É uma coisa meio complicada de se falar escrita por Julinha


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Então, eu tô nervosa.
Sério, não sei como eu consegui coragem pra postar essa fic, gente. Meu Deus. Mas aqui estamos.
Recebi três reviews na primeira até agora, WEE. Muito mais do que eu esperava x)
Foi realmente bom ler os comentários e ver que as pessoas que leram gostaram da história. Mas eu tô enrolando, vamos logo com isso.
Boa fic! A gente se vê lá em baixo x.x



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Era hoje. Tinha de ser hoje. Hoje iria jogar tudo na cara dele, seria direto. Sabia o que tinha de fazer. Afinal, não acreditava que poderia sentir isso algo parecido por outra pessoa.Tinha de ser ele. Principalmente depois da ultima festa de aniversário da turma, quando eles tiveram aquele “pequeno acidente” no banheiro. Claro que, pra isso, primeiro ele tinha que passar pela multidão da saída.

– Martín? – gritou o moreno enquanto corria, tentando atravessar o mar de estudantes desesperados pra irem pra casa. – Ô, loiro! Não, não você, nem te conheço. – empurrou um garoto que se virou – Tincho!

Martín, que estava conversando com seu irmão, Sebástian, se virou procurando o dono da voz.

– Luci, onde você estava? Matou a ultima aula? – Sebástian perguntou.

– Terminando um trabalho de geografia aí. Matéria mais desnecessária, na moral. Tincho, - ele começou, enquanto se virava para o amigo – então, você está muito ocupado? Vai fazer alguma coisa de importante agora depois da escola? – perguntou enquanto olhava para qualquer lugar que não fosse os olhos de Martín e segurava as alças da mochila fortemente.

– Na verdade não. Mas estou faminto. Almoço contigo, já que está tão desesperado. – suspirou, arqueando uma sobrancelha, naquele jeito arrogante que somente ele sabia fazer, mas que Luciano adorava.

– Ah, nós vamos almoçar? – Sebástian disse animado - Ótimo, então eu vou ligar propapae... – Luciano o olhou e levantou as sobrancelhas – ah. Ah, entendi. Eu vou pra casa então. Juízo, vocês dois. – e saiu, ajeitando os óculos.

– Seb,hermano, onde você vai? Droga... – Martín soltou, exasperado. Há dias ele não estava querendo ficar sozinho com o brasileiro por muito tempo. Vinha sentindo umas coisas estranhas de uns tempos pra cá e... estava com medo. Medo dele mesmo, olhe só que ridículo.

– Tincho? Você está legal? – Luciano sacudiu a mão na frente do rosto de Martín. O enorme sorriso que tinha no rosto pareceu murchar ao perceber que Martín não estava prestando atenção em si.

– Hãn? Ah, sim, claro. Estava pensando no que iríamos comer,brasileño.– Martín tratou de mudar de assunto, para evitar perguntas desnecessárias.

– Alguma sugestão?Coisas baratas, por favor.Eu ainda sou um estudante do ensino médio bancado pelo pai mão de vaca. – Luciano soprou a franja.

– Nós podíamos ir comer algum lanche, sei lá. Fast – food? Não é lá muito caro.

Luciano deu uma risadinha maliciosa, mirando o amigo de cima a baixo. Martín corou.

– Tem certeza, companheiro?

– Claro que tenho,boludo.Que quer dizer com isso? – Martín franziu a testa, na defensiva. Luciano não disse nada, deu de ombros e saiu andando na direção da lanchonete mais próxima. Tincho pensou que poderia muito bem desistir de seguir aquele presunçoso maldito e ir comer a comida de seupapaem casa, no conforto. Mas alguma coisa o empurrava na direção do menor. Então ele foi.

– Ei,boludo,espere. O que você queria dizer com “tem certeza, companheiro”? – Martín repetiu, fazendo uma voz aguda e afeminada. Luci o olhou com deboche e revirou os olhos.

– Tá vendo essa banha caindo pra fora da calça, meu amor? Então.

Martín corou. E deu um tapa na cabeça de Luciano.

– Retardado, pra que isso? – Olhou para Martín, meio rindo, meio xingando.

– Eu. Não. Estou. Gordo!

– Olhe, eu sei que é um assunto delicado, e tal. Mas que você tá gordo, isso tá. Aquelas latas de dulce de leche que você come tinham que ir parar em algum lugar, concorda? – O moreno disse rindo.

– Olha aqui,brasileño, cuidado com essas palavras. Ou eu falo umas coisas piores que você não vai gostar. – Martín ameaçou, os olhos como fendas.

– Sou um livro aberto, coração. – Luciano abriu os braços, debochado – Não há nada que você possa falar que me ofenda.

– Te conheço de outros carnavais, Luciano. Faça - me o favor. – Luciano se virou e rosnou baixinho. Era pra ser uma tarde especial. Não uma tarde normal em que os dois quase pulavam no pescoço um do outro.

