Flynn estava correndo, de novo. Sua respiração condensava em frente ao seu rosto continuamente, mas ele não parou ate avistar a barreira. Só mais alguns passos, e ele estaria seguro da fúria da rainha.

Mas, talvez, eram demasiados passos. Quando ele estava quase cruzando a borda, uma brisa fria o deteve. Calafrios correram por todo seu corpo descoberto.

A rainha estava ali. Ela o tinha encontrado.

E, pela aparência da neve espiralante e furiosa ao seu redor, ela não estava feliz.

“Flynn Rider” A voz dela fria como gelo, soou de todos os lados do alvo bosque. “Isso esta se tornando um habito, não?”

Ele não respondeu. Tremia, não por medo, mas pelo frio incessante, buscando aberturas em sua roupa inapropriada, para fazer sua pele arrepiar-se.

Um rosnado, vindo do profundo da garganta da majestade ecoou.

As arvores estremeceram seus troncos brancos, cobertos por camadas de flocos de neve.

“Devolva” Ela disse mais uma vez, controlando seu tom. “Já.”

“Devolver o que, minha rainha?” Ele fez uma mesura debochada. Neve o acertou diretamente na face já rosada pelo frio.

“Minha coroa” Ela fez uma pausa, e, a não ser que ele estivesse imaginando, seus olhos captaram pegadas na neve interminável. “A que você roubou de meus aposentos”

Orgulho ferido. Sua voz transbordava isso, juntamente com indizível desprezo.

“Ah essa!” O rapaz se atreveu a rir, com cautela. “ Ora vamos, sabe o que?. É ate engraçado, eu, bem, a perdi.”

Duas estacas de gelo surgidas do nada rasgaram parte de suas calças ao prenderem-no contra o chão.

Ao parecer, Elsa não era do tipo que tinha senso de humor.

O ladrão estava se preparando para enrolar mais um pouco, mas suas palavras congelaram na garganta quando seus olhos se colocaram sobre a figura muito pálida, com um batom roxo no meio da neve.

Os cabelos trançados perfeitamente arrumados hipnotizaram-no por um instante.

“Chega de jogos Rider, devolva a coroa e, bem, suma. Te permitirei passar a fronteira. Só não quero mais confusões em meu reino.”

Seu peito doeu. Na verdade o peito de ambos doeu com aquelas palavras. A razão? Temo que não possa explicar com precisão. Afinal, nem mesmo eles sabem.

“Ir... Para sempre?” Ele levou um tempo para raciocinar. Aquilo o machucava, o magoava.

Mas por que diabos aquilo deveria importar a ele? Era um passe para a liberdade o que ela oferecia, era a melhor coisa á se esperar em uma situação como aquela.

Já a jovem, alisando seu vestido azul, tentava esconder com que tamanha tristeza proferia aquela sentença. Mas se queria que ele vivesse, essa era sua única opção.

E por que queria que ele vivesse? Era um criminoso, deveria estar enviando-o para a forca e não... Para longe dela.

“Maldição!”

Ambos se surpreenderam com a exclamação que deveria ter saído apenas em suas mentes.

Flynn se aproximou, livrando-se com dificuldade das estacas de gelo. Passou as mãos pelos cabelos cor de chocolate com nervosismo, e então, enlaçou a cintura da rainha do gelo com uma de suas mãos grossas, e a outra levou ao seu rosto pálido.

Ela abriu os olhos em choque ao sentir os lábios dele contra os dela. Seus punhos teimavam, querendo afasta-lo, mas ela ignorou os sussurros da neve ao redor e apertou seus lábios ainda mais contra os dele.

O ar ao redor como em um passe de magica já não estava frio. Um calor agradável, que só aumentava impregnou-se nas roupas dos dois.

“Desde, desde...?” – Elsa tentava formular uma frase decente.

“Ah eu não sei Branquinha, talvez, desde a primeira vez que você falou meu nome?”

Ela sorriu, corada. E ele a olhou com carinho incondicional.

Ninguém passaria a fronteira hoje. Ninguém seria preso. Ele devolveu à coroa a cabeça delicada da rainha quando se beijaram mais uma vez, ele sustentando o corpo cheio de curvas dela em uma de suas mãos.

Hoje, a neve cessaria. Hoje um ladrão não iria fugir. Hoje uma rainha se portaria de maneira inadequada. Hoje, existiriam apenas ele e ela, e para eles, o mundo estava congelado.