Nos corredores ouviam-se passos... Passos acompanhados de choro, e esse choro era de Lily Evans.

Ela nunca imaginaria que seu melhor amigo um dia iria a trair. Justo ele. E com esse pensamento chorou ainda mais.

Severus Snape. Esse era o nome, justo esse nome, esse maldito nome que Lily teve a burrice de acreditar que um dia ele fosse seu amigo.

Apressou seus passos — que estavam ecoando no corredor — e entrou numa sala, sentou no chão e ali afundou a cabeça em suas pernas.

Ela havia contado-o todos os seus segredos: desde a rua até os nomes dos seus pais, achando que ele seria de confiança. Mas aí ele faz o que? A traí, contando para seus amiguinhos Comensais. E para eles assassinarem seus pais. Até Petúnia — sua irmã — não conseguira escapar.

Como ele pode ter sido tão frio? Pensou em meio ao choro.

Ao meio de todos seus pensamentos não percebeu que uma pessoa havia entrado na sala.

— Lily? — perguntou uma voz, que ela conhecia ser o Potter.

James Potter sempre fora um garoto muito irritante para ela. Ele era o cara mais galinha de Hogwarts. Sempre a irritando com piadinhas á respeito do seu cabelo, e apelidando-a de vários nomes (ruiva, lírio, foguinho e etc).

Mas isso não importava agora. Ela precisava de uma companhia, por mais irritante que fosse. Mesmo que ele fosse seu arqui-inimigo.

— Lily. — voltou a repetir, por mais que ela precisasse de alguém no momento, recusaria deixá-lo ver ela chorar.

Ela ouviu os passos ficando mais pertos, e sentiu ele sentar ao seu lado, sentiu por causa de seu perfume doce e embriagante.

— Pode contar, lírio. — perguntou docemente, levantando seu queixo fazendo-a olhar para ele.

— J-James, — gaguejou, ela até se esqueceu que tinha feito um juramento interno para nunca chamá-lo assim. — Os meus pais... — ela não conseguiu completar, caiu no choro imediatamente.

— Shii, — falou pousando o seu dedo indicador nos lábios da menina. — acalme-se.

Ela não conseguiu conter o choro e chorou ainda mais, (se é que isso fosse possível) enquanto o moreno afagava seus cabelos. Tomou fôlego e coragem para poder contar o ocorrido.

— Os m-meus pais... — gaguejou, ainda com a voz embargada. — Morream... — ela sentia as lágrimas encherem os seus olhos. — Por Comensais.

E ela caiu no choro mais uma vez enquanto James ainda afagava seu cabelo. O menino sentiu uma raiva incontrolável brotar em seu peito, como eles puderam fazer isso com Lily, justo a sua Lily? Os seus pais, que não tinham nada a ver. Sentiu vontade de matar Você-Sabe-Quem e seus seguidores.

— Lily, — ele falou, um pouco abatido com a notícia. — pode ser um momento difícil para você, mas não irei lhe abandonar.

Ela olhou para seus olhos. Lindos olhos, pensou, e um misto de emoção apoderou-se de seu corpo. Ele? Preocupando-se com ela? Estava tão perdida naqueles olhos que nem notou a proximidade de suas cabeças. Ela podia sentir seu hálito de hortelã. Seus narizes roçavam um no outro, e lentamente seus lábios foram se aproximando.

E ele á beijou.

De início Lily ficou confusa, e também achava incrível essa sensação.

Um beijo calmo e romântico. Ele passou a mão sobre seus cabelos ruivos, acariciando-os, e colocou a outra mão em sua cintura, e ela entrelaçou os braços no pescoço do menino.

As línguas dançavam suavemente num beijo romântico e apaixonado.

E infelizmente eles tiveram que se separar por causa do ar.

James olhava para os olhos dela, tentando decifrar a emoção que se apoderou do corpo dela. Amor? Confusão? È... Talvez esses fossem os sentimentos corretos para descrever o que ela estava sentindo.

Ela olhou nos olhos dele antes de sair correndo, deixando para trás um James muito confuso.

Ela tinha que pensar, pensar no que havia acontecido. Ao chegar em sua cama desabou nela, precisando pensar. Ela se lembrou de que ele fora o único que a acolhera ao saber da notícia sobre seus pais. Se lembrou de todas as vezes que ele á chamou para sair. Se lembrou de todos os apelidos que ele á chamara. E finalmente, pensou no beijo.

‘Ela amava ele?’ Era a pergunta que ela fez.

Depois de relembrar mais uma vez todos os bons momentos (e alguns maus também), e de novo relembrou-se do beijo, de como ele fora romântico e delicado, de como seu toque foi intenso, e de como ele passou com esse beijo, todas as suas emoções.

Ele realmente a amava, e ela — a partir de agora — amava-o intensamente.

E rapidamente adormeceu pensando no Potter, ou melhor, James, no seu James.