– Eu decidi ignorar esse seu comentariozinho ordinário aí, porque não sou obrigado. Vamos logo pra essa droga de fast – food. Quem sabe a gente até encontre o Alfred lá. – Disse maliciosamente, sorrindo despretensioso ao notar que o loiro rolara os olhos. O ciúmes de Martín em relação à Alfred nunca fora muito escondido. Não que ele soubesse que o moreno sabia.

– E que diferença faz se o Alfred vai estar lá?

– Ah sei lá, a gente pode chamar ele também, já que a minha presença lhe é tão desagradável. – Luciano falou encolhendo os ombros.

Martín franziu as sobrancelhas. – Eu nunca disse isso.

– Aham. Mas em algum momento quis dizer, que eu sei.

Martín bufou e não disse mais nada até chegarem ao restaurante. E, para seu enorme descontentamento, sim. Alfred estava lá. Alfred era filho de um imigrante inglês, nascido nos EUA. Veio para o Brasil junto do pai e do irmão com dez anos de idade, e mesmo depois de quase mais dez anos, ainda misturava português e inglês.

Luci, wazzup!– O loiro levantou a mão direita para um high – five com Luciano, que fez o mesmo, sorrindo. Martin fez questão de desacelerar o passo o quanto fosse possível. Luciano fingiu não notar.

– Oi, Al. Como vai o tio Arthur e o Matt? – Luciano perguntou, dando um soquinho na mão fechada do amigo.

– Vão bem. Como vaiMr.Afonso?Oh, hi Martin.

– Martín. Oi. – Martín começou a olhar em volta, ignorando o loiro.

– Vai indo, obrigada por perguntar. – Luciano continuou, ignorando a maravilhosa educação do amigo. – Vai fazer alguma coisa agora?

– Vou. Sabe, eu consegui uma bolsa integral no MIT. Mas eles não vão pagar a passagem daqui até lá, quando eu sair daqui vou pro trabalho arranjar umas verdinhas. – Alfred bufou, mas dava pra ver que ele estava bem entusiasmado. Luciano sorriu.

– Sério? Caraca, cara, meus parabéns! Tio Arthur deve estar em êxtase! Vai indo, então, que ainda tenho que almoçar e tentar terminar o colegial.

Well, good luck, mate.See ya.Tchau, pra você também, Martin.

– Tchau. Boa sorte na faculdade. E meu nome é Martín. Ín.

Thanks. Bye!– E saiu acenando, indo em direção ao seu carro.Já vai tarde.Martín disse em pensamento. Por fora ele poderia estar acenando normalmente para Alfred, mas por dentro ele saltitava por ele estar indo embora. Não o entendam mal, era só que, quando Alfred F. Jones estava por perto, era difícil conseguir um pouquinho da atenção de Luciano. Competir com uma amizade de infância é coisa pros fortes.

– Martín! Anda logo. – Luciano o chamava, passando pela porta do restaurante.

– Claro, não me apresse.

Luciano entrou com Martín em seu encalço. Luci, é claro, sempre acenando pra todos. E Martín atrás, vez ou outro lançando um sorriso torto para alguém que eles conheciam da escola de vista.

– Vai querer o que? – Perguntou Luciano se virando para Tincho. Martín levantou o olhar e pediu o de sempre quando eles iam ali naquele restaurante. Luciano fez o pedido e acabou pegando o de sempre também. Cada um pagou o seu (porque Martín não deixou Luciano pagar o seu, como sempre) e levaram as bandejas até uma mesa.

Depois de dois minutos comendo e no silencio, Martín começou a se irritar. Pegou o copo descartável e sugou ruidosamente no canudinho, fazendo Luciano olhar para ele com uma sobrancelha levantada.

– O que é que foi, hein? – Luciano perguntou, arrancando um pedaço do seu hambúrguer.

– Não foi nada. Só fiquei impressionado por você ter ficado quieto. Só. – colocou o copo sobre a mesa novamente, e recomeçou a comer o lanche esquecido pela metade dentro da caixinha. – Me passa um ketchup, por favor? Obrigado.

Luciano passou – lhe o ketchup e sorriu, não conseguindo acreditar. Martín – sim, Martín – estava com ciúmes, acredite se quiser.

– Ora, vejam só. Quem diria, não é?

– O que? – o loiro resmungou olhando para a porta.

– Você, meu amigo, está com ciúmes. – Apoiou a cabeça nas mãos e lhe sorriu docilmente. Martín lhe encarou indignado.

Yo?Ciúmes?Estás loco, hombre.Porque eu teria ciúmes de alguma coisa?

– Alguma coisa nada, de mim. – Luciano sorriu, feliz da vida. Martín balançou a cabeça, debochado.

– Claro que não, que bobagem.

– Se é o que você diz. Mas, aproveitando... eu gostaria de te dizer uma coisa que eu... quero dizer há algum tempo, já. – O sorriso diminuiu. Jogou o restico de lanche que não conseguiu comer dentro da caixa, pegou o copo de refrigerante e ficou girando – o na mão, para elas não tremerem.É agora ou nunca.Martín mordeu mais um pedaço do seu hambúrguer e olhou para Luciano, erguendo as sobrancelhas para dizer que estava esperando.

