Palavras não ditas: "sentimentos não revelados" escrita por Serafim Rafa


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pelo erros, '-' tudo bem se reclamarem. Terminei a história quase agora e já estou postando heuheuhu. Boa leitura!



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Gustavo tinha quartoze anos e ia terminar a oitava série. Quando estudava no colégio de sua antiga cidade haviam várias garotas que gostavam dele, no entanto Gustavo não era um rapaz de iludir e ficar com garotas sem estar apaixonado por elas, por isso era bem sincero quando uma delas decidia declarar-se para ele. Na verdade tinha uma garota a qual ele gostava muito, July. Eram amigos de infância, ele não tinha tido coragem para se declarar para ela, mas no dia da festa dos concluintes da oitava série em que ela seria a sua dupla, ele decidiu que iria se declarar e pedi-la em namoro. Estava muito ansioso, pois tinha medo de estragar a amizade entre eles e não sabia os verdadeiros sentimentos dela em relação a ele.

Porém pouco antes de terminar o ensino fundamental, Gustavo teve que viajar para outra cidade por causa da doença de sua mãe. Depois de quatro anos voltou para aquela pequena cidade com muitas feridas no coração pela perda da mãe que não resistiu à doença. Voltou para viver com seu tio, um homem muito ocupado, mas que cuidava bem dele e era muito liberal, o que era ótimo. No entanto, Gustavo não conseguia aproveitar dessa característica de seu tio, pois era um garoto responsável e gentil, apesar do seu estilo meio desarrumo e com algumas tatuagens o qual ele tinha orgunho de ter, pois uma delas fazia homenagem a sua mãe. Queria encontrar sua amiga de infância July que não via a muito tempo, nem sabia se ela ainda morava ali. Não teve tempo de se despedir dela e se odiava por isso. Preferiu não se declarar a July naquela época, pois como estava indo embora sem ter certeza que voltaria, preferiu não prendê-la a um sentimento para depois partir.

Ia fazer faculdade de música, teve sorte em voltar no momento em que a cidade tinha se desenvolvido bem. Haviam surgidos várias faculdades de qualidade e ele escolheu uma ali mesmo para seguir seu sonho. No primeiro dia de aula se surpreendeu ao ver uma garota muito linda. Ela o encarou, parecia que o conhecia, porém desviou o olhar desconfortável assim como ele que também a encarava. Sentou-se no seu lugar se sentindo um pouco atordoado, se lembrava dessa garota de alguma forma, e em sua mente quando percebeu de quem se tratava não pode acreditar que ela era realmente aquela menina da sua infância.

July tinha mudado bastante desde seus treze anos, Gustavo não via mais nela traços daquela menininha inocente e gentil a qual ele tanto amava. Era difícil de acreditar, seu corpo tinha se desenvolvido bem, tinha seios fartos e lábios carnudos, cintura fina e usava roupas decotadas. Quem diria que aquela garotinha de aparelhos e óculos se transformaria tão radicalmente em uma mulher atraente.

Ele a cumprimentou e foi totalmente ignorado, Gustavo não conseguiu entender por que, "será que ela me odiava agora?" Se perguntou. Até tentou puxar conversa com July outras vezes quando ela ia à biblioteca da faculdade onde ele costumava ser voluntário, porém tinha certeza que era para dar em cima de Peter, um rapaz bonito e inteligente, no entanto totalmente egocêntrico. Engraçado como a biblioteca ficava quase cheia de garotas quando Peter fazia seu turno. Ele logo desistiu de conversar, pois as respostas dela eram sempre curtas, tipo que davam a entender "Não insisti cara, não quero conversar contigo." Gustavo entendeu o recado e decidiu não insisti mais.

E assim continuava a vida, Gustavo decidiu não se importar mais com ela e até começou a sair com uma garota chamada Emma. Ela era muito bonita, pequena como um anjo, cabelos longos e loiros, olhos verdes e seu corpo era esbelto; ele não entendeu como uma garota como ela podia gostar de um cara certinho e tão chato com ele, pois ao contrário de Peter que era um almofadinha todo arrumado, o qual Gustavo nunca parou de se perguntar por que trabalhava ali, ele era meio desleixado e não se importava muito de se arrumar, seu cabelo estava um pouco grande pelo tempo que passou sem ir ao cabelereiro e ele nem ligava. Foi Emma quem tomou a iniciativa, ela quem o chamou para sair do nada quando ele estava fazendo seu turno na biblioteca, Emma ia várias vezes, mas ele pensou que era por causa de Peter também, ele ficou com cara de bobo sem saber o que responder.

