Bad Love escrita por Jess Gomes


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Bom dia meu povo! Como vão vocês? eu vou muito bem, obrigado.
So, nesse capitulo não teremos Milena e Daniel, mas teremos Milena e Mariana sz quero que entendam que Bad Love não fala apenas de romance, mas também de familias e seus problemas, então esse cap é muito importante pra vocês entenderem melhor a família Vasconcellos. Leiam com carinho, comentem e o próximo capitulo deve sair daqui a duas semanas mesmo. Beijinhos.



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– Gente, cheguei! – Gritei, assim que fechei a porta a porta de casa. Mas ao contrário do que eu esperava, ninguém me respondeu. – Alguém??

– Aqui, querida. – Minha mãe respondeu, e eu segui até a cozinha. Chegando lá, encontrei Dona Marta sentada na mesa de jantar, de frente pra uns papéis e com a cabeça baixa. Franzi o cenho.

– Mãe, o que aconteceu? – Perguntei, me aproximando. –O que é isso?

– Os papéis do divórcio. – Ela fungou. – O advogado do seu pai me devolveu hoje. Nós estamos oficialmente separados.

– Ah mãe, sinto muito. – Murmurei, me sentando ao seu lado. Coloquei a mão em seu ombro e ela levantou a cabeça pra mim, seus olhos vermelhos e inchados. – Você ainda gosta dele, né?

– Você deve me achar uma burra. – Riu sem humor. Eu balancei a cabeça.

– Claro que não, mãe...

– Mas quando você crescer e se apaixonar de verdade, vai entender. Não importa o quanto te magoe, o quanto ficar com ele te faça mal, você nunca vai desistir dele, porque ficar sem ele é pior. – Fungou novamente, tentando limpar as lágrimas que escorregavam pelo seu rosto. Eu sentia vontade de chorar também.

– Se apaixonar-se é assim, então eu não quero isso pra mim. É doentio. – Falei, antes que pudesse conter as palavras dentro da minha mente.

– Não, querida, isso é amor. E por mais que muita gente confundam esses dois, eles são bem diferentes. – Explicou, ainda me encarando. Logo seus olhos se encheram de água novamente, e eu fiquei quieta, não querendo a fazer chorar mais.

– Mãe, você está bem? – Questionei algum tempo depois. Ela assentiu.

– Eu vou ficar, meu bem, eu vou ficar. – Passou a mão nos cantos dos olhos, aonde ainda tinha umidade e se virou pra mim, sorrindo fraco. – Que tal termos uma noite de garotas? Vá chamar Mariana.

– Tem certeza?

– Claro que eu tenho. Agora que me separei do seu pai, você e sua irmã são tudo o que eu tenho. – Sorri pra ela, me levantando e subindo as escadas correndo, entrando no quarto de Mari. Ela estava deitada de barriga pra cima, com um livro tapando a sua cara. Antes que pudesse falar alguma coisa, se virou pra mim, seus olhos me encarando por trás dos óculos de leitura.

– O que você quer? – Perguntou, gentil como uma porta.

– Mamãe quer fazer uma noite de garotas. – Respondi animada. Ela arqueou as sobrancelhas.

– O quê? Por quê?

– Porque ela tá mal e precisando da gente, Mariana. Será que dá pra você ser gente e ir fazer sua mãe feliz pelo menos uma vez na vida? – Explodi, perdendo totalmente a paciência. Bufando, minha irmã mais nova fechou o livro e o jogou na cama, calçando seus chinelos e levantando.

– Só pra você saber, a filha problema aqui é você e não eu. – Retrucou ao passar por mim.

– Filha problema é o teu... – Segurei meu xingamento ao pensar em mamãe. Respirando fundo, me virei pra ela. – Escuta aqui, Mariana, eu sei que você me odeia e pode crer que o sentimento é recíproco, mas pelo menos hoje vamos dar uma trégua? Pela mamãe? – Enquanto falava, eu olhava no fundo dos seus olhos, castanhos como os meus. Aos poucos ela foi cedendo, e finalmente assentiu.

– Eu não odeio você, Milena. – Mari murmurou ao chegar à porta. Sorri fraco.

