O Preço do Poder escrita por Leh


Capítulo 15
Sentimentos contrapostos


Notas iniciais do capítulo

Em minha defesa... é a primeira vez que eu atraso ^^ Boa leitura



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A lua estava cheia, e o céu era de um azul marinho espetacular, com muitas estrelas espalhadas e muitas nuvens, o clima em Berk era de um frio intenso, Elinor pensou, ao passar as mãos em seus braços, que mesmo com o denso tecido de seu vestido podia sentir-se gelada. E migrou sua mente ao seu povo, desejava do fundo do coração que seus filhos estivessem a salvo, mas se sentia imensamente culpada pela forma que tratara Merida na ultima vez que se viram. Depois de tudo que viveram juntas, depois do que aprendera com a filha ao desfazer o feitiço que a tornaria em um urso. Claro, Elinor entendia a filha mais que todos em Dunbroch, sabia exatamente como ela se sentia em suas cavalgadas ao por do sol e ao sentir o vento bater diretamente em seus cabelos, era uma sensação incrível que a rainha desfrutou alguns meses antes de Fergus adoecer.

Depois do acontecimento foi como se toda a camada de responsabilidade que, de certa forma, passaram a ser menos frequentes, como as aulas da princesa ou em pensar em pretendentes para a primogênita, voltaram a ser o tormento da rainha.

E sabia que tinha condenado a filha à tristeza eterna da pior forma possível, pois não fora a despedida que ela tinha planejado a anos, antes mesmo de se casar, afinal era assim que deveria ser, mães deveriam entregar suas filhas a outras famílias com um sorriso no rosto e com a certeza que aquela era a melhor escolha para a felicidade dela. Fora assim com ela afinal, Elinor não conhecia o marido, porém fora a melhor escolha de seus pais, e a melhor decisão para ela.

Merida era tão diferente , ela conseguira quebrar a tradição e mudar os dogmas que a rainha guardava no coração, não só ela, mas três Lordes importantes.

Seu coração apertava de amargura só de lembrar-se da expressão de Merida se afastando enquanto escutava espantada a todas as palavras duras que saiam sem pensar pela sua boca, os olhares dos lordes e dos guerreiros espalhados no acampamento, fixados na discussão. Realmente não conseguia se lembrar quando foi que imaginou que um dia estaria presa em uma ilha viking, sabe-se lá até quando, viúva e condenada a ter em mente que a filha vive, porém com toda a amargura e culpa pelos recentes acontecimentos que amaldiçoaram Dunbroch.

A rainha que antes tinha seus braços apoiados no parapeito da mesma, levou as duas mãos contra o próprio rosto, envergonhada de si mesma, ouviu o grunhido perto de si e se sobressaltou antes de lançar o olhar em direção do quarto de Bocão, passara totalmente despercebido, já que o ronco do homem era mais alto até que os pensamentos que invadiam a mente da rainha naquele pouco tempo. Ela virou em direção de Astrid, parecia estar em um sono perturbado. Ela dormia sentada na cadeira, vencida pelo cansaço. Segurava a arma como se estivesse acordada, e Elinor sabia que a pessoa que tentasse despertá-la seria morta por impulso involuntário.

Elinor não conseguiria dormir, sua consciência não deixava. E ela era silenciosa o suficiente para deixar seus movimentos imperceptíveis aos ouvidos da jovem viking.

Encarar a moça só lhe trazia lembranças de Merida, por isso ela voltou à atenção a criatura que encarava com curiosidade bem próxima a janela. E fez algo que ela mesma duvidou de que seria capaz, levou a mão até o focinho escamoso de Tempestade, que aceitou a caricia como um filhote de gato. Elinor não entendeu como aquelas criaturas mortais eram tão dóceis quando tratadas bem, talvez algum dia, ela conseguiria fugir dali, se tivesse a confiança de um deles.

