios pensamentos foi o tempo necessário de chegarmos à sua casa (me recuso a chamar aquilo de lar) e observar ele reclamando sobre tudo da vida, sendo que a única coisa que ele faz é isso. Almoçávamos, e pra variar, ele reclamava da comida da minha Joanne, minha madrasta. Ela sempre falava com ele por sílabas muito baixas, quase gemidos. Acho que ela deveria ter medo dele, pois ele era alto e muito forte. Tentei ignorar aqueles pensamentos todos. Após acabar de comer minha comida, subi para o segundo andar e me fechei no meu quarto.
Liguei minha musica, deitei olhando para o teto e ficava imaginando coisas aleatórias, que me costumava me animar bastante, pois ajudava a limpar minha mente das coisas ruins e negativas daquela casa. Quando comecei a ficar entediado, fui fazer pinturas abstratas e pensar em um significado para elas, pois eu acho que o nosso cérebro se comunica através de coisas que não faz sentido para nós, e que basta decifrarmos o que ele quer nos mostrar.
Se eu falasse para as pessoas algumas coisas que eu penso, me taxariam como louco e esquisito, pois eu não sigo o padrão criado pela sociedade de “como ser uma pessoa comum”. Incomoda-me bastante ver pessoas sendo o que elas não são para ganharem amigos e dinheiro... É como se elas se cegassem pela ganância e pelo interesse material.
Enfim, estava me importando demais com coisas ruins, o mundo já está cheio delas, melhor tentar ignorá-las. Continuei fazendo várias e várias pinturas, até eu não me sentir mais presente naquele lugar, flutuar com minha alma para outra dimensão. Ouvi um grito me chamando para jantar, era meu pai. Poxa, mas já era noite? O tempo realmente voou, pareceram minutos para mim.
A janta era sobra do que almoçamos, pois Joanne ficou o dia inteiro limpando a casa e acabou não tendo tempo para cozinhar. Pra variar Christian estava reclamando sobre isso. Comi rapidamente e subi para meu quarto, pra não absorver muito daquela energia negativa do ambiente. Decidi sair na janela e ir apreciar o céu. Era inacreditável. O céu daquela cidade era repleto de pontinhos brilhantes, parecidos com diamantes, e ao meio de todas elas, uma lua enorme brilhando. Era uma quantidade incontável de estrelas. Meu gato Peter sobe na janela, e aprecia as estrelas comigo. Seu pelo branco refletia o brilho das estrelas, de tão limpo que ele estava. Estava exausto, queria ir descansar. Então fui tomar um banho quente, e após escovar os dentes e colocar um pijama confortável, fui dormir. Após uma tediosa semana, com um dia sendo tão igual ao outro que parecia uma Xerox, chega ao milagroso final de semana, que eu decidi explorar um pouco da minha cidade com a minha madrasta.

Apesar de ridiculamente pequena, a cidade era bem bonita, com casas grandes e antigas, e lojas diversificadas e chamativas, cheias de cor. Entramos em uma das lojas, tinha muitas coisas lá. Eu comprei um filtro dos sonhos, e umas garrafinhas com líquidos coloridos, pois tinha achado muito fofos. Saindo da loja, eu vi à distância, um menino alto, de cabelo castanho, e tinha olhos azuis muito claros. Ele era mais alto que eu, e mais forte também. Ele era bonito. Não que eu o tenha achado bonito ou algo assim, sei lá, só sei que ele era. Ele estava me olhando. Eu também o encarei, e após alguns instantes. De repente, eu sorrio pra ele, para tentar simpatizar com o rapaz. O que eu estava fazendo? Por que eu havia feito aquilo? Quando eu me toquei que estava realmente sorrindo, eu pego na mão d minha madrasta, e corro rapidamente até a esquina mais próxima. Fomos caminhando e comprando mais coisas até chegarmos à casa de Joanne.
Aquela noite estava muito fria, então pedi para ela fazer uma sopa de legumes para nós tomarmos de janta. Ela seguiu meu pedido. A sopa estava muito boa, tão boa que nem o Christian criticou. Por um momento me senti em uma família normal, apesar do perfurante silêncio no ambiente. Parecia que estava tudo em paz, pela primeira vez por lá.
Eu escovei meus dentes, me vesti com um pijama comprido, peguei meu edredom no armário e me deitei com meus dois gatos, Peter e Lily. Dormi muito rapidamente.


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