– Eu também não odeio você, pirralha. – Respondi, correndo até ela e lhe estalando um beijo na bochecha. Ela rapidamente se soltou de mim, limpando a bochecha com a mão e resmungando sobre o quanto eu era nojenta. Gargalhando, apaguei a luz e fechei a porta do seu quarto. Juntas, caminhamos até a cozinha, e mamãe arregalou os olhos ao nos ver tão perto uma da outra sem sairmos no tapa.

– Espera ai, quem são vocês e o que vocês fizeram com as minhas filhas? – Brincou, se virando pra gente.

– Há há há, super engraçado mãe! – Ironizei, indo até o armário e o abrindo. – O que vocês preferem, pipoca ou brigadeiro de panela?

– Que tão os dois? – Mari opinou. Assenti com a cabeça, piscando pra ela.

– Boa, baixinha. – Sorri, me abaixando pra pegar o pacote de pipoca e os outros ingredientes. Coloquei as coisas na bancada e olhei pras duas, que me encaravam com caras de inocentes. – Ninguém vai me ajudar não? Saibam que quem não ajuda não come.

– E você achou mesmo que eu ia deixar você cozinhar, menina? Eu prezo pela minha cozinha! – Mamãe zombou, se levantando. Eu fiz uma careta. – Vem, Mariana, vamos mostrar pra essa panaca como que se cozinha.

– Panaca não, olha o respeito! – Exclamei levantando a colher de pau pra elas. Dona Marta se aproximou de mim, arrancando a colher da minha mão.

– Solta isso, Milena, essa colher na sua mão é uma arma. – Falou, fazendo Mari gargalhar. Tentei fazer uma cara de magoada, mas acabei rindo também. – Te amo, filha. – Mamãe sorriu pra mim, me abraçando. Fingi uma cara de nojo.

– Eu sei. – Respondi e ela bateu a colher na minha cabeça. – Ai! Olha a lei da palmada, hein mulher? – Outra colherada. – Xuxaaa, me salva! – Gritei, e todas nós rimos.

– Milena, ei, Milena. – Mari chamou baixinho, horas depois. – Lena, você tá acordada?

– Hm? – Murmurei, ainda de olhos fechados. Depois de assistirmos cinco filmes, nos lotarmos de pipoca e brigadeiro e rirmos muito, mamãe apagou. E eu seguia pelo mesmo caminho, antes de minha irmã me chamar.

– Aquilo que você disse... Sobre não me odiar. É verdade? – Perguntou, sussurrando. Virei-me pra ela, que estava deitada entre nossa mãe e eu.

– Claro que é. Você é minha irmã, eu nunca vou te odiar. – Respondi no mesmo tom. Dona Marta roncava do nosso lado.

– Então por que você sempre me trata assim? – Ela questionou novamente, sua voz beirando a incerteza. Franzi o cenho.

– Assim como?

– Assim. Com palavrões, xingamentos, gestos feios.

– Ah, que eu me lembre quem me tratou assim primeiro foi você. – Falei e ela suspirou.

– Na verdade, verdade mesmo, eu sempre tive um pouco de inveja de você. – Admitiu, tão baixo que eu me esforcei pra ouvir.

– Inveja? Inveja por que? – Arregalei os olhos. Mariana sempre foi muito mais inteligente e educada do que eu, quem tinha que ter inveja era eu e não ela.

– Porque você sempre foi meio rebelde. Lembra quando você fugiu no seu aniversário de 14 anos? Ou quando você foi presa porque estava fazendo “companhia” pra um traficante? Ou quando...

– Ok, ok, o que é que tem? – Interrompi, meio nervosa. Eu já tinha me metido em muita confusão nessa vida, e se ela fosse lembrar tudo, ficaríamos aqui a noite toda.

– Bom, mesmo causando problema os pais sempre amaram mais você. Sabe, eu me esforço pra caramba, faço sete cursos diferentes, só tiro 9,5 pra cima na escola, mas eles sempre te deram mais atenção. – Confessou, triste. Senti vontade de pegá-la no colo nesse momento.

– Mari, da onde você tirou isso? Os nossos pais nos amam igualmente. E mesmo que eles tenham me vigiado mais, talvez com medo de que eu me matasse, tenho certeza que eles sentem muito orgulho de você. Eu sinto.

