O Oráculo Perdido escrita por raiseyourweapons


Capítulo 3
A Missão




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Passando primeiro pelo chalé 3 para deixar sua mochila lá, Percy acompanhou Quíron até o pavilhão do refeitório, onde a maioria dos campistas se encontrava agora para almoçar.  Ele sentiu um ligeiro frio na barriga; não estava nada animado para reencontrar-se com tantas pessoas que deixara para trás.

Antes de entrarem no local, Quíron despediu-se de Percy e entrou primeiro. Percy imaginou que isso seria quase um ato de vingança contra o menino, pois agora ele seria forçado a entrar sozinho, ou não entrar. Respirando fundo, ele entrou no pavilhão.

O lugar, antes animado com as conversas paralelas entre as mesas, caiu em um silêncio mortal enquanto todas as cabeças se viravam para fitar o recém-chegado. Apenas alguns murmúrios desanimados se fizeram ouvir, tentando saudar o filho de Poseidon e falhando miseravelmente. As únicas pessoas que sorriam à sua chegada eram Annabeth e Piper, que acenaram.

Percy sentiu seu rosto queimar de vergonha, e andou - meio tropeçando - até seu lugar, enfiando-se em seu banco e abaixando o tronco como se assim não fosse visto. O clima era tão pesado que quase chegava a ser palpável. E demorou para voltar a um tom parecido com o de antes, com o burburinho de pessoas curiosas e ligeiras olhadelas para a mesa de Poseidon.

Atrevendo-se agora a levantar o tronco um pouco mais, ele olhou ao redor. Várias pessoas ainda encaravam-no, mas a maioria agora o ignorava. O pavilhão parecia o mesmo, com suas colunas brancas e altas, as folhagens entrelaçando-se pelo meio delas, e o toldo que fazia as vezes de teto. A mesa grande dos conselheiros, que geralmente era ocupada por Quíron e o Sr. D, agora só acomodava Quíron, que olhava solenemente ao redor enquanto um sátiro lhe servia água. Estranhando o fato, Percy fez uma anotação mental para perguntar o que tinha acontecido.

Sem a mínima fome, o semideus apenas ficou sentado contemplando os arredores até quase todo mundo já ter saído do pavilhão. Assim que Quíron se retirou, as pessoas que ficaram para trás quase correram para a mesa de Percy para lhe dar as boas-vindas.

— Percy! — sorriu Annabeth, a primeira a chegar, quase jogando-se nos braços dele para lhe dar um abraço efusivo. — Você realmente veio! — O rosto dela subitamente se fechou e ela deu um tapa (bem forte) na cabeça dele, fazendo-o se encolher no banco. — Você é um idiota! Me fez acreditar que não se importava com o que acontecia no acampamento!

— É bom te ver também Annabeth. — ignorando a dor do tapa, Percy sorriu para a namorada, e foi recompensado com um beijo. As outras pessoas pigarrearam, e Annabeth se afastou rindo para Percy falar com os outros. Ele olhou para o resto de seus amigos, e notou a diferença que os anos haviam feito neles.

Jason era o mais próximo, ainda muito bronzeado, com os cabelos louros ligeiramente mais compridos. Ele estava com as sobrancelhas franzidas, mas nada que desse um ar realmente negativo em sua postura. Piper estava de mãos dadas com ele, e sorria para Percy. Ela estava com os cabelos trançados e com as já conhecidas penas enfeitando-os. Hazel se encontrava atrás deles, com uma postura meio de sem saber o que fazer, os cabelos antes muito compridos agora cortados no ombro. Os únicos com a postura decididamente agressiva eram os filhos de Ares, Frank e Clarisse, que estavam ambos de braços cruzados e encaravam Percy de cara feia. E Leo não estava ali, é claro.

Percy sorriu tentativamente. — Oi, pessoal.

Logo se arrependeu, pois essa simples saudação foi o que bastou para que todos, à exceção de Piper e Annabeth, começassem a disparar perguntar como “aonde você estava? ” e “porquê não veio nos visitar?” e “porquê você não vai se enfiar embaixo de uma pedra e morrer, Jackson?”, a qual Percy definitivamente atribuía a Clarisse. Ele levantou a mão, como se pedisse permissão para falar, e todos ficaram quietos, olhando-o atentamente.

