Sirius Black é o meu carma, só pode ser. Até chega a ser engraçado o quanto ele consegue me irritar e como eu caio fácil na dele. Mas isso não é minha culpa, ele é que deveria ser culpado por iludir e ignorar aquelas pobres garotinhas, que sempre ficam em volta dele e até fundam fã clubes. A culpa é só dele quando ele as olha de um jeito detemido e sedutor ao mesmo tempo, quando os olhos ficam com aquele brilho divertido. E eu, idiota, fico me perguntando se ele pensa em mim também, mesmo com milhares de outras garotas por aí.

O que aconteceu com aquela Malfoy fria?

Provavelmente foi arrastada pela correnteza chamada de Sirius Black. Como todas as outras.

Ah, eu não amo ele, isso é demais até para mim. Mas eu não me importaria de ir para a Sala Precisa com ele de novo. Foda-se a aposta.

Me olho mais uma vez no espelho, respirando fundo e dando uma última passada de mão no meu cabelo rebelde. Ótimo, agora eu estou pronta para ir para a casa dos Black’s.

Dentre todos os lugares possíveis, minha família decidiu passar o Ano Novo na casa deles, para conversarem sobre o “casamento do ano” do meu irmão. Desço as escadas arrastando os pés e encontro meus pais na sala.

–Finalmente você desceu, agora só falta o Lucius. –minha mãe disse, me olhando com um ar reprovador. Talvez é porque eu estou usando muita maquiagem, ou porque estou usando um vestidinho curto. –Você sabe que nós vamos à um jantar e não à um clube de stripper, não é?

–Sério, por que ninguém me avisou? Eu estou usando a minha lingerie mais provocativa e até treinei uns movimentos de pole dance. –disse ironicamente, revirando os olhos.

–Olhe como fala, Roxanne Malfoy. Não somos nenhum de seus amiguinhos sangue sujo. –meu pai sempre dando o ar de sua graça, falando palavras inspiradoras e profundas.

–Meus amigos não são sangue sujo.

–Não foi isso que ficamos sabendo. Você anda com aquele povinho grifinório nojento e nem honra a sua casa. Que tipo de filha nós criamos?

–Vocês não criaram, me mandaram para longe. Se a minha criação desse algum problema, não seria culpa de vocês. –joguei na cara deles, com o meu olhar mais frio possível. Característica de um Malfoy legítimo.

Antes que eles pudessem responder alguma coisa, Lucius chegou e eles mudaram de assunto. Nada poderia aborrecer o filho lindinho deles, ainda mais perto do casamento com uma Black. Aparatamos em silêncio e fomos recebidos pela senhora Black, tia da Narcisa.

Tive que ficar no salão das mulheres com minha mãe, que fingia que tudo estava as mil maravilhas para as mulheres Black.

De um lado, Bellatrix estava jogada em uma poltona rosa fofinha, brincando com as facas de prata que estavam em uma caixinha enfeitada. Que irônico.

Narcisa, o resto das Black e a minha mãe estavam sentadas em uma postura inpecável, animadas com os preparativos do casamento.

Eu estava quase morrendo de tédio, encostada no sofa. Fingia que prestava atenção e até assentia com a cabeça. Por que as mulheres tem que ficar separadas dos homens até o jantar? Não que eu queira ver o Sirius, mas isso está muito chato. Saudades da Andromeda, irmã da Narcisa e da Bellatrix, que foi deserdada, por casar com um nascido trouxa.

Na hora do jantar, saímos da sala rosa da dor e fomos até a mesa. Sentei entre Sirius e Regúlo, dando um sorriso aos dois. Começamos a comer em silêncio, até que a senhora Black tem uma ideia brilhante: encher a Roxanne de perguntas desconfortáveis.

–Então, Senhorita Malfoy, você está na Sonserina, certo?

–Sim, senhora. Não precisei de seleção nesse ano, por causa do primeiro ano. –ela deu um sorriso orgulhoso e olhou mortalmente para Sirius com uma cara de “Viu, todos eles entraram na casa certa”.

–Você já tem pretendentes? Para o seu casamento depois da formatura? –senti todos virando na minha direção, esperando uma resposta. Mas o pior era o olhar do Sirius me queimando.

–Ainda não, estou pensando em todas as probabilidades primeiro. Não quero fazer uma escolha precipitada.

