Os Cavaleiros do Zodíaco - After Hades escrita por IvaldoPicles


Capítulo 15
Passado


Notas iniciais do capítulo

XD, esse capítulo foca muito no Ryuji e em suas lembranças, mas também tem uma pequena luta XD

Espero que curtam (y)



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RYUJI

Bariloche, Argentina, na região da Patagônia, 9 anos atrás...

– Vamos embora, Isla! – Disse Hyoga, impaciente – Você nunca foi tão vaidosa assim... Por que tanta demora?

– Já estou indo! – Respondeu ela, de dentro do banheiro. Após mais alguns minutos se arrumando, ela saiu. “Por Atena, como ela estava linda...” Seus cabelos antes lisos estavam cacheados como as madeixas de uma princesa, um pouco acima dos ombros. Ela usava uma camisa verde de algodão, por baixo de um suéter de lã negra, além de um cachecol de cor cinza enrolado no pescoço e caindo pelo busto. Tinha também uma calca legging preta e bem justa ao corpo, mostrando suas pernas definidas. Usava também um tênis branco de caminhada. Seus olhares se cruzaram, e os dois enrubesceram. Hyoga virou-se e saiu do apartamento, descendo pela escada do “Hotel Bariloche” a passos rápidos e firmes. Isla foi com ele, e Ryuji ficou para fechar o lugar. Deu uma última olhada no sofá de couro da sala, lembrando-se da noite anterior... “Eu poderia tê-la beijado...”. Afastou o pensamento da cabeça, e trancou a pesada porta de madeira. Ao virar, deparou-se com Isla parada na ponta da escada.

– O que está fazendo? – Indagou Ryuji, sem entender o porquê dela não estar com Hyoga.

– Te esperando ué. – Respondeu ela, como se fosse algo normal. E que de fato era, mas por algum motivo, Ryuji havia estranhado. “Será que eu...”.

– Ah... Pensei que tivesse descido com o mestre.

– Não, mas com sua demora, estou quase fazendo isso – Retrucou ela, em tom de brincadeira – Vamos logo, ou ele irá ficar irritado.

Os dois desceram a escada do hotel em um silêncio incomum, com ela indo à frente, e Ryuji atrás, observando seus cabelos verdes balançando com a descida. Entregaram a chave do quarto para o recepcionista, e saíram para a rua. A neve caía gelada, castigando as ruas da cidade turística. Ao longe, Ryuji viu o Lago Nahuel Huapi, com suas águas frias e escuras a abrilhantarem a já bela cidade. Não pode deixar de notar o barco que cruzava o lago, levando apreciadores e turistas que vinham até a cidade para conhecer aquela que era a região com mais geleiras no mundo após os dois polos.

Os três subiram ao Norte em direção a montanha Cerro Catedral. Andaram por cerca de 40 minutos até chegarem na Estação de Esqui. Passaram pelos teleféricos e rampas de Snowboard, onde viram turistas tentando debilmente se equilibrarem em pranchas longas demais para seus corpos. Pararam em algumas lojas, onde os três seguiram para a lanchonete, buscando fazer um rápido lanche, e descansarem da longa subida.

– Vamos dar uma parada aqui. Comam, descansem e reponham as energias, pois temos ainda uma caminhada grande.

– Certo, mestre. – Disse-lhe Isla.

– Eu não estou com fome – Mentiu Ryuji – Ficarei na entrada.

Ryuji não esperou uma resposta. Girou sobre os calcanhares e saiu da lanchonete, procurando um lugar para ficar. Encontrou um banco de madeira escura, e sentou-se observando os turistas. Contudo, seu pensamento estava distante... Aliás, nem tão distante assim, já que Isla e ele estavam tão próximos. “Não posso... Esse desejo... Minha honra como cavaleiro... Meu dever...”. Olhou por trás dos esquiadores, que estavam em uma parte mais elevada na montanha, em direção as rochas e pinheiros retorcidos. Cobertos de neve, eles entravam no coração da montanha. “É para lá que nós vamos... O que será que aconteceu de tão importante para o santuário mobilizar dois cavaleiros de prata, e um cavaleiro de ouro para esta missão?”, pensou Ryuji, que acabou interrompido por Isla.

