A princesinha da tecnologia escrita por Ally Waldorf
Notas iniciais do capítulo
Obrigado a todos que leram o primeiro capitulo e agora estão iniciando esse.
Depois de duas semanas no Brasil eu já estava morrendo de tédio. Por mais que existissem boas baladas nenhuma delas chegava a se igualar as que eu estava acostumada, especialmente no quesito musical, não que eu conseguisse aproveita-las por um bom tempo antes de alguém me reconhecer graças as divulgações na impressa sobre a volta dos Marra ao Brasil. Dad estava tão obcecado com as novas instalações da sua empresa que quase não parava em casa e Mom é claro também não ficava por perto muito tempo. Até tentei entrar em contato com a minha família brasileira, mas isso só gerou brigas e pior ainda a minha punição que era estar presente em TODOS os eventos nerd oferecidos pela Marra que eram like super chatos, a única diversão que tive foi quando um hacker chamado Golias interrompeu uma das apresentações boring do meu pai para fazer um protesto. Só o fato de ver o poderoso Jonas Marra agonizando no palco tentando retirar a imagem do telão valeu ter ficado de castigo.
– Thaks Golias, seja você quem for. – Eu disse baixinho enquanto o meu Dad explodia no meio da sala depois que nenhum dos seus especialistas conseguiu rastrear o hacker. Ele ficou tão ocupado que nem percebeu quando sai de fininho, no elevador meu único pensamento era desaparecer e aproveitar o tempo de liberdade que conseguisse antes dele me rastrear. Ser filha do mago da tecnologia era a treva.
– Cara não acredito que você fez isso. – Uma voz disse quando estava cruzando o lobby. Era um adolescente que como a maioria ali tinhas os olhos vidrados na TV enquanto jogava. – Hackear o notebook do Jonas Marra foi demais, até para o Golias.
Congelei onde estava e me virei para ver com quem ele estava falando quase caindo para trás quando vi a figura de casaco e óculos ao seu lado. O rapaz ao seu lado não segui a regra dos viciados em tecnologia, pálido, magricela ou obesos e não atraentes como eles geralmente são descritos. Pelo contrário, ele era really really beautiful and believe me quando disser que um guy é bonito. Seu cabelo castanho era bagunçado e uma barba da mesma cor cobria todo o seu maxilar, não uma dessas que deixa um cara disgusting, mas uma que o deixava bastante atraente. É claro que vivendo na Califórnia vi e namorei diversos atores e modelos que com certeza seriam tido como mais belos do que ele, mas nenhum deles fez o meu estomago congelar quando sorriam. Rindo como uma boba e andando em câmera lenta me aproximei de onde eles estavam parando bem ao lado dele.
– Você não tem medo de nada, right? – Perguntei diretamente parando ao lado dele e cochichando baixinho para que ninguém além deles dois ouvissem. – Golias.
Golias me olhou claramente surpreso e então virou para os dois lados para saber se mais alguém tinha me ouvido.
– Não sei do que você está falando moça.
Ele não sabe quem eu sou! Conclui transbordando de felicidade.
– Well, então acho que o seu amigo ai é like um liar porque acabei de ouvi-lo chamar você de Golias.
– Desculpa, irmão. – O garoto moreno disse levantando os ombros em rendição.
– Dont Worry! – Falei me aproximando ainda mais dele. – Não vou contar para o meu da... para o meu Boss o Jonas Marra.
– Então você trabalha aqui? E não vai usar isso para puxar saco do seu chefe?
– Depende... – Me aproximei ainda mais dele ficando a centímetros do seu rosto. – Você aceita dá uma volta comigo? Posso te mostrar coisas mais interessantes que esse game.
– Já vi que tó sobrando. – O amigo dele disse pegando a sua mochila que estava jogada no chão e a colocando nas costas. – Bom tour para vocês.
– Espera! – Golias gritou, mas o garoto já tinha ido embora. – Eu... é...
– É impressão minha ou você está afraid... com medo de ficar perto de mim. – Falei deslizando a ponta do dedo pela camisa dele que balançava a cabeça freneticamente em negação, mas parecia nervoso. – Let’s Go!