— Olha, eu sei que eu fui um babaca, e que vocês estão bravos comigo... — Clarisse bufou, e Percy estremeceu. — E vocês tem toda a razão de estar. Eu não deveria ter ficado longe tanto tempo, não deveria ter me afastado de vocês. Na época, parecia ser a coisa certa a fazer, e depois eu simplesmente... Não consegui mais voltar. Eu sei que não faz nenhum sentido, mas é a verdade.

— Você tem razão. — Clarisse disse, ainda fuzilando Percy com o olhar. — Isso não faz nenhum sentido.

Piper se virou para olhar para a filha de Ares, reprovando, e logo se voltou para Percy. — Apesar de não entendermos bem a sua situação, Percy, nós podemos tentar te perdoar. Acho que vai levar um tempo maior para algumas pessoas, mas acho que é possível. — ela sorriu, e todos pareciam mais calmos depois dessas palavras, até Clarisse e Frank descruzaram os braços e pareciam mais receptivos.

— Valeu, Piper, — Percy sorriu, e foi recompensado com um soquinho leve da amiga em seu ombro. — Bom, o que importa agora é que eu estou aqui, e quero ajudar. Então alguém pode me dizer o que está acontecendo? E por falar nisso, cadê o Sr. D?

Annabeth suspirou. — Eu acho que nós precisamos ter essa conversa em outro lugar. — dito isso, ela pegou a mão de Percy  e se levantou.

— Ok, vocês vão ter sua conversinha de grupo. Eu vou fazer algo mais importante, tipo me concentrar em não socar a cara desse aí. —  rosnou Clarisse, deixando o pavilhão. A agressividade dela foi recebida com indiferença pelos amigos, que já estavam acostumados com o temperamento explosivo dela.

Annabeth guiou o grupo para a floresta. No caminho, Percy olhava para o lugar e se surpreendia com o quanto ele sentia saudade daquele lugar. Algumas ninfas saíram de suas árvores e acenaram para ele, receptivas, para então sair correndo pela floresta, provavelmente querendo contar as novidades para suas companheiras. Os pássaros fazia uma algazarra tremenda nas copas das árvores, e perto dali o suave murmúrio do rio correndo pela floresta deixou Percy com nostalgia. E então eles chegaram no lugar pretendido por Annabeth, o grande amontoado de rochas que oficialmente era chamado de Punho de Zeus, mas que na cabeça de Percy parecia mais um amontoado de cocô de pombo do que um punho fechado emergindo do chão.

Quando chegaram, todos se sentaram em um círculo, e Annabeth virou-se para Percy. — O que você já sabe?

— Eu sei que aparentemente os deuses sumiram, e que Rachel também desapareceu. E a Grande Profecia começou.

— Certo. Nós não sabemos muito mais do que isso, mesmo... — Annabeth, começou, mas foi cortada por Jason.

— Os deuses não estão mais desaparecidos. Isso foi um alarme falso. Todos estão de volta a seus postos, e não se lembram o que aconteceu no período de tempo. Eles só sumiram por umas doze horas, então não deve ter acontecido muita coisa. O Sr. D. está se sentindo indisposto, e não quis sair da Casa Grande para o almoço. — dito isso, ele cruzou os braços e ficou em silêncio mais uma vez.

Annabeth pigarreou. — Certo. Mas Rachel está desaparecida. E a profecia...

— Que provas nós temos de que a profecia realmente começou? — Hazel intrometeu-se, empertigando-se um pouco.

— Só a palavra do Quíron. — Annabeth respondeu, virando-se para a filha de Plutão.

Percy lembrava-se bem do dia em que a Profecia fora feita. Logo após derrotarem Gaia, no dia seguinte à batalha, todos os semideuses estavam comemorando, gregos e romanos fazendo uma grande celebração. E então Rachel caíra no meio do pavilhão, como geralmente acontecia quando uma profecia ia ser feita. Percy lembrava-se de ter segurado o corpo espasmódico da ruiva, vendo seus olhos verdes brilhando e uma voz ancestral, pesada, invadir o terreno antes festivo.

