Por Aquilo Que Acreditamos escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 12
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

Perdão o atraso. Aí vai o capítulo 11.



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Belle se sentiu aliviada quando descobriu que uma boa parte do grupo que estivera na cabana já havia ido embora. Era bom saber que teriam privacidade para tomar as decisões acerca da parte que Henry deveria tomar durante a batalha.

O menino escutava fascinado enquanto Tanana e Pocahontas contavam histórias sobre o mundo em que a tribo vivia antes de acabar na Terra do Nunca. Powhatan estava sentado em um canto, conversando aos sussurros com Kocoum e Denahi, e foi ele quem reparou primeiro quando Belle e Gold entraram novamente na cabana.

Ele se levantou e caminhou até o meio da cabana, Kocoum e Denahi o acompanharam lentamente. Tanana parou de contar a sua história e se voltou para o chefe da tribo, mas não fez qualquer movimento em vias de se levantar também; Henry, entretanto, se levantou e seguiu para ficar ao lado de Denahi.

"Avô," ele disse, com a expressão séria e determinada que fez com que Belle tivesse vontade de sorrir. "Se eles acham que eu sou o único que pode derrotar o Pan, eu vou lutar até o meu último suspiro para trazer paz a esse mundo."

"Se você acha que pode derrotá-lo, você tem o direito de tentar, menino," respondeu Gold, e Belle percebeu um sorriso nos lábios dele que indicavam claramente que ele estava se lembrando de seu filho. "Eu cometi o erro de proteger demais o seu pai, e ele acabou se saindo muito bem quando eu falhei. Você tem o sangue dele e o da sua mãe, as duas pessoas mais determinadas que eu conheço. Se você quer tentar, quem sou eu para impedi-lo?"

"É- é sério?" Perguntou Henry, perdendo a postura séria rapidamente e abrindo um largo sorriso. "Você vai me deixar enfrentá-lo?"

"Com uma condição," disse Gold, voltando-se para encarar Powhatan. "Que eu esteja ao lado do meu neto quando ele enfrentar o destino dele. Tenho que garantir que o menino chegue inteiro em casa."

Powhatan se limitou a assentir com o rosto sério. Pocahontas se aproximou de Henry, sorrindo, e Belle notou que os dois estavam se tornando muito próximos. Isso a preocupou, pois eles estavam destinados a se separarem logo que o menino fosse capaz de criar um portal para levá-los de volta a Storybrooke.

"Você deveria contar a eles as novidades, Henry," disse Pocahontas. "Aposto que eles vão ficar muito felizes e orgulhosos!"

"Novidades?" Perguntou Gold, e Belle notou o temor nos olhos dele.

"Tanana disse que, como eu sou o salvador do povo deles e tudo mais, eles vão me dar um totem antes de eu enfrentar o Pan," disse Henry, corando. "Eles disseram que, quando eu souber o meu totem, vou entender melhor o meu destino."

Gold não respondeu imediatamente, perdido em seus pensamentos. Belle, entretanto, se adiantou e afagou os cabelos de Henry suavemente. Ele estava crescendo rapidamente na ilha onde o tempo não passava, o que era bastante irônico.

"A única pessoa capaz de ditar o seu destino é você mesmo, Henry," ela disse com seriedade. "Não deixe que um totem ou uma profecia ditem o que você vai fazer, a sua vida é só sua."

Henry a encarou por um momento e, por fim, assentiu lentamente, indicando que havia entendido o que ela dissera. Então, ela se voltou para Gold, que os encarava com um sorriso bobo nos lábios.

Ambos Gold e Belle sabiam que aquela honra, que nada significava para eles, tinha um valor simbólico singular entre as pessoas da tribo como um dos muitos ritos de passagem para a idade adulta, mesmo Pocahontas, que era uma guerreira singular e a princesa da tribo, ainda não possuía um totem. Aquilo significava que eles consideravam Henry digno de uma honra concedida apenas aos membros da tribo deles que tivessem alcançado determinado estágio de vida.

"Estou muito orgulhoso de você, Henry," Gold disse, por fim.

Belle viu Henry prender a respiração ao seu lado quando Gold se adiantou e o abraçou forte contra si. Um momento se passou antes que Henry se entregasse completamente ao abraço do avô, à primeira demonstração pura do afeto que ele sentia pelo seu neto. A jovem sorriu, sabendo que, mesmo quando aquela viagem chegasse ao fim, a relação entre Henry e Gold continuaria progredindo.

