–Posso ficar na cama hoje? Não me sinto bem para ir pra aula ver o rosto daquela vaga...
–Não fale assim de suas amigas Isabel... Mas já que você se sente tão arrependida por esse tal menino, então fique, mas só hoje.
–obrigado mãe... Eu te amo.
–Eu também querida.
Laureen beijou a testa de Isabel e saiu para o trabalho. Logo que sua mãe saiu do quarto, Isabel voltou a dormir, só queria esquecer tudo o que havia acontecido.
–Me desculpe...
–E por que eu desculparia? Você é uma estúpida, acha que só por que é bonitinha assim todos querem você? Hm, quando botei meus olhos em você já percebi que era problema, só uma menininha mimada.
Isabel acordou com lágrimas no rosto, ela não conseguia se esquecer... Aquilo a perseguia até mesmo nos sonhos.
–Por que você não está aqui?...
Ela sussurrou pensando em Gabriel.
–Por que eu tinha que estragar tudo? Como sempre...
Ela começara a soluçar de novo, odiava seu jeito escandaloso de ser, odiava ser tão frágil, tão emotiva, e sabia que isso dava trabalho para sua mãe.
–Por que você não está aqui?
Dessa vez a pergunta era direcionada para seu pai, ele era um homem bom, de muita fé e criava suas filhas com todo o amor do mundo, já havia visto coisas horríveis, o que o deixava mais super-protetor do que outros pais, não queria nada de ruim acontecendo com "Ma" e "isa", elas eram a única coisa que ele valorizava mais do que a própria vida, tanto que, arriscava sua vida para dar um sustento mais do que adequado para sua família, sua profissão pagava muitíssimo bem, mas a sorte dele acabou em uma das reportagens... Um tiro no ombro, uma facada em cada joelho, tendões arrebentados, ganchos presos ao peito, queimaduras, costelas quebradas e um tiro em sua cabeça que resultou em sua morte... Isabel nunca soube disso, sua mãe lhe disse que o pai morreu em um acidente de avião voltando para a casa, e foi nisso que ela acreditou por toda sua vida, Laureen não queria que as filhas soubessem as atrocidades que o ser humano poderia fazer, ainda mais sabendo disso por causa da morte sofrida e dolorosa de seu pai, nenhuma criança merecia saber que seu pai morrera com dor, então era melhor inventar algo rápido e indolor.
–As vezes só queria poder me juntar a você... Poder te abraçar, lembrar de como é ter um pai...
Isabel já tinha se levantado e foi até o banheiro para lavar seu rosto.
–As vezes só queria que tudo isso acabasse de uma vez.
Ela olhou para as lâminas de barbear dentro do armário do espelho, mas se negava a fazer aquilo, era o jeito fácil e covarde, ela sairia da vida com honra, machucada porém com orgulho.