Isso é Amor? Talvez Algum Dia escrita por Enchantriz


Capítulo 1
Capítulo 1: Isso é Amor? Talvez Algum Dia




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Era primavera em Ionia, a vasta floresta estava repleta de belas flores de cores vivas, mas a maior raridade de toda Ionia, a mais velha e bela cerejeira estava em um templo ninja. A Ordem das Sombras. O clima calmo e ameno da tarde proporcionava um bom descanso após algumas horas de treinamento entre dois velhos amigos.

- Fico surpreso por não estar cansada, Soberana. – comentou Zed estalando um dos ombros.

- Isso é mais fácil do que você pensa, Mestre das Sombras. – cruzou os braços convencida.

- Segure. – ele jogou a espada para a maga que pegou desajeitada. – A lamina esta virada para baixo, para você, isso nunca pode acontecer. – explicou ao se aproximar. Se posicionou atrás do corpo feminino que batia exatamente na altura de seu ombro. Por um instante, ele se perguntou o quão mais velho era do que ela. – Levante a espada. – colocou as mãos em cima das dela a fazendo posicionar a espada com a mão direita em frente a seu corpo, e com a mão esquerda deslizar suavemente os dedos pela parte debaixo da lamina. – Observe o fio da espada como brilha. – a luz que batia na lamina refletia fraco em seus rostos. – Esteja sempre preparada para atacar.

O vento passou pelos cabelos prateados trazendo as pétalas rosa da cerejeira acima deles. E em um rápido movimento, Zed manejou sua mão direita para o lado, cortando ao meio uma das pétalas que caia.

- Metido. – Syndra sorriu o fazendo rir por baixo da mascara de ferro.

Era raro as vezes que se podia ver o Mestre das Sombras sorrir ou se quer rir, mas estranhamente, a Soberana Sombria conseguia trazer aquela sensação de conforto ao ninja.

- Te machuquei? Acho que segurei sua mão forte demais. – verificou retirando sua luva preta, vendo sua pele levemente avermelhada.

- Estou bem, mas ainda prefiro meus poderes. Afinal, tenho o mundo inteiro para ser meu brinquedo.

Ela girou o corpo para flutuar junto com suas esferas que emergiram do chão, e sem perceber, havia cortado inúmeras pétalas.

- Quem é o metido agora? – Zed guardou a espada na bainha. – Bem, o que mais você pode fazer com esse seu poder?

- Posso fazer tudo o que eu quiser e imaginar, apenas sou limitada a vida. – sentou em cima de uma de suas esferas. – Eu consigo transferir uma ferida de uma pessoa para a outra, posso matá-la de quantas formas eu quiser, mas não posso trazer alguém de volta a vida ou dar vida a algo. Por enquanto...

- Hunm... Não acha que esta indo longe demais?

- Posso fazer o que eu quiser. Meu poder é ilimitado.

De repente, uma forte explosão encheu seus ouvidos.

- O que foi isso!?

- Parece que veio dos fundos. Não to gostando nada disso! – respondeu Zed de mau humor segundos antes de a maga desaparecer de sua frente.

- Mestre!!! – berrou um de seus discípulos se aproximando as pressas. – O armazém onde ficam as armas, – disse ofegante. – está pegando fogo!

Rapidamente, Zed correu até o local com alguns homens de seu exercito o seguindo logo atrás com baldes de água em mãos, mas pararam quando reconheceram a silhueta feminina por entre a densa fumaça em frente ao armazém em chamas. A Soberana Sombria tinha o lado direito do corpo ensangüentado, o liquido vermelho escorria por seu rosto até seu pescoço, de seu braço até seus dedos que pingavam, e de sua cintura até as cochas. Ela direcionou os enfurecidos olhos roxos em direção ao ninja, então, voltou a olhar para frente elevando a mão esquerda ao fogo criando uma enorme esfera negra que engoliu as chamas se desfazendo de toda a fumaça. O armazém estava quase ao pó, mas não pareceu ser um problema para a maga que envolveu com seu poder os restos de madeira queimada, as erguendo para reconstruir o local. E em segundos, o local estava novamente inteiro como se nada tivesse acontecido.

- U-ual! – expressou um dos ninjas maravilhado com o poder, deixando o balde cair.

Zed manteve a atenção em Syndra que colocou os pés no chão desfazendo as esferas ao se aproximar ainda com a postura ereta.

- As armas não sofreram dano. – avisou normalmente segurando o braço direito que pingava por seus dedos. – Você pode verificar se quiser.

O Mestre das Sombras deu sinal para os homens irem verificar enquanto a jovem deu um passo para frente passando por ele desequilibrada, e antes que caísse no chão, a segurou pelos ombros. Algo estava errado, seus olhos estavam vagos demais...

