Ela estava deitada, totalmente adormecida. O jovem homem, que estava com ela na pequena cama, a acariciava com os olhos, gravando em sua memória, os traços delicados. Os lábios finos, o rosto oval, a pele de porcelana... os longos e exuberantes cabelos vermelhos, que haviam sido colocados de maneira a não encostarem no rosto da jovem.

Ele já devia ter partido antes do nascer do sol, mas, não pudera. Não sem antes sentir sobre si os olhos azuis, que ao despertar, pareciam mais claros. Não sem  escutar a doce voz, sussurrando seu nome. Não sem antes dar um ultimo beijo. Sem dar um ultimo abraço. Sem escutar um até logo... que ambos sabiam, que a palavra correta deveria ser “adeus”.

Enquanto ele a olhava dormir, ele tinha a breve ilusão, que não seria a ultima vez. Que ele voltaria, que os anos passariam e que... suprema ironia... ele veria os cabelos dela branquearem. As rugas surgirem no rosto adorável.

Que poderiam ter filhos...  que embalariam os netos... Ela se preocupando por ele gostar de botar mais sal na comida que o aconselhável. Que ela gritaria por ele olhar com a cabeça inclinada para uma mulher passando, achando que ele estaria interessado, no corpo da outra...

E ele bufaria, por que aquela mulherzinha IRRITANTE teria achado que ele, Itachi Uchiha, teria se rebaixado a pensar em desejar outra mulher. Outra mulher... Como se algum dia, ele houvesse deixado de pensar na garotinha ruiva, que se balançara na pracinha do seu clã. E quando, racionalmente, ele não lembrava-se dela, ele a revia... nos seus sonhos.

Imagina-la adulta era fácil. Ela não tinha quase que o mesmo rosto que a mãe? bastava pensar na senhora Kushina com olhos azuis, mas, com o rosto muito mais suave, sem aquela irritação constante que parecia ser a essência de Kushina Uzumaki.

Ele ergueu a mao para acaricia-la, mas entao, ela abriu os olhos, assustada. Quando o tocou, com os dedos trêmulos, remexeu os lábios como se pronunciasse um agradecimento a kami.

- Obrigada. – Ela murmurou, o abraçando em seguida. – Você não tem idéia do pesadelo que eu tive.

- Me conta. – ele falou, sem estar realmente interessado.

- Sonhei que você já tinha ido. – ela falou baixinho. – Que não tinha querido se despedir de mim.

- Eu não consegui. – ele confessou, uma leveza tomando conta de seu peito. Ela se afastou, apenas o suficiente para que os olhos azuis fitassem os negros. – Eu não deveria estar aqui.

- Eu sei. – ela murmurou, antes que ele a beijasse. Ele tinha que partir. Ele iria partir.

Mas depois.