O Preço do Poder escrita por Leh


Capítulo 7
Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Oi gente td bem? boa leitura



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Liberdade era algo completamente subjetivo, e normalmente nunca fora algo padronizado, ou pelo menos não verbalizado, pois assim, caso fosse, Merida acreditava que podia se limitar a uma mera definição de conceito complexa de mais para explicar para qualquer um em seu reino, qualquer ser vivente que conhecia, exceto, logicamente seu fiel amigo Angus, que tinha seu próprio jeito de saber limitá-la a cometer erros, um jeito diferente de tratar com os caprichos da princesa, que somente ele sabia como fazer. Angus era inteligente, e Merida o considerava mais inteligente que muitos seres humanos que conhecia.

Dragões deveriam ser parecidos com cavalos. Aquele o qual Soluço chamava de “Banguela”, e Merida não tinha deixado denotar que o dragonídeo possuía presas, se preocupava com o rapaz de uma forma que Merida jamais tinha visto. Há muito diziam às histórias que cavalos pressentiam o sobrenatural, e por isso, muitas vezes Angus não mostrava a mesma disposição para defendê-la como um dragão fazia. Logicamente, sabia que ele era uma criatura feroz, ao contrario dos cavalos.

Enfim, Merida migrou sua mente em si novamente. Sua barriga estava congelada e aos poucos ela se fez abrir os olhos. O vento gélido soprava-lhe forte contra o rosto, mas rapidamente ela conseguiu ritmar sua respiração. Sua pele estava arrepiada e não era pelo frio. A princesa evitou até aquele momento definir o que era, de fato, liberdade, mas em respostas as sensações de seu corpo diante daquela situação, que o viking a sua frente tratava como natural, indicava que aquilo era o mais próximo que chegaria da liberdade.

Ela não conseguiu disfarçar seu entusiasmo ao ver o grande castelo de pedra tão pequeno abaixo de si, e pouco mais distante o pasto de ovelhas. Soluço exibiu um pequeno sorriso de canto ao ver a reação instantânea e a comemoração da moça.

–Isso é incrível! – Ela se expressou eufórica. Se soltando brevemente de Soluço com os braços abertos como se estivesse esperando o vento lhe abraçar. Soluço viu e comentou de canto.

–E não é só isso. – Disse ele dando um tapa amigável em Banguela, que grunhiu divertido em resposta e aumentou a velocidade, a principio Merida se assustou, mas não evitou a curiosidade de saber o que mais incrível que aquilo, o viking poderia lhe mostrar. Soluço desprendeu-se de Banguela e riu divertido da expressão desesperada da ruiva, ele a orientou a se aproximar mais.

Receosa ela apenas o fez até que assumiu as rédeas de Banguela e Soluço apenas saltou. Merida abafou o grito, e viu o olhar do réptil que de certa forma revelava que ela estava se preocupando atoa. Em poucos segundos Soluço reapareceu em seu campo de visão voando. Soluço comemorava seu pouco voo até que perdeu o controle. E tanto Merida quanto Banguela se desesperaram e o dragão esperava que ela o guiasse, porém ao ver que a ruiva não o faria ele se jogou bruscamente para o lado, desesperando a moça de imediato, que apenas desejou que não caísse. Merida sentiu o impacto em algumas arvores no topo de uma montanha, mas ela não se atreveu a abrir os olhos antes de checar se estava viva. Então ela levou seus olhos em direção a Soluço e Banguela que pareciam estar bem.

–Legal, amigão. Dessa vez a gente quase se ferrou. – Disse ele sarcástico vendo se sua roupa tinha perdido alguma peça com o impacto. Soluço sabia que Banguela fora bem treinado para saber fazer pousos de emergência, mesmo assim, ele deveria ter se preocupado em não tentar se exibir na frente de Merida, mas ele não sabia como resistir. O viking sentiu a calda de Banguela bater em seu rosto e ele só demonstrou sua expressão divertida para Banguela.

Foi quando se lembrou que não estava sozinho, e que provavelmente seria enxotado da novas terras, pois em um primeiro voo ele quase matou a moça que acabara de conhecer, ao certo dizer que Soluço sabia que não, ele confiava a sua vida ao Banguela, mas Merida não tinha a mesma confiança, então lentamente já esperando sentir, pelo menos, um impacto da mão da ruiva em seu rosto, ele se virou na direção de onde Merida tinha caído. Mas se surpreendeu pela cena da jovem rindo divertida e tentando colocar as madeixas insistentes que caiam lhe no rosto no lugar.

