Escocês Sedutor escrita por Melissa


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

boa leitura ;)



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Edward Cullen estava estressado. Toda vez se via no dia anterior, raspando na mureta de pedra a lateral de seu automóvel de luxo caríssimo, só para não passar por cima de carneiros preguiçosos que dormiam no meio da estrada. Em outra vida, teria trucidado os bichos. Contudo, vivia em um mundo civilizado, onde ninguém aniquilava rebanhos alheios só por esporte.

— Não pode ao menos fingir algum interesse no que está fazendo?

Edward encarou o irmão mais velho, com quem lutava, e sorriu descontraído.

— Quando estou a fim, luto esgrima como ninguém.

Emmet reagiu praguejando, conforme o previsto, partindo para um ataque sem pensar que, agora, sim, exigiu toda a atenção de Edward. Praticavam o esporte favorito bem cedo, com o sol ainda sob o horizonte, sem causar nenhum desconforto com os fortes raios ultravioletas. Edward estava feliz com convívio com a família, após anos longe de casa, vivendo uma existência jamais sonhada...

Emmet interrompeu a luta de repente, fincou a espada no solo apoiando as mãos no cabo.

— Se fosse uma luta de verdade, você estaria morto.

Edward deu de ombros.

— Sorte a minha poder me distrair sem risco de perder a vida.

O irmão embainhou a arma, desgostoso.

— Só queria entender o que há com você hoje...

Edward também não sabia o que estava acontecendo com ele, e mesmo se soubesse não contaria ao irmão. Como conhecera muita gente nova desde que se casara com Rosalie Hale, Emmet se especializou em psicologia barata e agora se achava capaz de curar todos os problemas do pequeno clã que liderava, pelo qual se achava responsável.

— Você abusa da velocidade na estrada — começou Emmet. — Quando bebe, exagera. Com as mulheres, então, quem sabe?

Edward deu de ombros.

— O fato de já estar casado e ter dois filhos, mais um a caminho, não lhe dá o direito de me criticar. Tenho tempo, dinheiro e liberdade. O que devo fazer, hein?

Vendo o irmão ranger os dentes, tossiu para disfarçar o riso. Emmet teria ficado tranquilo se soubesse que ele nunca se embebedava, mas com certeza se perturbaria se Edward o cantasse que não costumava ter intimidades com as moças com quem saía. Não aprovava o sexo casual, e fazia tempo que não se interessava por uma mulher o bastante para aprofundar o relacionamento.

— Já está com trinta e cinco anos — observou Emmet, apontando o dedo em seu peito. — Está mais do que na hora de se casar ou pelo menos começar a procurar uma esposa.

— Tomei a iniciativa uma vez e veja no que deu.

O irmão mais velho comprimiu os lábios.

— Eu sei, você se casou, e sua mulher morreu...

— Junto com o bebê que íamos ter — completou Edward. Já superara o trauma, mas levara seis anos.

— Pois está na hora de esquecer isso e tocar a vida para a frente — opinou Emmet. — Precisa construir algo.

Se fosse caso só de superar a perda, já estaria realizando algo útil, e o irmão sabia disso. Mas não queria falar a respeito, e apenas concordou:

— Tem razão. Vou fazer alguma coisa.

— Para começar, largue aquele outro trabalho — aconselhou o mais velho. — Sua parte da herança dá para seu sustento.

Edward suspirou. Viviam discutindo esse assunto. Emmet temia por sua segurança, mas ele tinha o direito de se arriscar. Além disso, sua ocupação era bem menos perigosa do que o irmão imaginava. De várias formas, passara toda a juventude se preparando para realizar aquela atividade.

— Devia também escrever o que sente — instigou Emmet.

— O quê?

— Escrever. Para a gente analisar o texto.

— Está brincando.

— É sério. Escreva tudo o que sente, e eu descubro qual é o seu problema.

— Quando o inferno congelar — retrucou Edward.

— Seria um começo. Melhor do que cruzar os braços e não fazer nada, que é o que você faz.

Edward estava com raiva, pegou a espada. Não era um vagabundo, e seu irmão sabia disso. Trabalhava para viver. Convivia com a família. Era um tio maravilhoso. E voltaria a se casar, algum dia. De preferência, com uma viúva cujos filhos já teriam ido para a universidade, de modo que nunca se conheceriam bem, e nunca chegaria a amá-los.

Surpreso, Emmet abaixou-se para escapar de uma violenta cortada de espada. Reergueu-se com um sorriso zombeteiro. Se era luta o que o mais novo queria, lutariam.

Uma hora depois, Emmet recuou levantando a mão.

— Paz...

Edward baixou a arma e nela se apoiou, ofegante. Nada como praticar esgrima para manter o corpo em forma.

Suspirando, tomou o rumo do estábulo.

Emmet o segurou pelo braço.

— Espere! Tome o café com a gente, pelo menos.

— Fica para outro dia.

— Francamente, Edward, não lhe comprei aquela casa caindo aos pedaços para você se enterrar nela.

— Eu não pedi nada, e até protestei quando você meteu essa ideia na cabeça. Mesmo assim, comprou a casa para mim, e agora não tenho opção senão morar nela.

— Mas minha intenção não foi...

