Kurokawa continuou de pé encarando o centro da arena com esperanças de mais algum espantalho aparecer. Com o tempo suas esperanças foram se dissipando: 

—Você tem que estar brincando comigo... -Reclamou ele. -Eu me arrependo tanto de ter matado aquele último tão rápido!!! 

Kurokawa saiu daquele estado eufórico e os ferimentos em seu corpo finalmente começaram a fazer efeito: 

—Minhas pernas estão falhando... -Reclamou ele casualmente enquanto caía. 

Uma mensagem surgiu próxima ao seu rosto: 

—Parabéns por completar o treinamento em sua primeira tentativa! Recentemente apenas você e Marwolaeth foram capaz de o fazer. Boa sorte em sua viajem por esse mundo, Kurokawa! 

Ele inclinou seu pescoço para ler a mensagem e sorriu: 

—Marwolaeth? Ele deve ser forte... 

Kurokawa levantou-se com alguma dificuldade e viu o mundo a sua volta desfazer-se: 

—Isso está ficando cada vez mais divertido... 

Ele estava de volta à sua escola e mais cansado do que nunca: 

—Eu preciso pegar a minha mochila e voltar para casa...Eu queria saber quantas horas eu fiquei naquele lugar... 

Estranhamente, a posição do sol não parecia ter sido alterada na ausência de Kurokawa. Ao entrar na sala e ver alguns alunos juntamente de sua professora olhando em sua direção, ele surpreendeu-se: 

—O tempo naquele lugar passava de forma diferente do resto do mundo...que típico... 

Sua professora encarou com um olhar duvidoso: 

—Você está um pouco atrasado...poderia saber o motivo? 

Ele revirou seus olhos: 

—Ah...eu não escutei o sinal para voltar... 

A professora apenas aceitou sua resposta duvidosa: 

—Apenas sente-se... 

Ele tentou caminhar para sua cadeira sem demonstrar suas dores, o que demonstrou-se bem trabalhoso. O resto do dia resumiu-se a Kurokawa tentando suportar seus ferimentos sem causar nenhum alvoroço. As aulas acabaram e ele tomou seu rumo para casa. Enquanto caminhava até o ponto de ónibus, o sol preparava-se para desaparecer. Ele percebeu que estava sozinho e aproveitou para checar aquele menu: 

—Monstros...como eu faço para achar monstros? -Pensou ele. 

O menu explicava que monstros apenas nascem em áreas longe de casas humanas. Kurokawa teve uma ideia muito melhor enquanto revirava aquele menu: 

—Melhor que monstros...eu tenho outros jogadores para brincar... 

Ele descobriu que era impossível diferenciar jogadores de pessoas normais até uma batalha acontecer e que batalhas não poderiam ocorrer na frente de pessoas normais, caso contrário, a punição era extremamente severa. Sem mais o que fazer, ele simplesmente esperou seu ónibus chegar. Já em sua casa, ele seguiu para a sua cama e dormiu rapidamente. Seu primeiro contato com aquele mundo foi fascinante. 

Na manhã seguinte, seu corpo recusou-se a levantar quando o seu despertador soou. Ele arrastou-se até o seu celular e ligou para a escola, era impossível fazer qualquer coisa com tantas dores assim. Depois de inventar várias mentiras, ele conseguiu justificar suas faltas até o final de semana. Já que ele estava próximo de atingir o limite de faltas, ele não poderia se dar ao luxo de simplesmente faltar. 

Esse foi um dia extremamente monótono. Com seu corpo naquelas condições, ele ficou o dia inteiro deitado enquanto saboreava algumas balas de caramelos. Sua paixão por aquele doce era inexplicável. Mas Kurokawa recusava-se a passar um semana apenas deitado em casa. No segundo dia, quando seu corpo deu sinais de estar melhor, ele começou a preparar-se para explorar. 

Logo após terminar seu banho, ele ouviu alguém tocar sua campainha: 

—Quem será? -Pensou ele se dirigindo naquela direção. 

Ao olhar pelo olho mágico, ele viu um linda e pequena garota de óculos com um longo cabelo castanho. Sua mente rapidamente duvidou: 

—Não...nenhuma garota bonita assim viria em minha casa sem segundas intenções... 

Ele pegou uma faca em sua cozinha e escondeu-a em suas costas. Kurokawa abriu a porta: 

—Como eu poderia te ajudar? 

A garota rapidamente corou e começou a tentar não manter visão direta com Kurokawa: 

—V-v-v-você é Kurokawa Mito? -Gaguejou ela. 

