A Personagem escrita por Nands


Capítulo 18
George


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiieeee, nem demorei tanto dessa vez, né? ok, um pouquinho.

Esse cap ta lindinho, me falem por favor, por favorzinho o que vocês acharam e se devo fazer mais um com o George e a Sam ou sei la. Me informem sobre os seus quereres.

ok? bora pro cáp...



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GEORGE

Exaustivo.

Essa palavra pode descrever o dia de hoje.

Tendo aproximadamente uma semana para entregar o meu livro dedicado a minha falecida filha, eu ainda estava escrevendo o mais lento possível, com medo do fim, de mais um final...

O meu antigo professor de português costumava dizer que qualquer idiota com uma caneta e algumas folhas de papel pode começar escrever uma história. Se pode criar os personagens, os diálogos, os lugares, as ações, pode até chegar ao meio da história, onde as coisas começam a mudar e o desfecho de tudo que criou está próximo. E é exatamente ai que muitos desistem.

Qualquer idiota pode escrever um início. Poucos conseguem escrever um final.

Não se pode simplesmente parar, sem contar o que está por vir. Você tenta unir todas as pontas soltas, esclarecer tudo que ainda é uma dúvida, mas sempre haverá uma falha. Então, sem dúvida, finais são difíceis. Mas nada nunca acaba de fato, não é?

Bom, eu realmente espero que não, pois se não, qual o sentido de tudo isso? A vida. A morte. As palavras. Não podem parar de existir assim do nada, não?

Mas com certeza, finais são um saco, e eu não tenho certeza que quero deixar a minha Jamie ir. Acredito que todo pai tem receio de perder sua filha. Comigo não seria diferente.

Em meio a esses e tantos outros pensamentos melancólicos, a campainha do apartamento alugado toca para anunciar que eu tenho uma visita. Com a xícara de café pela metade e um moletom antigo da faculdade, fui atender a porta, tentando formular um argumento para os gritos da Madeline sobre como eu estou atrasado com o livro e blá blá blá blá blá.

– Olha só, Mad, eu não vou conseguir terminar se você vem aqui todo santo dia para...

Minha fala foi cortada ao meio quando eu dei de cara com um jovem de 18 anos, barba por fazer, cabelo preto, olhos azuis, calça jeans rasgada e um moletom azul. Era impressionante como aquele garoto gostava de azul.

– Oi, senhor Waters.

– Dudu? O que você tá fazendo aqui?

– Faz um tempão que eu não ouvia alguém me chamar assim. Ah, eu vim ver como o senhor estava. Nós nos falamos pouco depois que você começou a escrever o livro pra ela.

– Ahn... é, eu... ahn... quer entrar? Tenho café. – disse levantando a xícara.

– É claro que tem café... o dia que não houver café nessa casa...

– Será o dia em que nenhuma palavra será lida ou escrita. – completei com um riso fraco, lembrando quando Jamie falava essas mesmas palavras.

– Sinto falta dela. – disse o garoto sentando na poltrona perto da janela.

– Você não faz ideia. Açúcar? – pedi me referindo ao café.

– Três, por favor.

Assim o fiz, e entreguei a xícara para o garoto.

– Você cresceu. Está mais alto que eu.

– George, eu sempre fui mais alto que o senhor.

– E também continua educado como sempre.

O garoto sorriu e tirou um caderninho de dentro do bolso do moletom.

– Tem uma coisa que chegou pelo correio pra mim, minha mãe quem mandou, mas... foi a Jamie que pediu pra ela.

Ouvir o nome dela dito pelo Edu fez eu relembrar deles dois juntos, e isso me rendeu um sorriso.

– Pode ler. – disse quando vi que o garoto esperava a minha aprovação.

“Oi, Du. Como vão as coisas por aí? Eu sei que já deve fazer algum tempo que você não me vê, deve fazer muito tempo que e já fui embora e deixei você ai sem uma companheira para ver American Horror Story. Espero que você não tenha ficado com muito medo e esteja tendo problemas para dormir à noite, bom, se isso acontecer, ligue para Sam, ela vai rir da sua cara até você achar que é um idiota, então você vai voltar a dormir tranquilamente. Ah, falando na Sam, tem um recado aí também pra ela, você vai ter que entregar pra ela, faça isso por mim, ok, Edu?

Espero que você não esteja chorando, não chore agora, seu bobo, eu nem comecei com o sentimentalismo!

Primeiro, vou me explicar, hoje é dia 18 de abril (pelo menos é o que o seu celular tá dizendo), eu estou no hospital, olhando para o seu lindo rostinho adormecido ali naquela cadeira perto da janela (p.s: você está babando), o meu pai acabou de me trazer comida (que eu provavelmente não vou conseguir comer) e foi pra casa tomar banho.

Eu não sei por quanto tempo eu vou estar consciente para poder lhe escrever isso, então vou acelerar.