–Isso foi realmente incrível. Você é mesmo muito sortudo de bater em uma montanha, considerando que o terreno daqui é em grande maioria plano. – Merida ria como se tivesse ouvido a melhor piada da sua vida, ela não podia dizer se era pelo fato de ter acabado de voar e quase morrido ou se era o fato de estar se sentindo tão à vontade com um viking. Soluço também começou a rir, não da situação que para ele era normal, mas a reação de Merida era tão inédita.

–Eu realmente preciso de um desse. – Merida conseguiu se controlar e aos poucos conseguiu tomar o folego. Continuou. – Eu me senti tão...

–...Livre. – Soluço completou com o olhar distante, mas logo fixou o olhar em Merida.

–É, por um instante eu pensei assim. – Ela respondeu um pouco desconfiada, mas levou sua atenção para Banguela que a empurrava com a cabeça como uma forma de pedir as caricias dela. Ela obedeceu com um sorriso fraco no rosto.

–Então o que você queria me contar mesmo.

O clima esfriou, e Soluço pode ouvir o barulho da floresta nitidamente e pode constatar e existir uma cachoeira floresta adentro. Ele olhou o horizonte, e não importa aonde caia ou estava o castelo de pedra sempre podia ser visto independente da distancia.

–Você deve saber que antigamente essa área era habitada por vikings. – Ele esperou a princesa assentir e continuou.

–O meu povo só a quer de volta. – Ele disse com cuidado, não queria parecer indelicado.

–Não é tão simples assim, o alicerce das nossas vidas é essas terras. –

Naquele momento Merida não era acusadora com Soluço, não do jeito que estava se comportando, desde que o encontrara perto do vilarejo incinerado.

–Eu sei, mas não pude evitar. Preparem-se porque quando os vikings atacarem será com toda a força. É uma questão de honra para eles. – Merida não pode deixar de reparar a forma que ele usou sem se declarar como tal, ele apenas parecia estar se excluindo de seu povo.

–Você precisa comandar seu povo para fugir. Ou preparar uma tática muito boa. – Ele disse pensativo.

Merida se lembrou ela tinha dito que era a rainha. No momento ela só se perguntava o motivo daquela besteira toda, como se uma guerra e um casamento forçado não fossem o bastante. Então por que mentiu?

Mentir para se salvar da morte, que naquele momento parecia à única solução, ou seria mentir por querer criar um mundo onde tais mentiras fossem reais?

Fantasias eram fantasias e ela sabia disso. Sabia que podia comprometer a sua vida e a do seu reino por aquele mero capricho. Estava ali na frente de um viking e ela não poderia simplesmente mata-lo enquanto estava distraído olhando o horizonte? Ela morreria ao certo, morta por um dragão. Mas valeria a pena matar o líder dos viking. Ficaria tudo bem em Dunbroch, ela não era a rainha.

Mas algo a evitava, o fato de Soluço estar ali, dando as coordenadas da guerra fazia com que ele parecesse tão diferente do padrão dos assassinos que fizeram aquele estrago, ela queria esquecer aquele tópico, mas era o seu reino ela era a primogênita e descendente de seu clã, e não fazia questão de considerar seu possível casamento. Mas estava completamente disposta a considerar a possibilidade de Soluço estar tão perdido no meio de seu povo quanto Merida. Eles eram iguais afinal.

–Eu preciso ir. – Merida disse baixo em um tom desanimado vendo que o sol já estava se pondo no horizonte, porém Soluço escutou claramente. Ele respirou fundo e concordou com a cabeça.

Rapidamente com o dragão ambos estavam perto do castelo, tinham muitos guardas sentinelas, mas Banguela era tão camuflado que ela não se preocupou com eles, sabia que um urso poderia entrar no castelo sem que eles tomassem nota.

–Você está bem? – Soluço perguntou um pouco receoso, não sabia se tinha quebrado a fronteira que o separava da escocesa. Merida ouviu a pergunta e tentou disfarçar qualquer depressão que ela podia transmitir naquele momento.

–Estou, claro. É que... – Contava ou não, será que ele ficaria bravo? Mandaria Banguela ataca-la por contar uma simples mentira? Poderia ser tudo uma mentira e Soluço ter fingido, mas ela não conseguia acreditar naquele pensamento.