Saí puxando o Golias até o elevador apertando o botão do trigesimo andar. Ele olhava para todos os lados exceto para mim e eu estava achando a sua timidez ainda mais fofo e atraente. A maioria, senão todos os caras que conheci não perdiam tempo e partiam logo para o ataque especialmente quando poderiam se tornar genros de um dos homens mais ricos do planeta, mas não o Golias se bem que ele não sabia quem eu era. Parecia o tipo de cara que nunca abriu uma revista de fofoca o que era fantástico para mim. Quando as portas do elevador se abriram segurei sua mão e o levei até uma das salas que ainda estava em construção, essa parte do prédio ainda não havia sido remodelada e ferramentas dividiam o espaço com caixas de equipamentos e fios elétricos.
– Acho que a gente não deveria estar aqui.
Ignorei o seu protesto até chegarmos ao ponto que queria, onde a cidade parecia pequena e o vento batia fortemente pois a janela ainda não tinha sido colocada.
– Don’t. – Falei quando ele deu dois passos para enxergar a vista melhor. – É perigoso.
Para minha surpresa ele sorriu e retrocedeu.
– Quem está com medo agora? – Falou cruzando os braços.
– Não é medo... it’s... what is the word?... Prevenção. O vento está muito forte, qualquer movimento errado e você poderia cair. E seria uma pena perder a única pessoa corajosa o suficiente para peitar o poderoso Jonas Marra.
– Pensei que todos que trabalhavam na Marra adoravam o Jonas Marra.
– A maioria, mas não eu.
– E porque não?
– Let’s just say que o conheço o suficiente para reconhecer que é apenas um homem comum com um ego do tamanho do universo. – Com medo de dizer mais alguma coisa que pudesse me revelar achei melhor mudar de assunto. – De você é que ainda não sei nada.
– Não há nada para saber. – Ele disse puxando dois tijolos e colocando-os lado a lado em uma improvisação de cadeira. Sentou-se em um e apontou o outro para mim.
– Como não? – Falei sentando na superfície dura e desconfortável quase me espatifando no chão quando o tijolo virou.
– Cuidado! – Ele disse me segurando pelo braço, mas não conseguindo evitar de virar o seu tijolo também. Rindo ele pegou mais dois tijolos e colocou sobre o seu fazendo o mesmo com o meu. – Agora está melhor.
– Absolutely. Então o que você tem contra o Jonas Marra?
– Contra ele? Nada. Contra o que ele representa? Muito. Pessoas como o Jonas se acham superior aos outros apenas por terem dinheiro e manipulam informações que deveriam ser livres privando as pessoas que não tem recursos de alcançar seus objetivos. A internet no Brasil, por exemplo, parece que todos os provedores tem um acordo de cobrarem um preço absurdo pelo serviço deixando a população sem outra opção a não ser aceitar e ser explorada. É assim com grandes empresas como a Marra, só se importam em aumentar seus lucros e não com a sociedade ou como ela está agonizando sem saúde, escola ou segurança. – Ele parou e olhou para mim. – Estou te deixando entediada certo?
– Não, encantada na verdade. – E um pouco culpada por nunca ter pensado dessa forma. – Acho que nunca conheci ninguém que legitimamente se importasse com os outros. Conheço vários que fingem para aparecer bem na mídia, mas nenhum deles tem a mesma paixão que você.
– Vai ver é porque ninguém que você conhece viu o mundo como ele realmente é. Eu trabalho em uma ONG..
– Uma what?
– ONG. É uma organização que ajuda pessoas sem o auxílio do governo. Ensino programação para crianças da favela que não tem como pagar por cursos e dessa forma evitando que passem o tempo na rua se envolvendo com coisas ruins.
– Wow! Minha Mom ajuda várias ONGs então. Ela estava na África semana passada, mas não sei exatamente o que estava fazendo. Eu nunca fui like ela.
– Porque não? Ajudar os outros é muito bom.
– Acho que ninguém nunca me inspirou como você. – Nossos olhos se cruzaram, ele parecia ainda mais bonito. O brilho do som que entrava pela janela clareava um lado do seu rosto dando a impressão de que seus olhos castanhos eram mais claros do que realmente eram e iluminando o seu cabelo e da sua barba. Toquei o seu rosto sentindo a aspereza dos pelos e a maciez e o calor da sua pele, era algo simples porém conseguiu congelar o meu estomago de uma forma que nem mesmo o melhor beijo que já recebi pode. – Posso dizer com certeza que nunca encontrei alguém como você. I’m sure of it.
– Espera. – Ele disse se afastando um pouco. – Eu tenho...