Quando os dois se separaram, ambos parecendo um pouco embaraçados ao se lembrar que havia muita gente em volta deles, o chefe Powhatan se adiantou e colocou a mão sobre o ombro direito de Henry.

"Haverá uma festa de celebração em sua honra amanhã e, no final do dia, Tanana lhe entregará seu totem diante de toda a tribo," disse o chefe, e Henry sorriu. "Não haverão sessões de treinamento, você terá o dia para se divertir e conhecer a tribo. Após receber um totem, você será considerado um dos nossos, de fato."

Henry assentiu, parecendo constrangido.

Gold segurou a mão de Belle com força quando todos foram liberados para retornar para as suas cabanas. Eles observavam enquanto Henry e Pocahontas conversavam animadamente sobre o que fariam no dia seguinte, ambos parecendo muito felizes e confortáveis ao lado um do outro.

"Ele parece mais crescido quando está com ela," disse Gold, e Belle percebeu no tom de voz dele que o feiticeiro não estava feliz com aquilo.

"Ele está apaixonado, Rum," ela entendia porque aquilo preocupava Gold, mas não conseguia deixar de ficar feliz pelo menino.

"Exatamente," disse Gold. "A separação não vai ser fácil."

Belle apressou o passo para ficar diante de Gold. Os dois pararam de andar e se encararam por um momento enquanto a jovem estendia a mão para tocar o rosto dele. Ele a segurou pela cintura e tocou a testa dela com a sua, fechando os olhos e sentindo a proximidade dela.

"Eu não teria trocado sequer um segundo dos meus dias no castelo das trevas para amenizar o meu sofrimento quando nós nos separamos," Belle disse, e sentiu um sorriso crescendo nos lábios de Gold.

"Nem eu," ele disse após alguns segundos de silêncio. "Nenhuma lembrança de ter amado é ainda pior do que a lembrança de um amor que partiu."

"Então, vamos deixar que o Henry tenha as lembranças dele e nos preocupar com o coração partido dele quando o momento chegar," falou Belle, e Gold assentiu.

Eles ficaram naquela posição por um momento, antes que Belle deslizasse suas mãos até que elas novamente se encontrassem com as dele. Em seguida, Gold se viu sendo guiado até a cabana deles, tentando organizar os pensamentos dentro de sua cabeça.

Foi apenas quando eles entraram novamente na cabana e ela deslizou as mãos por debaixo da blusa de Gold que ele finalmente falou novamente.

"Eu estava pensando que, talvez, pudéssemos criar novas lembranças," disse Gold, tentando se concentrar nas palavras que dizia, e não nas mãos de Belle que percorriam o seu peito.

"Achei que estivéssemos fazendo isso," disse Belle, abraçando-o, as mãos ainda debaixo da blusa de Gold, e distribuindo beijos ao longo de seu pescoço e da parte exposta de seu ombro.

O feiticeiro precisou respirar três vezes antes de conseguir reunir força de vontade para se afastar de Belle. Ela pareceu um pouco desapontada, mas o sentimento predominante nos olhos dela foi curiosidade. Afinal, não era costume dele negá-la.

Ele precisou de um momento antes que recuperasse o controle de sua fala. Aquilo definitivamente não seria tão bonito ou romântico quanto ele queria fosse, quanto ele sabia que Belle merecia.

"Belle, o que eu quero dizer é que eu," ele engoliu seco, sem saber ao certo como continuar. "Eu gostaria de uma vida de lembranças suas, gostaria de te ver envelhecer ao meu lado e te ajudar a criar os nossos filhos."

Ele não pode evitar tocar a barriga dela, a gravidez já se encontrava visível o bastante para que as roupas já não mais a escondessem. Na opinião de Gold, Belle nunca esteve tão bonita quanto estava naquele momento, carregando o filho nascido do amor deles.

Belle o encarou com os olhos brilhando de felicidade, já prevendo o que ele diria a seguir, mas ainda sentido que não estava preparada para a quantidade imensurável de sentimentos que a inundariam quando ele finalmente dissesse as palavras que estavam em sua cabeça.

Ele suspirou duas vezes, e eles eram incapazes de desviar o olhar um do outro.

"Eu te amo, Belle, e quero que você esteja do meu lado em todos os momentos da nossa vida," ele segurou as mãos dela com força, buscando segurança no toque dela. "Quando essa confusão acabar, você gostaria de se casar comigo?"

Alguns segundos se passaram antes que Belle conseguisse organizar o bastante os sentimentos que a tomavam para que conseguisse responder, segundos esses que ela sabia que foram uma tortura para ele. Com os olhos cheios de lágrimas e um sorriso que ela achava que nunca mais sumiria dos seus lábios, ela finalmente respondeu:

"Sim."