Depois de algumas semanas saindo com Emma Gabriel passou a gostar muito dela, mas ele não estava apaixonado, ele se sentia um covarde e um idiota por ficar com uma garota tão legal sem permitir que ela encontrasse um cara que realmente a amasse, porém ele não conseguia se afastar dela, Emma era uma garota carente e sozinha que tinha perdido seus pais muito cedo como havia contado a ele. Ela precisava de carinho e Gustavo estava meio que no mesmo barco.

Gustavo almoçava com Emma no intervalo e mesmo sem querer não conseguia evitar olhar para July que insistia em passar próximo à mesa em que eles normalmente lanchavam, ele achou estranho, mas deixou para lá. Emma fazia faculdade de literatura e sonhava em ser escritora, Gustavo gostava muito de conversar com ela sobre tudo, ela era não só uma garota bonita, mas era inteligente também.

Após algum tempo, eles decidiram ter a primeira vez, pois já estavam um bom tempo namorando. O engraçado é que ele estava com uma baita vergonha, pois ainda era virgem e ela revelou que também era. Eles ficaram na casa dos avós dela que haviam viajado por um tempo curto para aproveitar as bordas de ouro de casamento deixando a casa aos cuidados da neta.

Gustavo já estava familiarizado com a casa, pois já tinha estado ali várias vezes quando Emma o convidara para os jantares em família. Os avós dela eram dois velhinhos bem simpáticos e com um espírito de juventude de dar inveja. Emma tinha sorte de ter esses bons velhinhos cuidando dela, Gustavo pensou feliz e ao mesmo tempo triste.

Eles subiram para o quarto, se agarrando como dois apaixonados sedentos de amor, ela gemia quando ele mordia o lóbulo da sua orelha e apertava seus seios. Ele sussurrava que estava loucamente apaixonado por ela de uma maneira tão realista que até ele acreditou. Como se sentia tosco e tinha nojo de si mesmo.

Você é tão linda... E Emma realmente era linda, ele ficava bobo ao ver que estava saindo com essa garota que dizia que o amava. Tão perfeita. Sussurrava em seus ouvidos.

Ela o encarou com um sorriso lindo e apaixonado que deixaria qualquer cara excitado, ele se perguntou como não conseguia estar apaixonado por ela, no entanto prometeu a si mesmo que tentaria, pois não era difícil não estar apaixonado por Emma, era o que pensava, no entanto July continuava em seus pensamentos como um parasita, o atormentando. Como essa garota que o ignorava e parecia o odiar tinha esse efeito sobre ele? Foi broxante pensar em outra mulher enquanto estava beijando sua própria namorada, Emma não merecia isso. Todos os homens podem fazer sexo sem estar apaixonados por uma mulher? Ele se perguntou se talvez fosse normal, era um cara novo nesse assunto, apesar de ler e saber muito como todo homem, porém nunca teve nenhuma experiência prática, mas para ele essa não era a questão, estava diante de uma mulher maravilhosa que devia ter sua primeira vez com um cara que realmente a amasse.

Emma me desculpa. Parou antes que fosse adiante. Ele não conseguia a encarar.

O que foi? Fiz alguma coisa errada? O olhar dela ficou preocupado, ele queria dar um soco no próprio rosto por fazê-la se sentir assim.

Não é isso, eu só não posso ir adiante. Eu não te mereço... Abaixou a cabeça.

Mas por quê? Estava tudo tão legal... Não me diga que você não me ama?! Você gosta de outra? Ela colocou as mãos sobre a boca ameaçando chorar.

Emma... Ele ia começar a explicar, mas ela o interrompeu se levantando da cama exaltada, estava com a blusa desabotoada, ela o fitou com um olhar magoado.

É ela não é? Aquela vadia e puta da July? Como você consegue gostar daquela garota? Ele ficou perplexo quando a ouviu dizer isso.

Como você... Ele não conseguia falar mais nenhuma frase completa.

