República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 6
Um sonho de/na noite fria.


Notas iniciais do capítulo

Menininhas fofas, pois bem! Lá vai o capítulo de hoje...está fofo! Confesso que a saudade de Ginando bateu forte enquanto escrevia. Espero despertar em vocês sentimentos tão fortes quanto os que tive.
Mais uma vez, peço que desculpem qualquer errinho, e agradeço imensamente o carinho que tenho recebido e percebido pela Fic. Vocês são incríveis!
Sem mais, boa leitura amoras!!



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Juliana já estava dormindo, carinhosamente abraçada com Renato. No início, ele ficou perplexo com o estado em que encontrou a república, ao voltar do plantão, mas logo passou a amar o ocorrido, pelo fato de poder dormir pela primeira vez, abraçado à sua amada.

Bem perto dali, havia outro rapaz que também estava agradecendo mentalmente o ocorrido.

Ferdinando olhava hipnotizado para a cama de casal à sua frente. Só de imaginar que em instantes estaria deitado nela ao lado da ruiva que o encantava, naquela noite fria, ele suspirava e tinha “borboletas” no estômago.

Havia se trocado, e colocado a roupa de costume de todas as noites, uma bermuda e camiseta confortáveis. Gina, por sua vez, estava ainda se trocando no banheiro, ao lado do quarto.

Ferdinando sentou ao pé da cama, a fim de esperá-la para decidirem em qual lado cada um dormiria. Assim que a ruiva entrou, não pode esconder a surpresa evidente, no brilho de seu olhar.

Ao invés de se esconder por completa em vestes amplamente largas, como ele imaginava que ela faria, a ruiva estava ali, com aquele pijama que pouco a cobria, que havia tirado o juízo de Ferdinando na noite do primeiro beijo deles.

“Ela é terrível. Ou MUITO inocente.” Ele pensava. Esperando ser a primeira afirmação a correta, mas sabendo ao fundo, que na verdade era a segunda. Gina não teria a capacidade de pensar em provocá-lo de propósito da maneira que estava acontecendo.

– Que cara de bezerro é essa, Ferdinando?! – Ela dizia irritada pelo olhar claro e hipnotizado que ele a lançava.

– Não... Nada Gina, nada. Eu só estava aqui pensado... - Ele retomava a razão e voltava a seus devaneios antes de completar a frase.

– Pensando o que?! – Ela perguntava com um olhar nada menos que desconfiado.

– É... Bom. – Ele voltara à razão, ou ia acabar falando demais. – Estava aqui pensando de que lado da cama você gostaria de dormir. – Ele disse, gentil.

– De lado nenhum. – Ela respondeu ríspida. – Ara, Ferdinando, eu não discuti com a Juliana porque ela não estava bem, mas nunca que iria dividir a cama com você!

– Ora essa, e porque não eu posso saber?! – Ele perguntou exaltado, sem aguardar uma resposta. – E onde a senhorita pensa que vai dormir?!

–Eu vou dormi na cama da Dona Margareth meu caro doutor. – Ela dizia colocando as mãos na cintura de forma arrogante. ”Deliciosamente arrogante”, ele pensava.

– Você...? E eu?! – Ele questionava sem entender.

– Ali. – Ela esclarecia apontando para o tapete felpudo, igual ao do seu quarto, disposto no chão, aos pés da cama.

– Ora essa Gina! – Ele se levantava revoltado, da cama ao dizer. – Um frio deste, e você quer me mandar dormir no chão?!

– Mas é um frangotinho mesmo! – Disse ela rindo em deboche – Tudo bem Ferdinando. Eu durmo ali, e você, na cama. – Ela parecia resolver tudo. – Satisfeito?!

Ela começava a dividir os travesseiros e cobertas que retirava do armário. Algumas, ela jogava na cama, outras no tapete. Ferdinando se sentia perverso. Apesar da situação, não conseguia pensar em mais nada além da visão da ruiva de costas para ele, se elevando na ponta dos pés, com aquele pijama tão “indecente”.

– Pronto Ferdinando. Você pode dormir já. – Ela disse se sentando no chão.

– Você se levante daí Gina. – Ele a pegou pela mão carinhosamente e a dispôs de pé a sua frente. – Eu nunca que vou deixar você dormir aí. Não quero que acabe doente... Pode deixar, que o tapete é meu.

Ela o olhava surpresa. Ele havia sido gentil. Mais que isso, um cavalheiro.