~~//~~

Henry já havia lido o bastante a respeito do assunto no seu livro de contos de fada para saber o que era estar apaixonado, e sabia que gostava demais de Pocahontas. Ele não tinha a pretensão de pensar que poderia ser amor verdadeiro, mas sabia que estava apaixonado e que era visível a todos.

Ele também sabia que estava destinado a um coração partido quaisquer fossem os sentimentos de Pocahontas por ele. Afinal, ela pertencia à Terra do Nunca, e ele pertencia a Storybrooke; eles estavam destinados a se separar.

Ele queria não estar apaixonado. De fato, esforçara-se muito para não se apaixonar e chegara a tentar o plano de listar em sua cabeça todos os defeitos da garota todos os dias antes de dormir. Claro que não funcionara!

Ela fala muito. Mas ele gostava de ouvir a voz dela, e as palavras que ela dizia sempre pareciam muito sábias para alguém da idade dela. Pocahontas era muito mais inteligente do que ele, e Henry gostava quando as pessoas eram inteligentes.

A risada dela é alta e estridente. Mas era uma das poucas pessoas que ele conhecia que riam genuinamente alegres, era uma risada de alguém passara a vida inteira brincando nas florestas às escondidas de seu pai.

Ela é muito mandona. Mas ela conhecia a Terra do Nunca como ninguém e ensinara a Henry como ser um guerreiro melhor e como viver na floresta e como usar a magia da Terra do Nunca. Ela também deixava ele ser mandão de vez em quando, então ele achava que eles estavam quites.

Ela é mais corajosa do que eu. Isso, entretanto, não era bem verdade ou, pelo menos, Pocahontas não achava isso. Ela dizia o tempo todo que ele era muito corajoso, e Henry estava começando a acreditar nela.

Nada disso, portanto, mudava o fato de que ele gostava dela e que estava apaixonado pela única garota que se preocupara em se tornar sua amiga.

Certa tarde, Denahi chamara Henry para conversar e fizera o menino confessar os seus sentimentos por Pocahontas. O guerreiro foi simpático, dizendo que a menina provavelmente gostava muito dele e que ele era o primeiro amigo de verdade da idade dela que ela tinha, mas Henry pôde ver nos olhos de Denahi a pena que ele sentia.

"Você pode me dizer o que está na sua cabeça, Denahi," disse Henry quando o guerreiro desviou o olhar e pegou o seu totem, olhando-o atentamente — algo que o menino sabia que ele sempre fazia quando estava nervoso.

Denahi voltou-se para ele novamente, e Henry pôde ver que ele se sentia mal por ele.

"Henry, você sabe que vocês dois nunca poderão ficar juntos, não é? Quero dizer, mesmo se você fosse ficar na ilha para sempre, ela ainda é a filha do chefe e você ainda é um estrangeiro," disse o guerreiro. "Pocahontas está prometida a Kocoum, o protegido do chefe Powhatan."

O menino conhecia e respeitava Kocoum, que fora um dos que resgataram ele e os outros no dia que chegaram à Terra do Nunca e brigara com outros guerreiros que caçoavam de Henry no começo de seu treinamento com Denahi. Naquele momento, entretanto, sentiu uma raiva crescente do guerreiro quando descobriu que ele seria a pessoa com quem Pocahontas se casaria quando, em um futuro distante, os dois se tornassem adultos.

Foi por causa desse sentimento de raiva e rivalidade a respeito de Kocoum que, durante as celebrações da entrega de seu totem, Henry participou de todas as competições que o guerreiro. Luta armada, luta desarmada, arco e flechas, velocidade; nenhuma das quais ele conseguiu vencer.

O menino não se sentiu inteiramente desanimado, entretanto, pois Pocahontas se sentou ao lado dele — não de Kocoum — logo que ele perdeu a disputa desarmada. Ela levava consigo um unguento para curar ferimentos mais superficiais e cobriu o rosto levemente machucado de Henry com a substância pastosa e gelada que aliviou instantaneamente a dor dele.

Henry, entretanto, se tornou repentinamente sensível ao fato de que estavam sendo observados por Powhatan. O chefe não parecia irritado, entretanto, apenas intrigado e preocupado, e não os interrompeu.