Mas o pensamento se dispersou quando ouviu a movimentação das pessoas fora da janela, a nadder mortal se agitou de imediato e se afastou da rainha encarando desconfiada para os vikings. Elinor escutou Astrid se sobressaltar na cadeira e se levantar assustada correndo até a janela onde estava, ela encarava a multidão agitada tentando entender as palavras ditas todas ao mesmo tempo em todas as direções, porém ela foi rápida em escutar o nome do líder da vila. Deu dois passos para trás como se recuasse, mas voltou a atenção para a sua prisioneira.

–Precisamos sair daqui, me siga.

E de imediato Elinor o fez, na maior parte do percurso Astrid a guiou em contra mão a que a maioria das pessoas corriam, e a rainha não fez menção a questionar o que estava acontecendo. Mas não evitou se tornar hesitante a ver a loira começar a trajetória por entre a floresta, a garota olhou para trás ao ver que a rainha não a acompanhava e se virou ofegante, pelo frio e pela correria, Elinor também demonstrou estar cansada e Astrid percebeu isso quando ela se apoiou na arvore mais próxima. Olhou para a barra de seu vestido sujo de lama e pequenas folhas.

–Você está bem?

Astrid perguntou enquanto se aproximava, era tão claro que ela não estava acostumada a correr por aquele tipo de terreno íngreme e inclinado.

–Eu não posso mais correr. – Respondeu Elinor ofegante.

A guerreira levou a mão até a cabeça e suspirou lentamente, tentando se manter sã, levou os olhos até Elinor e assentiu com a cabeça, estampando um sorriso fraco no rosto. Ela olhou a volta e depois fixou os olhos na direção da ilha onde as moradias estavam, parecia mais barulhenta do que o normal.

–Fique aqui, rainha. Aconteça o que acontecer não saia daqui. – Disse Astrid. Rapidamente a moça correu em direção à cidade. Elinor ficou imóvel até perceber que os passos da jovem estavam distantes o suficiente, levou os olhos em direção a que vira Astrid encarar, e concluiu ali era o centro da vila. Olhou para o chão que apesar de escuro eram nítidas a trilha causada pela correria das duas para a saída da floresta.

.

Astrid correu tão rápido quanto o vento, sem olhar para trás em menos de minutos ela estava no meio da multidão que envolvia o líder e o Fúria da noite, Soluço parecia confuso e tentava entender todas as palavras que era dirigidas a ele, geralmente perguntavam como estava sendo a guerra, e quem era a escocesa junto à Astrid, era o ponto que ele queria saber, mas as pessoas balbuciavam de mais, aparentemente o rapaz deixava claro que não compreendia em vista que ele ia de pessoa a pessoa, Banguela parecia estar um pouco mais irritado dando poucos passos para trás e Soluço percebendo isso alternou o olhar para seu amigo. Astrid os rodeou impaciente até que seus olhos finalmente se chocaram e fixaram-se.

Ele não se importou em parecer mal-educado naquele momento e empurrou as pessoas que se calaram ao ver o movimento de Soluço. Astrid se intimidou com a postura do amigo, porém não vacilou, antes que transparecesse esse sentimento ela segurou seu machado mais forte em sua mão e evitou que seu corpo se movesse voluntariamente para trás.

–Onde está a rainha?

Astrid olhou a sua volta o seu povo pareceu confuso com o comentário proferido por ele, ela percebeu que não tinha sequer ensaiado o que dizer.

–Soluço, ela está segura e não vai sair de Berk, assim o povo dela não morrerá...

–Você realmente acredita em Minaz?

A voz dele se alterou involuntariamente e assim que disse ele fechou os olhos e mordeu os lábios, demonstrado que seu temperamento não era instável daquele jeito. Ela sabia que não era. Porém não tinha outro jeito que não fosse esse. Ela refletiu por segundos, se convencesse Soluço a deixar a rainha em cativeiro ela, certamente, poderia retornar ao campo de batalha onde realmente queria estar.

–Você sabe que...

–Não colabore mais com isso, ainda há tempo, Astrid.

