A neve caía naquela manhã de 24 de dezembro. Eu estava encostado na janela vendo os pequenos flocos brancos caírem e se alojarem no peitoril.

Uma sensação nostálgica me invadiu.

“Ele deveria estar aqui”

Rabiscava em meu caderno de desenhos sua imagem, era mais uma forma de sentir que ele está comigo, mesmo não estando.

Um carro passou na rua e me lembrou daquela noite, fora em julho, nem parece que já se passara 1 ano desde que...

Levantei e coloquei mais alguma lenha na lareira, a manhã estava realmente fria. Fui até a cozinha e enchi minha caneca com chocolate quente.

“Como ele gostava”

Por uma súbita decisão peguei o telefone e disquei seu número.

-Alô?

O que eu iria dizer? Me desculpe?

-Frank...

-O que você quer Gerard? Já não conseguiu o que queria?- sua voz era fria, mas ele não deixava de ter razão, o que eu fizera fora terrível.

-Gerard?- ele insistiu

-”Me desculpa...
Me desculpa por ter te deixado
Me desculpa por ter te magoado,
Por não valorizar o teu carinho...
Me desculpa, eu sei que te traí, te enganei, mas depois de tudo eu não pediria para você voltar....
Me desculpa pelas noites que eu te deixei esperando, por toda droga que eu usei e tudo que te fez mal, e a mim também...
Me perdoa se isso parece ser da boca pra fora, mas essa manhã olhei para a neve e lembrei de você.
Porque você sempre estava comigo nessas horas, e porque costumávamos a comemorar nosso próprio natal, ninguém mais...
Eu só queria te ver, sentir teu cheiro e ter teu abraço agora....”

Ouvi soluços do outro lado da linha, ele também estava chorando.

-Eu te amo...mas não sei se posso...adeus Gerard.

E desligou.

A dor era tão forte...era como se me queimassem por dentro. Vesti meu chinelo e fui para a frente da casa, lá em contato com a neve, deitei no chão e adormeci.


Fim.