– No que você está pensando, afinal? – Falou ela, aninhando-se ao seu lado no banco, como uma gata carinhosa e rápida. Ela segurava um croissant doce, coberto com chocolate. O cheiro de comida entrou em seus pulmões, e Ryuji teve a fome adormecida desperta novamente. Sentiu também cansaço, e acabou fazendo algo que não pensou que teria coragem de fazer, dadas as circunstâncias. Recostou-se em Isla, apoiando sua cabeça no colo dela, exatamente como a amazona de prata havia feito na noite anterior, com a ressalva de que o banco de madeira era bem mais desconfortável do que o sofá de couro. As pernas dela eram macias e quentes, um travesseiro ideal. Ryuji permitiu-se um momento de conforto, e fechou os olhos. Sentiu a brisa fria e o cheiro de perfume doce da amazona, e teve uma súbita vontade de olhá-la. Abriu os olhos e viu a face delicada de Isla completamente ruborizada. Seus olhos brilhavam. Ela começou a afagar seus cabelos, e Ryuji aceitou o carinho com bom gosto.

– Obrigado, Ryuji. – Disse ela. Ryuji não compreendeu, nem forçou uma resposta. Apenas aproveitou o momento.

* * *

Seguiram até o interior da montanha, passando por árvores quebradas e enegrecidas, muita neve e rochas. Os dois vestiram as armaduras, mas Hyoga permaneceu com a urna dourada da armadura de aquário selada em suas costas. Isla usava sua máscara desta vez. Ryuji lamentou dentro de si por não ver mais o rosto da amazona, mas isso não era tão importante agora. Estavam focados, e pela seriedade de seu mestre, o cavaleiro de taça tinha certeza de que era uma missão muito importante. Correram por cima de árvores, escalaram uma espécie de pequeno monte de rochas congeladas, e cada vez mais entraram nos confins do gelo, até que seu mestre pediu para pararem, com um sinal de mão, cerrando os punhos.

– O que houve, mestre?

– Silêncio, Ryuji – Repreendeu ele – Finalmente resolveu aparecer, não foi.

– Ora ora, digo o mesmo! Estava sentindo a falta de mais cavaleiros para derrotar! – Disse uma voz forte, que revelou ser a de um homem que usava uma armadura completamente negra. Ela tinha formas arredondadas e era toda ornamentada. Seu rosto era branco, mas seus cabelos eram longos e negros. Ele tinha o rosto muito parecido com o de seu mestre.

– Quem é você? – Perguntou Isla.

– Huh, não reconhecem a armadura, mesmo tendo um mestre como esse? Eu sou um cavaleiro negro, o último deles!! Eu sou o Aquário Negro!!

– O que?! O Aquário Negro?! Mestre, os cavaleiros negros não estavam extintos para sempre?!

– Era o que eu imaginava... – Disse Hyoga, focado – Vão em frente! Resgatem o cavaleiro que está preso, seja ele quem for!!

Os dois não esperaram uma resposta. Adentraram a mata fechada, e não obtiveram resistência do cavaleiro negro. Correram cerca de 30 metros na neve, esquivando-se de galhos e pedras, quando encontraram uma cabana. A mesma era feita de madeira, tinha uma porta também de madeira no lado esquerdo. Ao lado direito da casa, havia uma janela de vidro, que mostrava o interior da cabana. Por dentro, Ryuji que ela possuía uma mobília clássica, com móveis rústicos de madeira e om pouco acolchoamento. Ryuji também viu a luz de chamas, e checou no alto a chaminé. “É uma lareira - percebeu – Deve ter alguém lá dentro...”. Isla, que ia à frente, parou atrás de uma árvore congelada e Ryuji fez o mesmo.

