Numa noite fria e escura, não tendo a luz da lua para iluminar as ruas de Nova Iorque, Esme Platt foge com dois pequenos embrulhos no colo. Com o coração acelerando e quase pedindo ar, mesmo assim ela não pensa em parar, pois o que corre atrás dela é o marido Charles Andersen.

– VOLTA AQUI! - grita ele

Esme não responde, apenas tem a preocupação de pelo menos pôr a salvo aqueles dois pequenos embrulhos que não se sabe o que é! Chegando à porta da Catedral, ela tenta bater na porta gritando "AJUDE-ME, POR FAVOR AJUDE-ME".

Charles apanha-a empurrando-a para o chão, pega nos embrulhos e quando vai a ver, são apenas duas recém-nascidas a dormir tranquilamente. Uma tem os cabelos castanhos da Esme , a outra tem cabelos pretos.

– Ora, afinal são recem-nascidos! - diz ele com ironia - De quem são estes bebés Esme? - Esme ainda no chão olha para as filhas muito aflita - Não respondes? Desde quando é que ficaste mal educada?

– Platt! - chama o padre - Deixa-as! Ela pediu protecção, vais ter que obedecer!

– Argh! - bufou - Ok mas daqui a uns anos, elas serão minhas e eu estarei à espera...paizinho... - a última parte falou com nojo, virou as costas dando as crianças à mulher

O padre ajuda-a a levantar-se e leva-as para dentro, dá de comida a Esme e pede para lhe contar tudo. Amargamente e com um olhar triste Esme conta depois de ficar a saber que o padre é o pai de Charles.

– Como é que é pai e padre? Pensei que os padres não pudessem ter filhos!

– E não podem... - sorriu - Mas depois de ser pai e descobrir que minha mulher me trai, percebi que tinha que mudar a minha vida, então vim para padre...

– Por isso é que quando me casei com Charle, nunca o ouvi falar dos pais...

– Então e essas meninas são filhas dele?

– Não! - ela falou triste - O filho que era dele morreu à nascença!

– São filhas de quem?

– Na verdade eu também o traí. - ela disse sentindo-se culpada - Nos olhos das outras pessoas, ele parece ser um marido carinhoso, mas comigo bate-me e viola-me vezes sem conta, então numa noite eu saí, tive uma noite e fiquei grávida...

– Não sabes quem é o pai?

– Lembro-me da cara dele, mas não sei o nome, nem sei se alguma vez mais o verei...