– Megan Lily Parker-Marra. – Alguém esbravejou fazendo com que eu e o Golias quase caíssemos novamente do nosso banco improvisado. – What are you doing in here?
– Dad! – Eu disse incapaz de me impedir. Assustada olhei para o Golias que parecia atordoado e olhava para mim e para o meu pai alternadamente. – Eu posso explicar!
– Acho bom! – Meu pai disse. – Manuela será que você pode levar esse rapaz que eu preciso ter uma conversinha com a minha filha.
– Você é filha do Jonas Marra?! – Golias disse se afastando de mim como se eu tivesse uma doença e ele temesse pegar por estar apenas no mesmo local que eu.
– Wait! – Gritei tentando segurar o seu braço. – Só estava...
– Me enganando? – Ele completou erradamente. – Parabéns, conseguiu fazer isso com louvor.
– Vamos, Davi. – Uma garota de cabelo marrom em um vestido que parecia ter sido rejeitado pelo exercido da salvação por ser um assassinato a moda. – Talvez você possa me explicar porque o meu namorado estava em uma área proibida com a filha do meu chefe no caminho daqui ao térreo.
– Namorado? – Perguntei tentando lembrar de outra tradução para essa palavra que não fosse boyfriend. – Unbelievable.
A garoto horrorosa saiu andando enquanto o Golias, Davi, tentava se explicar sem olhar uma única vez em minha direção até desaparecer de vez.
– Você arruinou tudo! – Gritei para o meu dad que me olhava de forma repreendedora com os braços cruzados. – A primeira coisa boa que me aconteceu desde que chegamos a esse país.
– E você desapareceu exatamente quando mais precisava, i guess we are even. Estou cansado de lidar com a sua irresponsabilidade, Megan. Quando irá crescer e perceber que um dia isso tudo será seu?
– No dia que você perceber que isso não é o que eu quero.
– E o que é? Porque você não fez faculdade e até onde sei não pretende fazer, sem falar que é totalmente irresponsável. O que espera da vida?
– Oh God! Not this again.
– Sim, isso de novo. Quantas vezes forem necessárias. – O celular dele tocou nesse momento e ele atendeu. – O que houve? Pode entregar para a Manuella, ela será a segunda no comando a partir de hoje.
– What? – Gritei, mas ele apenas ignorou.
– Sim, confio completamente nela e concordo com tudo que decidir.
Uma parte de mim adoraria dizer a ele que a sua nova protegida namorava o hacker que o embaraçou mais cedo durante a palestra e na frente dos acionistas, mas outra dizia que apenas perderia mais pontos com o Golias se a prejudicasse dessa forma. Engoli a vontade de queimar aquela NERD sem graça e esperei que ele terminasse a sua ligação.
– Era por isso que queria sua presença hoje quando apresentasse a Manuela aos acionistas. Ela se provou uma jovem talentosa dede que estagiou na Marra Internacional quando terminou a faculdade de Engenharia com honras sendo a mais nova da turma, deveria se inspirar nela Megan.
– Não, Dad. Acho que ela deveria se inspirar em mim e se livrar daquela roupa. Você viu aquilo? God! Como é que o Davi pode namorar alguém assim?
– Porque algumas pessoas preferem o interior, além do mais pelo que ouvi o Davi também é um programador, ou seja eles tem muito em comum.
– Oh Dad o senhor não sabe? Não são os semelhantes que se atraem são os opostos.
– Megan, por favor, Não arranje problemas com a Manuela, no futuro é ela quem tomará conta da Marra e vocês terão que trabalhar lado a lado.
– Quem falou em trouble? Acabei de encontrar a solução e ela tem nome, apelido e fica linda de óculos. Só preciso encontrar uma forma de fazê-lo vê isso e é claro de ser perdoada por ter omitido a parte de ser relacionada a você.
– Não sabia que fingia ser outra pessoa quando conhecia alguém, especialmente que escondia a sua família.
– Até hoje eu não tinha conseguido.
– Sabe existem bilhões de pessoas que queriam ter 0,001% do que você tem.
– I know that! E é por isso que decidi ajudar aqueles menos afortunados, acho que vou seguir o exemplo da mamãe e ser voluntária em uma ONG.
– Wow. Isso é inesperado. Tem algo em mente?
– You bet! – Falei fitando a cidade e o sol que agora estava coberto por nuvens. – Pode apostar que sim.
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Por favor, me deixem saber o que acharam.