– Eu irei checar! Me dê cobertura!! – Disse ela, sem esperar uma resposta. A amazona avançou correndo silenciosamente, levantando um pouco de neve ao pisar no solo. Ryuji permaneceu onde estava, esperando o momento certo para agir. Viu a amazona entrar na cabana. Por alguns segundos, nada aconteceu. Quando Ryuji preparava-se para avançar, porém, ouviu o grito da amazona. Deu um potente salto na neve, e entrou desesperado na cabana. O que viu o deixou perplexo. Isla estava no chão, desacordada. Uma lança de gelo negra estava fincada em sua perna esquerda e sua máscara estava quebrada no chão de madeira. No centro da sala, estava um cubo de gelo negro. Dentro, Ryuji conseguiu ver com um certo esforço um homem de meia idade, de cabelos verdes. Contudo, Ryuji ainda sentia o seu cosmo. Por fim, apareceu aquele que atingira Isla. Então Ryuji ficou mais perplexo ainda. O homem era igual a ele. Tinha a mesma estatura, expressão, corpo... Tudo. Exceto por alguns detalhes. A armadura que ele usava era negra e igual a que o cavaleiro de prata usava, assim como seus cabelos.

– Quem é você? – Perguntou.

– Olá, cavaleiro de Taça. Eu sou o Taça Negro. Parece que veio nos fazer uma visita. – Disse ele, debochado.

– O Aquário Negro disse que era o último dos cavaleiros negros...

– Faria bem em não confiar em nós, cavaleiro de prata.

– Quem é esse que está aí no gelo? – Perguntou Ryuji, mudando de assunto.

– É o cavaleiro de Andrômeda, Shun. Aquário Negro conseguiu pegá-lo de surpresa enquanto ele estava na Estação de Esqui.

“Andrômeda?! Que eu saiba, ele é da mesma geração de meu mestre... Não tem como ele ter sido derrotado...” – Pensou Ryuji, surpreso.

– Huh, por que o susto, Taça? Por acaso teme pelo seu mestre?

– Você que deveria se preocupar, não eu!! – Disse, inflamando o cosmo.

O Taça Negro arremessou uma lança de gelo negra em direção ao cavaleiro de prata, que se esquivou rolando para o lado. O cavaleiro negro avançou, e Ryuji deu uma rasteira no mesmo, que caiu no chão. O cavaleiro de Taça não perdeu tempo, e o arremessou para fora da cabana, quebrando a porta de madeira no processo. “Preciso deixar a Isla a salvo desse homem!”, pensou. Contudo, ele não tinha muito tempo. Sangrava, e ele não poderia deixa-la naquele estado por muito tempo.

– Huh, por que a pressa, Ryuji de Taça? – Debochou ele – Por acaso quer salvar sua namoradinha? Huh, saiba que ela não tem mais nenhum salvação.

– O que? O que você quer dizer com isso, Taça Negro?

– As minhas lanças de Gelo são feitas com as águas da armadura negra de Taça. Você deve muito bem conhecer as propriedades curativas de sua armadura... Contudo, a minha também tem habilidades diferentes. A água que sai da Taça negra não cura, mas mata, assim como um veneno mortal. Ela já está condenada, cavaleiro.

– Entendo... – Disse ele – Contudo... Você está errado, Taça Negro.

– O que? Do que está falando?! Será que está louco?!

– Ela não está condenada, longe disso!! – Disse, liberando todo o seu cosmo em todas as direções, sem medir força ou se segurar. Simplesmente explodiu - Nós sabemos muito bem que as armaduras negras são armaduras falsas, apenas cópias!! Nunca um cavaleiro negro será mais forte do que um cavaleiro de Atena, e eu provarei isso!!

– Huh, é o que vamos ver!! – Disse ele, elevando seu cosmo.

– Assim como os cavaleiros, são as armaduras!! Eu farei com que Isla viver com o poder da água milagrosa da sagrada armadura de prata de Taça, e seu poder irá superar o veneno, assim como o meu poder vai derrotar o seu agora!!

Os dois atacaram.

– Lanças de Gelo da Lótus Branca!

– Lanças de Gelo da Lótus Negra!