Eu sempre soube que você não gostava de mim de verdade, mas resolvi tentar mesmo sabendo que você gostava de outra, eu estava ali Gustavo te observando, sempre estive... Decidi tirar satisfação com July uma vez, até porque aquela vadia ficava olhando de relance para o meu namorado. E sabe o que ela me disse? Ela estava irritava de uma maneira que Gustavo nunca a tinha visto antes. Ele não reconhecia aquela pessoa a sua frente, desviou o olhar.

Não... Gustavo falou triste.

Disse que você era loucamente apaixonado por ela e que nunca você amaria alguém além dela. Falou como se estivesse cuspindo as palavras com ódio. E acho que é verdade. Concluiu.

Você está errada, eu te amo Emma, mas não posso continuar contigo porque não estou realmente apaixonado por você, você merece alguém que realmente vala a pena, eu tentei me apaixonar, mas não consigo. Perdoe-me. Se levantou da cama, pegando a camisa que estava no chão.

É assim que vai acabar? Depois de tanto tempo... Você não pode fazer isso comigo! Ela se aproximou de Gustavo dando socos fracos em seu peito e chorando, ele a abraçou forte, ela relutou um pouco, mas se deixou ser abraçada.

Você é a mulher mais incrível que eu conheço, eu sou um idiota, reconheço isso e é por esse motivo que eu não posso mais ficar contigo. Ele teve vontade de chorar, porém não se achava no direito.

Idiota! Ele ouviu o grito dela abafado no seu peito.

Concordo contigo. Ele sorriu sem graça. Te amo Emma, você merece tudo de bom e isso eu não sou. Ele deu um beijo em sua testa e a deixou sozinha se retirando do quarto.

Emma era uma garota forte, ele sabia. Gustavo voltou a sua vida de solteiro. Os dias se passaram e Emma começou a o ignorar também. Ele entendia os motivos dela.

Estudar na mesma turma que July era a pior forma de tortura para Gustavo, porém aos poucos ele aprendeu a ignorá-la do mesmo jeito que ela fazia. Sem querer olhava de relance para ela, vendo a sorrir e conversar alegremente com seus amigos, no entanto ele via um olhar triste e o sorriso dela parecia falso. Quando July encontrava o olhar dele ela desviava no mesmo instante.

Um dia July foi à biblioteca como de costume. Ele soube que ela começou a namorar com Peter, ele era um cara legal, mas Gustavo não gostava da opinião dele sobre as garotas, pois ele pegava todas e as tratava como objetos, era um cara egocêntrico. Não era da conta dele, ele decidiu não se importar com quem ela saia.

Estava arrumando umas prateleiras quando July chegou próximo a ele, parecia preocupada. Ela perguntou por Peter, o que o surpreendeu, Peter não tinha aparecido e isso até ele estranhou.

Ele é seu namorado, você que deveria saber. Falou rudemente.

Você trabalha com ele, pensei que soubesse. Colocou as mãos na cintura irritada. Você poderia, por favor, pegar o livro de Filosofia que a professora falou, eu não consigo alcançá-lo na prateleira. Disse o fitando com um olhar de felina. "Como essa garota podia ser tão irritante e fodidamente linda?" Se perguntou.

Use aquele banquinho ali nanica. Usou a cabeça para apontar um pequeno banco que estava perto do balcão.

Eu que não vou subir naquilo. Disse ofendida.

E eu que não vou parar meu trabalho para ajudar alguém que poderia fazer isso sozinha. Falou sem se importar.

Você é um chato e mal educado! É o seu trabalho atender as pessoas. Disse indo em direção ao balcão. Gustavo riu sem graça.

Eu sou voluntário, não escravo. Respondeu sarcasticamente.

Ela se atrapalhou para mover o banquinho até a prateleira, fazendo Gustavo rir, essa July meio desastrada ele se lembrava bem.

Pare de rir idiota! July disse irritada.

Vou te ajudar antes que derrube a prateleira, até porque vai sobrar para mim depois se você estragar qualquer coisa. Gustavo foi até July que já havia subido no banco.

Agora que você vem? Não preciso de sua ajuda mais! Ela o ignorou, o livro ficava realmente no topo da prateleira que era bem alta, ela ficou na ponta dos pés, mesmo sobre o banco. O que ocorreu em seguida foi quase como flash. July se desiquilibrou caindo para trás, mas Gustavo foi mais rápido e a pegou antes que ela caísse no chão. Seu coração batia forte pelo susto, ela segurou a camisa dele tremendo um pouco.