– Ara Ferdinando, que isso. – Ela estava sendo doce, estava sem jeito como nunca antes. – Não se preocupe comigo.

– Pois saiba você Gina, que eu me preocupo sim, pois gosto muito de você. – Ele singelamente apertou a mão dela, que ainda estava entrelaçado a sua.

Um silêncio incômodo se instaurou no quarto.

– Então, eu lhe agradeço. – Ela soltou depressa a mão da dele. – Vamos dormir?! – o tom ríspido havia voltado.

– Vamos, vamos sim. – Ele disse se ajeitando no chão.

Gina apagou as luzes. E ambos foram em busca do sono.

[...]

– Ferdinando?! – Gina chamou sussurrando no escuro do quarto, ao ouvir uma respiração pesada e dentes rangendo.

Ela não obteve resposta, e então, resolveu acender a luz para verificar do que se tratava.

Quando acendeu, vira Ferdinando inconsciente, dormindo, mas seu corpo tremia com o frio inegável do chão em suas costas. Ela não pôde deixar de se sensibilizar, e foi até ele, lhe tocando no braço, acordando-o com um suave chamado.

– Ferdinando...?

– Oi Gina... -Ele abrira os olhos, tampando-os com um braço, pela claridade da luz acesa.

– Você estava tremendo de frio... Vem pra cama, por favor. – Ela pedia com um tom imparcial. Apenas racional.

– Ora Gina, não precisa... Eu não quero lhe deixar desconfortável. – Ele pontuava com a voz sonolenta.

“A voz dele ao acordar é bela. Rouca, suave.” Gina pensava.

– Não vou ficar, prometo. A cama é grande. Nem vou lhe perceber lá. – Doce devaneio. – Venha, por favor.

Ferdinando balançou a cabeça em consentimento. Eles subiram na cama. Cada um se deitou em um lado, um largo espaço no centro os separava. Entretanto, quando Gina novamente apagou a luz, percebeu que o perfume do engenheiro ficava tentadoramente em evidência. Ele percebeu o mesmo sobre ela.

– Gina...? – Ele sussurrou o nome dela no escuro.

– Hum? – Ela indagou.

– Obrigada por me deixar dormir aqui. – Ele era suave, sincero.

– Que isso Ferdinando, não tem que agradecer. – Ela dizia com um leve sorriso nos lábios.

– Tenho sim... Mas posso lhe pedir uma coisa?! – Seu tom era de receio.

– Pode... – Ela respondeu incerta, com medo da proposta.

– Eu lhe faltaria com respeito se tirasse a camiseta? – Ele perguntou ainda mais receoso. – É que durmo melhor sem. Na verdade sempre durmo sem... O chão estava frio, então mantive. Mas como estou na cama agora...

– Ara Ferdinando, pode. Porque eu me importaria?! Tá escuro mesmo. – Ela respondia tentando parecer firme, quando na verdade ficava incrivelmente sem ar só de imaginá-lo sem camisa, deitado ao seu lado.

– Tá certo, obrigada Gina. Boa noite. – Ele dizia suave E feliz com a compreensão dela.

– Boa noite... – Ela respondeu tão suave quanto ele.

Ele retirou a camisa. Ela ouviu o som do tecido sendo jogado ao chão. Apenas. O silêncio do quarto fez com que logo, os dois caíssem em um sono profundo.

{...} Gina e Nado voltavam da escola, alegremente. Estava calor em Santa Fé, e os dois resolveram molhar os pés na água fresca do riacho próximo à casa da família Falcão.

– Ara que essa água tá uma delícia, né Nando?!

– Tá sim Gina... Mas ocê tome cuidado que essa parte aqui é funda. Não fica muito na beira. – O menino alertava a amiga.

– Mas eu sei me cuidar Nando. – Ela respondia valente, como sempre.

Porém, ao terminar de dizer estas palavras, a beira em que a menina estava sentada se desfez em barro, caindo no lago do riacho, levando-a juntamente.

– Nando!! – Ela gritava em desespero, afundando e se debatendo na água. – Socorro, eu não sei nadar!!

– Gina!!- Nando se viu desesperado. Sabia nadar pouco, nunca havia tentado naquela profundidade. Mas mesmo assim, não pensou duas vezes antes de se lançar na água para salvar a amiga. {...}

– Gina?! Gina...?! Acorde... - Ferdinando sacudia levemente o braço da moça ao perceber que ela gemia em tom de desespero com um possível pesadelo.