“A Grande Escuridão, ao longe desponta,

No reino da Morte, aos deuses afronta.

A inocência perdida se revela,

E a arma maldita torna-se dela.

Ao herói a escolha se apresenta,

O amor ou a morte, o mundo sustenta.”

Logo seus olhos voltaram ao tom normal e ela  desmaiou, tendo que ser carregada à Casa Grande, como acontecia quando ela fazia uma profecia. A festa estava acabada, ninguém mais estava com clima para comemorações. E Percy, feito um covarde, gritara com todos e dera o fora dali sem o mínimo de consideração. Ele não gostava de se lembrar desse dia. Foi ali que sua vida caiu aos pedaços.

— Percy? — Preso em lembranças, Percy demorou para se tocar que os amigos haviam lhe feito uma pergunta. Ele se virou para Annabeth.

— Quê?

Ela suspirou. — Eu perguntei se você tem alguma sugestão do que a gente deve fazer agora.

— Você está me perguntando? — diante do olhar exasperado de Annabeth, Percy sacudiu a cabeça. — Ok. Entendi. Bom, eu pensei em conseguir uma missão, ver o que realmente está acontecendo do lado de fora daqui. Seguir pistas, sei lá.

— Mas sem um oráculo, nós não sabemos por onde começar a procurar. — Jason disse, o olhar perdido nas árvores.

— Eu sei. Mas os mortais resolvem mistérios sem precisar de profecias o tempo todo, não é? — Percy sugeriu, ganhando um aceno de aprovação de Annabeth, Hazel e Piper. Frank estava em silêncio, como se ainda não confiasse no filho de Poseidon.

— E se nós conseguirmos uma missão? O que vem depois? — Jason voltou-se para Percy, com uma sobrancelha erguida.

— Bom... — Percy parou um pouco, coçando o queixo. — Eu não sei. A gente vai ter que pensar um pouco, fazer um apanhado de gente que se encaixa na categoria “senhor das Trevas”. Sei lá.

— É melhor do que nada. — Annabeth sorriu, e Percy sentiu uma pontada de agonia, ao olhar para ela. Se conseguissem a missão, ele não poderia levar a filha de Atena, por causa da profecia. Só de lembrar a visão dela, semi-morta, sendo torturada por alguém que esperava “o último se reunir ao grupo”... Ele sentiu arrepios percorrerem sua espinha. Não. Isso não poderia acontecer.

— É isso aí, gente. Vão pensando, vendo se alguém se encaixa nessa descrição, e a gente se reúne aqui amanhã, ok? Nesse mesmo horário. — Percy finalizou, evitando olhar para Annabeth. Todos concordaram em voz baixa e se levantaram, preparando-se para voltar para o acampamento. Percy levantou-se também, e Annabeth lhe deu um abraço leve.

— Você está bem? — ela perguntou baixinho, em seu ouvido.

— Sim. Vai dar tudo certo. — ele sorriu fracamente, lembrando-se de manter sua linguagem corporal em cheque para evitar que a perspicácia de sua namorada a fizesse enxergar seu plano. O que a levaria à sua morte.

 

 

Depois de um dia inteiro fazendo as atividades do acampamento como um campista normal, tanto a mente quanto o corpo de Percy estavam exaustos. Ele estava mais enferrujado do que parecia, depois de dois anos inteiros sem nem tocar em uma espada. Então não foi surpresa para ninguém quando ele foi deitar-se cedo.

O menino se jogou na cama, sem nem se preocupar em tirar os tênis e adormeceu instantaneamente. Mas agora que ele estava novamente dentro do mundo fantástico dos semideuses, seus sonhos não iam mais lhe dar trégua, e dessa vez não foi diferente.

Ele estava em um lugar tenebroso, horrível, com o chão negro cheio de rochas soltas e pontudas e as paredes arroxeadas repletas de veias vermelhas, como as paredes de um órgão humano. A parede pulsava ligeiramente, e secretava um líquido amarelo pastoso, nojento. Percy não precisava de todas as informações sensoriais para saber que estava no Tártaro.