Obrigada... Falou o encarando.

Não me assuste desse jeito pequena. Ele havia se ajoelhado com ela em seu colo, e aquele momento se tornou desconfortável porque estavam se encarando sem nada dizer. Gustavo tirou um pouco de cabelo do rosto dela.

July eu... Ele pensou um pouco. Por que você me trata assim? Eu fiz alguma coisa de ruim pra você? Finalmente conseguiu perguntar o que estava entalado em sua garganta por tanto tempo.

Você nasceu, simples não? Ela se desvencilhou dos seus braços saindo em direção à porta.

Hey! Você não ia levar o livro?! Exclamou percebendo que tudo foi por água a baixo. Ela não o respondeu. "Como as mulheres são complicadas"; pensou.

Alguns dias se passaram e July não falou mais com ele, como sempre. Ela ia à biblioteca apenas para ver Peter, Gustavo odiava isso, porque via Peter dando em cima das outras garotas.

Em um dia que não era seu turno na biblioteca teve que voltar para a faculdade correndo, pois tinha esquecido o seu trabalho para o outro dia no balcão, já era noite e a biblioteca estava trancada, porém os voluntários tinham uma cópia da chave para qualquer eventualidade. Ao colocar a chave percebeu que já estava aberta, entrou um pouco desconfiado, as luzes estavam desligadas, "talvez Peter tenha esquecido de fechar, aquele idiota." Ele pensou.

Ligou as luzes, pensou ter ouvido um choro. Pegou o trabalho que por sorte ainda estava no balcão quando percebeu que a porta do pequeno quartinho onde costumavam guardar muitos materiais, estava aberta. Decidiu ver se tinha alguém ali, estava com receio. Quando abriu viu alguém acocorado segurando os joelhos e soluçando, era July. Ele imediatamente se aproximou dela se acocorando a seu lado.

O que aconteceu? Perguntou preocupado e não obteve resposta, ele então se irritou e segurou os pulsos dela fazendo com que o encarasse, seu olhar estava triste e assustado, sua blusa estava um pouco desabotoada e seus cabelos desarrumados. July não me diga que... O olhar de Gustavo se encheu de ódio. Vou matar aquele desgraçado.

Não é da sua conta! Falou histérica.

Como não é da minha conta sua idiota? Falou rudemente. Acha mesmo que vou deixar ele fazer isso contigo e sair sem pagar?! Serrou os dentes.

Por favor, não se intrometa... Implorou. Foi minha culpa...Eu fui uma idiota. Começou a chorar novamente.

Com certeza você foi... Concordou com ela. July, vamos embora. Ele tirou o seu casaco e colocou sobre seus ombros. Quando ela se levantou a pegou no colo.

Hey eu posso andar! July tentou se desvencilhar dele.

Fique quieta e não reclame. Disse autoritário, July nunca o ouviu falar daquele jeito se calou mais por surpresa do que por obediência.

Gustavo a apertou contra seu tórax fazendo com que o coração dela acelerasse, ela não disse nada, por enquanto só queria descansar e esquecer aquele garoto nojento. Se sentia segura nos braços dele, aquele garoto que sempre a protegeu no colégio, o garoto que era seu melhor amigo, pelo qual ela era totalmente apaixonada, mas não tinha coragem de dizer, se lembrava que ele a convidou para o baile na oitava série, pensou que fosse só brincadeira e não levou nada a sério pelo modo que ele agia sempre bobo e brincalhão, não deu nenhum significado aquela atitude. Ela tinha decidido que ia se declarar para ele, porém antes disso ele se mudou para longe sem dar respostas, sem se despedi o que a magoou muito.

Vou te levar para casa. Gustavo tinha seu próprio carro de segunda mão dado pelo seu tio, não era nenhum luxo, mas ele gostava muito dele.

Eu não quero ir para casa agora... July falou segurando a camisa dele.

E para onde você quer ir então? Sua respiração batia no rosto dela, seu cheiro a sufocava e ele a mantinha em seu colo como algo precioso que não pudesse largar.

Agradeceria se você me pusesse no chão, não é como se eu estivesse com as pernas quebradas ou algo do tipo. Disse emburrada.

E perder a oportunidade de ter em meus braços? Não mesmo, você continua aí. Sorriu para ela a fazendo corar.