– Nando! – Ela despertou e lançou-se abraçando o pescoço do rapaz, desesperada.

Ferdinando nada entendia. Ficou apenas parado sem entender. “NANDO?!” Ele pensava... ora essa o que ele teria sonhado?

– Me desculpa... – Ela se soltava do rapaz rapidamente, voltando à razão.

Ele acendeu a luz do quarto e percebeu que uma lágrima solitária caia sobre o rosto de Gina. Ele a enxugou com o polegar, docemente.

– O que houve minha cara...? – Ele a olhava ternamente, triste por vê-la daquela maneira. Mas encantado com a sensibilidade que ela demonstrava. Nunca a tinha visto assim.

– Eu não sei... – Ela respondia com a voz ainda trêmula, olhando para baixo. – Acho que por toda estória com água de hoje, acabei tendo um pesadelo. Misturado a uma lembrança... Eu não sei ao certo.

– Mas o que aconteceu nesse tal pesadelo? – Ele queria ouvi-la e confortá-la. Colocou seu braço suavemente ao redor do ombro da moça, acalentando-a em seu colo. Não temeu. Ela estava muito abalada, e precisava disso, ele percebeu.

Ela se aconchegou. Sentiu-se protegida. E prosseguiu:

– Quando eu era menina, quase me afoguei uma vez, e fui salva por um amigo... Ele quase se afogou comigo, se arriscou por mim. E por pouco, não aconteceu o pior a nós dois.

– E foi nessa parte do “pior” que eu te acordei, não foi ?! – O carinho na voz dele era encantador sob sua cabeça.

– Foi sim... Obrigada Nando. – Ela dizia claramente.

“Nando” ele pensava maravilhado no carinho empregado ao dizer dela.

– Sabe Gina, eu não me lembro, muito bem, mas uma vez algo bem parecido aconteceu comigo. Mas na realidade eu que pulei pra tentar salvar uma amig...- Ele olhou para baixo e ela o encarou. – Gina! – A voz dele era de surpresa como se houvesse se lembrando da antiga amizade deles naquele mesmo instante. – Ora essa Gina... Esse seu amigo era eu. Você não se lembra?! – Os olhos dele brilhavam.

– Claro que me lembro... Eu nunca esqueci que já fomos amigos. – Ela abaixou o olhar.

– E porque não me disse não me lembrou disso... Ora Gina... Faz tento tempo. – Um sorriso saudoso tomava os lábios dele.

– Ara, porque se você esqueceu é porque não se importava. – A voz dela começava a voltar com certo tom de rispidez.

– Mas Gina faz mais de quinze anos, eu simplesmente não lembrava, não por desdém, apenas por falta de memória. – Ele tentava justificar.

– Não se esquece daquilo que se importa. – Ela era intolerante com a falta de memória do rapaz

– Ara Gina que eu não quero discutir com você! – Ele a alertava a fim de avisá-la.

Ele estava feliz com a lembrança, e mais ainda, com ela apoiada em seu peito, sentada, manhosa, aceitando seu afago.

– Eu também não... – Ela ainda estava triste com o mau sonho.

– Então vamos descansar que já passou... – Ele tentava confortá-la.

–Nando?... – Ele subiu o olhar para encontrar com o dele.

– Hum? – Ele dizia apreensivo e derretido pelo apelido novamente utilizado.

– Você se importa da gente deitar assim... ? Eu não queria me sentir sozinha agora. – Ela pedia com os olhos mais doces e suplicantes possíveis.

– Claro que não Gina... Você até parece uma menininha, assustada com um pesadelo. Ele riu baixinho. Ela também.

Ele se acomodou deitando-se na cama, trazendo-a junto em seu peito. Ele sentindo o perfume inebriante de seus cachos, o peso dela sobre si, e uma apreensiva mão, repousando sobre seu abdômen. Ela, o calor da pele, seu cheiro e a definição dos músculos abaixo de sua cabeça e mãos. Estavam confortáveis. Estavam em paz.

E a última coisa que se ouviu naquele quarto antes de caírem no sono, foi uma carinhosa saudação de ambos.

– Boa noite, Nando.

– Boa noite, menininha.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de me desculpar com quem esperava que este fosse um capítulo mais quente, mas gosto de misturar a ardência deles com momentos fofos. Acho que esta é a essência do casal.
Mas prometo que logo, teremos momentos quentes. Beeem quentes! rs
Aguardo o retorno de vocês, bigbeijo!