Eu vou pedir pra sua mãe lhe entregar isso quando o meu pai estiver terminando de escrever o livro dele (se o conheço bem, ele deve estar atrasado com o prazo, Madeline vai estar enchendo o saco dele e quando você for visita-lo, ele vai estar com uma cara de sono horrível e uma xícara de café em mãos).

Bom, eu não sei quanto tempo se passou, nem se você já tem outra namorada agora, mas Du, por favor, não se prenda a mim, ok? Você merece ser feliz (sinto que eu tenho que lhe falar isso, porque você é um teimoso que não escuta ninguém), como não pode ser comigo, você tem minha benção pra ser com outra garota... da faculdade ou sei lá desde que não seja a Nancy Parker...”

– Ela odiava a Nancy... – interrompi. – Ah, desculpe, continue.

“Quero que diga para o meu pai que se ela vai escrever um livro sobre mim, que ele me faça uns centímetros mais alta, que tal, pai? Pode fazer isso? Vê se capricha nesse livro ai, implica bastante comigo, com a Sam e com o Edu, faça a gente comer várias pizzas e cria um final bem bacana, você nos conhece o suficiente para nos recriar como personagens bem lindos, ok, papito? Pode ter certeza que eu estou acompanhado cada uma das suas palavras escritas e vou pegar no seu pé se você escrever algo errado, ai, ai, ai, viu? Ah, e não deixa a Madeline te incomodar demais, manda ela ir tomar um suquinho de maracujá e descer daquele salto torturante.

Diga a Sam (ela continua com o Dean, certo?) que eu desejo que ela seja muito muito muito feliz, dez vezes mais felicidade de toda aquela felicidade que ela deu pra mim, desde que éramos naniquinhas (não que agora estejamos muito altas né) sonhávamos em encontrar Nárnia dentro de um armário em Hogwarts e ser felizes para sempre em alguma dimensão mágica por ai, mas, Sam, eu não trocaria a nossa realidade por nenhuma varinha, capa da invisibilidade, armário mágico, ou até mesmo um chazinho com o Sr. Tumnus. Você esteve comigo no meu primeiro porre, na minha primeira festa, na minha primeira detenção na escola, eu nunca vou me esquecer de tudo que passamos e sou muito grata a você por tudo. Espero que você esteja morrendo de saudades minha, sua putinha que amo ♥ pois eu vou estar morrendo de saudades de você, não importa onde em esteja.

Bom, eu tentei imitar o Augustus de A Culpa é Das Estrelas (vocês sabem como eu amava aquele livro, aliás, pai, cite o livro no seu livro, por favor, okay? okay) mas a carta dele ficou bem mais romântica e não tão longa, por que na verdade, eu não sei muito bem o que falar pra vocês, porque vocês já sabem que eu amo vocês, não sabem? E é claro que o que eu escrevi aqui não é nem metade do que vocês merecem ouvir. Cada pessoa que passou pela minha vida foi muito especial, sinto muito se esqueci de mencionar alguma coisa, to sentindo que o meu corpo ta cada vez mais fraco aqui, e estou ficando tonta de tanto escrever, me desculpem por não poder escrever mais, Edu, acredito que você vá ler isso antes de todo mundo, meu amorzinho dos olhos azuis, obrigada por tudo, sinto que já posso morrer feliz. Essa carta é só pra vocês lembrarem de mim e como vocês me amam.

Até, meus amores lindões, beijos.”

Quando Edu terminou a carta, nós dois já nos olhávamos com lágrimas pesadas nos olhos.

– Isso foi bem a cara dela. – comentei.

– Ela sempre quis ser a personagem de uma história, sempre agiu como uma.

– E agora ela é.

– Bom, fazendo jus as palavras dela, espero que esse livro esteja incrível como ela merece, George.

– Ah, eu estou me esforçando ao máximo para que assim seja, Edu.

– Ah, e eu quero o manuscrito.

Eu ri.

– Pode deixar, você e a Sam serão os primeiros a ler.

Ficamos nos encarando por segundos, minutos, talvez horas. Nos sentindo leves e gratos por termos nos conhecidos por aquela ruivinha teimosa.

– Bom, agora eu vou ir atrás da Sam, e deixar você terminar nosso livro em paz.

O garoto me abraçou.

– Tchau, Edu. Manda um beijo pra Sam por mim. – disse caminhando pra portaria do edifício.

– Sr. Waters, acho que se eu chegar a dar um beijo nela o Dean me mata.

– Eu também acho. – o garoto riu com a brincadeira.

– Eu digo pra ela te ligar. – disse ele entrando no carro.

– Acho uma boa ideia.

– Até mais, George.

– Até mais, Edu.


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Notas finais do capítulo

Comentem e me digam se eu escrevo mais um pro George ou não.

Beeeeeijos ;)



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