Kurokawa deu um passo para trás suspeito: 

—Como ela sabe meu nome? 

Mas ele não podia demonstrar assustado por apenas uma menininha: 

—Sim, eu sou Kurokawa Mito. Você tem algum assunto a tratar comigo? 

Ela tentava manter a calma enquanto seu rosto ficava cada vez mais vermelho: 

—Você poderia me...me...me ajudar? 

Kurokawa convidou-a para entrar e saber mais sobre seu pedido. Eles sentaram-se de frente um para o outro enquanto Kurokawa saboreava alguns caramelos: 

—Então...o que você quer? 

Ela tentava focar-se na conversa mas alguma distraía sua atenção: 

—Alguns amigos meus estão quase sendo mortos por alguns monstros não muito longe daqui, você poderia ajuda-los? 

Uma euforia percorreu o corpo de Kurokawa e sua mente não conseguiu pensar corretamente. Mesmo ciente dos perigos de segui-la assim, a possibilidade de extinguir seu tédio enchia seu corpo de felicidade: 

—Vamos! -Gritou ele se levantando. 

Lizzy não conseguia mais olhar na direção de Kurokawa: 

—Eu a-a-agradeço sua motivação...mas você...vai...assim? -Perguntou ela. 

Kurokawa ficou confuso: 

—Assim? 

Ele olhou para o seu corpo e aquele frio inexplicável juntamente do rosto extremamente vermelho daquela garota fizeram sentido. Ele sorriu meio envergonhado e seguiu para o seu quarto: 

—Merda...eu fui atender a campainha depois de ter saído do banho...eu tinha esquecido de colocar alguma roupa...ela pensa que eu sou pervertido...de certeza... 

Ele voltou com algumas roupas e um saco de caramelos: 

—Agora sim...vamos. 

Ela correu na frente enquanto Kurokawa simplesmente seguiu-a. Seus cabelos castanhos balançando no vento exalam um cheiro que hipnotizava Kurokawa. Sua pele branca e angelical distraía sua atenção: 

—Não sabia que garotas cheiravam tão bem assim... 

Mesmo tentando esconder isso, Kurokawa estava apenas sendo levado por ela. Suas experiências com o sexo oposto eram nulas e por isso ele não sabia como agir, ainda mais quando ela tinha uma presença tão agradável. Kurokawa perdeu-se em sua beleza e lamentou quando eles finalmente chegaram em seu objetivo. Kurokawa observou os seus arredores e perguntou: 

—Onde estão seus amigos? 

Ela sorriu desajeitada: 

—Você até parece ser um cara legal...me desculpe... 

Ela se afastou enquanto alguns homens saíam dos arbustos e cercaram-no: 

—Bom trabalho, Lizzy. -Disse o homem que aparentava ser o chefe deles. -Nós continuaremos te protegendo como sempre... 

Kurokawa apenas cobriu seu rosto com uma mão: 

—Eu sabia que era bom demais...uma garota bonita...e uma boa aventura... -Pensou ele. 

Ele olhou para seus oponentes e perguntou: 

—Então eu fui atraído para uma armadilha...mas o que vocês irão ganhar me matando? 

O chefe deles sorriu: 

—Você é realmente um novato...Nesse jogo, a morte é permanente! Eu não vou ganhar nada te matando, por isso, eu vou torna-lo meu escravo! Vou fazer você trabalhar para mim! Claro, você pode sempre recusar...se quiser morrer! 

Kurokawa estalou os seus dedos e manteve-se extremamente indiferente: 

—Então vocês acham que podem ganhar porque estão em maior número? 

Aquele homem enervou-se: 

—Você está muito atrevido...não tente blefar, não vai funcionar! -Afirmou ele. -Vou te explicar de uma forma que mesmo um novato como você pode entender. Um de nós é da raça Chearcer, ele tem a capacidade de descobrir várias informações, por isso nós sabemos que você é nível 1! E todos nós somos acima do nível 7! 

—Vocês não deveriam confiar muito em números, especialmente quando os vossos cérebros são incapazes de executar simples operações matemáticas. 

Eles sacaram suas armas em harmonia: 

—Parece que eu vou ter que te machucar um pouco para acabar com essa sua insolência... 

Um homem com duas espadas partiu para atacar, ele movia suas espadas sem usar nenhuma técnica e sua habilidade era terrível. Kurokawa desviou-se dos ataques sem muito esforço, aquilo não era nada comparado aos espantalhos. Aquele homem fez mais um ataque descuidado e Kurokawa aproveitou a oportunidade para agarrar seu braço: 

—Isso vai doer... 

