Faltava apenas uma hora para o encontro e lá estava eu, apenas de toalha, dando voltas e voltas em frente ao meu closet pensando no que vestir e o que usar na cabeça ou qual maquiagem, por duas vezes pensei em ligar para Collin e cancelar tudo, mas eu sabia que me arrependeria disso amargamente então simplesmente continuei dando voltas e mais voltas.

Collin havia marcado de me encontrar no píer as 17:49 (cinco) não entendi bem o porque desse horário tao especifico. O píer era um lugar bonito, o mar era calmo, havia um parque lá com uma bela e iluminada roda gigante, um belo ponto para beijar alguém...

Com essa linha de raciocínio acabei dando um sorriso bobo, mas logo o espantei de meu rosto. Por instinto peguei meu celular e olhei que horas eram, merda, eu fiquei uma hora para escolher o que vestir, agora eu apenas tinha quarenta e nove minutos.

–Pensa! Pensa! Pensa!- repetia para eu mesma- Vestido!

Loucamente comecei a arrancar as roupas de meu closet e joga-las sobre minha cama, até que encontrei um vestido sem mangas, com a parte de cima toda cheia de rendas e a debaixo com uma faixa azul escuro e a saia quase da mesma cor, o vestido ia um pouco acima dos joelhos, as costas do vestido eram abertas ou seja: costas à mostras, porém não era nada extravagante e chamativo. Coloquei em minha cabeça um tiara cheia de perolas, para os meus sapatos escolhi apenas um salto preto e uma maquiagem básica.

Como minha tia estava trabalhando não pude pegar carona então fui à praia caminhando tranquilamente (afinal a praia não era tão longe assim).

Chegando lá fui em direção ao píer número um, onde era um pequeno porto, mas ele esta desativado, agora havia apenas uma pequena e mesa e duas cadeiras lá (elas não foram colocadas por Collin, a anos as cadeiras e a mesa residem na ponta do píer) sentei-me em uma das cadeiras e depositei minha pequena bolsa na mesa e fiquei aguardando Collin ansiosamente. Meu maior medo era que eu (ou ele) tivéssemos errado o lugar afinal existiam dois píeres um onde eu estava e o outro que ficava um pouco longe onde tinha aquele pequeno parque de diversões.

Enquanto me divertia com um joguinho em meu celular ouvi passos no píer , olhei, logo reconheci a silhueta, Collin possuía um grande sorriso em seu rosto que era impossível esconder. Como se a Terra girasse ao nosso favor, assim que Collin se sentou o Sol começou a se por, meio rosa, meio vermelho... Perfeito; Collin aproximou-se de mim e me cumprimentou com um abraço, seu perfume invadiu minhas narinas me fazendo entrar em êxtase, ultimamente toda vez que penso nele isso acontece...

–Oi, desculpe a demora- ele disse de um modo doce e puxou cadeira

–Ah, não foi nada, eu nem notei- mentira

Ele sorriu, eu também, e fim ficou um silencio horrível, nenhum dos dois sabia o que dizer.

–Sabe... Você virou noticia no lá hospital- ele por fim quebrou o silencio

–P-por que?

–Bom... não é todo dia que se vence um câncer tao forte quanto o se...- ele parou de falar quando percebeu o que havia dito, foi até cômico ver ele paralisado com a boca aberta, contudo eu não ri

–...Seu-completei- eu sei, ou melhor: sabia-olhei no fundo de seus olhos- que minhas probabilidades eram altas

–Me...-ele tentou pedir desculpas, mas não dei atenção e continuei falando

–Principalmente, por eu não possuir um doador compatível, porque não tenho família!-por algum motivo eu fiquei irritada com Collin e não parei de falar- ou pelo simples fato de que o câncer poderia ir para o outro rim, figado, estômago, intestinos, sangue- apontei para minha cabeça- ou cérebro, eu poderia estar morta agora!- exagerei

Collin ficou mais paralisado do que antes, nenhuma palavra saia de sua boca, ele simplesmente ficou quieto. Rapidamente repeti mentalmente tudo o que falei, fiz merda.

–Ai meu deus, me desculpa- me levantei e comecei a sair andando em direção a praia

Não olhei para trás, eu até que esperava que Collin aparecesse e me impedisse de ir, mas isso não aconteceu. Quando meus pés tocaram a areia senti um vulto passar por mim, notei que era Collin, mas ele não parou, continuou correndo e parou em baixo de um coqueiro. Estranho.

