Cinza. Eternas ruas cinzentas. Elas já brilharam, agora são somente ruas cinzentas sem sentido algum. Frio, estava muito frio. Ele nunca gostara do frio. Aquele frio que o consumia. Vocês devem estar se perguntando por que Gokudera Hayato andava no frio, sendo que o odiara. Simples, o mandaram. A única pessoa que podia lhe dar ordens. Quem mais seria? Sawada Tsunayoshi, lógico. Gokudera teria que acabar com uma família rival que estava se opondo à Vongola. Não sabia o porquê de ele ir, quando qualquer outro membro da família poderia ir. Deveria ser idéia de Yamamoto Takeshi, com certeza, aquele desgraçado.

Pense no seu lar, na sua amada Vongola, no seu amado chefe, no seu... Droga, sempre, não importava quantas vezes, mas sempre tinha que bater na mesma tecla.

Ela. Um dos maiores motivos para a vida de Gokudera estar cinza. Eles eram adolescentes na época. Hoje? Hoje ambos estão adultos, beirando os vinte, quase nos trinta. A voz dela.

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- Sua imbecil, cale a boca! – Essas eram as palavras que saiam da boca do jovem, como sempre, nada agradáveis.

- Haru não vai se calar, Gokudera-San. 

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“Gokudera-san”, a forma que Haru sempre o chamava, era a que mais o confortava. Hoje não passa de uma memória dolorosa. Por que sempre pensar nela? Sendo que nunca mais iriam se ver. Aquela dor... Gokudera nunca se acostumara com ela. Ela sempre o fazia querer se derramar em lágrimas. Porém, ele não iria perder, não para si mesmo. Eles sempre brigavam, sempre. Gokudera sempre a xingava, e ela sempre se defendia. Era incrível como os dois implicavam um com o outro. Por quê? Simples, Gokudera queria ser o braço direito de Tsunayoshi. Haru queria ser a esposa. Mas hoje, quem é a esposa do décimo, é nada mais nada menos que Sasagawa Kyoko, o amor do mesmo. Gokudera demorara anos para perceber que amara Haru, cinco anos ao todo. Ele nunca sabia se ela realmente amava Tsuna, e isso o machucava. Queria que ela o amasse. Que ela estivesse ao lado dele. Que ela ficasse feliz com ele. Ninguém mais. Só eles dois. Cada vez que Hayato pensava nisso, mais se magoava, mais se sentia mal. Não gostava de sentir aquilo. Queria ser correspondido por Haru. Queria estar ao lado dela. Queria se casar com ela. E por mais incrível e impossível que pareça, queria ter filhos com ela. Mas seria totalmente impossível agora. Ele não sabia se ela se mudara. Não sabia mais nada sobre ela, nenhuma informação. E não teria coragem de perguntar para o décimo, óbvio, ele desconfiaria de Gokudera, e poderia ficar com raiva do mesmo, afinal, Gokudera sempre achara que Tsuna gostara de Haru. Ainda andando por aquelas ruas, parou para se sentar e ficou observando o céu. Pensara em tudo que lhe via a mente, até cair na mesma tecla novamente.

- Que merda, será que eu não posso parar de pensar nisso um segundo? Porra. – Sussurou como de costume o guardião da tempestade.

Então se levantou e andou em direção a um restaurante, então, uma voz familiar veio à tona.

- Ei, você, espere! – Gritou a dona da voz.

De início Gokudera pensou que fosse apenas sua mente, droga, aquele frio estava matando o resto de juízo que tinha, mas após se virar, arregalou os olhos, surpreso e sentiu uma vontade de cair, mas se segurou, e ficou olhando apenas a mulher à sua frente.

- Go... Gokudera-san? – Falou a mulher também de olhos arregalados, surpresa.

- ... – Gokudera abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu soltar nem uma palavra, apenas ficou observando surpreso a figura em sua frente.

                                       Eu a reencontrei. Nunca esperei por isso.

                                                  Miura Haru... Eu te amo.

                                                 E tudo deixou de ser cinza.