Ele ouviu um soluço mínimo e virou-se. Lá, dentro de uma jaula composta dos mesmos materiais das paredes, encontrava-se Rachel, encolhida, com vários cortes no rosto e as roupas rasgadas. Ela tremia ligeiramente, e olhava para algo... Escuro, uma forma humanóide as quais Percy não conseguia distinguir as feições.

— Você veio para me matar? — Percy ouviu a voz da amiga, debilitada, mas ainda com aquele tom de desdém que ela conseguia fazer tão bem.

— Não, criança. A sua utilidade é breve, mas ainda explorável. — era a mesma voz da visão de Annabeth, e Percy sentiu subitamente o desejo de socar aquela sombra que torturava seus amigos. — Você ainda está me devendo uma profecia.

— Não funciona assim. Você sabe que não funciona assim. — ela gemeu, abraçando seu corpo com seus braços e encolhendo-se mais, como se esperasse algo.

A sombra riu de leve, e Rachel gritou; mais um corte fundo aparecia em seu rosto, rasgando-lhe a pele e fazendo o sangue esguichar para o chão pontiagudo abaixo. Ela soluçou uma vez, segurando as lágrimas.

— Não funciona assim? — a voz perguntou suavemente, e Rachel olhou a forma sombria com raiva.

— A pessoa a quem a profecia se refere, o herói da profecia, tem que estar na sala junto comigo. E nada do que vai acontecer no futuro tem algo a ver com você!

— Ora, mas é aí que você se engana. — a sombra virou-se levemente, e Percy teve a impressão de que estava olhando diretamente para ele. Rachel, confusa, seguiu o olhar da criatura e viu Percy. Ela cobriu a boca, horrorizada.

— Percy! Não! Você tem que sair daqui! Antes que eu... — sua fala foi cortada por espasmos em seu corpo, e ela caiu no chão, tremendo. Virou-se espontaneamente e fitou Percy com seus olhos verdes e brilhantes, sua voz agora pesada e ancestral. — “Três heróis, mais um proscrito. Céus, morte e oceano o requisito. Quatro ancestrais à batalha se juntam. Aliados, a derrota iminente refutam...”

O sonho foi cortado subitamente, e Percy se viu mais uma vez na sala de Poseidon. O deus estava sentado em sua mesa, e Percy dirigiu-se para lá, fuzilando seu pai com o olhar.

— Meu filho. — o deus suspirou. — Eu sinto que, toda vez que eu te chamo aqui, você vem pronto para me atravessar com uma espada.

— Considerando que o senhor acabou de interromper um sonho profético que poderia me ajudar bastante, não vejo razão para não fazer isso! — Percy rosnou, sentando-se à mesa e apoiando a cabeça nas mãos.

— Sonho profético? — Poseidon fez sinal para Percy continuar. O menino contou todo o sonho para seu pai, e quando terminou Poseidon alisou a barba, preocupado. — Mais uma profecia... Bom, eu acho que tenho boas notícias então! Acho que sei como interpretar uma parte dela.

— Sabe? — Percy arregalou os olhos. — Como?

— Eu estive fazendo uma pesquisa à parte, e descobri que existe uma contraparte da Grande Profecia nos Livros Sibilinos. À época, ninguém conseguiu interpretá-la, mas agora que você me deu a parte dos quatro ancestrais, eu talvez possa descobrir quem eles são cruzando as referências originais com...

— Certo. Eu não entendi nada. Só me dê os nomes, por favor. — Percy pediu, irritado, e Poseidon apenas riu. À sua frente surgiram uma caneta e um caderno, junto com óculos de leitura enfeitados com algo que pareciam conchas do mar, e o deus se pôs a trabalhar.

Não havia se passado nem um minuto quando o deus levantou o olhar de seu trabalho, triunfante. — Aqui estão os nomes! Leve isso para Quíron, por favor. Você deve conseguir a missão agora.

Percy pegou o pedaço de papel que seu pai lhe oferecia, e guardou-o no bolso. — Obrigado, pai.

— Não há de quê, Percy. E, filho...

— Sim?