– Jura? – Perguntou, seus olhinhos brilhando. Eu sorri.

– Claro que sim. Eu te amo. – Disse e ela sorriu também.

– Eu também te amo, Lena.

– Eu sei. – Brinquei e Mari rolou os olhos. Era uma mini eu mesmo. – AH, sua linda! – Apertei-a, dando vários beijos em sua bochecha gordinha.

– Não, sem mais beijos, Milena, por favor. Eles são nojentos. – Reclamou, tentando limpar suas bochechas.

– Quando tiver a minha idade, você não vai achar isso. – Eu continuei, rindo quando ela bufou. A abracei mais apertado. – Agora chega de conversa, vamos dormir porque amanhã acordamos cedo.

– Tá bom. – Respondeu, ainda abraçada comigo. – A gente pode dormir assim?

– Pode. – Ri mais uma vez, nos endireitando até estarmos confortável. Ficamos em silêncio e logo a respiração de Mari foi ficando mais pesada. Eu também não demorei muito pra pegar no sono.

No dia seguinte, acordei com meu despertador. Mamãe não estava mais no quarto, e Mariana dormia pesadamente. Desfiz-me de nosso abraço e levantei, indo até o banheiro lavar o rosto. Depois, fui pro meu próprio quarto e peguei uma roupa básica. Estando devidamente vestida e maquiada, desci até a cozinha, encontrando minha mãe na frente do fogão.

– Bom dia. – Desejei, me aproximando dela e lhe dando um beijo na bochecha.

– Dia, margarida. – Respondeu, sorrindo. Sentei-me na bancada e peguei uma maça que estava na fruteira, a mordendo em seguida.

– Mãe – Chamei, hesitante. – Posso falar com você?

– Claro. – Assentiu, se virando pra mim. – Sobre o que quer falar?

– Mariana. – Respondi. Mamãe franziu o cenho. – Ontem, enquanto você dormia, nós conversamos um pouco. Ela me disse que o motivo pra me tratar mal é que na verdade, ela tem inveja de mim.

– Inveja? Mas por quê? – Questionou, surpresa.

– Ela falou que eu sempre fui rebelde, sempre causei problemas, enquanto ela se esforçava pra fazer sete cursos diferentes e pra tirar notas boas. Mas que mesmo assim você e papai sempre me deram mais atenção. – Repeti exatamente suas palavras, vendo Dona Marta arregalar os olhos.

– Meu Deus, da onde aquela menina tirou isso? – Passou as mãos pelo cabelo, esquecendo-se totalmente de qualquer coisa que estivesse cozinhando no fogão.

– Mãe, a Mari ainda é uma criança. A sua personalidade ainda está em formação, e qualquer ideia que passe pela sua cabeça, pode virar uma opinião. – Falei séria. – Talvez toda essa história de divórcio tenha confundido a sua mente. O que você e meu pai precisam fazer é conversar com ela e tirar da sua cabeça essa ideia absurda. Mariana nunca vai tratar nenhum de nós direito enquanto achar que está sendo deixada de lado.

– É, claro, você está certa. – Concordou, balançando a cabeça sem parar. – Vou conversar com seu pai e decidir qual decisão tomar quanto a isso. Milena, eu amo você e sua irmã de maneira igual, e sempre tentei passar isso pra vocês.

– Eu sei, mãe, eu sei. – Suspirei. De repente, uma ideia surgiu em minha mente. Sorri pra minha mãe. – Quer saber? Acho que eu tenho uma ideia.

– Que ideia?

– O aniversário da Mari é daqui a duas semanas, e quem sabe se fizermos uma festança pra ela, ela não se distrai um pouco desse assunto? Podemos fazer jantares em família daqui pra frente, e você e papai podem tentar dar mais atenção pra ela. – Sugeri. Mamãe assentiu. – Daqui a pouco eu vou ser maior de idade, não preciso mais que cuidem tanto assim de mim. Vocês devem focar mais na educação dela.

– Claro, claro, você está certa. – Sorriu de volta, vindo me abraçar. – Desde quando você é assim tão responsável e ajuizada, Milena?

– Ei, eu sempre fui. – Brinquei e ela fez uma careta. – Ok, talvez não.


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