— E, como se não bastasse a casa, comprou também um título de nobreza — completou Edward. — É muita responsabilidade ser senhor de uma mansão. Aliás, tenho de ir lá empilhar mais algumas pedras, para poder receber as visitas decentemente.

— Eu não me preocuparia tanto, se fosse você. Vão se passar anos antes que tenha alguém para entreter, além do que fantasmas e ratos, é claro.

Edward encarou o irmão.

— Por que comprou aquele mausoléu, afinal?

O mais velho apenas deu de ombros.

— Eu mesmo podia ter comprado — declarou Edward, e de fato herdara dinheiro bastante para tanto. Mas Emmet fez questão de presenteá-lo com o extravagante título de lorde havia um ano. Tinha a impressão de foi na época que começou a ficar mais rabugento.

O castelo de Emmet, o lar ancestral dos Cullen, é cheio de conforto e amor.

A casa de Edward era forrada de tapetes puídos.

— Estava farto de mim, é? — questionou, impiedoso.

— Claro que não! — protestou Emmet. — Só achei que você precisava assumir alguma responsabilidade...

Edward lhe apertou o ombro.

— Obrigado, mano. Por ter comprado a casa, e sei por que fez isso.

— Não, não sabe...

— Talvez eu vá jantar com vocês esta noite. Mas agora preciso voltar para casa e fazer algo útil, como varrer a sala.

— Sugiro uma pá.

Edward riu.

— Até mais. — Embainhando a espada, tomou o rumo do estábulo.

Foi quando outra pessoa o chamou:

— Edward, espere!

Estava ali alguém a quem ele jamais desobedeceria, sob pena de ter as bolas arrancadas. Voltando-se, viu a cunhada se aproximar. Ela se esticou e o beijou na bochecha.

— Vai tomar o café com a gente — convocou ela.

— Rosalie, com um bebê prestes a nascer, não precisa de um cunhado acabando com a sua despensa...

— O que temos dá para incluir você.

Enquanto Edward tentava elaborar uma desculpa, a cunhada cedeu, compreensiva:

— Está bem. Vá. Eu aviso quando o bebê nascer.

Ele sorriu.

— Mas carregue a bateria do celular — reclamou Rosalie — Está sempre desligado!

— Eu sei.

— Você não tem jeito.

— Mas tenho charme.

Ela lhe deu um tapa no ombro e o empurrou na direção do estábulo.

— Tchau.

Edward pensou sobre a própria atitude. Considerava mais seguro não estar no castelo naquele momento. Não se tratava de não gostar de crianças... Apenas não queria testemunhar a chegada da criança ao mundo. Era idiotice, sabia, mas desde quando o bom senso tinha algo a ver com as feridas do coração?

Montado em seu cavalo, atravessou as terras de Emmet ao encontro de sua própria casa, a norte do castelo do clã.

Chegou em menos de quinze minutos.

Reduzindo a velocidade, adentrou o pátio, se é que se podia chamá-lo assim.

Não passava de uma área na frente da casa delimitada por muros em ruínas.

No século XVII, um nobre inglês que gostava de se passar por lorde medieval utilizara a casa como cabana de caça. Toda de pedra, a construção lembrava um castelinho, fincada no meio de um terreno muito bonito. Mesmo antes de ganhar a propriedade, Edward costumava ir lá de vez em quando, já que era tão próxima da fazenda do irmão, mas nunca cogitara morar nela, caindo aos pedaços como estava.

Dispunha de muitos cômodos. Havia um salão, cozinha, quatro banheiros e vários quartos. Um deles contava com lareira tão grande quanto a da sala, e não fazia tanto tempo que a cozinha e os banheiros tinham sido modernizados. Não que ele se importasse. Já vivera em condições mais precárias, e fora feliz. Mas como tornar aquele lugar aconchegante?

Era tarefa quase impossível.

O lado de fora estava um pouco mais conservado do que o de dentro. O pátio cercado por mureta de pedra, o estábulo e a garagem para quatro ou cinco carros. O problema daquela casa era que os descendentes do último lorde não tinham tido ânimo nem recursos para conservá-la. O último morador, um sobrinho distante, deixara a construção se deteriorar quase que por completo antes de vendê-la, junto com seu insignificante título de nobreza, a Emmet, que fizera a aquisição pensando em dar ao irmão mais novo algo que o motivasse.

Sem nada melhor para fazer, Edward foi tomar banho e depois resolveu sair um pouco.

Foi para a garagem, ainda sem ideia de um destino. Ao ver o carro preto todo riscado, renovou seu ódio pelos carneiros, arrependido de não ter passado por cima deles, e optou pela caminhonete. Não era tão veloz, mas proporcionava mais segurança, caso se aventurasse por trilhas desconhecidas.

Entrou no veículo, fechou a porta e percebeu que havia algo errado. Saltou, viu o pneu murcho e xingou ainda mais. Não estava tendo uma boa semana.

Meia hora depois, pegava a estrada, rumo ao desconhecido.

Precisava de civilização. Talvez desse um pulo em Inverness. A cidade turística tinha alguma vida cultural e serviria, por ora. Poderia aproveitar e passar no funileiro, para combinarem o preço do reparo na pintura do carro preto.


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Notas finais do capítulo

Obrigada as meninas que comentaram, não tive tempo de responder, mas irei responder sem falta no final de semana! ;)
Comentem!!
Beijoos



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