Keskij escrita por YumeNoNanda


Capítulo 5
Segredos do Universo


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo pode ser um pouco perturbador. t-t (Leiam ouvindo this: www.youtube.com/watch?v=LrWwtU7iyl0)



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[00:30A.M. - Frime no dormitório - Dia da excursão.]

Foi deitar tarde. Eita. Garota rebelde. Enquanto dormia (pelos mistérios da vida) um sonho começou a rodar como um filme em sua cabeça, e ela era a protagonista.

Frime olhou o céu - azul, mas passava uma sensação fúnebre. Aquele céu começou a se encher de nuvens e nuvens cinzas, até tudo estar completamente fechado. Ela fechou os olhos. Se sentia presa.

A escola entrou em caos por cinco minutos - foi recebida uma notícia catastrófica: O planeta seria envolvido por radioatividade e ninguém escaparia vivo. Grande notícia, não havia nem tempo para correr! Nem para onde correr. (depois todos se acalmaram, não havia saída mesmo.) Logo quando descobrira sua paixão pelo Carlos (o menino que andava com a turminha. Já falamos dele antes.). Esse não era o problema maior. O problema maior era que a radioatividade era diferente:você podia vê-la cobrindo a terra. A cortina marrom/bege que vinha devagar contornando o globo, matando quem estivesse em seu caminho. Ninguém sabia como ela tinha começado. Faltaria um bom tempo para ela chegar à escola de Frime - mais ou menos uma hora.

Ela decidiu usar seus últimos instantes de vida para fazer algo útil, mesmo sabendo que não deixaria legado algum. Ninguém sobreviveria para recebê-lo. Foi caminhando pelos corredores até encontrar professores e diretores vestidos de branco, provavelmente iriam fazer uma rodinha e rezar, esperando o fim. É assim que as pessoas agem, não é? Se apegam à coisas assim, ao invés de tentar impedir e lutar. Logo adiante viu Carlos. O cabelo castanho claro balançando, seu caminhar leve e desajeitado, o sorriso inexistente. Ela o puxou pelo braço e disse, ofegante:

– Me beije. Por favor, vamos ficar juntos. Só peço isso. - (Silêncio. Carlos pensando e olhando surpreso.)

– Sempre gostei de você. - Disse, sorrindo e caminhando em direção à um beco com ela. Frime sorria muito. O beco estava claro, o céu cinza imponente acima... o vento balançando os cabelos dela. Grudento. Podia sentir a morte chegando para impregnar sua pele. Na parede, ele a imprensou e ficaram um tempo respirando muito perto, o cheiro da morte e o cheiro dele agora se misturavam no olfato dela. "Me beije logo, seu babaca.", pensou. E foi o que ele fez. A beijou como se o mundo fosse parar um instante só para se amarem pela primeira - e última vez. Já começaram rápido, tentando recuperar o tempo perdido. Ficaram um bom tempo assim até que Frime percebeu que chegara a hora. Se afastou e sorriu.

– Bem, é hora. - As lágrimas queriam sair aos montes, mas ela se segurou. Segurou. E segurou... não queria atrapalhar o momento, mas saber que iria morrer a qualquer instante a deixava apreensiva. Não era assim que queria seu fim!

Caminharam de volta à multidão no corredor. Aos poucos Frime reconheceu rostos. Ronald, o menino que já foi apaixonada. Carina, sua melhor amiga. Até Paula, uma amiga virtual. "Impossível!", pensou.

– PAULA! - Correu em sua direção e a abraçou, agora as lágrimas desciam com facilidade.

– Não seja tão chorona, sua idiota. - Ela sorriu enquanto também chorava. Era ainda mais bonita pessoalmente. Deram as mãos e foram até o lado esquerdo do corredor, que dava de frente aos muros da escola. Podiam ver a cidade sendo consumida pela "cortina". Àquela altura, seus pais já estavam mortos. Em menos de um minuto ela os alcançaria. Deu um abraço rápido em Paula e correu em direção ao Carlos. O abraçou e beijou. Olhou para frente: Seus amigos caindo no chão. O ar consumido por um odor de fumaça. Tudo bege. Paula já estava morta. Olhou para Carlos e o viu sorrir para ela e, nesse momento, pode sentir-se desabar. Viu Paulo cair no chão, sem vida. E viu a si mesma também. Tudo se apagou.

De repente, Frime acordou em um cômodo relativamente pequeno e cinza. Havia um sofá no canto esquerdo e, no direito, uma mesa de computador e um computador. Ela estava sentada em frente ao computador. Na tela, havia um fundo azul e letras em cores que ela nunca havia visto antes. Parecia um amarelo misturado com preto... Mas ao mesmo tempo não era. Sobre o que era aquilo tudo? Começou a ler e viu que lá explicava sobre a morte, universo... vida... Não chorou, não podia se permitir chorar, não é? O pior já passou. Se lembrava de como morreu. "Será que Paula... Carlos e todo mundo está lendo isso também?", pensou. continuou a ler até perceber cochichos atrás de si - Se virou e encontrou seu pai e sua mãe sentados no sofá, olhando um computador como o dela. Eles riam e cochichavam.

– Mãe? PAI? - Começou a sorrir e berrar. Gritou e gritou. Gritou de todas as formas. Se aproximou deles, mas não conseguia os tocar, seus dedos passavam direto. Se sentou no chão e olhou para cima. Mais cinza, como o céu do dia em que a Terra afundou em marrom. Chorou e chorou. Examinou minuciosamente o quarto - havia uma porta em frente ao sofá. Abriu e encontrou seu quarto, mais ou menos como se lembrava. Pegou o seu computador e foi continuar lendo no quarto. Chegou um ponto onde as leituras acabaram e começaram opções de cenas: Desde o nascimento até a morte. Ela estava em uma parte em que seu "próximo eu" sacudia folhas de bananeira. E ria. Mas... então sempre foi assim? Programado? Sua vida toda já estava programada. Talvez não o fim... Perdida em pensamentos não notou que sua mãe havia entrado no quarto e estava vasculhando suas gavetas. Frime tentou contatá-la mas ela não a ouviu, como antes. Então ela teve uma brilhante ideia: começou a digitar no computador: "MÃE, SOU EU, FRIME!"! Sua mãe olhou o computador como se ele nunca estivesse ali antes. Leu a frase e gritou: "FRIME!FRIME! FILHA... CADÊ VOCÊ?", chorando. "Vocês não podem me ver, mas estou aqui, mãe. Eu posso lhes ver.", digitou, também chorando, mas sua mãe não conseguia ver mais o computador... tudo foi girando e girando até que Frime acordou num sobressalto em sua cama no colégio. Olhou para o lado e Clare estava dormindo como pedra. O rosto de Frime estava molhado - lágrimas.

– Como... porque... que susto.... eu não quero morrer! - Disse baixinho enquanto as lágrimas caiam como uma cascata. Clare abriu os olhos e viu Frime sentada na cama tentando enxugar as lágrimas.

– Frime? Que houve?! - Se levantou rapidamente e sentou-se ao lado da amiga, a abraçando.

– Tive um pesadelo, Clare... - A abraçou mais e mais e as duas dormiram juntas naquela noite pré-excursão.

Quais quer que sejam os segredos do universo, todos são apenas pequenas peças de xadrez esperando a sua vez.


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Notas finais do capítulo

Me baseei em um sonho que tive. Fiquei muito perturbada com ele... foi assustador, gente. Eu... nossa. Muito assustador. Raziel. Espero que eu tenha conseguido passar os sentimentos para vocês. Por agora é isso, fiquem com Raziel sz