Ele ainda abalava o seu coração como sempre. Começou a ir a biblioteca só para o ver, tinha vergonha de falar com ele e Peter ficava dando em cima dela toda vez. Quando ele começou a namorar com aquela garota, ficou irritada e decidiu se vingar ficando com Peter, pois achava que ele era amigo de Gustavo. Não conseguia parar de encará-lo quando o via com a namorada. Emma veio tirar satisfação e ela inventou uma história que surtiu efeitos mais do que ela queria que tivesse. Na verdade tinha raiva e vergonha da garota que havia se tornado, mas muitas coisas aconteceram, obrigando-a a mudar.

Me leve para sua casa. Decidiu de repente.

Sério? Gustavo ficou perplexo.

Por favor, só por hoje... Pediu manhosa.

Você está louca? Eu não posso... Ele parou quando viu o olhar dela tão pidona que destruiu todos seu argumentos, como ele odiava isso. Ok, meu tio não está hoje... Como sempre. Ele parecia envergonhado, sua bochechas estavam vermelhas.

Você está pensando besteira? Homens! Ela disse irritada e depois gargalhou.

O que você queria? Uma garota linda pede para ir a minha casa e você quer que eu não pense besteira? Puta que pariu July... Ela continuou a sorrir com a reação dele. Gustavo ficou bobo com a gargalhada dela que permanecia a mesma depois de tantos anos. Colocou-a no chão pesaroso por se afastar do seu corpo, mas tinha que abrir a porta do carro.

Permaneceram em silêncio durante o trajeto, ele dirigia calmamente. Gustavo colocou a música para tocar e coincidentemente era aquela que ele lembrava que ela amava. July começou a cantar "I like the way you lie" de Riahanna em parceria com Eminem.

Você canta muito bem. Ele falou sem tirar a atenção do volante.

Obrigada. Ela disse feliz, mas continuou a música e na parte em que Eminem canta o rap Gustavo começou a cantar também. Ela gargalhou, quando ele se perdia pelo ritmo muito rápido da letra.

Cara, continue só nos instrumentos mesmo. Zombou dele.

Aí que bicha má, magoo. Gustavo falou brincalhão fingindo estar ofendido.

Ela tocou seu ombro de leve. Não conseguia parar de rir, ele tirou uma das mãos do volante quando parou no sinal, tirou a mão dela do seu ombro e a segurou firme, July retribui o aperto, não a soltando até que o sinal ficou verde e ele teria que usar as duas mãos.

Chegando na casa do tio de Gustavo, ele perguntou se ela queria alguma coisa para comer, ela negou e apenas se sentou no sofá da sala.

Posso tomar um banho? July o perguntou não sabendo que essas pequenas atitudes acabava com o racional de Gustavo que estava lutando contra seus instintos.

Tudo bem. O banheiro fica lá em cima à direita, segunda porta. Ele não fez muitas perguntas, não a questionou do porque ela ter decidido ir com ele. Sabia que aconteceu algo que ela não queria contar e ele decidiu não forçar.

Ouviu-a gritar seu nome pedindo uma roupa.

Não temos uma mulher aqui em casa garota. Respondeu alto.

Sua camisa serve. Ela gritou novamente, fazendo Gustavo ruborizar. Ela sorriu, imaginando a reação dele.

Essa garota me deixa louco. Murmurou para si mesmo.

Estava na cozinha preparando uns sanduíches. Subiu até seu quarto de onde tirou uma camisa do guarda-roupa e levou para o banheiro que ficava a uma porta à direita. Ela abriu uma brecha na porta, estendendo o braço para pegar a camisa.

Obrigada. A ouviu sussurrar.

Depois do banho ela desceu as escadas e ele a ofereceu o sanduíche que apesar de ter dito que não estava com fome o devorou rapidamente.

Ok, agora pode me dizer o que aconteceu? Gustavo quis saber. Ela colocou o prato sobre a mesinha de centro e o encarou.

Tudo bem, você merece saber, eu e Peter... Ela ficou com receio, mas o olhar de Gustavo insistia que continuasse. Ficamos depois das aulas na biblioteca, ele me levou até aquele quartinho horrível e abafado e começou a me beijar. Gustavo não se sentia bem ouvindo sobre isso e nem ela estava gostando de dizer, porém devia uma explicação. Tudo bem até aí, mas eu estava com medo de que alguém viesse e ouvisse, pedi para ele parar, pois já estava me sentindo incomodada. Só que ele continuou, eu tentei me desvencilhar dele, porém ele era mais forte e tentou tirar a minha saia... Eu o mordi forte e o bati, ele me empurrou e me chamou de vadia. Fiquei no chão chorando e ele saiu me deixando sozinha ali. Gustavo ficou totalmente irritado.

