- Obrigada. – Marcy agradeceu, pousando o livro na mesa e pegando sua bebida rosa.

Levou o canudo até a boca, mordeu a ponta, bebeu três goles e em seguida retornou a sua leitura. A loira considerava que a Starbucks era o melhor lugar do planeta terra. Todo final de tarde de sexta-feira, já que todas as suas amigas têm companhia melhor, ela pedia um Frappuccino de Morango e ficava sentada em sua mesa lendo um livro qualquer. Às vezes olhava rapidamente para a rua e pesava consigo mesma. Nova York. Maior cidade do mundo dentro do terceiro maior país do mundo e eu aqui, sozinha. Até pensando em sua desgraçada vida amorosa, ela se lembra dos fatos. Marcy era muito inteligente, sempre ficava em segundo da sala (logo atrás de seu irmão gêmeo) Mordeu o lábio inferior e sorriu levemente. É melhor afogar as mágoas em brownies.

De repente, Marcy tem seus pensamentos interrompidos pela entrada de dois garotos se espancando. A loira inclinou um pouco a cabeça e os analisou, tinha a impressão de que já conhecia um dos rapazes.

- Harry? – Marcy testou o canal

- Marcy. – ele confirmou – Melhor você ir pra casa, baixinha. Eu estou no meio de uma revanche amistosa.

Brigando, chamando de “baixinha” e falando coisas sem sentido. Com certeza era Harry, seu problemático colega de sala. Os rapazes foram se aproximando cada vez mais de sua mesa.Ai, isso não pode dar certo.

O cotovelo de Harry esbarrou em seu Frappuccino de Morango, fazendo toda a bebida rosa cair em seu livro aberto. Eu ODEIO ser oráculo da vida.Nota mental para todos: não se meta com Marcy, seus livros e sua bebida rosa.

- MEU LIVRO! Você molhou tudo!

- Nisso que dá se meter nas revanches alheias.

Ela não acreditou no que iria fazer. Era estranho, mas a loira simplesmente decidiu bancar a justiceira.

- Ei! Parem vocês... – e rapidamente o punho do outro rapaz acertou seu nariz antes que ela pudesse terminar a frase

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Para resumir: os três foram expulsos. O outro rapaz havia ido embora, enquanto Harry e Marcy ficaram sentados lado a lado na calçada, em um silêncio absoluto, até que o moreno resolveu quebrá-lo.

- Você sabe quem ganhou?

Meu livro ganhou gosto de morango, muito obrigada.

- Não. Eu só sei que vou ter que ir a outra Starbucks.

- Tanto faz, tem um em cada esquina. – disse indiferente

- Mas aqui os funcionários já me conheciam.

- Não é culpa minha. – ele deu de ombros - Como eu poderia saber que não se pode brigar em uma cafeteria? Não tem placa para isso.

- Porque sempre encontramos placas dizendo “Não brigue na droga da cafeteria”.

Houve mais algum tempo de silêncio, mas o fato é que Harry não gostava de ficar muito tempo parado.

- Seu nariz está melhor?

Ele está realmente preocupado comigo? Até que é bem fofo... Espera! O que?

- Bem, acho que a dor já passou. Podemos dizer que eu estou bem.

- Então... O que acha? Revanche?

- Não era comigo que você estava lutando.

- Você interrompeu minha briga. Isso é o suficiente para eu exigir uma revanche.

- Então eu tenho o direito de exigir um livro novo.

- Revanche de nerd é tão sem graça.

- Harry, revanche não é tudo no mundo.

- Talvez, mas está no topo do meu ranking: 1- revanches, 2- armas, 3- helicópteros de guerra.

- Você exagerou no GTA.

- Eu jogo todo o dia. – ele confirmou, fez uma breve pausa e logo continuou. – E o seu ranking?

- Meu ranking? Bem... Acho que: 1- corujas 2- livros, 3- yaois.

- Anime gay? – questionou um pouco surpreso e arqueando a sobrancelha.

- Eu gosto. – disse Marcy com as bochechas completamente e coradas trincando os dentes, mas logo se levantou e gritou: – Eu sou fujoshi e a sociedade que me julgue!

- Você não é como os outros nerds. – o moreno comentou entre os risos, apoiando a cabeça no ombro da loira. – Você é doida.

- Bem, obrigada. – agradeceu com um sorriso torto, empurrando a cabeça do garoto para longe. - E você não é como os outros valentões, você é muito esquisito. Na verdade, você é um ser humano único.

- E você é única nerd com quem eu vou fazer isso.

Harry rapidamente selou seus lábios aos da loira. No início Marcy tentou resistir, mas logo acabou se acostumando com a situação. Não demorou muito para que a língua do moreno pedisse passagem e para que ela cedesse. Sua boca tinha um sabor delicioso, infinitamente melhor que sua bebida rosa. Eles queriam que nunca acabasse, mas precisavam de um pouco de oxigênio.

- Harry. – travou – Já está ficando tarde, eu tenho que ir. – disse a loira, fazendo o máximo esforço para tirar aquele sorriso bobo do rosto. - Eu gosto de você, Harry, mas ainda vou cobrar pelo meu livro.

- Ok, eu também vou cobrar minha revanche.