— Boa sorte. — Poseidon fez um gesto com a mão e Percy acordou no meio da noite, com gritos e sons de batalha do lado de fora de seu chalé. Agradecendo aos deuses por ter sido preguiçoso o suficiente para ter ido se deitar completamente vestido, Percy pegou uma espada de ouro imperial jogada de qualquer jeito ao lado de sua cama (desde que desistira de ser um semideus, Contracorrente não mais aparecia em seu bolso, e estava guardada no arsenal em segurança), e correu para o lado de fora.

A fogueira grande que ficava no meio da área dos chalés estava apagada, enquanto vários semideuses, em estados similares de desalinho, lutavam contra formas humanóides feitas de algo similar a fumaça. Os gritos de campistas feridos enchiam o lugar, acordando mais e mais campistas que saíam dos chalés e já entravam na batalha.

Percy desferiu um golpe de espada em uma das formas, mas ela simplesmente se desfez e tornou a se refazer, voltando-se para Percy e lançando um golpe em sua direção. Percy desviou, viu Annabeth lutando à sua direita, e correu para lá, desviando dos golpes da criatura que tentava acertar a espada de escuridão em seu corpo.

— Annabeth! — Percy gritou, de costas para a menina, ainda defendendo-se dos ataques. — O que são essas coisas?!

— Skiá! — Annabeth gritou de volta. — Homens-sombra, servos de Hades! Nós precisamos de luz!

— Luz! Saquei! — Percy gritou, já correndo na direção geral dos filhos de Apolo, que tentavam lançar flechas de fogo para os homens-sombra, mas eles apenas se desmaterializavam e reapareciam, sem nem interromper seus ataques. — Gente, precisamos de luz para matar esses monstros!

Will Solace,  conselheiro do chalé, desceu do pequeno morro onde os campistas estavam aninhados, e correu em direção a Percy. ­— Luz? E como a gente faz isso?!

— Vocês são filhos do deus do Sol! — Percy gritou, desviando-se de mais um ataque do incansável homem-sombra que o perseguia. — Tentem invocar a luz ou alguma coisa parecida!

Will lhe jogou um olhar feio, e voltou correndo para onde seus irmãos estavam. Percy rolou para o lado, tentando dar uma estocada do lado de seu adversário, mas o homem se desmaterializou novamente antes de ser acertado.

De repente, fez-se a luz. Ao olhar para a colina, Percy pôde ver todos os filhos de Apolo com as mãos para o alto, formando um orbe de energia solar tão grande que todos os homens sombras gritaram e correram para salvar suas vidas. A maioria fritou e virou poeira, enquanto alguns que estavam mais longe do alcance da luz conseguiram se desmaterializar para bem longe dali.

Os filhos de Apolo direcionaram o orbe de luz para a fogueira e lançaram, acendendo a mesma, que ardeu em chamas azuis refletindo o medo e confusão geral do acampamento.

Will correu novamente para o lado de Percy e estendeu a mão. Percy bateu na mão estendida, sorrindo, e se virou para ver os estragos. Muitos campistas estavam feridos, o que era também trabalho para o chalé de Apolo. Mas algo mais importante do que isso havia acontecido. Percy checou o bolso da calça, e sentiu uma folha de papel dobrada lá dentro.

Mas antes que pudesse pensar sobre isso, ele viu uma pessoa conhecida andando em sua direção, segurando a mão de uma menina pequena. Will abriu um sorriso de boas-vindas ao vê-lo, mas o olhar de Nico estava focado apenas em uma pessoa.

— Percy!

— Nico! — Percy sorriu, e se dirigiu para cumprimentar o amigo, mas parou ao ver a cara fechada dele. É claro. Ele não estava na reunião de ontem, então Percy não tinha tido a chance de se desculpar com ele. — Olha, desculpa por ter sumido assim...

— Percy. Cala a boca. Sério. Eu já tenho problemas o suficiente. — Nico olhou para a menina que estava agarrada em sua mão. Ela não poderia ter mais de 10 anos, com os cabelos negros e pele escura parecidos com os de Nico, seus olhos grandes e inteligentes direcionados para Percy enquanto ela apertava um bichinho de pelúcia contra o corpo no outro braço.

— Ok. Quem é ela? — Percy se agachou, para cumprimentar a menina.

