Não me lembro de ter caído no sono, a única coisa que lembro, é de acordar com o solavanco do ônibus ao parar e eu perceber que estava deitada e pior ainda BABANDO no braço do Pedro. Me levantei rapidamente, e ele percebeu que eu estava confusa.

– Aí bela adormecida, a gente chegou na escola, mas se quiser babar mais um pouquinho na minha camiseta quando descermos, estou a disposição.

– Cala boca muleque, eu só dormi porque você não parou de tocar guitarra a noite inteira. E desce logo vai.

Para a alegria da Terra ele se calou e descemos. UAU. A escola era enorme, e linda. Tinha um gramado incrível, e havia várias pessoas lá. Inclusive um garoto que me interessou bastante, pois usava uma camiseta escrito: Muay Thai minha vida. Hmm, lutadores, isso está começando a ficar interessante. Puxei pedro pela camiseta e sussurei pra ele:

– Quem é aquele garoto de azul la? Com uma tatuagem de cobra no braço?

– Cobra.

– Sim garoto eu disse cobra, o que foi é surdo?

– Ô esquentadinha, o apelido dele é Cobra. Antes de vir com pau e pedras na mão vai conhecer as pessoas antes. E ó eu se fosse você ficava longe dele, ele não é confiavél não.

– E quem prova que você é?

Ele olhou para baixo, como se essa pergunta havia tocado em um ponto doloroso dentro de si. Ele brincou com os dedos e levantou o olhar, não para meus olhos mas para um ponto fixo atras de mim. Meio nervoso disse:

– Tem razão,quem sou eu pra julgar não é?

E dizendo isso ele saiu. Na verdade não ter ele por perto era o que eu estava desejando desde que acordei, mas naquele momento, quando ele se foi. Seila, me senti sozinha. Perdida. Então percebi que eu realmente precisava da ajuda dele, pois não sabia aonde, ficava a minha sala. Sentei me em um banco e esperei umas garotas passarem e pedi pra elas aonde ficava minha sala. Elas agiram estranho, me olharam de cima em baixo e ignoraram minha pergunta, continuaram a conversar como se nada tivesse acontecido. Então resolvi perguntar para um garoto que estava mexendo no celular alguns bancos a frente.

–Olá, licença, eu sou nova aqui e o meu ajudante sumiu. Poderia me dizer aonde que fica a minha sala, é a 14.

Ele ergueu os olhos meio revoltado, por eu ter estragado o jogo dele, saquei, era um daqueles viciadinhos. Porém, a aparencia dele mudou totalmente quando ele me viu. Agiu meio estranho, meio idiota e começou a gaguejar. Achei ele bonitinho.

– S-sim. Por aqui moça, quer dizer, garota, han como posso te chamar? - disse ele meio sem jeito. Eu ri.

–Karina, e você? - corri os olhos pelo nome escrito em sua camiseta- João?

– Sim, sim. Han, me siga. - Ele esbarrou em mais ou menos cinco pessoas, até me levar pra minha sala. Agradeci ele e ao entrar dei de cara com o tal de "Cobra".

– Opa, alunas novas. - Ele sorriu malicioso - E lindas. - Me olhou de cima até em baixo, eu não podia negar que ele era bem atraente. Não sabia o que responder, então sorri.

Senti alguém passar os braços pelos meus ombros e quando senti o toque de sua mão macia na minha estremeci. Quando me virei, avistei Pedro e senti um alívio. Não estava mais sozinha. Automaticamente dei um abraço apertado nele e pensei alto: " Ah você está aqui". Logo depois que percebi o que eu disse tentei reverter:

– Quer dizer, seu IDIOTA, ME ABANDONOU LÁ, PERDIDA. EU PODIA TER PERDIDO A PRIMEIRA AULA, - dizendo isso bati forte em seu braço. Pedro reclamou da dor, mas depois soltou uma gargalhada gostosa de ouvir.

– E mais uma vez, voltou a ser esquentadinha.

ESSE OTÁRIO AINDA ME PAGA. Por mexer assim comigo, e me deixar confusa como estou.