Camp Half-Blood ~ Fic Interativa escrita por Little Avenger


Capítulo 27
Capítulo XXVI — Raecius


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei e tals, mas veio o capítulo. Peço que por favor LEIAM AS NOTAS FINAIS e no mais, tenham uma boa leitura >



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“E se há amor nesta vida, não há obstáculos que não podem ser superados” Avicii

Sabe aquele momento em que você está tão perdido na vida que sua única vontade é a de ficar na cama e afundar nela até encontrar o portal para um mundo totalmente novo e paralelo? Então, era desse jeito que eu estava me sentindo no momento. Eu me encontrava tão perdido que talvez só tivesse noção do certo e errado, apenas o necessário para que eu não fizesse mais merda do que já tinha feito.

Desde criança eu soube que era diferente. Eu sempre fora muito violento, sempre demonstrara apreço por machucar os outros só pelo meu prazer, eu gostava da sensação e foi assim que descobri ser mais um doente. Um maníaco sádico sedento por assistir a dor dos outros. Até que eu decidi mudar, decidi que não valia a pena usar toda aquela raiva contra quem não tinha feito nada. Até decidir que seguir os passos do meu pai não valia a pena. Afinal, a minha mãe não tinha me salvado aquela noite para que eu voltasse a ser o belo filho da puta que eu era. Ela tinha usado sua vida para me proteger, assim como qualquer mãe faria pelo bem de seu filho e eu não podia jogar a segunda chance que eu tinha ganhado no esgoto.

Pelo menos não por ela. Eu queria ser diferente. Diferente de um jeito bom.

E nunca consegui. Não totalmente. Eu tentava reprimir a necessidade de fazer coisas ruins, mas ela ainda estava lá e nem sempre era fácil deixá-la dentro de mim. Não queria que as pessoas vissem meu lado sujo. E foi por isso que eu mudei, só não sei se foi pra melhor. Tinha passado do garoto estranho e sádico para um totalmente diferente: o verdadeiro lobo em pele de cordeiro. Eu era manipulador, mesquinho, egocêntrico e muitas outras coisas. Até ela aparecer e colocar meu mundo de cabeça para baixo.

— Será que dá pra você se concentrar na porra da luta? Eu estou te socando a horas e você só fica me olhando com essa cara de retardado!

A voz dela era tão enganosa quanto o rosto de anjo. Anna não era tão diferente de mim, ela também era um lobo em pele de cordeiro. Quem olhasse a garotinha loira de feições delicadas, lábios carnudos e bochechas rosadas, nunca diria que ela era o verdadeiro demônio. Pelo menos não até chegar a seus olhos. Ali sim qualquer um poderia enxergar a verdade estampada. Ela estava tão quebrada quanto eu e conseguia ser tão fria quanto.

— Por Zeus quer, por favor, sair do mundo da lua?

E então recebi outro chute nas canelas. Aquilo foi o bastante para que eu voltasse a mim e revidasse o golpe, mas não de um modo que a machucasse. Eu não era covarde. Mas também não iria deixar barato, e foi isso que me motivou a me jogar em cima de Anna e segurar os braços dela acima de sua cabeça, prendendo-a. Dava para perceber que eu a havia pegado de surpresa, seus olhos denunciavam isso. Um sorriso malicioso se formou em meus lábios enquanto eu aproximava mais o meu rosto do da garota.

— Satisfeita? Saí do mundo da lua — Sussurrei enquanto parava de me aproximar.

Eu estava perto o bastante para que a distância se tornasse perigosa e sabia que se desse corda para que aquilo fosse em frente eu seria o único que sairia fodido de toda a história. Não que fosse sempre assim, na maioria das vezes era o contrário, mas com Anna tudo se tornava diferente. Com ela eu não era o lobo, mas sim o cordeiro.

— Quer fazer o favor de sair de cima de mim antes que eu chute as suas queridas bolas? — As palavras saíram quase como um rosnado.

E quer saber de uma coisa? Isso só fazia com que eu me sentisse mais estranho em relação a ela. Droga, eu estava me tornando um verdadeiro marica. Toda essa coisa de garotinho apaixonado definitivamente não era comigo. Pera... Apaixonado? Me afastei de Anna tão rapidamente que parecia até que ela tinha alguma doença altamente contagiosa e sem dizer mais nada saí da Arena. Eu precisava me aliviar.

[...]