–Escolha? –perguntou a mãe da Narcisa, com uma expressão confusa.

–Sim, eu combinei com os meus pais quando fui para França. Eu posso escolher alguém adequado até o final desse ano. Se eu não conseguir me decidir, eles escolhem.

–Bem, pelo menos você é uma garota com consciência, sei que fará uma escolha muito boa. Ao contrário de certas pessoas. –ninguém é muito sutil nessa casa. Todos entenderam a indireta.

–Mas então, querida... você ainda é virgem, certo?

O que eu fiz? Engasguei violentamente, então o Regúlo teve que começar a bater nas minhas costas, enquanto o Sirius segurava o riso. Estúpido.

–Mas é claro que não, estou me guardando para o meu marido. –menti para eles, depois que acabei de engasgar.

–Que bom, homens não gostam de casar com mulheres promíscuas. –a Senhora Black falou, aliviada.

Eu devo ter jogado chiclete na barba de Merlin, só pode.

Quando o jantar acabou, todos foram para um salão. Sirius me puxou e disse bem baixinho:

–Então, você está se guardando, não é? Que pena.

–Você é um imprestável, sabia?

–Sabia. –disse ele rindo. –Sabia que, segundo a minha mãe, você é uma prostituta?

–Relaxa, para a minha mãe também. –falei dando um sorriso de canto.

Vi minha mãe e a Senhora Black olhando na nossa direção e cochichando. Coisa boa não é.

Voltamos para casa todos cansados, porque já era tarde. Lucius foi direto para seu quarto e eu fiquei na sala um pouquinho. Meus pais entram e sentam no sofa da frente.

–Roxanne, precisamos ter uma conversa séria. –falou meu pai, se inclinando para frente. Técnica para intimidar o seu adversário, o que não funciona comigo.

–Se é sobre o sangue dos meus amigos, eu vou dormir.

–Não é sobre isso, querida. –oh, minha mãe me chamou de querida. QUERIDA. O que aconteceu com ela? Acho que ela bateu a cabeça na casa dos Black’s.

–Então é sobre o quê? –perguntei desconfiada, me inclinando para frente.

–Eu sei que nós temos um trato sobre o seu casamento, mas a sogra do seu irmão nos alertou de que isso pode ser perigoso. Você viu o que aconteceu com a ex irmã da Narcisa.

–Não existe esse negócio de ex irmãs. Isso é para sempre. –disse totalmente séria. O que assustou os meus pais, já que eu sempre falo brincando ou sendo irônica.

–Tanto faz, Roxanne. O que nós queremos lhe falar, é que nós escolhemos um noivo para você e isso não tem volta. –meu pai disse e eu gelei. Não podia ser verdade.

–Vocês não tem direito... nenhum direito de fazer isso. Temos um trato e ISSO não tem volta. Vamos ter que começar a fazer Votos Perpétuos nessa casa. Eu não vou me casar com ninguém que vocês queiram, é a minha vida. EU escolho. Como vocês puderam fazer isso pelas minhas costas? Não vou me casar com um projeto de comensal metido, só porque tem sangue puro. Eu não acredito nisso.

–Roxanne, se acalme. Ele não é um comensal, é um herdeiro de grande fortuna e tem a sua idade. Acho que vocês vão se dar muito bem, deveria estar orgulhosa. –minha mãe explicou, tentando me acalmar.

–Eu deveria estar orgulhosa? ORGULHOSA? Acho que vocês poderiam pegar esse orgulho e enfiar n...

–Roxanne Malfoy, eu exijo mais respeito nessa casa. –gritou o meu pai.

–E eu exijo mais lealdade e honra com os compromissos. –eu gritei de volta, possessa.

–Bem, nós não somos da Lufa-Lufa. Não somos leais.

–É verdade, vocês são víboras.

–E você é a nossa pequena víborazinha. –respondeu o meu pai, usando o mesmo tom sarcástico que eu uso.

–Chega dessa discussão que não vai levar vocês em lugar nenhum. –disse minha mãe, já perdendo a paciência –Roxanne, você não quer saber com que você vai se casar?

–Eu tenho escolha?

–Não. –disse meu pai, grosseiramente. Minha mãe respirou fundo e disse:

–Roxanne, você vai se casar com Sirius Black.