Várias lanças colidiram e foram de um lado para outro. Gelo e estilhaços congelados iam para todos os lados. Ryuji sentiu a dor de ser acertado, mas não poderia parar. Continuou atacando. Não parou. Não poderia parar. Por Isla. Por Hyoga. Por Atena. Por todo mundo, não poderia parar.

Fora atingido na perna, no abdômen e no ombro, mas em compensação, havia derrotado o cavaleiro negro, que jazia na neve, empalado por várias lanças. Contudo, Ryuji não tinha tempo. Cambaleou até a cabana, onde procurou por água, até acha-la em um pote de jarro. Tirou a armadura e colocou a água na Taça que se formou em sua frente. Não teve tempo para olhar o futuro. Bebeu a água, e depois foi até Isla, arrancou a lança e a fez engolir, mesmo desacordada. A abraçou. Ela não estava respirando. “Não, não, não!!”. Fez ela beber mais. Nada. “Atena, por favor...”. Lágrimas escorriam quentes de seu rosto gelado. Ele a abraçou mais forte. “Deuses... Se houver alguém, qualquer coisa, por favor... Isla...”. E então, ela abriu os olhos. Estava aparentemente exausta, mas respirava, mesmo que um pouco ofegante. Olhou nos olhos verdes dela, e alisou seu rosto.

– O-o que houve? – Perguntou ela, com sua voz saindo doce como o mel. Ryuji viu que ela estava ruborizada, provavelmente por acordar no colo de Ryuji.

– V-você me deu um grande susto, foi isso que aconteceu.

– Como assim?

– O cavaleiro negro de Taça acabou te pegando de surpresa, e você quase acabou envenenada.

– Nossa... Você está sangrando!! – Disse ela, ao notar o filete de sangue que escorria pelo ombro de Ryuji – Eu irei cuidar disso... – Disse ela, que tentou se levantar, mas grunhiu de dor e voltou a ficar nos braços do cavaleiro de prata.

– Não faça esforços... Você ainda está machucada. Se não fosse a água da armadura de Taça, você teria morrido.

– Você me salvou, Ryuji? – Disse ela, perplexa, mas com uma suavidade e carinho na voz que fez todo o amor de Ryuji transbordar.

– Sim... Eu quase me desesperei, pensando que você morreria... Sua louca – Disse ele, em tom de brincadeira, mas também com uma ternura na voz. Pela primeira vez desde o aeroporto, Ryuji sentia-se confortável na presença de Isla. Os dois se entreolharam. Então, ele a beijou de surpresa. Sua boca estava seca, mas o beijo foi quente e molhado. Beijou-a, e beijou-a, e beijou-a. Deuses, que beijo bom. Beijá-la trouxe finalmente a tona todos os sentimentos que estavam sendo suprimidos a tanto tempo. Não, ela não era apenas uma companheira de treino. Ela uma mulher, uma mulher linda, uma mulher que Ryuji queria manter ao seu lado, não se importando com as consequências. Por fim, terminaram o beijo.

– Eu te amo, Ryuji. – Respondeu Isla. Os dois deram um olhar sincero um para o outro, e ele a abraçou com força.

– Eu também, minha pequena – Ela recostou o rosto no peitoral de Ryuji, que pode ver Hyoga ao lado da porta da cabana, observando tudo.

Merda.

E agora? O que eu faço?!”. Contudo, permaneceu ali quando viu o mestre fazer um sinal de positivo com a cabeça. Logo após, Hyoga saiu andando. Alguns minutos depois, voltou gritando:

– Ryuji, Isla, vocês estão bem?!

Tsc... Que mestre cínico esse que eu tenho” Imaginou Ryuji, feliz pela aceitação do cavaleiro de ouro. Isla, sem saber de nada, ficou nervosa e se levantou na hora, como se nada tivesse acontecido.

– E agora Ryuji, o que nós vamos fazer?

Ele se levantou calmamente, deu um último beijo nela – desta vez molhado - e gritou.

– Sim, estamos bem!! – “Parece que aprendi com você, mestre, hehehe”.


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Notas finais do capítulo

o//



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