– Então, é pra hoje?

– Ai, claro que é pra hoje, é só que... é uma coisa meio complicada de falar. Me diz, como é que alguém diz pro melhor amigo, que te conhece desde que vocês eram pequenos, que você está apaixonado e quer tentar... alguma coisa mais séria? – O olhou esperançoso, esperando que ele entendesse. Martín baixou o copo e olhou para Luciano.Mas que droga, ele veio aqui pra me falar... do Alfred?

– Olha, Luciano, se você gosta do Jones conta pra ele. Tenho certeza que ele vai entender, e se não gostar de você, com certeza não vai ser um maldito babaca e te humilhar, nem nada do tipo. – pegou o copo de refrigerante e o levou o canudo até a boca, fingindo estar indiferente.

– Mas não é dele que eu tô falando... – Luciano se afundou um pouco mais na cadeira e bebeu mais coca.Drogadrogadrogadrogadroga.– Eu to falando de você, Tincho.

Martín engasgou um pouco, então tirou o canudo da boca e colocou o copo de refrigerante de volta na mesa. Ficou encarando a bandeja por um bom tempo antes de olhar para um fio de cabelo de Luciano, evitando mirar seus olhos.

– O que... você quer dizer exatamente com isso,boludo?

– Eu acho que eu fui até que bastante claro, Tincho. Não me faz repetir, tá.

Martín assentiu e começou a comer as batatinhas, até agora intocadas. Luciano fez o mesmo, com o cenho começando a franzir. Os dois permaneceram em silencio até terminarem.

– A gente já pode ir, se você quiser. – Martín começou, até ver a cara de Luciano. Só digo que não era muito boa. Luciano assentiu e se levantou. Andou fazendo um pouco de barulho até a porta do estabelecimento e saiu, sem esperar por Tincho, que saiu correndo para alcança – lo.

Os dois andaram em silencio até chegar à casa de Martín, que era a mais perto. Luciano não entrou e nem gritou para Antonio e Lovino como sempre fazia. Nem se despediu alegremente de Martín também. Só disse que hoje não poderia se atrasar, de cenho franzido, e começou a andar na direção do seu bairro, que era duas quadras na frente. Martín não podia mais aguentar aquilo. Respirou fundo e gritou seu nome. Luciano se virou na sua direção.

– O que é que você quer agora? – disse ríspido.

– Nada, só não quero que você fique bravo comigo. Aliás, sem nem eu saber o motivo.

– Bom, é bem difícil de saber, né? Eu me declaro, dou o primeiro passo e então você simplesmente fica quieto. Silêncio. Nada mais sai dessa sua boca, o que devo dizer é um evento raro. O que qualquer pessoa iria pensar? Que foi rejeitada! Só te digo que isso não é lá um sentimento muito agradável. Agora, se era essa sua dúvida, ela foi esclarecida. Eu vou indo, tchau. – e começou a andar. Martín tomou coragem a marchou até ele. Segurou seu braço e virou Luciano para sua direção.

– Ah, não seja babaca, por favor. Realmente não ache que você fosse lerdo a esse ponto. – E encostou bruscamente os lábios nos do moreno. Luciano encarou as pálpebras de Martín, de olhos arregalados. Lentamente, foi os fechando, enquanto enlaçava os braços no pescoço do loiro. Martín levou as mãos do braço de Luciano para a sua cintura, lamentando não poder passar as mãos pelas suas costas devido à mochila. Quando o ar lhes faltou, se soltaram, olhando um para o outro e rindo, ainda abraçados. A porta da frente da casa abriu de uma vez, e Sebastián apareceu ali. Encostado no batente e de braços cruzados.

– Sabe, até que já tava na hora. Vocês dois são muito lentos, nossa. Papai mandou vocês dois pararem de se enroscar e entrarem. Lovino fez macarronada com molho caseiro. Não demorem. – E entrou em casa resmungando algo sobre odiar estar solteiro.

– Você ainda está com fome? – Martín perguntou enquanto soltava Luciano do abraço, levando a mão esquerda até a nuca e lhe mandando um sorriso envergonhado.

– Claro, eu não perco a macarronada do tio Lovino por nada. – o moreno lhe respondeu, entrelaçando uma das mãos na do loiro.

Luciano lhe roubou um selinho e andou até a porta, gritando para os tios.


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Notas finais do capítulo

Deram sete páginas no word e aqui a one nem parece tão grande assim, blu.
Mas enfim, obrigada por chegar até aqui, colega! Tenta postar um comentário, por favoor, mesmo que seja xingando a fic: qualquer coisa é bem vinda!
Escrevi a fic faz um tempinho, então qualquer erro escandaloso vocês me avisem.
Adiós, até qualquer hora!
xoxo



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