Um grito e eu apenas ignorei. Dois gritos e eu achei estranho. No terceiro grito eu me vi obrigado a correr para fora do meu chalé, deixando a minha “companheira” aos resmungos para trás. Os gritos eram de pessoas diferentes, isso eu podia até distinguir. Duas mulheres e um homem. Eu corri por todo o acampamento de modo automático, seguindo o fluxo dos semideuses que também tinham ouvido os gritos. E não demorou muito para que chegássemos no local dos gritos: A praia do acampamento. Os três campistas que estavam gritando eram Leo, Elizabeth e Marissa. Mas isso não era o mais estranho, e sim a forma como eles estavam e o que tinha no meio deles. Leo, Elizabeth e Marissa estavam de joelhos, um de frente para o outro e no meio deles havia se formado um círculo brilhante com uma espécie de lâmina de seis pontas. Eu não sabia dizer com convicção o que diabos era aquilo.

— Por Zeus, é a Roda de Hécate!

Ouvi uma voz conhecida falar e me forcei a virar para ver quem era, encontrando Lou Ellen, uma filha de Hécate. Alguns se viraram para olhá-la e ficaram observando ela como se ela fosse louca. O que era a Roda de Hécate? Ninguém sabia. Os três gritaram novamente e isso foi mais do que suficiente para que atenção fosse retirada de Lou. Ameacei ir até lá para acabar com o sofrimento dos três, mas fui segurado pela própria Lou.

— Você não pode quebrar o círculo, não sabemos por qual motivo ele está se mostrando — Ela franziu a testa enquanto falava e me soltou logo depois.

— E você espera que eu fique parado vendo eles gritarem? — Perguntei, já irritado com toda aquela situação.

— Se quebrar o círculo pode ser pior.

E essas palavras foram o suficiente para que eu não desse mais nenhum passo, eu não sabia muito sobre Hécate, mas se uma das filhas dela estava dizendo que era melhor eu ficar longe quem seria eu para contestar? O círculo começou a brilhar com mais intensidade, até sumir e fazer com que Leo, Marissa e Elizabeth caíssem no chão. O mais estranho? Eles começaram a tremer como se estivessem tendo algum ataque de epilepsia. E ninguém moveu nenhum músculo para ajudá-los, ouvi os trotes de um cavalo de longe e soube que Quíron estava se aproximando. Não deu em outra, foi só o centauro chegar que os três pararam de tremer, mas continuaram desmaiados.

— O que está acontecendo? — Quíron perguntou para ninguém em especial enquanto se aproximava dos três desmaiados.

Ninguém respondeu, era como se uma cobra muito faminta tivesse comigo a língua de todo mundo. Eu ia falar, juro que ia. Mas uma dor de cabeça alucinante começou a me perturbar, eu trinquei os dentes para não soltar um grito. Meus olhos começaram a queimar e aquilo me assustou, no fundo eu sabia o que viria a seguir se eu sucumbisse a dor e isso era o que eu menos queria naquele momento. Estava tomando o cuidado para guardar isso para a guerra. Fechei os olhos e me concentrei em acalmar meus batimentos cardíacos e a minha respiração, eu precisava me acalmar.

— Raecius?

A voz doce e gentil me fez abrir os olhos novamente. E para a minha surpresa tudo o que eu estava sentindo antes sumiu de uma hora para outra. Encarei os olhos frios de Anna, ela tinha mesmo acabado de me tirar de um dos meus quase ataques? A garota era mais estranha do que eu pensava. Talvez mais importante que estranha... Um chute e eu olhei para a garota de cara feia, por que ela sempre me batia? E por que eu sempre deixava? Podia não ser covarde, mas também não tinha nascido para ser saco de pancadas de uma garota.

— Será que dá pra você acordar e ajudar a levar os outros pra enfermaria? — Ela perguntou, impaciente com a minha total lerdeza.

Eu não respondi, apenas tratei de ir até o último corpo que estava estatelado no chão: O de Elizabeth. Peguei a garota com tanta facilidade que ela parecia até um boneco de pelúcia, bom, pelo menos ela tinha o peso de um. E fui carregando-a para enfermaria pensando em tudo o que tinha acabado de acontecer.


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Notas finais do capítulo

Gente, pra quem tem curiosidade de saber como é a roda de Hécate: https://sp.yimg.com/ib/th?id=OIP.M5ee0cb41c49d9f2b6b7c9828b4b34f71o0&pid=15.1 < Ela é assim. Eu tentei descrever, mas como não sou muito boa resolvi mostrar a imagem e tals. Demorei para postar esse por motivos de: Tive que reescrever, eu reli a história e vi que tinha algumas coisas que eu poderia acrescentar. O próximo será narrado pelo Alan e já vou logo avisando que terá uma morte. Depois do próximo que vai se iniciar a guerra, eu já to prolongando demais ela e tá ficando chato, né? Whatever, kissus ;*