–Obrigada por hoje. – Ela optou por não contar, mas por segundos ela sentiu que Soluço sabia que ela escondia alguma coisa e para a sua sorte ele não fazia ideia do que era.

Merida entrou o grande salão calmamente e tentando fazer o maior silencio possível, as chamas ainda estavam acesas e ela sabia que naquele lugar ninguém dormia mais, mesmo assim seu desejo era apenas subir as escadas sem encontrar nenhum jovem ou lorde, pela manhã ela jurava que encontraria com Angus só para ter certeza que ele retornara para o castelo depois que levantou voo com Banguela.

–Merida!

Era a voz de sua mãe, e a jovem pode perceber pela sonoridade que sua voz era preocupada e aflita ela se aproximou da filha, mas sua expressão foi de reprovação.

–Pelos céus, Marida o que eu tenho que fazer pra você parar de me preocupar?! Estamos no começo de uma guerra e você apenas toma chá de sumiço? – Disse Elinor que tinha a postura rígida, porém estava mais que agradecida por ver a filha, tinha ficado muito preocupada depois de ver Angus chegar ao estabulo sem sua amazona.

–...Sobre isso, eu tenho novas coordenadas. – Elinor pareceu confusa e apenas lançou um olhar interrogatório para a filha que continuou:

–Os vikings vão atacar, eles querem essa terra de volta. Em menos de uma semana eles estarão aqui. – Merida terminou. Merida tornou suas feições um pouco mais preocupada.

–Como sabe disso?

–É... Eu conversei com um deles...

–Merida...!

–Ele não era como os outros. Ele estava tentando nos ajudar me contando isso. – Elinor suspirou tentando encontrar paz.

–Vamos avisar aos lordes, e eles dirão que se case.

–Mãe!

–Merida o tempo está acabando. Logo você terá que se casar, recomendo que fique perto dos jovens lordes e escolha logo um. Se seu pai, que os deuses desejem o contrario, vier a falecer, vamos precisar de um rei.

–Ou uma rainha. – Completou Merida como se aquilo fosse à solução mais simples que já viera a proclamar.

–Não fale tolices. Vá dormir amanha a gente conversa mais. – Elinor não disse autoritária, mas Merida obedeceu na hora indo em direção ao seu quarto.

[...]

Soluço andava calmamente dessa vez não estava perdido, não fisicamente, mas tentava filtrar tudo o que acontecera naquele dia. Merida não tinha pose de uma líder, mas ele não podia julgá-la assim. Se pensasse bem nem mesmo ele tinha. Mas ele sabia que alguma coisa estava errada ali, ele tinha certeza que ela escondia alguma coisa, mas como iria força-la a contar, será que da próxima vez que a visse ela contaria? Ele esperava ve-la novamente, desejava que Odin não estivesse do lado dos vikings, só dessa vez. Desejava que ele não estivesse nem do lado dos estrangeiros. Afinal aquela seria uma guerra sem sentido. Esperava que Merida tivesse percebido isso e que fosse capaz de transmitir isso para seu povo do jeito que ele não conseguiu.

Soluço encarou ao seu redor e segurou Banguela para que ele se silenciasse, ele pode ouvir o barulho dos grilos, mas algo a mais chamou sua atenção e ele foi à frente sendo seguido por banguela, e viu alguns vikings a frente. Ele se fez aparecer.

–O que estão fazendo aqui? – Ele perguntou. O grupo de cinco se surpreendeu e nem passou pela cabeça deles o que o líder fazia no território inimigo.

–Ah, então você já estava aqui. O navio está mais atrás, e você precisa falar com o guerreiro, estávamos cansados do além-mar.

Soluço assentiu desconfiado, mas bufou irritado. Talvez se fosse até lá conseguiria convencer os vikings de voltarem, ou de lançar uma oferta de amizade aos escoceses. Ele encarou Banguela e seus olhos verdes inocentes e subiu em Banguela.

–Vamos amigão. – Ele disse e Banguela abriu as asas e vou.

Um dos vikings se aproximou do que tinha comentado tudo a Soluço e lançou um olhar interrogativo antes de comentar.

–E o que viemos fazer aqui? – Ele disse um tanto inocente enquanto o outro rodava os olhos, mal-humorado.

–Vamos nos divertir, simples assim. – Ele assentiu e os outros sorriram da mesma forma maliciosa. Subiram em seu dragão e levantaram voo.


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Notas finais do capítulo

Desculpa se tiver algum erro, eu vou corrigir amanhã se tiver tempo. bjs até o proximo.