"Não se preocupe, Kocoum treina há mais de cem anos essas mesmas técnicas, ninguém ficou surpreso ou decepcionado quando ele te venceu," disse Pocahontas, sorrindo para ele. "Mas você foi muito bem. Talvez, com mais alguns meses de treinamento, você possa derrotá-lo."

Henry sorriu, pois não podia dizer que ela queria que ela ficasse surpresa com a vitória dele.

"Você está ansioso para descobrir qual é o seu totem?" Perguntou Pocahontas, e ela definitivamente parecia estar ansiosa.

Henry, entretanto, não estava muito ansioso. Ele queria saber qual seria o seu totem, é claro, mas não achava que isso mudaria a vida dele de qualquer forma. Ele pertencia a Storybrooke, afinal, e totens não eram algo de importância em Storybrooke.

"Acho que sim," disse Henry, com tristeza. "Quero dizer, não faz muita diferença em Storybrooke, mas sempre será uma lembrança do que passamos por aqui."

Pocahontas o encarou com igual tristeza, eles costumavam evitar o assunto de sua separação, mas, com o fim do treinamento de Henry, tudo parecia se tornar mais real. A menina segurou as mãos de Henry, e ele não se importou nem um pouco que ela estivesse sujando suas mãos com o unguento pastoso que usara nele, porque ela o estava tocando!

"Não vamos pensar nisso agora," disse Pocahontas com o tom de voz firme, embora seus olhos estivessem molhados. "Quero dizer, vamos aproveitar o tempo que temos juntos. Certo?"

Henry assentiu, ainda incerto. Quando Pocahontas lhe lançou um sorriso determinado, entretanto, ele se sentiu repentinamente mais corajoso. Foi nesse momento que eles sentiram alguém se aproximando e se voltaram para encarar Denahi.

"Ei, Tanana está chamando você para a cerimônia, Henry," disse Denahi. "Desculpe, Pocahontas, Tanana e eu concordamos que será uma cerimônia privada. Apenas Henry poderá estar presente."

"Por que? Há algo errado com o totem dele?" Perguntou Pocahontas.

"Não posso falar sobre isso, desculpe-me," respondeu o guerreiro.

Henry sorriu para Pocahontas e se levantou.

"Não se preocupe, quando eu voltar, vou te mostrar o meu totem," disse o menino.

"Eu vou cobrar de você," a menina retrucou, sorrindo em retorno.

Henry assentiu e acompanhou Denahi. O menino se perguntou como Tanana havia convencido seu avô de que ele não poderia estar presente durante aquela cerimônia, mas supunha que Gold, como o próprio Henry, não via muita importância naquilo.

Eles adentraram na parte da floresta que estava dentro do território da tribo, Tanana os esperava na entrada de uma caverna.

"Aproxime-se," disse a mulher idosa.

Henry fez como ela pedia. Enquanto cantava em uma língua que o menino não conseguia entender, ela lentamente desenhou na testa do menino um símbolo de aparência ancestral que ele nunca vira antes.

"Henry, filho de Baelfire e Emma, os espíritos se alegram com a sua chegada," disse Tanana, e o menino percebeu que não era ela quem falava, mas alguma outra pessoa, alguma outra coisa. "Você é um estrangeiro em sangue, mas se tornou arzh no coração. Você, que é forte, valente e inteligente, que tem sangue dos grandes feiticeiros do seu mundo, que nasceu com o coração puro e crente. Deste momento em diante, você se torna um arzh."

Houve uma pausa. Henry não sabia se deveria dizer alguma coisa, mas assentiu lentamente, mostrando que compreendera e que concordava. Sim, se ele se tornasse um arzh, não seria mais um estrangeiro!

Tanana, ou o ser que estava usando o corpo dela, sorriu e pegou um pequeno embrulho em seu bolso.

"Henry, filho de Baelfire e Emma, o seu totem foi revelado," disse, desembrulhando lentamente o totem de Henry, que logo revelou ser uma ave que o menino não foi capaz de reconhecer. "O seu totem é o Corvo do Vínculo."


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Notas finais do capítulo

Desculpem se houver algum erro, eu postei sem revisão, porque já estava atrasada!

Bom, Gold finalmente resolveu pedir a Belle em casamento. Super, super atrasado, mas é a intenção que conta, creio xD espero que tenham gostado, e da interação entre o Henry e a Pocahontas. Vocês verão mais disso em breve. Prometo!

Eu mudei um pouco a cerimônia de entrega do totem que existe em Irmão Urso. A Pocahontas também está diferente do normal, sei disso e foi proposital :/

Obrigada a todos que comentaram! Não se esqueçam de continuar comentando, por favor!!



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