— Cecília Blanchard. Filha de Hades. — suspirou Nico. — Minha irmã.

Cecília se colocou atrás de Nico parecendo temer o filho de Poseidon. Ela apertou a mão de Nico com mais força, e o menino fez uma careta.

— O que está acontecendo, Percy? Está todo mundo dizendo que isso é culpa de Hades, de alguma forma, e isso está assustando Cecília.

— Eu não sei. Preciso achar Quíron. Talvez eu consiga uma missão e consiga consertar essa bagunça toda.

— Vou com você. — decidiu Nico. Ele entregou Cecília para Will, que foi de bom grado, e deu um beijo rápido nos lábios de seu namorado, enquanto Percy reunia o resto de seus amigos para encontrar Quíron.

O centauro estava junto com os campistas feridos, uma pata enrolada em uma atadura feita às pressas. Ele estava sentado, mas parecendo agitado, como se estivesse querendo se certificar de que o resto dos campistas estava bem.

— Quíron. — Percy cumprimentou, e Quíron acenou com a cabeça, apertando a mão do menino.

— Percy. Espero que você esteja vindo com respostas sobre o que aconteceu hoje a noite, como é de costume. — ele suspirou.

— Mais ou menos. — Percy contou seu sonho para Quíron, detalhando o lugar onde Rachel estava aprisionada, a profecia e o que Poseidon escrevera. Quíron olhou para o papel que Percy lhe dera, e engoliu em seco.

— Ao que parece, vocês tem agora uma profecia. Mas, se o que eu estou lendo nesse papel é verdade, vocês terão um longo caminho a percorrer.

— O que está escrito? — Annabeth adiantou-se, curiosa.

Quíron olhou para o papel mais uma vez. — Os quatro ancestrais a que a profecia se refere são na verdade quatro heróis da antiguidade. Eu conheci todos eles. Orfeu, filho de Apolo. Atalanta, a caçadora de Ártemis. Perseu, filho de Zeus, e seu irmão, Héracles. Os quatro ancestrais, junto com os três meio-sangues, terão que lutar contra o senhor das Trevas.

— Nós sabemos quem é esse senhor das Trevas? E quem são os meio-sangues? — perguntou Jason, incerto.

— Não sabemos sobre o senhor das Trevas, apesar de eu já ter as minhas suspeitas. Os Skiás são seres das trevas, e eles obedecem a Hades. É uma conexão que não se pode ignorar.

Hazel mexeu-se em seu lugar, desconfortável. — E os meio-sangues?

— Se a profecia de Rachel deve ser considerada para a sua missão, então é lógico supor que precisamos mandar um filho de Poseidon, um filho de Zeus e um filho de Hades.

— Os três grandes. Mais uma vez. — Percy bufou. — Essa é a minha missão?

— Acredito que sim, meu jovem. Dentro desses parâmetros, pode escolher seus companheiros. O acampamento providenciará mantimentos para vocês levarem em sua jornada.

— Certo. — ignorando o olhar mortal que Annabeth lhe dirigia, Percy olhou ao redor. Ele considerou levar Nico, mas ao ver o olhar aterrorizado que o menino lhe dirigia, Percy lembrou-se que ele precisava cuidar de sua irmã agora. Então fez sua decisão. — Vou levar Jason e Hazel comigo.

Os dois amigos assentiram solenemente, e se postaram ao seu lado. Annabeth revirou os olhos, e saiu da área com passos pesados. Percy sabia que ela não levaria isso numa boa, mas esse era o único jeito de impedir que a visão se realizasse.

— Eu sugiro vocês começarem por Héracles. Ele provavelmente vai ser o mais difícil de convencer, ele é tão cabeça-dura... — Quíron tentou se levantar, mas com a pata machucada, o máximo que pôde fazer foi dar um aperto de mão a cada herói, e sorrir tristemente. — Boa sorte.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Se gostaram, por favor, deixem um comentário ou favoritem a fanfic, isso me motiva muito a continuar escrevendo! O próximo capítulo deve sair, se não daqui a dois dias, no MÁXIMO semana que vem!
Obrigado por lerem, e nos vemos na próxima! ♥



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