Believe - Heiress of Death escrita por a n a k l u s m u s


Capítulo 4
Capítulo Três - Verdade ou Mentira?


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Como eu tinha dito, vou postar logo mais um capítulo... Esse também é curtinho, a maioria são. Mas espero que dê para aproveitar.



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A claridade foi a primeira coisa que notei, junto com um ruído baixo das cortinas sendo puxadas. Ela ultrapassava a barreira de meus olhos fechados me despertando de um sono inquieto e cheio de sonhos. Até alguns meses atrás, eu não era de ter pesadelos e costumava ter um sono tranquilo e pesado. Realmente gostaria que pudesse ser como antes.

A segunda coisa que notei foi algo ainda menos delicado: a voz de Amanda.

– Vamos, vamos, minha flor! – Passos indicavam uma aproximação.

Puxei a coberta para cima cobrindo meu rosto.

– O que pensa que está fazendo? – Perguntei da forma mais irritada que consegui tão cheia de sono que ainda estava. Meus olhos pareciam grudados enquanto minha boca estava seca e amarga. Odiava ser acordada e ela sabia muito bem disso.

– Como pude ser tão inocente a ponto de pensar que você já estaria prontinha me esperando? – O colchão afundou na ponta da cama quando Mandy sentou. – Depois fica falando no meu ouvido “chegue sedo, não se atrase, esteja pronta a tempo”. – Ela tentou imitar a minha voz e espero sinceramente que não se pareça com aquilo.

– Não tive uma boa noite de sono, me dê um desconto. – Sabia que seria inútil adiar então tirei a coberta do rosto. – Fico pronta em cinco minutos.

Mandy levantou com um sorriso radiante de quem acaba de vencer a guerra. Eu não fazia ideia como alguém conseguia ficar tão empolgada às sete horas da manhã!

– Te espero para tomar o café. – E então saiu.

Você sabe que uma pessoa é sua melhor amiga quando ela nem precisa ser convidada a se juntar à mesa.

Segui para o banheiro. Seria impossível me arrumar em cinco minutos, mas Mandy merecia esperar. Seria o castigo por me acordar tão cedo.

Quando entrei na cozinha a conversa era animada entre minha mãe e Mandy. Algo me dizia que as duas impediam meu pai de ler o jornal.

– Bom dia.

Todos olharam para mim.

– Pensei que teria que ir te buscar outra vez. – Reclamou.

– Angelique, onde fica o botão de desliga da sua amiga? – Perguntou meu pai, em tom divertido, me olhando por cima dos óculos. Assim como eu, ele aprendeu que nem sempre se conseguia vencer uma luta contra aquela garota, então dobrou o jornal e o deixou sobre a mesa.

Benjamin, ou apenas Ben, talvez fosse o homem mais tranquilo daquela cidade. Conhecido, adorado e respeitado por todos (ou quase). Era professor na universidade local. Seu carisma, junto com o sorriso simpático e o rosto jovial, despertava logo a simpatia das pessoas. Algumas garotas do colégio diziam que ele era um “coroa muito charmoso” e que os cabelos, ainda pouco grisalhos, só davam um toque a mais.

Eu fazia de tudo para não pensar nisso.

– Ah, senhor Davis, não diga isso... Estou aqui não faz nem uma hora!

Ninguém pode deixar de rir.

– Vamos logo, Mandy. Temos muito trabalho a fazer hoje. – Peguei apenas uma maçã da cesta de frutas e recebi um olhar de desaprovação dos meus pais.

– Angelique, você precisa se alimentar melhor!

– Mãe, eu estou bem... Vamos!

– Tudo bem, tudo bem... Bom dia para vocês, Sr. e Sra. Davis. Até mais.

Despedi-me com um beijo rápido em meus pais em meio às reclamações pela falta de um café da manhã reforçado e segui para fora.

O carro do pai de Mandy, um Toyota, estava estacionado na entrada da garagem. Ainda era possível sentir o cheiro de novo. Coloquei o cinto logo que entrei no banco do carona.

– Juro que não entendo como seu pai pode te emprestar o carro.

Minha melhor amiga não era conhecida por ser uma motorista exemplar.

– Está com medo, Davis? – Seu tom ofendido me fez sorrir.

– É claro. Hoje é o grande dia do baile. Acha que quero morrer antes desse momento tão... Magnífico? – Ironia pura.

– Que humor negro, gata. Vamos melhor isso ao longo do dia, ok?

Eu teria feito o caminho em mais ou menos meia hora. Mandy não seguia à risca o limite de velocidade, então chegamos em quinze minutos.

Como já era esperado, fomos as primeiras do comitê a chegar. Os responsáveis por abrir a escola nos aguardavam na entrada do ginásio.

Após os cumprimentos, seguimos para dentro.

As mesas e cadeiras já estavam arrumadas desde o dia anterior, assim como boa parte da decoração. Mas havia muito trabalho a ser feito.

Eu devia ser a encarregada de das às ordens, mas Amanda fazia isso muito melhor, o que foi a minha sorte. Até mesmo Ian parecia contribuir sem grandes problemas. Boatos diziam que antes de sair na noite passada, o diretor lhe dera uma boa bronca. Mais um ponto para a minha sorte. Ashley estava em um canto, reclamando de uma unha quebrada para uma de suas amigas sem cérebro. Sabia que devia evitar passar perto dela, mas precisava pegar a caixa de suprimentos que deixaram ao lado da mesa em que ela estava sentada, bem no centro do ginásio.