Para ir para casa eu precisava passar perto daquela arvore, dito e feito, assim que passei por ele, ele pareceu não dar muita atenção enquanto caminhava em direção à rua, parei pois fui atingida por um objeto amarelo, com um pouco de raiva peguei ele e fiquei segurando.

–Oi você esta com meu frisbee-era Collin, sem camisa.

Devolvi o objeto um pouco envergonhada.

–Me chamo Collin- ele pegou o frisbee com uma mão e a outra mão livre ele me estendeu como se quisesse me cumprimentar-dezenove anos, sou voluntario no hospital de câncer, e você?

–C-Collin, o que você esta fazendo?-perguntei um pouco incrédula

–Quero começar de novo- ele continuava com sua mão estendida- fiz merda, nós dois fizemos

–Jessie Phillips-apertei sua mão- dezessete só por algumas semanas, eu tive câncer, por isso a careca e a estranha sensação de que te conheço de algum lugar -apontei para ele

–Acho que você foi uma das mil pessoas que vomitou em mim após a quimioterapia- ele disse entre risos

–Talvez...- gargalhei- o que você esta fazendo aqui à essa hora?

–Estava jogando frisbee com alguns amigos- ele apontou para um monte de motociclistas barbudos e bêbados

–Ah, ok!- fiz o sinal de positivo para ele

–Quer ir até o parque comigo?

–Sim.

P.o.v Ambre

Li conversava animadamente com uma prostituta que talvez pelo volume que vinha da minissaia colada fosse um homem.

Ponderei umas mil vezes antes de ir falar com ela, levantei-me de meu banquinho imundo e dei um passo, mas fui parada porque uma garota de visual andrógeno, cabelo raspado nas laterais de sua cabeça, batom horrivelmente escuro, e duas suásticas tatuadas (uma no pescoço e outra em seu dedo do meio) me parou e prensou-me na parede enquanto segurava um canivete em meu pescoço.

–Escuta aqui, você é a minha vadia agora!- ela apertou um pouco mais o canivete na veia do meu pescoço me causando uma dor horrível

–T-tudo bem

–Ótimo- ela guardou o canivete no bolço e me deu um beijo, ou melhor enfiou a língua em minha garganta enquanto acariciava meu peito por de baixo da camisa

Ela passou a beijar meu pescoço e notei que aquele policial que me assediou assistia tudo

–Não vai parar isso?- eu tentava empurrar aquela mulher para que ela me soltasse, mas isso a fazia apenas prensar sou corpo no meu ainda mais

–Pra quê? To quase gozando aqui!

Fiquei enojada

–Qual seu nome mesmo?- perguntei a garota que ainda mordiscava meu pescoço, mas agora ela também passava as mãos em minhas coxas

–Bonnie- ela parou de me acariciar e se afastou um pouco

–Ãn, ótimo... Bonnie, pode me dar só um tempinho é que eu tenho que falar com ela-apontei para Li- mas eu já volto para continuarmos de onde paramos- mordi meu lábio inferior fingindo estar excitada, mas o que eu queria mesmo era vomitar.

Fui andando em direção à Li, a prostituta(o) parou de falar e Li se virou para mim e revirou os olhos.

–O que você quer?-perguntou com desgosto

–Falei com o meu pai, e talvez vamos ser soltas logo.

–Isso é bom... Eu sempre fui inocente mesmo- Li disse- afinal... Foi você quem me obrigou a roubar as calcinhas

–Isso pode até ser verdade, mas não te obriguei a cheirar pó!-terminei

Me distanciei e voltei para o banco imundo notei que no outro lado da cela Bonnie se casava com outra garota, cômico.

Ainda nenhum sinal do meu pai sera que vou ter que passar a noite nesse lugar?

P.o.v Jessie

Lá estava eu na roda gigante olhando a cidade, já anoitecera à muito tempo e as casas, prédios e estradas ficavam mais bonitas.

Sempre tive medo de altura então segurava a barra de proteção como se minha vida dependesse disse-acho que as barras estavam ali por isso mesmo- virei meu rosto para ver Collin, mas notei que ele já estava me encarando, talvez fossem os reflexos das luzes em seus olhos, mas eles possuíam um certo tipo de... Brilho.

Como se tivéssemos algum tipo de magnetismo entre nós nossos rostos foram chegando perto e por fim nossos lábios se selaram em um doce beijo.