Kurokawa quebrou o braço de seu oponente fazendo o urrar em dor. Ele tentou pegar a espada que seu inimigo derrubou mais foi surpreendido por um aviso: 

—Nível 5 necessário para equipar essa arma? Você tem que estar brincando comigo... -Reclamou ele jogando a espada no chão. 

Ele nocauteou aquele homem com um soco em sua mandíbula e se preparou para enfrentar o próximo. Um homem vestido com algumas longas roupas começou a conjurar algumas magias, Kurokawa sentiu seu corpo ficando mais lento e mais fraco. Um outro homem aproximou-se demonstrando que tinha aprendido algum estilo de luta. Ele começou a fazer alguns movimentos na tentativa de intimidar Kurokawa. 

Kurokawa pulou em sua direção e quebrou seu nariz com uma única joelhada. Ele voltou seu olhar para o homem com roupas longas: 

—Vamos! 

O homem jogou alguma espécie de cortina de fumaça em cima dele e recuou: 

—Chefe...ele é forte! Precisamos da sua ajuda! 

O outro homem sorriu com malicia em seus olhos: 

—Eu não gosto de lutar porque eu sempre despedaço meus inimigos...mas eu acho que dessa vez vai ser necessário... 

Kurokawa viu o chefe se aproximar e se preparou para um verdadeiro confronto: 

—Então agora iremos lutar de verdade? 

Ele sorriu e tocou o chão com suas mãos: 

—Levante-se, Leônidas! 

Um grande círculo surgiu no chão e um imponente leão foi invocado. Ele rapidamente avançou na direção de Kurokawa com golpes furiosos. Kurokawa tentava desferir socos e chutes enquanto se esquivava mas aquilo parecia fútil. Ele então resolveu fazer algo arriscado. Em vez de desviar do ataque do animal, ele simplesmente resolveu bloquear: 

—Aceitou seu destino? -Sorriu aquele homem. 

Kurokawa suspirou e deixou aquele leão abocanhar seu braço. Ele ignorou a dor de ter seu braço estraçalhado enquanto envolvia seu outro braço no pescoço do leão tentando sufocá-lo. O leão mordia seu braço com mais força enquanto ele fazia mais força tentando tirar a vida daquele animal. O animal acabou por sucumbir e deixar o braço de Kurokawa totalmente destruído. 

Sangue escorria por todas as direções, seus ossos estavam fraturados em várias partes e sua carne foi maioritariamente rasgada. Ele ignorou a dor insana que corria em seu corpo e fitou aquele homem parado em sua frente: 

—Como isso...é possível? -Perguntou o chefe perplexo. -Você é nível 1 e mesmo...mesmo assim matou o Leônidas... 

Kurokawa sorriu limpando o sangue que estava em seu rosto: 

—Não é sobre isso que você deveria estar preocupado... 

Ele pulou em cima daquele homem e começou a estrangula-lo com apenas uma braço. Ele se debatia tentando escapar mas a força de Kurokawa era muito superior. Uma mão pousou no braço de Kurokawa: 

—Não faça isso... -Disse Lizzy tentando impedi-lo. 

—Porque? -Perguntou Kurokawa. -Ele tinha a determinação para me matar, então ele não deveria estar pronto para morrer? 

Lizzy abraçou-o: 

—O fardo de matar uma pessoa é muito mais pesado do que você imagina... 

Kurokawa largou aquele homem apenas para satisfazer Lizzy. Ele levantou-se e foi seguindo em direção à sua casa sem dizer nada: 

—Ei, você não precisa de ajuda? -Perguntou ela 

Ele tirou um caramelo de seu bolso: 

—Não, eu estou bem...só preciso descansar um pouco... 

Ele seguiu em frente apenas para cambalear e quase cair: 

—Não se faça de forte...você perdeu muito sangue... -Disse ela deixando ele se apoiar em seu ombro. -Eu te devo uma... 

—Do que você está falando? -Perguntou Kurokawa comendo seu precioso caramelo. 

—Eu planejava esperar você fazer eles gastarem energia para eu poder derrotá-los depois... -Confessou ela. -Eu conseguiria derrotar eles sem problemas algum em situações normais mas algumas coisas aconteceram e atualmente eu não consigo nem usar 50% do meu poder total... 

Kurokawa não se importava muito, foi uma luta divertida afinal de contas: 

—Quando você conseguir lutar com 100% de sua força...eu quero lutar com você... -Sorriu ele.