- Você esta bem?

- Sim... – mentiu, sua voz saindo quase um murmúrio.

-Tsc! – trincou os dentes irritado. – Você mente muito mal.

Ele retirou o elmo da maga e o colocou no chão antes de se encurvar um pouco passando o braço por suas pernas fracas para levantá-la no colo. Não se surpreendeu por não haver reclamação por parte de Syndra, era quase obvio que estava perdendo os sentidos com aquele cheiro familiar de veneno e pólvora que vinha ainda do ar, um veneno comum entre os ninjas para alterar os sentidos e ter a chance de atacar o inimigo.

- Consegue me ouvir?

A maga balançou a cabeça positiva e encostou sonolenta no ombro do homem.

- Ótimo. Confie em mim, eu estou com você agora. – seu corpo estava cada vez mais mole e relaxado. – Se concentre e escute apenas minha voz. – a orientou quando viu fechar os olhos pesados, desmaiando. – Ei! Syndra! Olhe para mim. – a ajeitou em seus braços, trazendo de volta a atenção dos vagos olhos prateados que enxergava tudo embaçado. – Respire fundo. – disse ao escutá-la arfar, e só então, percebeu o enorme arranhão em seu braço direito com algumas queimaduras em volta. – Eu vou matar aquela desgraçada...! – murmurou enraivecido.

Zed sabia perfeitamente com quem a Soberana tinha lutado, e não gostava nada da idéia, mas deixou a raiva de lado ao se preocupar com o estado de delírio em que Syndra se encontrava. Ele se agachou segurando firme o corpo da jovem contra o peito enquanto retirou de dentro da armadura uma pequena seringa de liquido vermelho o qual inseriu em cima da ferida do braço direito.

- Isso deve resolver. – voltou a pegá-la nos braços ao se levantar e caminhar para dentro do templo até seu quarto. – Esta se sentindo melhor? – perguntou para a maga que não o respondeu, apenas direcionava os olhos de um lado para o outro, os piscando ao voltar a enxergar claramente. – Pelo jeito você não esta acostumada com veneno, não é?

- Vocês lutam de uma maneira bem suja. – voltou a falar com desgosto.

- Nem todos, mas caso aconteça de novo, apenas não perca o controle. – a colocou no chão com cuidado. – Está realmente se sentindo bem? – perguntou preocupado passando a mão em sua testa, deslizando os dedos por seu rosto para limpar o sangue.

- Sim. Não precisa se preocupar.

- Não minta para mim. – a olhou serio. – Você foi envenenada, se não me disser o que sente não posso ajudá-la.

- Não estou mentindo. Eu estou bem. – sorriu.

O ninja a encarou, realmente ela não estava mentindo. Um alivio o percorreu por não ter sido mais que um veneno comum. Ele rasgou um pedaço de sua roupa vermelha e enfaixou apertado o braço de Syndra que tinha apenas o sangue sujo no corpo.

- Obrigada. Isso não vai acontecer de novo. – garantiu a si mesma. – Para o seu bem, espero que tenha terminado com aquela Akali. – avisou. – Eu vou acabar com a raça daquela garota! – disse calmamente fria com os olhos cheios de ódio.

- Como eu pensei, foi um deles... – pensou Zed já desconfiado. – Não diga bobagens. Akali é apenas uma inimiga.

- Desde quando anda se encontrando com ela? – enfrentou colocando as mãos na cintura, o encarando.

- Hã!? Eu nunca me encontrei com ela.

- Claro, e ela saiu correndo daqui destruindo tudo porque quando eu cheguei? – cruzou os braços irritada.

- Esta dizendo que eu tenho um caso com ela?! Você esta maluca!

- Se você mesmo esta dizendo...

- Você só pode estar brincando...!

- Você nem mesmo percebeu que aquela vadia estava aqui!

- Eu estava distraído, sua idiota! Você acha que eu fico meditando o dia todo como você!? – respondeu irritado.

- Como é!? Então você acha que eu não faço nada!? Eu devia ter deixado tudo isso aqui afundar com a sua lerdeza! – o cutucou.

- Eu sou lerdo!? Não foi eu o fraco que estava passando mal com um simples veneno!

- Repete quem é o fraco... – disse em voz baixa com seus olhos brilhando ameaçadores.

- Não me obrigue a fazer isso... – ele respondeu no mesmo tom fazendo as lanças nos braços aparecerem.

Eles se encararam enraivecidos, mas logo abaixaram as armas e viraram os rostos.

- Arhg! Como você é irritante! – os dois falaram ao mesmo tempo, voltando a se entreolhar em silencio por alguns instantes, surpresos pela coincidência.

Syndra suspirou pesado ao dar as costas para o ninja.