Eu vou matar aquele filho da puta! Falou entre dentes.

Não faça isso! A culpa é minha, eu que fui uma idiota, queria terminar com ele naquele dia, mas aí... July viu uma luz se acender no rosto de Gustavo.

Você iria terminar com ele? Perguntou surpreso.

Sim, mas aquele idiota não me deixou falar e ficou me enrolando até que eu me deixei levar, como eu sou idiota. July teve vontade de chorar. As lágrimas começaram a cair sem que ela quisesse.

Gustavo se aproximou e a abraçou.

Você não é, aquele desgraçado sim, ele vai me pagar. Ele acariciou e cheirou seus cabelos que estavam molhados pelo banho.

Me desculpa por tudo Gus. Ela costumava o chamar assim antigamente. Me desculpa por ter sido uma idiota com você.

Eu que peço desculpa July, eu te amo e sempre te amei, mas fui um covarde e não te disse naquela época. Ele a sentiu o abraçar mais forte.

Que irônico, pois eu também fui covarde, eu te amava tanto, ia te dizer isso no dia do baile, mas aí você foi embora sem me dizer adeus. Ela começou a soluçar. Ele sorriu sem graça.

Eu ia fazer a mesma coisa naquele dia... Ele disse com um meio sorriso. Ela levantou a cabeça para encarar aquele garoto que ela tanto amava, seus traços tinham se tornado mais maduros, seus olhos verdes e cabelos bagunçados que ela achava tão sexy continuavam os mesmos. Seu corpo era forte e ele tinha crescido bastante. Quando ele foi embora, disse a si mesma que não se apaixonaria por mais ninguém, mas agora estava ali nos braços do único cara que ela já tinha amado de verdade e que mesmo depois de tanto tempo mostrou ser o único por quem ela realmente se entregaria.

Ele segurou seu rosto pequeno e a beijou com tanta ânsia que seria impossível saciar seu desejo apenas com aquele beijo. Ela respirava pesadamente, Gustavo a colocou no colo e a levou para o segundo andar no seu quarto. Eles não conseguiam desgrudar os seus lábios. Suas car[icias eram sedentas, seus beijos devastadores e selvagens, ele a tinha sobre o seu colo e ela beijava cada canto que podia do seu rosto, July o ajudou a tirar a camisa. Ele parou quando foi a vez dela se despir.

O quê foi? Perguntou curiosa, seu olhar mostrava o quanto ela estava excitada, e isso o deixou louco.

Antes de irmos em frente, você precisa saber de três coisas. Ela o encarou com um sorriso bobo no rosto, indicando que ele podia falar. Primeira: você está fodidamente sexy com essa camisa, nunca pensei que esse trapo velho ficasse tão bem em uma mulher. Ela gargalhou um pouco. Segunda: eu não sei o que merda fazer no momento, porque acho que pedi o meu cérebro.

Isso desde que nasceu! Ela zombou, ele colocou o dedo nos lábios dela a silenciando.

Xih! Ainda não terminei, menina mal-criada, e terceiro e último, o mais vergonhoso de todos, ainda sou virgem. Ele ficou envergonhado e abaixou a cabeça.July ficou encantada com esse gesto infantil e não pode conter sua felicidade, colocou a mão em seu queixo fazendo com que ele a fitasse.

Ótimo! Pois será a primeira vez para nós dois. Gustavo ficou tão feliz que o seu coração não conseguia se conter. Seja gentil. Disse por fim o fitando com carinho.

Sempre minha pequena. Sorriu devolvendo o olhar. E os dois finalmente consumaram o seu amor.


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Notas finais do capítulo

Gente obrigada por lerem até aqui. Só era uma história simples, estava querendo expandir meus horizontes como escritora. Espero que tenham gostado. É isso e fiquem a vontade para comentar, ficarei muito feliz. *w* P.S. Deu bug aqui na net que tive que corrigir várias vezes pq sumiu o travessão do texto todo '-' ñ me perguntem pq.



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