Astrid trincou os olhos com intensidade, se fosse possível ter um pouco mais de tempo para pensar ela o faria, mas Freyr* parecia estar ao lado de Loki para bagunçar a sua mente. Todos queriam a guerra, com exceção de Soluço. Até mesmo a anciã da tribo dizia que os deuses eram com eles naquela jornada. Não tinha porque não aceitar as propostas de Minaz, além da integridade e amizade de anos; algo mais que amizade? Talvez já tivesse sido um dia, mas não mais.

–Olhe! É a estrangeira. – Gritou um dos vikings.

Tanto Astrid quanto Soluço direcionaram o olhar rapidamente a imagem de Elinor, agora desesperada, alguns vikings foram em direção dela, mas pararam ao ouvir o grito de protesto que o casal realizou.

–Não interfiram. – Disse Astrid ameaçadoramente, e Soluço comprovou com sua postura.

Aos poucos os vikings se distanciaram.

Soluço voltou os olhos a Astrid, mas em poucos segundo ele começou a caminhar em direção a rainha, porém Astrid correu até estar na frente dele as palavras de Soluço se fizeram presente novamente em sua cabeça, mas sua derrota na arena insistia em assombrá-la. Sua presença na guerra e a guerra em si. Tinha um preço alto, era a amizade de soluço.

–Desculpa Soluço, não posso te deixar leva-la.

Ela levantou o machado na direção dele. Soluço estava boquiaberto ainda pela resposta e demorou para cair em si novamente. Ele fitou o machado direcionado em sua direção. Não podia lutar com Astrid simplesmente não conseguiria e ela sabia disso. E decidiu implorar para que ele sacasse a espada , mas ele não dava nenhum sinal de que o faria. Ela viu de canto a rainha com as mãos na boca mesmo sem entender a cena, temia. Astrid pensou qual seria o motivo da prisioneira não ter lhe obedecido. Mas isso não importava agora.

O silencio parecia tornar o tempo que passaram se encarando mais extenso, e ela se moveu desconfortável sem abaixar sua arma. Batidas de asas.

Não era Tempestade e nem banguela. Os outros habitantes pareciam confusos assim como Soluço que tentava desvendar pelo voo que dragão era, ambos se permitiram parar a briga para encarar o grande dragão desconhecido se aproximar e pousar com classe.

Soluço estava surpreso pela nova raça de dragão e mais ainda pela presença de Merida que tinha pequenos pontos de neve espalhados pelo cabelo, que agora estava mais bagunçado pelo voo rápido, sua pele estava mais pálida que o comum, e suas bochechas extremamente rosadas.

–Tapadh leibh!* – Ela disse direcionada ao dragão que pareceu corresponder a língua que Soluço não conseguiu entender e mesmo se pudesse comentar alguma coisa não conseguiria, estava impressionado.

Merida viu Soluço pouco distante e ficou satisfeita por ter acertado o caminho, teria acenado se seus braços não estivessem congelando, e se sua atenção não tivesse ido direto a Elinor, ela não tinha forças para chorar. Porém induziu correr em direção a ela. O que despertou os pensamentos dos dois vikings, Merida pegou a espada grande e caminhou em passos compassados e parou pouco atrás de Soluço.

Suas mãos doíam em contato com a bainha de aço gélida, porém ela segurava forte mesmo que trêmula. Astrid era a pessoa que tentou matar seus irmãos, ela conheceu pela aparência assim como Astrid conhecia a ruiva escocesa, e a loira decidiu não questionar o motivo de ela possuir o mapa de Soluço amarrado junto à saia.

Merida viu os olhos preocupados de Elinor, entretanto voltou a se concentrar. Soluço olhou de relance para Merida e ela se aproximou de imediato. Soluço deu um passo para o lado com a intenção de sair da mira de Astrid, que moveu sua arma com força na direção dele, porém Merida defendeu com sua espada se colocando na frente dele. As duas trocaram olhares e Soluço correu em direção da rainha e caminhou com ela até Banguela. E levou os olhos para Astrid frustrada.