- Ei! – Zed segurou o braço da maga antes que saísse. – Porque esta tão irritada?

- Não estou irritada. – respondeu normalmente o olhando indiferente. – Você não me deve satisfação alguma do que faz com a sua vida.

- Tsc! Pare com esse ciúmes ridículo! Você sabe que você é a única que eu desejo! – disse sem pensar.

Syndra o olhou surpresa, boquiaberta, só então Zed reparou no que havia dito.

- Ah merda! Esqueça o que eu disse. – soltou o braço da maga ao se afastar, mas ela o puxou de volta.

- Esta falando serio? – perguntou normalmente, ainda sem acreditar nas palavras.

Zed retirou a mascara e rapidamente puxou Syndra pela cintura aproximando seu rosto do dela ao pressionar seus lábios no lábio inferior da maga antes de abrir a boca passando a língua lentamente pela dela. Um beijo tão calmo, mas ao mesmo tempo, tão quente! Zed a levantou a pegando no colo sem se afastar daqueles doces lábios avermelhados caminhando até a cama ao lado sentindo os dedos frios de Syndra em seu rosto quando a deitou no colchão apoiando o corpo com o braço direito flexionado por entre os fios de seu cabelo prateado espalhados pelo lençol branco enquanto a mão esquerda estava em sua coxa presa por entre suas pernas. Ele deslizou a mão de sua coxa pelo tecido de sua saia, passando os dedos por sua cintura antes de tocar-lhe o rosto explorando ainda mais sua boca. Seus lábios se movimentavam de um lado para o outro, seguindo o ritmo de suas línguas quentes que os mantinham com a respiração presa e o coração acelerado naquele ar abafado. Syndra apertou os dedos no ombro de Zed quando ele deslizou mais uma vez a mão para sua cintura, apertando sua pele enquanto descia os lábios por seu pescoço até o tecido entre seus seios, mas parou quando estava prestes a retirar as fivelas que prendiam a cintura no corselet. O ninja suspirou pesado se afastando do pescoço da jovem.

- Você tem que parar de me provocar, Syndra! Você me deixa louco! Mas que droga! – avisou irritado sentindo a respiração ofegante de Syndra chocar-se com a sua. Desprevenida, ele passou a língua por seu pescoço a fazendo arrepiar antes de se afastar com um sorriso malicioso. – Eu não vou me segurar da próxima vez. – levantou vendo a maga o olhar emburrada, mas segurou sua mão quando a estendeu para levantá-la do colchão.

- Não pense que haverá uma próxima vez. – sorriu provocativa.

- Humpf... – virou o rosto desviando dos olhos prateados ainda com o coração acelerado. – Saia logo daqui. – respirou fundo tentando se acalmar caminhando até a janela, vendo a calmaria lá fora.

A Soberana Sombria permaneceu calada, apenas suspirou pesado, quase como um alivio antes de se dirigir até a porta. O Mestre das Sombras voltou a olhá-la, e por um segundo, aquele suspiro o fez se arrepender do que tinha feito. Não queria obrigá-la a nada, mas a vontade e o desejo o controlaram mais rápido. Ele rapidamente projetou uma sombra em frente à maga trocando de lugar, a fazendo parar a centímetros de seu corpo.

- Desculpe se a assustei. – pediu ao encostar os lábios no topo da cabeça dos cabelos prateados. – Eu nunca a machucaria.

- Eu sei. – ela o olhou calma sorrindo gentil. – Eu não me importo se for com você.

Surpreso, Zed sentiu o coração novamente dar um salto. A ultima coisa que esperava saber era que a maga que tanto desejava o desejasse também.

- Tsc... Você esta me provocando de novo. – avisou ouvindo a sonora risada da jovem que se divertia com a situação. O ninja sorriu por um breve momento, mas se distraiu ao ver o braço enfaixado de Syndra. – Tem certeza que não esta se sentindo mal?

- Quantas vezes você vai me perguntar isso? – disse de mau humor, colocando as mãos na cintura. – Eu já disse que estou bem.

- Acho melhor você ficar aqui esta noite.

- Não confia em mim? – perguntou.

- Não confio nela, entenda. – respondeu. – Não irei lhe prender, mas quero que fique. Não vou atrás de você para te proteger. – disse serio.

- Eu não preciso da sua proteção... – ela voltou a sorrir gentil antes de passar pelo homem e ir até a porta, mas parou com os dedos na maçaneta. – Mas, eu vou ficar. Eu gosto da sua companhia. – voltou a olhá-lo. – Obrigada... por tudo.


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Notas finais do capítulo

Não sei se sou muito boa descrevendo certas situações, mas espero que tenha conseguido passar a emoção e que tenham gostado. Comentários, criticas, sugestões? Sou toda ouvidos, kk'...