– Animada para a festa, Davis? Aposto que seu macacão de jardinagem vai ficar um arraso com o coturno fedorento que sempre usa. – Ela adora lembrar das vezes em que passava pela minha casa e me encontrava cuidando do jardim ao lado da minha mãe.

Levantei os olhos sem expressão, para encarar a falta de personalidade daquela garota. Talvez o excesso de tinta realmente estivesse afetando-a.

– Sabe, eu acho que está certíssima! Mas devo tirar o sorriso da sua cara. Minha mãe fez compras para mim ontem, acredita? A sua fez o mesmo? Oh não... – Assumi o melhor ar de deboche que eu era capaz. – Esqueci que ela não se importa com você, apenas em pegar todos os carinhas que limpam a sua piscina.

Sem esperar por uma reação, peguei a caixa – mais pesada do que esperava – e segui para os fundos do local.

– Ufa, tudo pronto! – Passei a mão na testa, afastando alguns fios de cabelo o suor que escorria para meus olhos.

– Por Deus, pensei que nunca teria fim!

Acabávamos de levas as últimas caixas de alimento – as leves. Deixamos o peso para os garotos – para uma sala nos fundos, ao lado do vestiário, que iria nos servir como estoque.

Estiquei os braços para cima, alongando o corpo. Quando relaxei novamente me dei conta que não estávamos exatamente sozinhas. Precisei de todo esforço para não gritar e entregar a minha insanidade a Amanda. Era muito, muito difícil manter o controle em momentos como aquele.

Encostado na parede ao lado da porta estava nada mais nada menos, que o garoto que eu vira na piscina.

Mandy tagarelava sobre algumas coisas do evento, mas não dei atenção. Meus olhos não saiam do garoto e, para meu constrangimento, nem os dele dos meus.

– Hum... Mandy? – Interrompi o discurso dela. – Me espera no carro? Só preciso verificar umas coisas a já vou. – Olhei para ela de lado, não querendo perder o garoto de vista que me encarava com ar curioso.

Ela apenas assentiu.

– Não demore, tenho muito trabalho para fazer em você até a hora do baile. – Porque ela insistia em chamar assim? Pelo menos logo se retirou.

Nem mesmo esperei a porta bater atrás dela.

– O que é você? O que faz aqui?

Um sorriso divertido apareceu em seus lábios. Os olhos estavam quase completamente escondidos pela aba do boné. Não recebi nenhuma resposta.

– Eu sei que você pode falar, então responda! Você é de verdade? Não... Só posso estar ficando louca. – Minha voz foi diminuindo até quase sumir.

Fechei os olhos com força, escondendo o rosto nas mãos. O que estava acontecendo comigo? Eu precisava procurar ajuda, logo.

– Se você está louca, eu não sei. Se sou de verdade, também não sei. Mas estou aqui, posso falar e você é a única até agora que pode me ver e ouvir, então... Como?

Tirei a mão do rosto. Ele havia se afastado da parede e andava de um lado para o outro, sem provocar nenhum ruído, com a mão coçando o queixo de forma pensativa. Não conseguia deixar de achar que o conhecia. Ou pelo menos que já o vira em algum lugar, mesmo que não lembrasse onde.

– Então realmente estou louca. Como só eu posso te ver?

Curvei os ombros, me dando por vencida. Dizem que o primeiro passo para a solução é aceitar o problema. Eu estava aceitando o meu, o fato de estar completamente louca.

Ele parou de andar, voltando a me encarar.

– Fique calma. Podemos tentar descobrir o que isso tudo significa, Angel.

Um tremor passou por meu corpo. O encarei espantada e logo a raiva subiu me deixando tonta.

– Como... Não... Não me chame assim!

A surpresa passou pelos olhos dele como se nem mesmo ele soubesse por que me chamou daquele jeito. Talvez fosse ridículo da minha parte ficar tão irritada, mas acontece que Charles era o único que me chamava daquela forma. Nem meus pais me chamavam de Angel, sabendo a mistura de sensações que me atingiam e de como fazia com que me sentisse terrivelmente sem chão. Além disso, como ele poderia saber o meu nome?

– Desculpe. Não tive a intenção de irritá-la. Seu nome é Angelique, não é? – Por mais que parecesse sincero no pedido, eu ainda tremia.

Estava prestes a responder quando o celular vibrou no bolso da minha calça jeans. O toque de Mandy veio logo em seguida. Nem mesmo peguei o celular para responder e a música, que já começava no refrão, continuou sendo a única a quebrar o quebrar o silêncio.

“So wake me up when it's all over, when I'm wiser and I'm older. All this time I was finding myself, and I didn't know I was lost.”

– Preciso ir.

Estava surtando, completamente. Aquele garoto só podia fazer parte da minha imaginação. Disparei para fora, sem me importar com o fato de que ele estava a poucos centímetros dela. Segundos antes que ela fechasse atrás de mim, o ouvi dizer.

– Meu nome é Nathan, a propósito.


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Notas finais do capítulo

E então? Estão gostando? Não deixem de comentar, quero saber a opinião de vocês...



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