A ruiva tentou fugir, mas sentiu o cabo do machado da viking a derrubar no chão e arrastá-la para perto, Merida abafou o grito antes de cair. Ela se virou rapidamente e rolou para o lado quando viu a investida de Astrid em sua direção. Ela tentou tomar distancia para poder usar o seu arco, mas Astrid não dava outra escolha que não fosse desviar.

Até que o grande dragão escocês interviu na briga rugindo em direção de Astrid dando tempo para ela pegar a espada que ficara no chão onde tinha caído. Ela olhou em direção de Soluço que protegia a mãe preocupada.

Astrid recuou alguns passos, mas sua amiga Tempestade a rodeou também, rugindo de volta para o outro dragão que era pouca coisa maior, entretanto não dava vantagem alguma em um duelo entre os dois.

Uma vez que nenhuma das duas tinha seus dragões, Astrid investiu outra vez, tendo o ataque defendido e replicado, porém. Merida estava sem a vantagem, devido ao fato de segurar a espada era como se colocasse as mãos em adagas afiadas.

A loira apenas precisou tornar seus ataques repetidos para a força da ruiva se esvair e desarmá-la com facilidade. Com uma rasteira a princesa caiu no chão. Merida encarou Soluço como se dissesse para ele levar sua mãe, mas ele não fez isso gritou para Astrid que parecia não ouvi-lo mais.

Seus olhos brilhavam e sua mão tremia pela emoção, estava frio, porém era como uma calorosa noite de verão o qual Astrid nunca tinha presenciado, mas podia supor que seria aquela sensação, seu machado estava no ponto mais alto era só abaixar.

Mas ela voltou a realidade ao ouvir o urro de dor de Tempestade, e Astrid ficou imóvel quando viu de canto sua dragão ser perfurada no pescoço pela mordida feroz do dragão vencedor e cair inconsciente no chão. Ela não viu Merida se recompor e correr com o dragão para perto de Banguela, onde juntos alçaram voo.

Sua mão perdeu força e seu machado caiu no chão. Ela olhou em direção ao corpo do réptil estendido e permitiu que as lágrimas rolassem em seu rosto. Ela caminhou lentamente até Tempestade e tocou nas escamas azuis. Ela sentiu que Tempestade respirava com dificuldades, até que inspirou pela ultima vez.

Minaz tinha lhe oferecido exatamente o que ela queria. Ser a melhor entre todos, pois ela tinha potencial para aquilo. Porém a vida de sua amiga draconiana era um preço que ela não aguentava. Soluço tinha dito que havia tempo. Como estava esse “tempo” agora?


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Notas finais do capítulo

Freyr: deus que comanda o tempo, entre outras coisas mais legais, se alguém não soube, lógico. ^^
Tapadh leibh!: Muito obrigada!
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D= Tenso. De qualquer forma, desculpa o atraso gente, deu problema na placa de vídeo do meu computador, e o capitulo estava lá, mas não tem problema né, eu reescrevi e ficou legal. Bom, antes que alguém comente algo muito desagradável, como já aconteceu (e não estou expondo ninguém, até porque já resolvemos esse "desentendimento") , então vou esclarecer aqui. Não, a Astrid não é vilã, e na minha visão isso é algo bem claro, assim como Macintosh também não é. Então não use o poder do comentário para chatear alguém. Isso é só uma fanfic, não é porque eu escrevi que a Tempestade morreu, que ela realmente morreu no original. Vamos abrir a mente para o termo "fanfiction" até pq tem drama ali no gênero, então um personagem ia morrer...ou mais de um. E alguns personagens iam estar "bolados". E não é porque alguém está bolado que ele é um vilão. Reflitam sobre o título da fanfic, eu até deixei minha ideia explicita nesse capítulo. O título significa muito pra história, não foi escolhido aleatoriamente. Anyway até a próxima o/